Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32iesp.2.985 1
GENERAIS ENTRE PODERES: UMA ROTINA DE “INDISCIPLINA”, “CRISES” E
“INSUBORDINAÇÃO” (2007-2018)
GENERALES ENTRE PODERES: UNA RUTINA DE “INDISCIPLINA”, “CRISIS” E
“INSUBORDINACIÓN” (2007-2018)
GENERALS BETWEEN POWERS: A ROUTINE OF “INDISCIPLINE”, “CRISES”
AND “INSUBORDINATION” (2007-2018)
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA1
e-mail: guilhermemoreira@estudante.ufscar.br
Como referenciar este artigo:
MOREIRA, G. A. L. S. Generais entre Poderes: Uma rotina de
“indisciplina”, “crises” e “insubordinação” (2007-2018). Teoria &
Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 2,
e023017, 2023. e-ISSN: 2236-0107. DOI:
https://doi.org/10.14244/tp.v32iesp.2.985
| Submetido em: 08/05/2023
| Revisões requeridas em: 29/08/2023
| Aprovado em: 19/10/2023
| Publicado em: 05/12/2023
Editora:
Profa. Dra. Simone Diniz
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos SP Brasil. Mestrando do Programa de Pós-
Graduação em Antropologia Social (PPGAS/UFSCar).
Generais entre Poderes: Uma rotina de “indisciplina”, “crises” e “insubordinação” (2007-2018)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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RESUMO: Com as eleições de 2018, observou-se no cenário brasileiro a presença significativa
de generais do Exército Brasileiro eleitos para o Congresso ou tornando-se ministros de Estado.
Neste artigo tratou-se da carreira militar de quatro desses generais: Antonio Hamilton Martins
Mourão, Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Maynard Marques de Santa Rosa e Eliéser Girão
Monteiro Filho. A partir de uma análise sistemática de reportagens dos jornais O Globo, Folha
de S. Paulo e O Estado de S. Paulo entre setembro de 2007 e novembro de 2018, analisaram-se
as noções de “crise”, “indisciplina” e “insubordinação” frequentemente utilizadas para
descrever a atuação desses generais durante governos anteriores. Ao final, foi observado como
estes oficiais atuaram enquanto porta-vozes do Exército, em uma continuada exposição
midiática que consubstacializou suas capacidades militares em poder e autoridade política, ao
mesmo tempo, em que a instituição militar passava a percepção de “punição” por suas
declarações.
PALAVRAS-CHAVE: Exército Brasileiro. Política Militar. Crise. Indisciplina. Jornais.
RESUMEN: Con las elecciones de 2018, se ha observado en el escenario brasileño la
presencia significativa de generales del Ejército Brasileño electos para el Congreso o se
convirtiendo en ministros de Estado. En este artículo abordamos la carrera militar de cuatro
de estes generales: Antonio Hamilton Martins Mourão, Augusto Heleno Ribeiro Pereira,
Maynard Marques de Santa Rosa y Eliéser Girão Monteiro Filho. Desde un análisis sistemático
de reportajes de los periódicos O Globo, Folha de S. Paulo y O Estado de S. Paulo entre
septiembre de 2007 y noviembre de 2018 se analizó las nociones de “crisis”, “indisciplina” e
“insubordinación” recurrentemente utilizadas para describir la actuación de eses generales
durante gobiernos anteriores. Al final, observamos como estes oficiales actuaron como
portavoces del Ejército, en una constante exposición mediática que concretizó sus capacidades
militares en poder y autoridad política mientras que la institución militar pasaba la percepción
de “punición” por sus declaraciones.
PALABRAS CLAVE: Ejército Brasileño. Política Militar. Crisis. Indisciplina. Periódicos.
ABSTRACT: In the 2018 elections, the meaningful presence of generals from the Brazilian
Army elected to the Congress or becoming Ministers of State has been observed in the Brazilian
scenario. This article addresses the military careers of four generals: Antonio Hamilton
Martins Mourão, Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Maynard Marques de Santa Rosa, and
Eliéser Girão Monteiro Filho. From a systematic analysis of reportages from the newspapers
O Globo, Folha de S. Paulo, and O Estado de S. Paulo between September 2017 and November
2018 it has been analyzed the notions of “crises”, “indiscipline,” and “insubordination” often
used to describe the procedure of these generals during previous governments. In the end, we
have observed how these officers acted as spokespersons for the Army, in constant media
exposure that concretized their military capabilities in political power and authority while the
military institution passed the perception of “punishment” for their declarations.
KEYWORDS: Brazilian Army. Military Policy. Crises. Indiscipline. Newspapers.
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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Introdução
Muitos têm sido os esforços para compreender o que levou as Forças Armadas, em
tese afastadas do poder político desde o final do Regime Militar (Martins Filho, 2010), a se
tornarem nos últimos anos uma das instituições com maior representatividade na composição
de cargos da administração do Executivo Federal, sobretudo após a vitória eleitoral da chapa
presidencial do Capitão Jair Bolsonaro e do General de Exército Antônio Hamilton Martins
Mourão
2
. Ainda durante a campanha e mesmo após a posse ministerial de um número
considerável de oficiais, sobretudo advindos do Exército Brasileiro, grande parte das atenções
se voltaram para as carreiras que tais militares haviam percorrido no interior das Forças
Armadas até aquele momento.
Se, em um primeiro plano, as carreiras militares foram utilizadas como estratégia
eleitoral e governamental de distinção desses atores, arregimentando a formulação da
“competência técnica” na composição dos cargos, em um segundo momento alguns trabalhos
acadêmicos
3
e jornalísticos
4
apontavam para um quadro de nomeação de uma série de militares
que nas últimas duas cadas haviam desempenhado pontos focais de indisposições com os
governos petistas e mesmo com o de Michel Temer, com menções recorrentes aos generais
Antônio Hamilton Martins Mourão, Augusto Heleno Ribeiro Pereira e Maynard Marques de
Santa Rosa.
Nesse contexto de fatos e partindo de uma análise sistemática de reportagens
veiculadas pelos jornais O Globo, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, entre setembro de
2007 e novembro de 2018
5
, serão problematizadas as noções de “indisciplina”, “crise” e
“insubordinação” frequentemente utilizadas para se analisar a carreira militar daqueles
generais. Na primeira seção se verá como tais noções, além de não partirem da cultura militar
6
2
Por exemplo Leirner (2020); Martins Filho (2021); Cortinhas e Vitelli (2021); Vitelli (2021); Oliveira (2021a;
2021b); e Oliveira e Kalil (2021).
3
Por exemplo Martins Filho (2019).
4
Por exemplo Fernandes (2018); Ferraz e Xavier (2018); Vitor (2018a; 2018b).
5
Foram realizadas buscas por palavras-chave nos acervos digitais dos três jornais, restringindo-se a menções
nominais aos quatro generais tratados neste artigo. O acervo do O Globo pode ser consultado em:
https://acervo.oglobo.globo.com/; Folha de S. Paulo em: https://acervo.folha.com.br/index.do; e O Estado de S.
Paulo em: https://acervo.estadao.com.br/. Nesse último acervo há a possibilidade de coleta da “edição Brasil” ou
da “edição São Paulo”, em nosso caso preferiu-se coletar as reportagens da última uma vez que o próprio jornal
informa que esta seria a edição concluída “mais tarde”, isto é, aquela que “[...] a Redação tem mais tempo para
concluir a edição, o que permite ainda refinar mais o noticiário”. Acessado em: 30 de janeiro de 2023.
6
O termo “cultura” é aqui utilizado no sentido de Roy Wagner enquanto uma “[...] base de comunicação em
convenções compartilhadas”, isto é, o compartilhamento de elementos simbólicos (palavras, imagens, gestos e etc)
e suas respectivas associações por um relativo número de pessoas, tornando possível a orientação da experiência
e do entendimento humano. Em nosso caso, o uso do conceito wagneriano também procura destacar o caráter
inventivo (criativo) da cultura, a qual ao ser dotada de uma “ambiguidade criativa” inventa constantemente versões
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para compreender eventos que ocorrem em seu bojo, se constituíram em uma importante
ferramenta pela qual a instituição militar passou a dissimular sua atuação política por meio da
exposição midiática, tendo como foco pautas envolvendo a inserção militar na Amazônia, em
especial na questão de demarcações de terras indígenas de forma contínua e na faixa de
fronteira. Nesses casos, o processo se deu, sobretudo, através de porta-vozes que atuaram de
maneira disciplinada e hierárquica, em um jogo que incluiu o manuseio de regras internas
relativas à movimentação de oficiais-generais do Exército Brasileiro, produzindo situações de
falsa punição frente à percepção “civil”
7
.
na segunda seção, serão evidenciadas como uma vez estabelecida a fórmula gerativa
de indisposições com os governos “civis”, tratou-se de replicá-la na carreira de demais generais.
Desta forma, sucedendo-se a uma política de exposição midiática levada a cabo pelo
comandante do Exército, se evidenciará como as capacidades militares consubstanciaram-se
em poder e autoridade política (LEIRNER, 2020), a qual passou a ser utilizada para objetivos
eleitorais de outros membros da cadeia de comando.
Ao final, à luz dos dados apresentados, o texto dialoga com trabalhos recentes que têm
caracterizado tal atuação política por meio da constituição de um partido político informal, o
chamado Partido Militar. Será demonstrado como, para além de pautas corporativas, tal
organização se insere em um intricado contexto de dissolução da Democracia e a emergência
de figuras caraterizadas enquanto populistas, ao mesmo tempo que preserva seus objetivos de
domesticação da sociedade e do Estado como um todo, bem como a emergência de figuras
caracterizadas como populistas.
A “questão amazônica”
Durante os dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República
(2003-2010), muitos foram os momentos considerados de “crise” política envolvendo as Forças
Armadas (OLIVEIRA, 2009; MARTINS FILHO, 2010). Nessa seção, nos reteremos àqueles
envolvendo a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (TIRSS) e a publicação da
primeira edição da Estratégia Nacional de Defesa (END) e da terceira edição do Plano Nacional
“marcadas” de si própria, estendendo, assim, o rol de associações convencionais de seus próprios elementos
simbólicos (WAGNER, 2010 [1975/1981], p. 54-85).
7
Optou-se por utilizar o termo “civil” entre aspas por entendermos junto com Lauriani Albertini (2009) que tal
termo não deixa de ser uma “invenção” dos próprios militares, demarcador entre o “fora” e o “dentro” das
instituições militares.
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA
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de Direitos Humanos, dando especial atenção às carreiras dos generais Santa Rosa, Ribeiro
Pereira e Girão Monteiro Filho
8
.
Terra Indígena Raposa Serra do Sol
O interesse por parte do Exército Brasileiro sobre a forma de demarcação da Terra
Indígena Raposa Serra do Sol no nordeste do estado de Roraima se insere no contexto
doutrinário-estratégico e simbólico, vislumbrado por aquela instituição para a Amazônia
brasileira desde o início da década de 1990, período que marca as transferências de Brigadas de
Infantaria do Sul e do Sudeste do país para a região (MARQUES, 2007). Tal dinâmica
consagrada oficialmente pela publicação da primeira Política de Defesa Nacional em 1996, a
qual apresentava em seus objetivos a necessidade de “valorização da presença militar
9
na
Amazônia (BRASIL, 1996, p. 6-10).
Neste contexto, a Amazônia tornou-se, em pouco tempo, uma área prioritária para a
Defesa Nacional, uma vez que segundo a reorientação doutrinário-estratégica do Exército, no
período pós-Guerra Fria dos anos 1990, os países centrais, sobretudo o Estados Unidos da
América, agora liberados dos constrangimentos ideológicos que orientavam suas ações
militares, utilizar-se-iam de pautas humanitárias e ecológicas como, por exemplo, a proteção
da Amazônia e a proteção das populações indígenas, para camuflarem seus interesses nas
riquezas naturais e minerais da região e na consequente internacionalização da Amazônia
(LEIRNER, 1995; MARTINS FILHO; ZIRKER, 2000; MARTINS FILHO, 2002; MARQUES,
2007; LOURENÇÃO, 2007).
Complementarmente, para além dos aspectos geopolíticos depositados no interesse
militar pela Amazônia
10
, pesquisas apontavam para necessidade de se compreender os
elementos simbólicos propriamente militares envolvidos naquela reorientação
11
. Essas
pesquisas apontam que mudanças simbólicas também foram realizadas: à medida que duas
8
Optou-se por integrar à análise o general Girão Monteiro pelo seu papel proeminente no mercado de tomadas de
posição sobre a demarcação da TIRSS em 2008. Bem como, pelo fato de general ter sido eleito deputado federal
pelo Rio Grande do Norte pelo PSL em 2018, mesmo partido pertencente de Jair Bolsonaro.
