Mídia, gênero e conservadorismo
Como as mulheres eleitas em 2020 no circuito histórico de Minas Gerais constroem suas representações nas redes sociais digitais
DOI:
https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1052Palavras-chave:
Comunicação política, Campanha permanente, Midiatização, Esfera pública conectada, FeminismosResumo
O objetivo deste artigo é analisar como as prefeitas eleitas em municípios do circuito histórico da Estrada Real, em Minas Gerais, Brasil, construíram suas representações políticas na esfera pública conectada das redes sociais durante a campanha eleitoral de 2020 e como elas as mantiveram no primeiro ano de mandato, considerando a crescente utilização da estratégia de campanha permanente, caracterizada pela intensificação do processo de midiatização. Para elaborar essa pesquisa, foi realizada uma breve revisão teórica sobre a relação dialética entre o feminismo como movimento de massa (FRASER, 2019) e o surgimento do neoconservadorismo (BIROLI; MACHADO, VAGGIONE, 2020), estabelecendo as noções conceituais de esfera pública conectada (BENKLER, 2020), midiatização (HJARVARD, 2012), campanha permanente (LILLEKER, 2006) e os arquétipos das mulheres candidatas (PANKE, 2016). A metodologia utilizada foi híbrida, combinando pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e análise de conteúdo. Os resultados preliminares indicam que não há uma fórmula pronta para garantir a vitória das mulheres nas urnas. Candidatas com diferentes trajetórias, partidos políticos e tamanhos de municípios adotaram estratégias eleitorais que ora se aproximaram, ora se distanciaram. Todas elas apresentaram cautela ao lidar com questões polêmicas relacionadas ao feminismo contemporâneo durante a campanha. No exercício do mandato, foi a prefeita da cidade de maior porte e do partido mais à esquerda que demonstrou um maior compromisso com as pautas históricas e urgentes das mulheres.
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