A Ciência Política no Brasil e o Pensamento Político de Wanderley Guilherme dos Santos
DOI:
https://doi.org/10.14244/tp.v33i00.1097Palavras-chave:
Wanderley Guilherme dos Santos, Pensamento Político Brasileiro, Ciência Política brasileira, ISEB, IUPERJResumo
Muitos estudos sobre a institucionalização da moderna Ciência Política brasileira, ocorrida a partir do final dos anos de 1960, tem enfatizado que a primeira geração de cientistas políticos, após terem completado sua formação acadêmica nas universidades estadunidenses, teriam ignorado e buscado romper o pensamento político nacional do passado, chamado de a “Velha Ciência Política”. Este artigo busca problematizar e complexificar esse diagnóstico a partir da análise da trajetória intelectual e da obra de um dos “pais-fundadores” da nova Ciência Política brasileira, Wanderley Guilherme dos Santos, um dos principais expoentes desta geração e fundador de importantes instituições, teorias e conceitos nessa área de conhecimento. Neste sentido, este artigo defende que, embora certas rupturas sejam observáveis, é igualmente fundamental considerar muitas continuidades entre a “velha” e a “nova” Ciência Política brasileira.
Downloads
Referências
ABREU, A. Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB). Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/instituto-superior-de-estudos-brasileiros-iseb. Acesso em 13 de jun. de 2022.
BARIANI, E. Uma intelligentsia nacional: grupo de Itatiaia, IBESP e Cadernos do Nosso Tempo. Cadernos CRH, [S. l.], v. 18, n. 44, maio/ago. 2005. DOI: https://doi.org/10.9771/ccrh.v18i44.18525
CARDOSO, A. Um fundador (bem-sucedido) de instituições. Insight Inteligência, [S. l.], ano XVIII, n. 71, 2015.
FERES JÚNIOR, J. Aprendendo com os erros dos outros: o que a história da ciência política americana tem para nos contar. Revista Sociologia e Política, [S. l.], v. 15, 2000. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-44782000000200007
FORJAZ, M.C. A emergência da ciência política acadêmica no Brasil: aspectos institucionais. Revista Brasileira de Ciências Sociais, [S. l.], v. 12, n. 35, out. 1997. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69091997000300007
LAMOUNIER, B. A ciência política no Brasil: roteiro para um balanço crítico. In: LAMOUNIER, B. (org.). A ciência política nos anos 80. Brasília: Ed. UNB, 1982.
LESSA, R. O campo da Ciência Política no Brasil: uma aproximação construtivista. In: MARTINS, C. (org.). Horizontes das Ciências Sociais no Brasil. São Paulo: ANPOCS, 2010.
LESSA, R. Da interpretação à ciência: por uma história filosófica do conhecimento político no Brasil. Lua Nova, [S. l.], n. 82, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-64452011000100003
LOVATTO, A. Iseb: do nacional-desenvolvimentismo à revolução brasileira. Revista Princípios, [S. l.], n. 162, jul./out. 2021. DOI: https://doi.org/10.4322/principios.2675-6609.2021.162.002
LYNCH, C. A institucionalização da área do pensamento político brasileiro no âmbito das ciências sociais: revisitando a pesquisa de Wanderley Guilherme dos Santos (1963-1978). In: DULCI, O. (org.). Leituras críticas sobre Wanderley Guilherme dos Santos. Belo Horizonte; São Paulo: Ed. UFMG; Ed. Fundação Perseu Abramo, 2013.
LYNCH, C. Pensamento político brasileiro: conceito, história e estado da arte. In: AVRITZER, L.; MILANI, C.; BRAGA, M. (org.). A ciência política no Brasil: 1960-2015. Rio de Janeiro: FGV, 2016a.
LYNCH, C. Ciência Política em pauta (1966-70). Insight Inteligência, [S. l.], ano XIX, n. 75, out./dez. 2016b.
LYNCH, C. Entre a ‘Velha’ e a ‘Nova’ Ciência Política: continuidade e renovação acadêmica na primeira década da Revista DADOS (1966-1976). Dados, [S. l.], v. 60, n. 3, 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/001152582017132
MICELI, S. A aposta numa comunidade científica emergente: a Fundação Ford e os cientistas sociais no Brasil 1962-1992. In: MICELI, S. A Fundação Ford no Brasil. São Paulo: Ed. Sumaré; FAPESP, 1993.
MOREIRA, M. A poliarquia brasileira e a reforma política: análise de uma contribuição de Wanderley Guilherme dos Santos à teoria política. Dados, [S. l.], v. 57, n. 2, 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/0011-5258201410
MOREIRA, M; SANTOS, R. Cidadania regulada e a era Vargas: a interpretação de Wanderley Guilherme dos Santos e a sua fortuna crítica. Estudos Históricos, [S. l.], v. 33, n. 71, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/s2178-14942020000300006
PÉCAUT, D. Intelectuais e a política no Brasil: entre o povo e a nação. São Paulo: Ática, 1990.
REIS, E. A construção intelectual e a política das ciências sociais brasileiras: a experiência do IUPERJ. In: MICELI, S. A Fundação Ford no Brasil. São Paulo: Ed. Sumaré; FAPESP, 1993.
SANTOS, W. G. Quem dará o golpe no Brasil? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1962a.
SANTOS, W. G. Desenvolvimentismo: ideologia dominante. Tempo Brasileiro, [S. l.], v. 1, n. 2, dez. 1962b.
SANTOS, W. G. Reforma contra reforma. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1963.
SANTOS, W. G. Raízes da imaginação política brasileira, Dados. Rio de Janeiro: IUPERJ, 1970. n. 7
SANTOS, W. G. Ordem burguesa e liberalismo político. São Paulo: Duas Cidades, 1978.
SANTOS, W. G. A ciência política na América Latina: nota preliminar de autocrítica. Dados, [S. l.], v. 23, n. 1, 1980.
SANTOS, W. G. Sessenta e quatro: anatomia da crise. São Paulo: Vértice, 1986.
SANTOS, W. G. Razões da desordem. 3. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.
SANTOS, W. G. À margem do abismo: conflitos na política brasileira. Rio de Janeiro: Revan, 2015.
SANTOS, W. G. A democracia impedida: o Brasil no século XXI. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2017.
SORJ, B. A construção intelectual do Brasil contemporâneo: da resistência à ditadura ao governo FHC. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
TOLEDO, C. ISEB: Fábricas de ideologias. São Paulo: Ática, 1977.
TOLEDO, C. ISEB: ideologia e política na conjuntura do golpe de 1964. In: TOLEDO, C. (org.). Intelectuais e política no Brasil. A experiência do ISEB. Rio de Janeiro: Revan, 2005.