9
Esse objetivo será reiterado e acrescido da necessidade de desenvolver e vivificar a faixa de fronteira na
atualização da PDN de 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/decreto/d5484.htm. Acesso em: 09 jul. 2021.
10
Destacados nos trabalhos de João Roberto Martins Filho (2001, 2002, 2010), João Roberto Martins Filho e
Daniel Zirker (2000), Humberto Lourenção (2007), Eliézer Rizzo de Oliveira (2009), Érica Winand e Héctor Luis
Saint-Pierre (2010) e Luís Alexandre Fuccille (2015),
11
Entre os quais Piero Leirner (1995, 1997, 2012, 2020), Celso Castro (2004 [1990], 2002), Castro e Adriana
Barreto de Souza (2012) e Adriana Aparecida Marques (2007).
Generais entre Poderes: Uma rotina de “indisciplina”, “crises” e “insubordinação” (2007-2018)
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comemorações outrora importantes, a vitória sobre a “Intentona” comunista em 1935 e a
“Revolução” de 31 de março de 1964, perderam importância, fortaleceram-se as comemorações
relacionadas à I Batalha dos Guararapes (19 de abril de 1648), a qual, a partir de 1994, por
iniciativa do então ministro do Exército, general Zenildo Zoroastro de Lucena, passou a ser a
data de comemoração do Dia do Exército (CASTRO, 2002, 2004; CASTRO; SOUZA, 2012).
Não por acaso, a mensagem implícita da invenção
12
recente da tradição de Guararapes
seria sua própria associação com a Amazônia (CASTRO, 2002). Tanto no episódio da Batalha
quanto nos dias atuais o Exército observaria uma cobiça internacional fruto de atores mais bem
equipados e em maior número que as “forças nacionais”, e que atuariam através de táticas de
guerrilha tendo como foco a dissimulação de seus reais interesses (CASTRO; SOUZA, 2012;
MARQUES, 2007). Procura-se, assim, por meio de uma invenção, vincular representações de
espaços e tempos distintos (CASTRO; SOUZA, 2012, p. 228), de forma a produzir uma
continuidade entre eles, a qual se torna, no limite, a “evidência” da continuidade da instituição
ao longo da história aos olhos dos próprios militares (LEIRNER, 1997, p. 130).
É justamente nesse cenário de progressivo “Amazônia, volver” por parte do Exército
(Matos, 2010, p. 145) que se insere a participação das Forças Armadas na demarcação da
TIRSS. Tal participação inicia-se em 2002, quando fora instalado o Pelotão Especial de
Fronteira de Uiramutã, município criado em 1995 pelo governo de Roraima por meio da Lei
Estadual n.º 98, juntamente com ao município de Pacaraima. À época, ambos os territórios
municipais se encontravam inseridos como terras indígenas, uma vez que desde 1993 a
Fundação Nacional do Índio (FUNAI) os reconhecia como integrantes dos 1.678.800 hectares
a serem demarcados de forma contínua (SILVA, 2012, p. 113-114)
13
.
Em 7 de outubro de 2002, cinco meses após a criação do Pelotão, fora promulgado o
Decreto n.º 4.412 pelo então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Este decreto
estabelecia que no interior de “terras tradicionalmente ocupadas por indígenas” era garantido
às Forças Armadas (FA) e à Polícia Federal (PF) a “liberdade de trânsito”, a possibilidade de
12
Castro (2002) deriva o termo do conceito de “tradição inventada” de Eric Hobsbawm (1997), na qual o autor
procura ressaltar que tais tradições “[...] visam inculcar certos valores e normas de comportamento através da
repetição, o que implica[ria], automaticamente, uma continuidade em relação ao passado”, sendo utilizadas diante
de transformações amplas e rápidas do mundo moderno (HOBSBAWN, 1997, p. 09-10). O uso que fazemos se
aproxima ao de Castro, justamente por sua proximidade também com a formulação de invenção de Roy Wagner,
na qual esta é entendida enquanto um processo geral e permanente da cultura humana, que pode ocorrer frente às
“transformações” do mundo moderno, mas não necessariamente dependentes delas.
13
Não por acaso, a criação de municípios dentro de área indígena objetivava justamente a inviabilização de sua
demarcação (SANTILLI, 2001, p. 122 apud SILVA, 2012, p. 114), uma vez que, posteriormente, tanto os
municípios quanto o próprio Pelotão do Exército seriam utilizados como justificativas para a demarcação da TIRSS
em forma de ilhas.
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA
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“instalação e manutenção de unidades militares e policiais” e “a implantação de programas e
projetos de controle e proteção da fronteira”
14
.
A permissão ao “livre trânsito e acesso” das FA seria reiterada pela Portaria n.º 534 de
13 de abril de 2005 do Ministério da Justiça, usada de base para o decreto de homologação da
TIRSS assinado dois dias depois pelo então presidente da República, Lula
15
. Segundo o decreto,
em seu Art. 4, seria assegurado “[...] a ação das Forças Armadas, para a defesa do território e
da soberania nacionais, e do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, para
garantir a segurança e a ordem pública e proteger os direitos constitucionais indígenas, na Terra
Indígena Raposa Serra do Sol”
16
.
Todavia, uma vez demarcada, a retirada da população não-indígena que habitava o
interior da TI deveria ser realizada no prazo de no máximo um ano, isto é, abril de 2006
17
.
Porém, tal prazo somente foi considerado esgotado pela FUNAI em abril de 2007, em
decorrência de uma série de ações ajuizadas no Supremo Tribunal Federal (STF) que
contestavam a demarcação e pediam garantias para que a população o-indígena permanecesse
no interior da TI até que o STF decidisse sobre tais ações, o que veio a ocorrer somente em
junho quando aquela corte permitiu que a FUNAI desse início à remoção (SILVA, 2012, p.
137).
O processo de retirada de não-indígenas prolongou-se até setembro daquele ano,
quando a PF, encarregada de realizar a operação, solicitou apoio logístico ao Ministério da
Defesa (MD). A ideia seria que a Aeronáutica e o Exército auxiliassem os mais de 500 agentes
da PF a entrarem na reserva e fornecessem apoio à operação. Entretanto, o general Maynard
Marques de Santa Rosa, então secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do
Ministério da Defesa, por duas vezes afirmou - uma em entrevista ao jornal O Globo e outra
em uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara
dos Deputados - não somente a resistência das Forças Armadas em dar apoio à operação, como
também em relação à própria demarcação da TIRSS (ÉBOLI, 2007a; 2007b).
14
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4412.htm. Acesso em: 07 jul. 2021.
15
Demarcada com uma extensão de 1.747.464 hectares, compreendendo os municípios de Normandia, Pacaraima
e Uiramutã; e abrigando os povos Ingarikó, Makuxi, Patamona, Taurepang e Wapixana (INSTITUTO
SOCIOAMBIENTAL, 2011, p. 250).
16
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/dnn/Dnn10495.htm. Acesso em: 07
jul. 2021.
17
Segundo consta na Portaria n 534 de 13 de abril de 2005 do ministro da Justiça. Disponível em:
http://www.pickupau.org.br/mundo/raposa_serra_do_sol/raposa_serra_sol_portaria_20534.pdf. Acesso em: 08
jul. 2022.
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Por conta de ambas as declarações, Santa Rosa foi exonerado do cargo que ocupava
no MD. Na oportunidade, o general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, duas semanas no cargo
de comandante do Comando Militar da Amazônia (CMA), afirmou que seus recursos eram
“reduzidíssimos” caso precisasse dar auxílio à PF, bem como comentou a exoneração de seu
colega: “respeito profundamente a posição dele (sobre Raposa Serra do Sol) porque o conheço
muito. Ele estuda o assunto há muito tempo. É um conhecedor da área” (ÉBOLI, 2007b).
A declaração sobre Santa Rosa seria o preâmbulo de outras quatro tomadas de posição
do general Heleno sobre a TIRSS (MONTEIRO, 2007; GOIS, 2008; CARVALHO, 2008A; O
ESTADO DE SÃO PAULO, 2008), as quais chegariam ao clímax com uma palestra sua no
Clube Militar do Rio de Janeiro em 16 de abril de 2008. Naquela ocasião, para uma plateia de
militares da reserva e da ativa (TABAK; MENEZES, 2008; MONTEIRO; NOGUEIRA;
PARAGUASSÚ, 2008), declarou:
[...] eu sou totalmente a favor do índio porque [...] eu não sou da esquerda
escocesa, que, atrás de um copo de uísque 12 anos, sentada na Avenida
Atlântida, resolve os problemas do Brasil inteiro. Eu não sou a esquerda
escocesa eu estou [na Amazônia], visitei mais de 15 comunidades
indígenas, estou vendo o problema do índio [...]
Eu não tenho dúvida que o maior problema da Amazônia hoje é a questão
indígena. [...] A política indigenista brasileira está completamente dissociada
do processo histórico de colonização do nosso país, precisa ser revista com
urgência. Eu não estou contra os órgãos que cuidam disso [FUNAI], eu quero
me associar para rever uma política que esdemonstrada no terreno que
não deu certo até hoje, é só ir lá olhar as comunidades indígenas para ver
que essa política é lamentável, para não dizer que é caótica. É lamentável!
[...] Essa política indigenista tem que ser modificada!
[...] eu tenho recebido muita visita na Amazônia e tenho constatado que muita
gente que tem nas suas mãos decisões envolvendo a Amazônia desconhecem
a área, muitas vezes quando chegam para nos visitar é a primeira vez que
sobrevoam a Amazônia e tem nas mãos decisões que interessam a Amazônia.
Então a primeira grande preocupação é que aqueles que estão decidindo sobre
a Amazônia vão lá nos conhecer, conhecer a realidade da Amazônia com o
no chão e não atrás de uma mesa, porque todos os problemas ficam muito
diferentes na realidade.
[...] Apesar de ser totalmente responsável por tudo aquilo que falei, eu
procurei expressar ali a ideia, opinião e posição do Alto-Comando do
Exército que é um órgão que serve ao Estado brasileiro e não serve ao governo
(grifo meu)
18
O general, a partir de então, seria para jornalistas, autoridades, “civis” e para si próprio
como demonstram suas palestras no serviço inativo
19
- o oficial cuja “marca” remeteria à
crítica da política indigenista do governo Lula, tomada como “lamentável” e “caótica”.
18
Ver https://www.youtube.com/watch?v=Q3ZyNbnRmWI Acesso em: 14 jun. 2021.
19
Ver: https://www.youtube.com/watch?v=QjYZXeYhKFc&t=4666s. Acesso em: 08 jul. 2022.
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA
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DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32iesp.2.985 9
Apesar de jornalistas e autoridades “civis” tentarem situar tais declarações por via da
caracterização de Heleno como “identificado com a velha linha dura” da ditadura (FREITAS,
2008), ou de opiniões que não eram compartilhadas por todos da Força (ANGELO, 2008), a
percepção geral, reiterada por demais militares da ativa e da reserva das FA, foi de que Heleno,
estando autorizado para realizar a palestra pelo comandante do Exército, verbalizava o
pensamento de seus pares e da própria instituição sobre a questão amazônica, em especial sobre
as demarcações de terras indígenas naquela região
20
.
Embora, mesmo caracterizando, em tese, um episódio de transgressão disciplinar
21
,
não houve qualquer punição atribuída ao general, ainda que se tenha tentado imputar uma ação
de “censura” por parte do governo Lula em relação a ele (MONTEIRO, 2008). O fato foi
resolvido em uma curta reunião entre o ministro da Defesa, Nelson Jobim, Heleno e Enzo
Martins Peri, então comandante do Exército. Após a reunião, Jobim repassou as justificativas
do general a Lula, o qual deu o episódio como encerrado (CARVALHO, 2008b). Heleno
permaneceria até abril de 2009 comandando o CMA, quando foi transferido para o
Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, evento ventilado enquanto uma espécie de
“rebaixamento” ou “punição”, o que parece não ter sido exatamente o caso, como se verá a
seguir.
Até aqui, apenas o general Santa Rosa de certa forma havia sido “punido” pelo governo
Lula, por meio de exoneração do cargo procedimento que não consta entre as punições
previstas pelo Regulamento Disciplinar do Exército
22
. Porém, um relato de Jobim é revelador
sobre como os esses dois episódios foram tratados internamente de formas distintas:
Foi um general de quatro estrelas, da ativa, que estava no Ministério da Defesa
[referência ao general Maynard Santa Rosa] [...]. Ele fez lá uma declaração e
saiu estampado... Eu me acordo de manhã, abro o jornal, estava a declaração
desse... que era um negócio... Acho que era terra indígena. Não me recordo
mais o que era, mas era uma coisa... criticando as decisões do governo. Aí eu
20
São os casos dos generais Luiz Cesário da Silveira Filho, Mário Mateus Madureira, Leônidas Pires Gonçalves
(TABAK; MENEZES, 2008), Paulo Cesar Castro (O GLOBO, 2008a), Eliéser Girão Monteiro Filho (ÉBOLI,
2008a, 2008b), Jarbas Passarinho (CARVALHO; BERLINCK, 2008), Gilberto de Figueiredo (FOLHA DE S.
PAULO, 2008) e do almirante Marcos Martins Torres (MONTEIRO, 2008).
21
Consta no art. 77 § 1º a) do Estatuto dos Militares: “é proibido o uso de uniforme em manifestações de caráter
político partidário”; uma vez que Heleno encontrava-se fardado durante a palestra. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6880.htm. Acesso em: 04 nov. 2021.
22
Seguindo o Regulamento Disciplinar do Exército (Decreto 4.346/2002) que especifica as transgressões
disciplinares e estabelece as normas referentes às punições, não nenhuma menção à remoção do cargo como
forma punitiva à transgressão disciplinar. Tais punições, em ordem crescente de gravidade são: “Art. 24 [...] I a
advertência; II o impedimento disciplinar; III a repreensão; IV a detenção disciplinar; V a prisão disciplinar
e VI o licenciamento e a exclusão a bem da disciplina”. O que nos leva a crer que a remoção do cargo ocupado
pelo militar trata-se de método punitivo informal que visa justamente driblar a abertura do Procedimento
Administrativo Disciplinar (PAD) previsto no Regulamento.
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me acordei, vi aquilo, sete horas, liguei para o Enzo, “Enzo, vamos remover
esse cidadão”. Porque esses cargos eram todos, na época, do presidente da
República. “Ah! O que é que houve?”. Eu disse: “Olha, Enzo, prepara tudo aí.
Eu vou conversar com o presidente, ele vai ser removido. “E você me diz para
onde é que ele vai. Eu vou destituí-lo dessa função”. o Enzo disse: “Está
bem. Está bem”. “Avise ele”. “Está certo, ministro, está correto”. Aí eu fui ao
Palácio. Quando eu estava no Palácio, entra o Lula, furioso. “O que é isso,
Jobim?!” Eu disse: “Não, não tem nada. Pode assinar”. “O que é isso?”. “É o
ato destituindo o sujeito”. “O quê? Vai destituir?”. “Vai, vai destituir”. “Mas
e...?”. “Não tem problema, está tudo resolvido. Inclusive foi para o
corredor”. É aquela história: quando você tira o oficial de um cargo de
comando, enfim, de um órgão administrativo ou mesmo de Força, você tem
uma forma: você bota à disposição do comandante do Exército. À disposição
do comandante, fica no corredor, não tem função. Então botamos à
disposição... Ficou à disposição do comandante do Exército e saiu daquela
função.
O outro caso, o general Heleno, que era um sujeito muito diferente desse aqui
[general Santa Rosa]... Esse aqui não tinha a liderança que tinha o Heleno
dentro do Exército. o Heleno fez umas declarações, que,
materialmente, estavam corretas, sobre o negócio de terra indígena e
sobre a forma de a Funai conduzir etc. e tal. eu chamei o Heleno. Aí o
pessoal da Funai, do Ministério da Justiça, enfim, o pessoal... queriam tirar o
Heleno. Aí eu fiz o contrário, eu chamei o Heleno e disse: “Olha, eu peço
que você não fale mais no assunto. Eu posso contar contigo?”. “Ministro, não
tem problema, não falo mais no assunto”. “Então você vai ficar”. todo
mundo vinha para cima de mim. Até que eu disse “Não vou demitir, não. Ele
vai ficar. Ele é importante, ele vai ficar e não vai falar mais no assunto”
(CPDOC, 2015, p. 11-13, grifo meu).
Isto é, dado o alto prestígio que Heleno apresentava no interior da instituição
23
,
característica reiterada exaustivamente pelos jornalistas durante o episódio, o general não foi
removido de seu cargo, sendo orientado a não dar mais declarações públicas. Entretanto, os dois
casos aqui em questão emergem enquanto uma oportunidade privilegiada de se observar como
a oposição da cultura militar em relação aos “civis” (ou, como eles chamam, paisanos);
estrutura-se enquanto base para uma ação política de convencimento dos outros, com
consequências estruturantes para a trajetória de determinados generais do Exército Brasileiro
que se submetendo a uma exposição midiática foram inseridos no imaginário social que
realizou, a longo prazo, a consubstancialização política de suas carreiras militares (CASTRO,
2004; LEIRNER, 1997; 2020).
23
Em 1986 ao terminar em primeiro lugar o curso da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, o general
foi condecorado com a “Medalha Marechal Hermes Aplicação e Estudo” de prata dourada com passadeira de
três coroas de louros por ter sido o primeiro colocado também na Academia Militar das Agulhas Negras e na
Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, posições de alto prestígio na Força. Além de ter ao longo da carreira
ocupado cargos em lugares de prestígio como, por exemplo, de primeiro force commander da Missão das Nações
Unidas para Estabilização do Haiti (MINUTAH) e no próprio Comando Militar da Amazônia. In:
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/augusto-heleno-ribeiro-pereira. Acesso em: 03
ago. 2022.
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA
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A estruturação contrastiva da cultura militar emerge na medida em que as tomadas de
posição de Heleno dotam de sentido militar a questão amazônica ao preenchê-la pela dimensão
da soberania nacional, a qual constitucionalmente as FA seriam destinadas a preservar. Assim
posto, processos demarcatórios desencadeados por “civis” tomados como ignorantes da
“realidade amazônica”, decorrente de sua suposta “ausência na região, apenas podem resultar
numa reação das FA que conhecedoras da região porque presentes nela, estão no seu nível de
competência para se opor às ações do governo federal, que é, antes de tudo, “civil”.
Plasma-se aqui uma dimensão simbólica própria da cultura militar em que Amazônia
e Forças Armadas tornam-se significantes permutáveis. Nesta dimensão, ao falarem sobre a
Amazônia e terras indígenas, os militares falam de si próprios e de seu pertencimento ao
Exército, isto é, a uma cadeia de comando-obediência regrada pela total ausência civil”, a qual
circunscreve sentimentos de pertencimento à instituição a partir de elementos socializadores
associados àquela região do país (LEIRNER, 1995; 1997; 2012; 2020; CASTRO, 2004 [1990];
2002; CASTRO E SOUZA, 2012; MARQUES, 2007; MARTINS FILHO; ZIRKER, 2000).
O episódio que envolve o general Heleno coloca em evidência como esta mesma
cadeia é imediatamente ativada de forma a produzir uma verdadeira operação militar de
comunicação social em meio a jornalistas e políticos
24
, levada a cabo por diversos militares da
ativa e da reserva. Não por acaso, é possível observar uma homogeneização das tomadas de
posição de militares que sucedem à palestra, tanto em relação à questão em foco
(Amazônia/terras indígenas), quanto em relação à constatação de não haver nas falas de Heleno,
elementos que caracterizariam quebra de hierarquia e/ou disciplina (MOREIRA, 2021). A partir
da perspectiva militar, o general estava devidamente autorizado pelo comandante do Exército
para realizar a palestra (dimensão hierárquica) e havia expressado as opiniões e posições
compartilhadas e defendidas por quase todos e, portanto, autoevidentes para qualquer militar
que faça ou tenha feito parte das Forças Armadas (dimensão disciplinar) (Wagner, 2010).
Há, assim, um processo de estruturação hierárquica e disciplinar das tomadas de posição
de Heleno e de todos os outros militares que o sucedem, as quais explorando elementos
simbólicos de pertencimento a uma instituição que sociabiliza seus integrantes em relativo
isolamento em relação ao “mundo de fora”, passaram despercebidos à maioria de “civis” que
24
Enquanto uma “operação militar” pode ser entendida como o “conjunto de ações realizadas com forças e meios
militares, coordenadas em tempo, espaço e finalidade, de acordo com o
estabelecido em uma diretriz, plano ou ordem para o cumprimento de uma atividade, tarefa, missão ou atribuição”
(BRASIL, 2017), a “comunicação social” trata de um “multiplicador do poder de combate” que, entre outros
objetivos, procura “conformar a opinião pública” (BRASIL, 2009a).
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também tomaram posição sobre a palestra (MOREIRA, 2021). Não impressiona perceber que
em alguns casos a percepção paisana do processo somente dotou de sentido as falas de Heleno
via o argumento da opinião pessoal, apreendendo o general enquanto pessoa física e não
moral, isto é, dissociado de seu papel de porta-voz do Exército (BOURDIEU, 2004, P. 189;
CLASTRES, 1978 p. 103). Ou, ainda, que endereçassem a responsabilidade pelo conteúdo da
palestra a elementos exógenos da cadeia de comando: grupos ultranacionalistas vinculados a
militares da reserva, em especial do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos, que objetivariam
cooptar militares da ativa em relação ao seu “[...] inflamado discurso contra a política
indigenista brasileira” (CAVALCANTI-SCHIEL, 2009, p. 150).
Na percepção “civil” tudo se passa como se ao falar de Amazônia e terras indígenas
Heleno estivesse exteriorizando concepções alheias à cultura legitimada pelo Exército aos seus
militares, fazendo derivar desse processo chamadas à ordem particularistas, focalizadas e
consequentemente limitadas que se manifestarão ora na remoção de tais militares de seus cargos
(como no caso de Santa Rosa), ora na condenação de suas declarações realizadas de forma
pública (como no caso de Heleno), sem que a cultura militar que associa aquela instituição à
Amazônia seja contestada. Nesse caso em questão, tal associação foi reiterada discursiva e
legalmente: em 22 de julho daquele ano, após a palestra, o governo Lula publicou o Decreto n.º
6.513 que estabelecia em seu Art. 3-A o dever do Comando do Exército em instalar “[...]
unidades militares permanentes, além das existentes, nas terras indígenas situadas em faixa
de fronteira [...]”
25
26
.
Complementarmente, com a revogação de trechos do Decreto n. ° 4.412 de 7 de
outubro de 2002, o novo texto estabelecia que o Comando do Exército não mais precisaria
consultar a Secretaria-Executiva do Conselho de Defesa Nacional, a FUNAI ou mesmo as
populações indígenas afetadas para instalar unidades militares em terras indígenas, submetendo
tais projetos à consulta somente do Ministério da Defesa e da Presidência da República. No mês
seguinte, em consonância ao novo decreto, Nelson Jobim, acompanhado de Heleno, afirmou
que novos Pelotões Especiais de Fronteira seriam instalados em reservas indígenas, mesmo
“contra a vontade de ONGs ligadas aos índios”, as quais “poderiam protestar o quanto
quisessem (O GLOBO, 2008b).
25
http://www.pla,nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/d6513.htm Acessado em 14 de julho de
2021.
26
Para o jornalista Jailton Carvalho a iniciativa seria “[...] uma tentativa de diminuir a resistência militar contra a
criação de grandes reservas em áreas de fronteira” (Carvalho, 2008b).
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Todavia, apesar do conhecimento público desde 8 de maio, via imprensa, de que o
governo redigia um decreto que procuraria reforçar a presença militar em terras indígenas, isto
não impediu que no dia 10 daquele mesmo mês, três semanas após a palestra de Heleno no
Clube Militar, uma manifestação de arrozeiros, políticos e comerciantes de Roraima contrários
à demarcação da TIRSS terminasse em um ato dentro da Brigada de Infantaria de Selva (Boa
Vista - RR), sendo acompanhada de uma palestra destinada aos manifestantes realizada pelo
comandante da Brigada, general Eliéser Girão Monteiro Filho, hierarquicamente submetido ao
CMA comandado pelo general Heleno (ÉBOLI, 2008a).
Monteiro, além de manifestar apoio ao seu superior hierárquico, Heleno, afirmou que
o processo de demarcação significava “risco à soberania nacional” e deu orientações aos
manifestantes: “cobrem respeito à propriedade e à dignidade de vocês e exijam que possa passar
comida, combustível [por dentro da reserva]. A terra que está lá, ainda que dentro da Raposa,
ainda está sob o nome de suas famílias. São [sic] dos senhores [...]”, e emendou: “[...] com que
direito esses índios fazem isso [proibição de entrada de não-índios da reserva]?! Cabe a Funai
fazer esse controle”. Ao final do ato, Monteiro negou que o ocorrido tivesse sido uma
manifestação política, o que caracterizaria transgressão disciplinar, afinal, segundo ele, uma
manifestação desse tipo seria realizada em um palco ou tribuna e ali ele estava recebendo os
mais de 30 manifestantes “dentro de uma sala, no [seu] quartel” (ÉBOLI, 2008a) ver figura
1.
Figura 1 Manifestação de arrozeiros no interior da 1ª Bda Inf Sl
Fonte: Éboli (2008a)
Depois de noticiado os fatos, Monteiro concedeu ainda uma entrevista ao O Globo no
dia seguinte, na qual afirmou que “o Estado deveria pensar bem antes de fazer novas
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demarcações ou fechar os processos. Para que criar terra indígena e entregar para uma ONG
cuidar? (ÉBOLI, 2008b). Naquele mesmo dia, 11 de maio, O Globo noticiou que as ações de
Monteiro foram recebidas pelo Palácio do Planalto como “um gesto de insubordinação
explícita”, no entanto, o ocorrido não recebeu comentários e ações por parte do governo Lula,
apesar de caracterizar uma série de eventos que transgrediam a disciplina militar
27
(CAMAROTTI, 2008).
Após o ocorrido, Monteiro saiu do comando da Brigada em agosto daquele ano
(BRASIL, K., 2008), indo para Brasília exercer a função de Diretor de Transporte e de
Mobilização do Comando Logístico do Exército e de Chefe do Gabinete de Planejamento e
Gestão do mesmo comando, funções que exerceu até março de 2009, quando, a pedido, foi para
a reserva com o objetivo de exercer o cargo de secretário de Segurança Pública do Estado de
Roraima sob o governo de José de Anchieta Júnior
28
, político que teve forte atuação para tentar
impedir a demarcação da TIRSS. Monteiro, após sucessivos cargos políticos
29
, elegeu-se
deputado federal pelo Rio Grande do Norte pelo Partido Social Liberal (PSL) em 2018.
É possível dizer que o caso de Monteiro encarna bem o processo pelo qual a exposição
midiática de uma “franca convicção” sobre a identidade entre o Exército e a Amazônia, acaba
por produzir situações claras de “convencimento dos outros” (LEIRNER, 1995, p. 130),
revelando a própria dinâmica de como a instituição lida com demais atores sociais e políticos,
constituindo-se em um potente grupo de interesses operativo de uma porta giratória entre a
caserna e a política, dinâmica que também marcará a trajetória dos demais generais aqui
analisados. Por outro lado, como se verá a seguir, é relevante observar que apesar das
concessões amplas feita pelos “civis” em relação à presença militar na Amazônia, em especial
27
Segundo o Regulamento Disciplinar do Exército, são transgressões disciplinares passíveis de punição: “31.
Representar a organização militar ou a corporação, em qualquer ato, sem estar devidamente autorizado; 32.
Assumir compromissos, prestar declarações ou divulgar informações, em nome da corporação ou da unidade que
comanda ou em que serve, sem autorização; [...] 56. Tomar parte, em área militar ou sob jurisdição militar, em
discussão a respeito de assuntos de natureza político-partidária ou religiosa; 57. Manifestar-se, publicamente, o
militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária; 58. Tomar parte,
fardado, em manifestações de natureza político-partidária; 59. Discutir ou provocar discussão, por qualquer veículo
de comunicação, sobre assuntos políticos ou militares, exceto se devidamente autorizado”. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4346.htm. Acesso em: 27 jan. 2022. Ainda, segundo o
Estatuto dos Militares: “art. 77 § a) é proibido o uso de uniforme em manifestações de caráter político
partidário”. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6880.htm. Acesso em: 27 jan. 2022.
28
Disponível em: https://generalgirao.com.br/quem-sou/. Acesso em: 27 abr. 2022.
29
Monteiro permaneceu secretário de Segurança blica de Roraima até fevereiro de 2012, quando assumiu a
Secretaria de Justiça e Cidadania daquele mesmo estado até julho de 2013. Em 2014 deixou Roraima e se tornou
secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Norte (RN), sendo responsável pela segurança durante os jogos
da Copa do Mundo daquele ano em Natal, permanecendo no cargo até 2015. Já entre janeiro de 2017 e março de
2018 exerceu o cargo de Secretário Municipal de Segurança Pública, Defesa Civil, Mobilidade Urbana e Trânsito
em Mossoró-RN. Disponível em: https://generalgirao.com.br/quem-sou/. Acesso em: 28 jul. 2022.
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA
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em terras indígenas
30
, tais iniciativas não impediram que novos episódios de “crises” e
“insubordinaçõessurgissem nos meses subsequentes, com uma curiosa repetição de porta-
vozes do Exército.
Estratégia Nacional de Defesa e Plano Nacional de Direitos Humanos.
Se em 2007 o general Maynard Marques de Santa Rosa havia sido exonerado do cargo
que ocupava no Ministério da Defesa por suas declarações sobre a TIRSS, a análise dos fatos
mostra que pouco tempo depois tal “punição” não o impediu de voltar aos noticiários em mais
dois episódios de “crise” com o governo Lula.
O primeiro deles ocorreu em março de 2009, quando Santa Rosa, à época chefe do
Departamento-Geral do Pessoal do Exército (DGP), e os generais Paulo César Castro, chefe do
Departamento de Ensino e Cultura, e Luiz Cesário da Silveira Filho, comandante do Comando
Militar do Leste, redigiram três documentos com “críticas” à publicação da Estratégia Nacional
de Defesa (END), a qual havia sido elaborada pelo MD e pela Secretaria de Assuntos
Estratégicos. Para os três generais, a END era um “documento de cunho político, sem respaldo
em ideias de consenso nacional”, dotado de medidas “utópicas” e “inexequíveis” que
privilegiariam projetos de modernização da Aeronáutica e da Marinha, em detrimento do
Exército, além de procurar submeter as compras de armamento e equipamentos das três Forças
à Secretaria de Compras do Ministério da Defesa, órgão controlado por “civis” (ÉBOLI, 2009;
Azedo; Rocha, 2009). Segundo os generais, tal centralização no MD permitiria “a introdução
de idiossincrasias típicas da administração civil, como a corrupção e o tráfico de influência”
(MONTEIRO, 2009a, grifo meu).
Comentando o ocorrido, o comandante do Exército, Martins Peri, procurou
“tranquilizar” o ministro da Defesa: a extensão das “críticas” não tinha grande alcance na
caserna, na verdade, eram “pontuais” e tratavam de “documentos pessoais” apresentados apenas
para “deixar registrado seus pontos de vista” (MONTEIRO, 2009b).
o segundo episódio ocorreu no ano seguinte, quando a Folha de S. Paulo noticiou
no dia 10 de fevereiro que circulava na internet mais de duas semanas uma carta assinada
por Santa Rosa com críticas à Comissão Nacional da Verdade (CNV) (CATANHÊDE, 2010,
30
No caso de Raposa Serra do Sol, as concessões não partiram apenas do Executivo, mas também foram
vislumbradas pelo Judiciário. Ao final do julgamento da validade do processo demarcatório, o STF estabeleceu
condicionantes à demarcação, entre as quais a garantia do livre trânsito das Forças Armadas no interior da Terra
Indígena (MOREIRA, 2021).
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online), prevista na terceira edição do Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) lançado
em dezembro de 2009 (BRASIL, 2009b), a qual seria uma “comissão da calúnia”:
Confiar a fanáticos a busca da verdade é o mesmo que entregar o galinheiro
aos cuidados da raposa. [...]
A “Comissão da Verdade” de que trata o Decreto de 13 de janeiro de 2010
31
,
certamente, será composta dos mesmos fanáticos que, no passado recente,
adotaram o terrorismo, o sequestro de inocentes e o assalto a bancos, como
meio de combate ao regime, para alcançar o poder. [...]
Portanto, essa excêntrica comissão, incapaz por origem de encontrar a
verdade, será, no máximo, uma “Comissão da Calúnia” (CATANHÊDE, 2010,
online).
Comentando a carta, mais uma vez o comandante do Exército Martins Peri relatou em
nota ser “uma correspondência pessoal do referido oficial-general indevidamente propagada
pela internet, sendo, portanto, uma opinião particular”. Apesar disso, o general foi exonerado
do DGP, ficando enquanto adido no gabinete do comandante do Exército até março daquele
ano, data na qual o general seria passado para a reserva por completar 12 anos de oficial-general.
Como lembrou a própria jornalista Eliane Catanhêde, com ou sem a carta, Santa Rosa seria
passado para a reserva.
No entanto, está aqui posto uma outra dimensão dos episódios de “insubordinação”
militar. Se, por um lado, os eventos envolvendo Heleno em 2008 nos informavam que a
percepção de que tais episódios que expressavam opiniões pessoais não representativas da
cultura do Exército advinham dos “civis”, por outro, os eventos aqui em questão evidenciam
que a própria instituição, uma vez situada em uma posição de relativo fechamento em relação
ao “mundo de fora”, de manusear suas regras internas para fabricar de forma interessada
situações de aparente “punição” acopladas em movimentações normais da carreira militar:
trocas de comando e passagens para a reserva
32
.
Os casos abordados exemplificam bem este manuseio. Os generais Paulo César Castro
e Cesário da Silveira Filho, quando “criticaram” a END em março de 2009, estavam prestes a
irem para a reserva compulsoriamente por terem atingido os 12 anos limites como oficiais-
generais (MONTEIRO, 2009a). Santa Rosa, que acompanhou ambos nas “críticas”, ficaria
em seu posto até março do próximo ano, quando também passaria compulsoriamente para o
serviço inativo pela mesma regra e utilizaria a oportunidade para também “criticar” o governo,
31
O decreto dispunha sobre a criação de um Grupo de Trabalho que elaboraria o anteprojeto de lei que instituiria
a CNV. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2007-2010/2010/Dnn/Dnn12389.htm.
Acesso em: 09 jul. 2022.
32
Como reiterado na nota de rodapé n. 16 supra, transferência do cargo ocupado não caracteriza punição disciplinar
prevista nem no Regulamento Disciplinar do Exército, nem do Estatuto dos Militares.
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA
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tal qual seus colegas haviam feito um ano antes. Isto é, todos sairiam de seus cargos com ou
sem as “críticas” ao governo. Todavia, tais movimentações eram enquadradas como “punições”
aos respectivos militares.
Paralelamente, se voltarmos a Heleno, este, mesmo realizando declarações em abril de
2008, somente seria exonerado do cargo em abril 2009, cumprindo uma regra do Exército de
que Generais de Exército nos últimos quatro anos da carreira ficam, metade desse período em
cargos de comando operacionais, como é o caso do CMA, e a outra metade comandando o
Estado-Maior do Exército ou algum órgão de direção setorial, como no caso de Heleno que foi
transferido para o DCT
33
. Todavia, apesar se tratar de uma movimentação normal e amplamente
conhecida por qualquer outro militar, Heleno em 2011, na cerimônia de passagem para a
reserva, tratou de imprimir ao ocorrido em 2009 ares de “punição”: "quando fui nomeado,
ouviram que eu estava sendo colocado na geladeira profissional. Sem dúvida, o DCT nada tinha
a ver com meu perfil e minhas aptidões. Por decisão do comandante supremo [presidente Lula],
eu me tornara o exemplo típico do homem errado no lugar errado"
34
.
Relevante observar que na mesma oportunidade e em um contexto no qual a CNV
havia gerado uma série de reações das Forças Armadas (LEIRNER, 2020), mais uma tentativa
de “crise” foi ensaiada. No final de março de 2011, houve uma determinação da presidenta
Dilma Rousseff para que não houvesse as convencionais celebrações militares do dia 31 de
março, data que marca o golpe civil-militar de 1964. Justamente naquele dia havia sido marcada
uma palestra de Heleno intitulada “A contrarrevolução que salvou o país”. A palestra que
“selaria” a despedida do general do serviço ativo era esperada com “grande expectativa” por
demais militares que teriam a oportunidade de escutar seu “desabafo”. Entretanto, a palestra
acabou por ser cancelada pelo Comando do Exército como forma de “evitar o acirramento dos
ânimos, em pleno debate público sobre a criação da Comissão da Verdade” (MALTCHIK,
2011).
Interessante notar que, se os episódios que envolviam os generais Santa Rosa, Heleno
e Girão Monteiro Filho ainda durante o governo Lula direcionavam-se à questão amazônica
33
Os comandos operacionais são os comandos militares do Nordeste (CMNE), Leste (CML), Sudeste (CMSE),
Oeste (CMO), Amazônia (CMA), Sul (CMS), Planalto (CMP) e Norte (CMN). A exceção à regra explicitada é o
CMP, comandado por um general de divisão (3 estrelas) e não de exército (4 estrelas). os órgãos de direção
setorial são: Departamento-Geral de Pessoal (DGP), Departamento de Engenharia e Construção (DEC), Comando
Logístico (COLOG), Comando de Operações Terrestres (COTER), Secretaria de Economia e Finanças (SEF),
Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) e Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEX).
Agradeço a Marcelo Pimentel Jorge de Souza, oficial da reserva do Exército Brasileiro, pelos esclarecimentos
quanto a essas distinções.
34
Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/poder/2011/05/913533-general-heleno-volta-a-defender-golpe-de-
64-ao-passar-para-reserva.shtml. Acesso em: 24 abr. 2022.
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como lastro simbólico das tomadas de posição e da atuação política desses oficiais, reiterando
o pertencimento ao Exército por esta via, aos poucos, tal questão passou a ser acompanhada de
uma reativação do anticomunismo e de sua atualização em antipetismo, sobretudo após a
criação da CNV (LEIRNER, 2020)
35
.
Assim, quatro episódios em que movimentações normais no interior do Exército foram
utilizadas como plataforma para “crises” com o governo. Nessas oportunidades, tratava-se de
dotar de sentido pessoal as manifestações feitas pelos generais que rapidamente eram “punidos”
por meio da remoção dos cargos que ocupavam, passando aos “civis” uma percepção distorcida
de que as “insubordinações” haviam sido resolvidas e que a hierarquia e a disciplina tinham
sido preservadas, isso tudo sem a utilização dos procedimentos formais previstos no
Regulamento Disciplinar do Exército como, por exemplo, a abertura de um Procedimento
Administrativo Disciplinar para apuração de possíveis transgressões disciplinares.
Porém, ao fim e ao cabo, tais episódios também realizaram uma consubstancialização
das capacidades militares desses generais em poder e autoridade política (LEIRNER, 2020).
Heleno, por exemplo, trilhou uma carreira que sempre caminhou pari passu com uma exposição
midiática
36
, a qual encontrou elementos de distinção pessoal ancorados nos episódios de
indisposição com os governos Lula e Dilma. Não é de se espantar que, em 2008, se
observavam pedidos em redes sociais para que o general se candidatasse à Presidência
37
, os
quais seriam reiterados novamente em 2014, com uma clara associação ao “movimento anti-
PT” e com a própria figura do então deputado Jair Bolsonaro
38
.
Assim, cristalizada a fórmula gerativa de “crises” e “punições” enquanto estruturante
de uma dimensão importante da atuação política do Exército, tratava-se agora de o exemplo
arrastar demais atores (SOUZA, 2021).
“Aqui o que está acontecendo é a rotina do Exército”
Em 2008, enquanto Heleno tornava-se conhecido por suas tomadas de posição sobre a
TIRSS, o general Antônio Hamilton Martins Mourão era comandante da Brigada de
Infantaria de Selva em São Gabriel da Cachoeira (RR) e, portanto, subordinado a Heleno.
35
Para uma análise sobre a história do anticomunismo na sociedade brasileira e nas FA consultar respectivamente
Motta (2000) e Santos (2009; 2014).
36
Como pode ser observado no relato do próprio em Haswani (2016) e CCOMSEX (2021).
37
https://acervo.folha.com.br/leitor.do?numero=17518&keyword=Augusto&anchor=5215866&origem=busca&o
riginURL=&pd=193be0b8ed3c574649d32be92d3fa1f3 acessado em 09 de julho de 2022.
38
https://istoe.com.br/350106_O+CANDIDATO+DOS+MILICOS/ acessado em 26 de abril de 2022
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Porém, Mourão, ao contrário de seu superior hierárquico, teria projeção nacional somente em
2015, enquanto comandante do Comando Militar do Sul (CMS).
Em 20 de outubro de 2015, tornaram-se públicos trechos de uma palestra do general
Mourão realizada em 17 de setembro daquele ano, no Centro de Preparação de Oficiais da
Reserva de Porto Alegre:
A maioria dos políticos de hoje parecem privados de atributos intelectuais
próprios e de ideologias, enquanto dominam a técnica de apresentar grandes
ilusões que levam os eleitores a achar que aquelas são as reais necessidades
da sociedade. [...]
[...] a mera substituição da PR [Dilma Rousseff] não trará mudança
significativa no ‘status quo’ [...] a vantagem da mudança seria o descarte da
incompetência, má gestão e corrupção. [...]
Neste momento de crise, toda consciência autônoma, livre e de bons costumes
precisa despertar para a luta patriótica, contribuindo para o retorno da
autoestima nacional, do orgulho de ser brasileiro e da esperança no futuro
(VIZEU, 2015, online).
Após a divulgação do conteúdo da palestra, a notícia de sua exoneração do CMS veio
acrescida também de um outro elemento que teria “contribuído” para que a medida fosse
tomada: o comandante da 3ª Divisão do Exército, general José Carlos Cardoso, subordinado a
Mourão, expediu convites para uma cerimônia de homenagem póstuma ao coronel Carlos
Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do DOI-CODI de São Paulo, falecido no dia 15
daquele mês de outubro (CRUZ; GIELOW, 2015, online).
A exoneração de Mourão teria sido acertada entre o ministro da Defesa, Aldo Rebelo
(PCdoB), e o comandante do Exército, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, ambos
teriam concordado que Mourão “não podia continuar” (CRUZ; GIELOW, 2015, online), o que
“agradou” o governo pela rapidez da solução de passar o general para um “cargo burocrático”
da “geladeira” da Força (FRANCO, 2015) isto é, para a Secretaria de Economia e Finanças do
Exército. A ação serviria de exemploao demais militares de que “[...] este tipo de postura
o é aceitável por parte de um general de Exército da ativa, falando para seus subordinados”
(Monteiro, 2015a), perspectiva reiterada por Villas Bôas, que também aproveitou o ocorrido
para dizer que “militar tem de falar, pode falar. [...] A sociedade se desacostumou a ouvir os
militares e sempre que os militares se manifestam isso causa reação, repercussão e não deve
ser assim” (MONTEIRO, 2015b, grifo meu).
Por outro lado, apesar de ser dado por jornalistas, autoridades “civis” e militares um
sentido punitivo ao ocorrido, um relato do general Mourão na cerimônia que marcava sua saída
do CMS em janeiro de 2016 revela uma outra realidade:
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A minha saída foi uma substituição normal dentro do Exército,
normalmente a gente fica em torno de dois anos e eu já estava para completar
dois anos, e o comandante houve por bem fazer essa troca direta entre eu e o
general [Edson Leal] Pujol. Quanto às declarações que houveram, foi uma
palestra que eu fiz no âmbito do público interno e que alguns aspectos daquela
palestra foram pinçados e publicados. Então aqui o que está acontecendo é
a rotina do Exército, nada mais que isso (TVE-RS, 2016, online).
Mourão por suas declarações, assim como o general Heleno em 2008, angariou apoio
da sociedade de forma geral, via exposição midiática, fenômeno que, se visto a partir de um dos
relatos do próprio general Villas Bôas, parece ter sido, a partir de algum momento, a diretriz
vigente no interior da instituição: “estimulei os generais de exército no sentido de serem
proativos e ocuparem os espaços de comunicação nas áreas ou setores de atividade. Aos poucos,
fomos avançando e passamos a dialogar com a mídia” (CASTRO, 2021, p. 184). Mas não só.
Um dos resultados imediatos daquela dinâmica tornou-se evidente nas manifestações
pró-impeachment da presidenta Dilma Rousseff e pró-intervenção militar ainda em 2015. Em
meio a essas manifestações era possível observar um boneco inflável do general Mourão
fardado e com faixa presidencial no gramado do Congresso Nacional. Ao lado do boneco, os
mesmos manifestantes simulavam o velório de Lula e Dilma (ÉBOLI, 2015) - ver figura 2.
Figura 2 Boneco inflável General Mourão (novembro de 2015)
Fonte: Brito (2018)
Entretanto, repetindo os passos dos generais Heleno e Santa Rosa, Mourão, um ano
depois, voltaria aos noticiários, mesmo após ter sido supostamente “punido”. Em 18 de
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setembro de 2017, tornou-se de conhecimento público a realização de uma palestra sua na Loja
Maçônica de Brasília. Na ocasião, além de comentários negativos sobre os governos Lula e
Dilma, o general declarou:
Eu estou falando aqui a forma como o Exército pensa. [...] Na minha
visão, que coincide com a visão dos meus companheiros do Alto-Comando
do Exército nós estamos em uma situação de [...] aproximações sucessivas,
até chegar o momento em que ou as instituições solucionam o problema
político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos
envolvidos em todos os ilícitos ou então nós teremos que impor isso. [...] Os
poderes terão que buscar a solução senão conseguirem chegará a hora que
teremos que impor uma solução e essa imposição não será fácil, ela trará
problemas (DEFESANET, 2017, online)
Para jornalistas e autoridades “civis”, a colocação se tratava de uma “insinuação” a um
“golpe militar”, bem como um comentário destinado ao presidente Michel Temer, que um dia
antes da palestra havia sido denunciado pela segunda vez pelo procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, por organização criminosa e obstrução de justiça (MONTEIRO, 2017a). Após
o ocorrido, ficou acertado entre Villas Bôas e o ministro da defesa, Raul Jungmann, que Mourão
não seria punido; a ideia seria não transformar o general em “vítima”, uma vez que estaria em
vias de ir para a reserva e se candidatar à presidência do Clube Militar (MONTEIRO, 2017B;
FARIA; TRUFFI; MONTEIRO, 2017).
Nesse caso, tratou-se novamente de ser reiterada a fórmula da “opinião pessoal” que
havia se constituído em uma importante ferramenta de confusão da percepção “civil” e de
apagamento disciplinar e hierárquico da estruturação dessas tomadas de posição, isto é,
articuladoras de elementos simbólicos próprios da cultura militar e recalcadoras do
pertencimento ao Exército. Naquela oportunidade, Mourão e Villas Bôas constituíram-se em
uma dupla de porta-vozes que hora se complementavam, hora se contradiziam. Se em um
primeiro plano durante a palestra Mourão afirmava representar as opiniões do Alto-Comando
(MONTEIRO, 2017a), após a repercussão, ambos convergiram para a ideia de que somente
aquele último poderia falar em nome da instituição, uma vez tratar-se do comandante da
Força
39
.
Complementarmente, no interior dessa dinâmica, Mourão acabou por encarnar, aos
olhos “civis”, o convencional papel de “militar autoritário” e “pró-golpe militar”, enquanto
no outro polo dessa atuação “em pinça”, Villas Bôas pôde, nas diversas entrevistas que
concedeu, reiterar sua posição de “militar democrático”, passando a ideia de que o Exército
39
https://globoplay.globo.com/v/6160237/?s=0s acessado em 24 de abril de 2022
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atuava nos limites da “legalidade, legitimidade e estabilidade” e da não interferência no
processo político. Tratou-se, como foi dito, de uma clara atuação bad cop/good cop
respectivamente, normalizadora da presença de ambos no imaginário social por meio de uma
exposição midiática continuada (LEIRNER, 2020, p. 74).
Mourão ainda enquanto militar da ativa
40
, voltou aos jornais em dezembro daquele
ano. Na oportunidade, pela terceira vez, tornou-se público o conteúdo de outra palestra sua,
dessa vez realizada a convite do grupo Terrorismo Nunca Mais (Ternuma). Além de declarar
apoio à candidatura presidencial de Bolsonaro, Mourão fez referências ao então presidente
Michel Temer: “não dúvidas que atualmente nós estamos vivendo a famosa Sarneyzação
(em referência ao ex-presidente Sarney). O nosso atual presidente vai aos trancos e barrancos
buscando se equilibrar e mediante o balcão de negócios chegar ao final de seu mandato”
(FRAZÃO, 2017).
Novamente o episódio foi utilizado para dar a impressão de “punição”:
O Exército pedirá ao ministro da Defesa, Raul Jungmann, a destituição do
general Antonio Hamilton Mourão do cargo de secretário de Economia e
Finanças do Comando do Exército depois que ele afirmou que o presidente
Michel Temer faz do governo um ‘balcão de negócios’ para se manter no
poder. Mourão vai ficar sem função à espera do tempo de ir para reserva, em
março de 2018. Para o lugar dele, o comandante do Exército, Eduardo Villas
Bôas, indicou o general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira (ESTADO DE
MINAS, 2017, online).
Ainda que a ida de Mourão para a reserva estivesse acertada desde setembro, as
declarações públicas do general não deixaram de produzir confusões entre jornalistas, como
atesta o último trecho descrito. Porém, seguindo os passos de Santa Rosa e Heleno, a própria
cerimônia de passagem para a reserva em fevereiro de 2018 seria utilizada como plataforma
para expor o pensamento predominante do Exército sobre o “combate ao comunismo”:
rememoração elogiosa às ações do Exército contra a “Intentona” Comunista e a jornada
vitoriosa da Revolução de 1964”, com agradecimentos estendidos ao coronel Ustra,
considerado “herói” pelo general (LIMA, 2018, online). Após a cerimônia, em que o general
foi saudado pelo comandante do Exército como um modelo de “liderança pelo exemplo”,
40
Consta no art. 77 § 1º a) do Estatuto dos Militares: “é proibido o uso de uniforme em manifestações de caráter
político partidário”. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6880.htm. Acesso em: 10 jan.
2022. Segundo o Regulamento Disciplinar do Exército, são transgressões disciplinares: “57. Manifestar-se,
publicamente, o militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária;
[...] 59. Discutir ou provocar discussão, por qualquer veículo de comunicação, sobre assuntos políticos ou militares,
exceto se devidamente autorizado”. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4346.htm.
Acesso em: 7 ago. 2022.
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA
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Mourão em entrevista aos jornalistas declarou que “o ‘Judiciário precisa fazer o papel dele e
expurgar da vida pública pessoas que não têm condições de dela participar’, acrescentando que
esse entendimento inclui[a] também o presidente Michel Temer” (DEFESANET, 2018, online).
na reserva coube a Mourão assumir o papel de “articulador” das campanhas de
militares das Forças Armadas em 2018 (VICTOR, 2018, online), dando as “linhas-mestras de
ação” e alinhamento dos discursos de candidaturas como as dos generais Eliéser Girão Monteiro
Filho (PSL), Roberto Sebastião Peternelli Junior (PSL) e Paulo Chagas (PRP)
41
. Outra
candidatura que recebeu atenção do general, ainda durante o serviço ativo e contrariando o
Regulamento Disciplinar do Exército (Decreto 4.436/2002) e o Estatuto dos Militares (Lei
6.880/1980), foi a do tenente-coronel Luciano Lorenzini Zucco.
Candidato pelo PSL a deputado estadual pelo Rio Grande do Sul, Zucco recebeu apoio
político do general em um vídeo em que ambos aparecem fardados nas dependências da
Secretaria de Economia e Finança do Exército comandada por Mourão. No vídeo, postado
somente quando o general estava na reserva demonstrando o interesse em driblar possíveis
punições , afirma: “nós precisamos de gente que tenha conhecimento, capacidade e
determinação de enfrentar isso [a crise de segurança pública] e impor as medidas que forem
necessárias para que a nossa população recupere o direito de ir e vir e viva em tranquilidade no
nosso país. Esse aqui é o Zucco, podem contar com ele” (GENERAL..., 2018)
42
ver figura 3.
41
Dos três, apenas Paulo Chagas não foi eleito, o general disputava o governo do Distrito Federal. Girão Monteiro
foi eleito deputado federal pelo Rio Grande do Norte e Peternelli deputado federal por São Paulo.
42
https://www.youtube.com/watch?v=Xy72TaTJ1xA. Acesso em: 03 de setembro de 2023.
Generais entre Poderes: Uma rotina de “indisciplina”, “crises” e “insubordinação” (2007-2018)
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Figura 3 Mourão e Zucco na secretaria de economia e finanças do exército
Fonte: General... (2018)
Além da inserção política, nos casos aqui descritos é possível observar um padrão de
conduta bem característico de um ciclo OODA aplicado ao “meio civil”
43
, com produção de
dissonâncias cognitivas e potencialização de um quadro de viés de confirmação que procurou
formar na opinião pública a ideia de que, embora “crises” miliares tivessem emergido, estas
rapidamente haviam sido solucionadas pela própria cadeia de comando do Exército,
preservando, ao fim e ao cabo, a hierarquia e a disciplina militar (LEIRNER, 2020, p. 103-106).
Nos casos expostos neste artigo torna-se patente como o polo militar” pôde engendrar
uma série de erros perceptivos no polo civil”, que passou a enxergar as constantes exonerações
de cargos como ferramentas punitivas plausíveis - mesmo que inexistentes como mecanismo
formal previsto no Regulamento Disciplinar - ao mesmo tempo que endereçava as tomadas de
posição não cultura militar legitimada pelo Exército na sociabilização de seus militares, mas
às “opiniões pessoais” manifestadas publicamente.
Quanto a isso, Eliézer Rizzo de Oliveira (1994) chama atenção para como o direito ao
discurso político manteve-se nas Forças Armadas como uma regra não escrita mesmo após o
fim da Ditadura: “Segundo esta regra, nem todos os militares podem falar; nem todos os que
43
O clico OODA é composto pelas dimensões “observe”, “oriente”, “decida”, “aja”. Para mais detalhes consultar
Leirner (2020).
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA
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falam, não devendo tê-lo feito, serão punidos. Este não é um direito universal aplicável às altas
patentes; ele é essencialmente discricionário”
44
.
O fato de que os generais Santa Rosa, Ribeiro Pereira, Girão Monteiro Filho e Martins
Mourão não tenham sido punidos mediante abertura de Processo Administrativo Disciplinar
não significa que a ausência de punições é uma constante histórica no meio militar
45
. Tanto no
passado, quanto nos eventos aqui explicitados, trata-se de demonstrar que “nada lhes
acontece[eu] porque a aplicação dos regulamentos militares é essencialmente política” (IBID,
p. 189) e uma vez carregando tal natureza, torna-se repetitivo afirmar o caráter dissimulativo
adotado pela cadeia de comando que para fora da instituição afirmava estar aplicando os
regulamentos ao bem da disciplina e hierarquia, “punindo” tais militares via a remoção dos
cargos que ocupavam, ao mesmo tempo que para dentro não fazia o uso de nenhum desses
regulamentos, utilizando-se das movimentações normais daqueles oficiais-generais como
forma de dramatizar ainda mais as supostas “punições”.
Conclusão
Com o final da Ditadura, as Forças Armadas brasileiras passaram por um período de
“crise de identidade” com fortes influências em seu aparato doutrinário-ideológico (MARTINS
FILHO, 2000). Nesse período, além de uma ressignificação da Amazônia brasileira, sobretudo
em tratando da atuação do Exército, a instituição procurou fazer valer seus interesses na
Constituição de 1988, em especial de temas como a Justiça Militar, o emprego interno para
garantia da “lei e da ordem” e a manutenção do serviço militar obrigatório (OLIVEIRA, 1994;
VIANA, 2021).
Na esteira desta inserção política que não terminou após os trabalhos da Assembleia
Nacional Constituinte, mais recentemente algumas pesquisas têm identificado uma atuação que
parece se dar nos moldes de um partido político informal. Caraterizado por Oliveira e Kalil
(2021), o chamado Partido Militar
46
apresentaria um núcleo duro permanente e uma estrutura
44
Ibid, p. 189
45
Podemos lembrar aqui os General Newton Cruz e Eclydes Figueiredo, punidos em junho de 1989 com prisão de
8 e 10 dias respectivamente por chamarem o então ministro do Exército, Lêonidas Pires Gonçalves, de “covarde”
e “omisso” (O GLOBO, 1989). Posteriormente, em maio de 1990 novamente ambos foram punidos por críticas ao
então presidente da República, Fernando Collor de Melo, Cruz ficou preso por 10 dias, enquanto Figueiredo
recebeu uma repreensão por escrito (SOBRAL, 1990; O GLOBO, 1990). Em todos os casos, as punições
envolviam tomadas de posição dos generais em jornais e estavam pautadas no Regulamento Disciplinar e no
Estatuto dos Militares.
46
As autoras partem do conceito de Partido Fardado de Ferreira (2000) e da coletânea organizada por Rouquié
(1990) sobre Os Partidos Militares no Brasil, atualizando tais formulações para o entendimento do processo de
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organizativa que repetiria aquela utilizada pelas próprias Forças Armadas, isto é, baseada na
hierarquia e disciplina. Sem programa definido, o Partido objetivaria prioritariamente a
conquista de objetivos corporativos (e não institucionais ou pessoais) e a ocupação de cargos
pela sua própria base (militares advindos das Forças Armadas e das forças de segurança).
Complementarmente, Marcelo Pimentel Jorge de Souza (2021), a partir de uma ótica
“interna” ao Exército Brasileiro, chamou atenção para demais elementos caracterizadores da
politização militar vetorizada por aquele Partido. Trata-se de um grupo político de natureza
hegemônica dotado de memória histórica e vocação institucional; base ideológica definida;
pautas de interesses coletivo e corporativo específico; direção “partidária” distribuidora de
poder interno; quadros “partidários”; base eleitoral e militante e, o que considero principal, com
a eleição de Jair Bolsonaro, tal grupo assumiu o controle do governo em direção, sentido e
intensidade, para além de uma simples ocupação de cargos no Executivo Federal e a adoção de
políticas corporativas de interesse das Forças Armadas.
Nesse sentido, em um contexto de partidos e figuras políticas caracterizados como
populistase que parecem imitar o padrão algoritmo das redes digitais visando satisfazer o
maior número possível de expectativas de eleitores-clientes diversos, ao mesmo tempo que
corroem a democracia por dentro de suas próprias instituições (LEVITSKY; ZIBLATT, 2018;
EMPOLI, 2019; NORRIS; INGLEHART, 2019). Pode-se identificar o fenômeno do Partido
Militar como dotado de características híbridas, que não somente imbricam a Política na Guerra
e vice-versa, mas também atuam borrando fronteiras entre o público e o privado (LEIRNER,
2020) e, portanto, entre o corporativo, o institucional e o pessoal.
Não por acaso, em um quadro crônico de enfraquecimento do controle civil via
competição (política, simbólica e midiática) (BELIAKOVA, 2021), o uso de estratégias como
apelo público via declarações na mídia, endosso de candidatos, construção de alianças com
outros setores da sociedade e instituições, bem como o lobby parlamentar (BROOKS, 2009),
não deixaram de se manifestar mesmo após a conquista de “pautas corporativas”. O caso da
inserção do Exército na Amazônia, em especial nas discussões sobre a Terra Indígena Raposa
Serra do Sol, parece exemplificar bem esse processo na medida em que o objeto das
“reclamações” militares - livre trânsito militar em Terras Indígenas e maior efetivo na região
amazônica - não somente se encontrava garantido por lei, como foi reiterado em novas
normativas do Executivo e do Judiciário e ainda assim, generais “indisciplinados” continuaram
politização das Forças Armadas no contexto da eleição de Jair Bolsonaro em 2018. Ver também Oliveira e Kalil
(2021).
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atuando política e midiaticamente na questão (MARQUES, 2007; LEIRNER, 2020;
MOREIRA, 2021).
É justamente nesse sentido que a análise sistemática dos eventos envolvendo os
generais Santa Rosa, Ribeiro Pereira, Girão Monteiro Filho e Martins Mourão revela que, para
além das constatações de que os episódios em questão caracterizaram transgressões
disciplinares (MARTINS FILHO, 2010; 2019), pode-se inferir que tais episódios de
“insubordinação”, “crise” e “indisciplina” constituem um importante subproduto da
segmentação que atravessa a instituição por sua via hierárquica, e que suas “soluções punitivas
estruturam-se enquanto uma forma quase autônoma da própria instituição produzir
estabilizações que recalcam o sentimento de pertencimento de seus militares à instituição em
oposição aos civis/paisanos” (LEIRNER, 1997; 2020). Não é coincidência que todos os
episódios aqui tratados envolvam elementos simbólicos que em algum momento da história do
Exército foram convencionalizados como definidores da identidade da instituição e de seus
militares, os quais encontram na Amazônia e no anticomunismo/antipetismo, sua potência
socializadora (CASTRO, 2002; CASTRO E SOUZA, 2012; MARQUES, 2007; LEIRNER,
1995; 2020; MOTTA, 2000; SANTOS 2009; 2014).
Não seria exagero afirmar que a cultura da instituição e sua atuação política deva muito
a esses momentos de aparente “tensão” com os “civis”, que guardam eficácia justamente em
sua constante incompletude, em “soluções” que apenas podem ser parciais e provisórias. É
precisamente por esse fato que “militares indisciplinados” continuaram a surgir mesmo após a
sucessão de episódios de amplas concessões “civis” às “reclamações” e às “pautas
corporativas”.
Da mesma forma, a exposição midiática daqueles generais não resultou apenas em
ganhos institucionais e corporativos como, por exemplo, a alteração de normativas sobre
demarcações de terras indígenas, mas também pessoais na medida em que produziu uma
consubstancialização de méritos militares em valiosos atributos políticos, não somente para se
imporem entre seus pares, mas também entre lideranças “civis”: Mourão filiou-se ao Partido
Renovador Trabalhador Brasileiro (PRTB) e Heleno, ao Partido Republicado Progressista
(PRP), ambos em abril de 2018 (MANTOVANI, 2018; ÉBOLI, 2018); compondo a chapa
vitoriosa daquele ano, Mourão tornou-se vice-presidente da República, Heleno, ministro-chefe
do Gabinete de Segurança Institucional e mesmo o general Santa Rosa tornou-se chefe da
Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos até dezembro de 2019, enquanto Eliéser Girão
Monteiro Filho, foi eleito deputado federal.
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Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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O que parece confirmar a tese segundo a qual tal partido informal tem tido sucesso na
formação de lideranças e “quadros”, sendo dotado de uma base eleitoral e militante ramificada
para além da própria instituição militar (SOUZA, 2022), que ora aproveita momentos de erosão
democrática realizados por outras instâncias como, por exemplo, através da emergência de
outsiders ou “baixos cleros” (NOBRE, 2022), ora contribui pessoalmente para tal desgaste, com
um protagonismo que se aproxima do formato de um partido político em ação (OLIVEIRA;
KALIL, 2021).
Nesse contexto, a atuação política daqueles militares reitera os objetivos de
domesticação da sociedade e do próprio Estado como um todo, visão típica de militares atuantes
em países com histórico colonial. Sem uma indústria bélica autônoma e empregados em
infindáveis atividades não militares, o patriotismo castrense manifesta-se como o garantidor do
status quo capitalista (DOMINGOS NETO, 2019), chegando em certos casos a extrapolar a
simples defesa de grupos dominantes e pautas corporativas de interesse das Forças Armadas; e
passando a enfocar os militares como a única “elite” capaz de coordenar a integração da
sociedade, pensada como uma profusão de “arquipélagos” desconexos (LEIRNER, 1997).
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Agradeço o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) pelo financiamento da pesquisa, bem como ao Prof. Dr. Piero C.
Leirner e aos pareceristas anônimos pela leitura atenta e pelas sugestões feitas ao texto.
Financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq).
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: Não aplicável.
Disponibilidade de dados e material: Todos os dados e materiais utilizados no trabalho
estão devidamente referenciados e podem ser consultados livremente.
Contribuições dos autores: Autoria própria.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32iesp.2.985 1
GENERALS BETWEEN POWERS: A ROUTINE OF “INDISCIPLINE”, “CRISES”
AND “INSUBORDINATION” (2007-2018)
GENERAIS ENTRE PODERES: UMA ROTINA DE “INDISCIPLINA”, “CRISES” E
“INSUBORDINAÇÃO” (2007-2018)
GENERALES ENTRE PODERES: UNA RUTINA DE “INDISCIPLINA”, “CRISIS” E
“INSUBORDINACIÓN” (2007-2018)
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA1
e-mail: guilhermemoreira@estudante.ufscar.br
How to reference this article:
MOREIRA, G. A. L. S. Generals between Powers: A routine of
"indiscipline," "crises", and "insubordination" (2007-2018). Teoria
& Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp.
2, e023017, 2023. e-ISSN: 2236-0107. DOI:
https://doi.org/10.14244/tp.v32iesp.2.985
| Submitted: 08/05/2023
| Revisions required: 29/08/2023
| Approved: 19/10/2023
| Published: 05/12/2023
Editor:
Prof. Dr. Simone Diniz
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Federal University of São Carlos (UFSCar), São Carlos SP Brazil. Master's student in the Graduate Program
in Social Anthropology (PPGAS/UFSCar).
Generals between Powers: A routine of "indiscipline," "crises," and "insubordination" (2007-2018)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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ABSTRACT: In the 2018 elections, the meaningful presence of generals from the Brazilian
Army elected to the Congress or becoming Ministers of State has been observed in the Brazilian
scenario. This article addresses the military careers of four generals: Antonio Hamilton Martins
Mourão, Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Maynard Marques de Santa Rosa, and Eliéser Girão
Monteiro Filho. From a systematic analysis of reportages from the newspapers O Globo, Folha
de S. Paulo, and O Estado de S. Paulo between September 2017 and November 2018 it has been
analyzed the notions of “crises”, “indiscipline,” and “insubordination” often used to describe
the procedure of these generals during previous governments. In the end, we have observed
how these officers acted as spokespersons for the Army, in constant media exposure that
concretized their military capabilities in political power and authority while the military
institution passed the perception of “punishment” for their declarations.
KEYWORDS: Brazilian Army. Military Policy. Crises. Indiscipline. Newspapers.
RESUMO: Com as eleições de 2018, observou-se no cenário brasileiro a presença
significativa de generais do Exército Brasileiro eleitos para o Congresso ou tornando-se
ministros de Estado. Neste artigo tratou-se da carreira militar de quatro desses generais:
Antonio Hamilton Martins Mourão, Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Maynard Marques de
Santa Rosa e Eliéser Girão Monteiro Filho. A partir de uma análise sistemática de reportagens
dos jornais O Globo, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo entre setembro de 2007 e
novembro de 2018, analisaram-se as noções de “crise”, “indisciplina” e “insubordinação”
frequentemente utilizadas para descrever a atuação desses generais durante governos
anteriores. Ao final, foi observado como estes oficiais atuaram enquanto porta-vozes do
Exército, em uma continuada exposição midiática que consubstacializou suas capacidades
militares em poder e autoridade política, ao mesmo tempo, em que a instituição militar passava
a percepção de “punição” por suas declarações.
PALAVRAS-CHAVE: Exército Brasileiro. Política Militar. Crise. Indisciplina. Jornais.
RESUMEN: Con las elecciones de 2018, se ha observado en el escenario brasileño la
presencia significativa de generales del Ejército Brasileño electos para el Congreso o se
convirtiendo en ministros de Estado. En este artículo abordamos la carrera militar de cuatro
de estes generales: Antonio Hamilton Martins Mourão, Augusto Heleno Ribeiro Pereira,
Maynard Marques de Santa Rosa y Eliéser Girão Monteiro Filho. Desde un análisis sistemático
de reportajes de los periódicos O Globo, Folha de S. Paulo y O Estado de S. Paulo entre
septiembre de 2007 y noviembre de 2018 se analizó las nociones de “crisis”, “indisciplina” e
“insubordinación” recurrentemente utilizadas para describir la actuación de eses generales
durante gobiernos anteriores. Al final, observamos como estes oficiales actuaron como
portavoces del Ejército, en una constante exposición mediática que concretizó sus capacidades
militares en poder y autoridad política mientras que la institución militar pasaba la percepción
de “punición” por sus declaraciones.
PALABRAS CLAVE: Ejército Brasileño. Política Militar. Crisis. Indisciplina. Periódicos.
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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Introduction
There have been many efforts to understand why the Armed Forces, theoretically
distanced from political power since the end of the Military Regime (MARTINS FILHO, 2010),
have become, in recent years, one of the institutions with the greatest representation in the
composition of positions in the Federal Executive, especially after the electoral victory of the
presidential ticket led by Captain Jair Bolsonaro and Army General Antônio Hamilton Martins
Mourão
2
. Even during the campaign and after the ministerial appointment of a considerable
number of officers, particularly from the Brazilian Army, much attention was focused on the
careers that these military personnel had pursued within the Armed Forces up to that point.
If, in the initial phase, military careers were used as an electoral and governmental
strategy to distinguish these actors, emphasizing the formulation of technical competence” in
filling positions, a second phase saw some academic works
3
and journalistic reports
4
pointing
to a scenario in which a series of military personnel who had played key roles in disputes with
the Workers’ Party governments over the past two decades, and even with the government of
Michel Temer, were appointed. These reports frequently mentioned Generals Antônio
Hamilton Martins Mourão, Augusto Heleno Ribeiro Pereira, and Maynard Marques de Santa
Rosa.
In this context, and based on a systematic analysis of news reports published in the
newspapers O Globo, Folha de S. Paulo, and O Estado de S. Paulo between September 2007
and November 2018
5
, this study will problematize the notions of indiscipline”, crisis”, and
“insubordination” often used to analyze the military careers of these generals. In the first
section, we will see how these notions, besides not arising from military culture
6
to to
2
For example, Leirner (2020); Martins Filho (2021); Cortinhas and Vitelli (2021); Vitelli (2021); Oliveira (2021a;
2021b); and Oliveira e Kalil (2021).
3
For example, Martins Filho (2019).
4
For example, Fernandes (2018); Ferraz e Xavier (2018); Vitor (2018a; 2018b).
5
Keyword searches were conducted in the digital archives of the three newspapers, focusing on nominal mentions
of the four generals discussed in this article. The O Globo archive can be accessed at:
https://acervo.oglobo.globo.com/; Folha de S. Paulo at: https://acervo.folha.com.br/index.do; and O Estado de S.
Paulo at: https://acervo.estadao.com.br/. In the latter archive, it is possible to collect either the “edição Brasil” or
the “edição São Paulo”. In our case, we preferred to collect the articles from the latter, as the newspaper itself
indicates that this would be the edition completed "later," meaning the one in which [...] the Editorial team has
more time to complete the edition, allowing for further refinement of the news”. Accessed on: 30 Jan. 2023.
6
The term “culture” is used here in the sense of Roy Wagner as a [...] basis of communication in shared
conventions”, that is, the sharing of symbolic elements (words, images, gestures, etc.) and their respective
associations by a relative number of people, making it possible to orient human experience and understanding. In
our case, the use of the Wagnerian concept also seeks to highlight the inventive (creative) nature of culture, which,
when endowed with “creative ambiguity”, constantly invents “marked” versions of itself, thus extending the range
of conventional associations of its own symbolic elements (WAGNER, 2010 [1975/1981], p. 54-85, our
translation).
Generals between Powers: A routine of "indiscipline," "crises," and "insubordination" (2007-2018)
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understand events that occur within it, became an important tool through which the military
institution began to disguise its political activities through media exposure, with a focus on
issues related to the military’s role in the Amazon, especially in the continuous demarcation of
indigenous lands and the border strip. In these cases, the process occurred primarily through
spokespersons who acted in a disciplined and hierarchical manner, in a game that included the
manipulation of internal rules regarding the movement of Brazilian Army general officers,
creating situations of false punishment in the eyes of the “civil” perception
7
.
In the second section, we will highlight how, once the pattern of disputes with
“civilian” governments was established, it was replicated in the careers of other generals. Thus,
following a policy of media exposure carried out by the Army Commander, we will demonstrate
how military capabilities became political power and authority (LEIRNER, 2020), which began
to be used for electoral purposes by other members of the chain of command.
Finally, in light of the presented data, the text engages with recent studies that have
characterized such political activity through the constitution of an informal political party, the
so-called Military Party. It will be demonstrated how, beyond corporate agendas, this
organization fits into a complex context of the dissolution of democracy, as well as the
emergence of figures characterized as populists, while preserving its objectives of taming
society and the State as a whole.
The “Amazon Issue”
During the two terms of Luiz Inácio Lula da Silva's presidency (2003-2010), there
were many moments considered "political crises" involving the Armed Forces (OLIVEIRA,
2009; MARTINS FILHO, 2010). In this section, we will focus on those involving the
demarcation of the Raposa Serra do Sol Indigenous Land (TIRSS) and the publication of the
first edition of the National Defense Strategy (END) and the third edition of the National
Human Rights Plan, with special attention to the careers of Generals Santa Rosa, Ribeiro
Pereira, and Girão Monteiro Filho
8
.
7
The term “civil” is placed in quotation marks because we understand, along with Lauriani Albertini (2009), that
this term is, in itself, an “invention” by the military, marking the boundary between the “outside” and the “inside”
of military institutions.
8
It was decided to include General Girão Monteiro in the analysis due to his prominent role in the discourse
surrounding the demarcation of the TIRSS in 2008. Additionally, he was elected as a federal deputy for Rio Grande
do Norte for the PSL party in 2018, the same party as Jair Bolsonaro.
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA
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Raposa Serra do Sol Indigenous Land
The interest of the Brazilian Army in the demarcation of the Raposa Serra do Sol
Indigenous Land (TIRSS) in the northeastern state of Roraima is part of the doctrinal-strategic
and symbolic context envisioned by that institution for the Brazilian Amazon since the early
1990s, a period that marked the transfer of Infantry Brigades from the South and Southeast of
the country to the region (Marques, 2007), officially consecrated by the publication of the first
National Defense Policy in 1996, which, in its objectives, emphasized the need for the
"valorization of military presence
9
in the Amazon (BRASIL, 1996, p. 6-10).
In this context, the Amazon quickly became a priority area for National Defense since,
according to the doctrinal-strategic reorientation of the Army in the post-Cold War period of
the 1990s, central countries, especially the United States, now free from ideological constraints
that guided their military actions, would use humanitarian and ecological issues, such as the
protection of the Amazon and indigenous populations, to camouflage their interests in the
natural and mineral riches of the region and the consequent internationalization of the Amazon
(LEIRNER, 1995; MARTINS FILHO; ZIRKER, 2000; MARTINS FILHO, 2002; MARQUES,
2007; LOURENÇÃO, 2007).
Furthermore, beyond the geopolitical aspects involved in the military interest in the
Amazon
10
, research has already pointed to the need to understand the symbolic elements
specifically related to this reorientation
11
. These studies indicate that symbolic changes were
also made: as two previously important commemorations, the victory over the Communist
Uprising” in 1935 and the “Revolution” of March 31, 1964, lost their significance, celebrations
related to the First Battle of Guararapes (April 19, 1648) gained prominence. Since 1994, at the
initiative of the then Minister of the Army, General Zenildo Zoroastro de Lucena, this battle
became the date for the celebration of Army Day (CASTRO, 2002, 2004; CASTRO; SOUZA,
2012).
9
This objective will be reiterated and supplemented by the need to develop and revitalize the border area in the
update of the 2005 National Defense Policy (PDN). Available at: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/decreto/d5484.htm. Accessed on: 9 July 2021.
10
Highlighted in the works of João Roberto Martins Filho (2001, 2002, 2010), João Roberto Martins Filho and
Daniel Zirker (2000), Humberto Lourenção (2007), Eliézer Rizzo de Oliveira (2009), Érica Winand and Héctor
Luis Saint-Pierre (2010), and Luís Alexandre Fuccille (2015),
11
Including Piero Leirner (1995, 1997, 2012, 2020), Celso Castro (2004 [1990], 2002), Castro and Adriana Barreto
de Souza (2012), and Adriana Aparecida Marques (2007).
Generals between Powers: A routine of "indiscipline," "crises," and "insubordination" (2007-2018)
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Not by chance, the implicit message in the recent invention
12
of the Guararapes
tradition would be its association with the Amazon (CASTRO, 2002). Both in the Battle episode
and in present times, the Army would observe international covetousness, the result of actors
better equipped and in greater numbers than the national forces”, who would act through
guerrilla tactics focused on the concealment of their real interests (CASTRO; SOUZA, 2012;
MARQUES, 2007). Thus, through an invention, an attempt is made to link representations of
distinct spaces and times (CASTRO; SOUZA, 2012, p. 228), in order to produce continuity
between them, which becomes, in the end, the “evidence” of the institution's continuity
throughout history in the eyes of the military themselves (LEIRNER, 1997, p. 130).
It is precisely in this scenario of progressive “Amazônia, volver” by the Army (Matos,
2010, p. 145) that the participation of the Armed Forces in the demarcation of TIRSS takes
place. This participation began in 2002 when the 6th Special Frontier Platoon of Uiramutã was
installed, a municipality created in 1995 by the government of Roraima through State Law No.
98, together with the municipality of Pacaraima. At that time, both municipal territories were
already included as indigenous lands since 1993, the National Indian Foundation (FUNAI)
recognized them as part of the 1,678,800 hectares to be demarcated continuously (SILVA,
2012, p. 113-114)
13
.
On October 7, 2002, five months after the creation of the Platoon, Decree No. 4,412
was promulgated by then-President of the Republic, Fernando Henrique Cardoso. The decree
established that within traditionally occupied indigenous lands”, the Armed Forces (AF) and
the Federal Police (FP) were guaranteed “freedom of movement”, the possibility of “installing
and maintaining military and police units”, and the implementation of programs and projects
for border control and protection
14
.
The permission for free transit and access” by the AF was reiterated by Ordinance
No. 534 of April 13, 2005, from the Ministry of Justice, which was used as a basis for the
12
Castro (2002) derives the term from the concept of “invented tradition” by Eric Hobsbawm (1997), in which the
author seeks to emphasize that such traditions “[...] aim to inculcate certain values and norms of behavior through
repetition which implies, automatically, continuity with the past”, and are used in the face of broad and rapid
changes in the modern world (HOBSBAWM, 1997, p. 09-10, our translation). The way we use it is similar to
Castro’s, precisely because it also relates to Roy Wagner’s formulation of. invention, understood as a general and
ongoing process of human culture, which can occur in response to the “transformations” of the modern world, but
not necessarily dependent on them.
13
Not coincidentally, the creation of municipalities within indigenous areas aimed precisely at preventing their
demarcation (SANTILLI, 2001, p. 122, cited in SILVA, 2012, p. 114), since later both the municipalities and the
Army Platoon would be used as justifications for the demarcation of the TIRSS in the form of islands.
14
Available at: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4412.htm. Accessed on: 7 July 2021.
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA
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demarcation decree of TIRSS signed two days later by then-President Lula
15
. According to the
decree, in Article 4, it was ensured that “[...] the action of the Armed Forces, for the defense of
national territory and sovereignty, and of the Federal Police Department of the Ministry of
Justice, to guarantee security and public order and protect constitutional indigenous rights, in
the Raposa Serra do Sol Indigenous Land
16
.
However, once demarcated, the removal of the non-indigenous population living
within the TI had to be carried out within a maximum of one year, i.e., by April 2006
17
.
However, this deadline was only considered exhausted by FUNAI in April 2007, due to a series
of actions filed in the Federal Supreme Court (STF) contesting the demarcation and requesting
guarantees for the non-indigenous population to remain within the TI until the STF decided on
such actions, which only happened in June when the court allowed FUNAI to begin the removal
(SILVA, 2012, p. 137).
The process of removing non-indigenous people extended until September of that year
when the Federal Police, responsible for the operation, requested logistical support from the
Ministry of Defense (MD). The idea was for the Air Force and the Army to assist the more than
500 Federal Police agents in entering the reserve and providing support for the operation.
However, General Maynard Marques de Santa Rosa, then Secretary of Policy, Strategy, and
International Affairs of the Ministry of Defense, twice stated once in an interview with O
Globo newspaper and once in a public hearing before the Committee on Foreign Relations and
National Defense of the Chamber of Deputies not only the resistance of the Armed Forces to
support the operation but also to the demarcation of TIRSS itself (ÉBOLI, 2007a; 2007b).
As a result of both statements, Santa Rosa was dismissed from his position at the MD.
On that occasion, General Augusto Heleno Ribeiro Pereira, who had been in charge of the
Amazon Military Command (CMA) for two weeks, stated that his resources were “extremely
limited” if he needed to provide support to the Federal Police, and he also commented on the
dismissal of his colleague: I deeply respect his position (on Raposa Serra do Sol) because I
know him well. He has been studying the subject for a long time. He is knowledgeable about
the área” (ÉBOLI, 2007b).
15
Demarcated with an extension of 1,747,464 hectares, comprising the municipalities of Normandia, Pacaraima,
and Uiramutã; and inhabited by the Ingarikó, Makuxi, Patamona, Taurepang, and Wapixana peoples (INSTITUTO
SOCIOAMBIENTAL, 2011, p. 250).
16
Available at: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/dnn/Dnn10495.htm. Accessed on: 7
July 2021.
17
As stated in Ordinance No. 534 of April 13, 2005, by the Minister of Justice. Available at:
http://www.pickupau.org.br/mundo/raposa_serra_do_sol/raposa_serra_sol_portaria_20534.pdf. Accessed on: 8
July 2022.
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The statement about Santa Rosa would be the preamble to four other statements by
General Heleno about TIRSS (MONTEIRO, 2007; GOIS, 2008; CARVALHO, 2008a; O
ESTADO DE SÃO PAULO, 2008), which would climax with a lecture he gave at the Clube
Militar in Rio de Janeiro on April 16, 2008. On that occasion, to an audience of both retired and
active-duty military personnel (TABAK; MENEZES, 2008; MONTEIRO; NOGUEIRA;
PARAGUASSÚ, 2008, our translation), he declared:
[...] I am completely in favor of the indigenous people because [...] I am not
part of the Scottish left, who, behind a glass of 12-year-old whiskey, sitting
on Avenida Atlântida, solves all of Brazil’s problems. I am not the Scottish
left; I am here [in the Amazon], I have visited more than 15 indigenous
communities, I am seeing the indigenous people’s problems [...]
I have no doubt that the biggest problem in the Amazon today is the
indigenous issue. [...] Brazilian indigenous policy is completely disconnected
from our country’s historical colonization process, and it needs to be urgently
reviewed. I am not against the agencies that handle this [FUNAI], I want to
work together to review a policy that, as demonstrated on the ground, has
not worked until today; you just have to go there and look at the
indigenous communities to see that this policy is regrettable, to say the
least, it’s chaotic. It’s regrettable!
[...] This indigenous policy must be modified!
[...] I have received many visits in the Amazon, and I have noticed that many
people who have decisions regarding the Amazon in their hands are unfamiliar
with the area. Often, when they come to visit us, it's the first time they have
flown over the Amazon, and they have decisions that concern the Amazon. So
the first major concern is that those who are deciding on the Amazon come to
know us, understand the reality of the Amazon on the ground, not behind a
desk because then all the problems look very different in reality.
[...] Despite being totally responsible for everything I said, I tried to express
the idea, opinion, and position of the High Command of the Army, which
is an organization that serves the Brazilian state and not the government
(emphasis mine, our translation)
18
From then on, the general would be, for journalists, "civil" authorities, and for himself
as evidenced by his lectures in his retired capacity
19
the officer whose “brand” would refer
to criticism of the Lula government’s indigenous policy, seen as “regrettable” and “chaotic”.
Although journalists and “civil” authorities attempted to characterize these statements
by General Heleno as being aligned with the “old hardline” of the dictatorship (FREITAS,
2008), or as opinions that were not shared by all in the Armed Forces (ANGELO, 2008), the
general perception, reiterated by other active-duty and retired military personnel, was that
Heleno, authorized to give the lecture by the Army commander, was verbalizing the thoughts
18
See: https://www.youtube.com/watch?v=Q3ZyNbnRmWI Accessed on: 14 June 2021.
19
See: https://www.youtube.com/watch?v=QjYZXeYhKFc&t=4666s. Accessed on: 8 July 2022.
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA
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of his peers and the institution itself regarding the Amazon issue, particularly concerning
indigenous land demarcations
20
.
Despite constituting, in theory, an episode of disciplinary transgression
21
, no
punishment was imposed on the general, even though attempts were made to attribute an act of
“censorship” by the Lula government to him (MONTEIRO, 2008). The matter was resolved in
a brief meeting between Defense Minister Nelson Jobim, Heleno, and Enzo Martins Peri, who
was then the Army commander. After the meeting, Jobim conveyed the general's justifications
to President Lula, who considered the episode closed (CARVALHO, 2008b). Heleno would
remain in charge of the CMA until April 2009 when he was transferred to the Department of
Science and Technology of the Army, an event speculated as a kind of “demotion” or
punishment”, which does not seem to have been exactly the case, as will be seen below.
Up to this point, only General Santa Rosa had, to some extent, been "punished" by the
Lula government through his dismissal from office a procedure that is not listed among the
punishments provided for in the Army Disciplinary Regulations
22
. However, a report by Jobim
is revealing of how these two episodes were internally handled differently:
It was a four-star general on active duty who was at the Ministry of Defense
[referring to General Maynard Santa Rosa] [...]. He made a statement there,
and it came out... I remember waking up in the morning, opening the
newspaper, and there was the statement from this... it was something... I think
it was indigenous land. I don’t remember what it was anymore, but it was
something... criticizing the government’s decisions. So, I woke up, and saw
that, it was seven in the morning, I called Enzo, “Enzo, let’s remove this guy.”
Because those positions were all, at the time, under the president of the
Republic. “Oh! What happened?”. I said: “Look, Enzo, get everything ready.
I’m going to talk to the president, he’s going to be removed. “And you tell me
where he’s going. I’m going to dismiss him from this position.” Then Enzo
said, “Alright. Alright.” “Tell him.” “Alright, Minister, that’s correct.” So I
went to the Palace. When I was at the Palace, Lula came in, furious. “What is
this, Jobim?!” I said, “No, tit’s nothing. You can sign it.” “What is this?”. “It’s
the act of removing the guy.” “What? Are you going to remove him?”. “Yes,
20
These are the cases of Generals Luiz Cesário da Silveira Filho, Mário Mateus Madureira, Leônidas Pires
Gonçalves (TABAK; MENEZES MENEZES, 2008), Paulo Cesar Castro (O GLOBO, 2008a), Eliéser Girão
Monteiro Filho (ÉBOLI, 2008a, 2008b), Jarbas Passarinho (CARVALHO; BERLINCK, 2008), Gilberto de
Figueiredo (FOLHA DE S. PAULO, 2008), and Admiral Marcos Martins Torres (MONTEIRO, 2008).
21
According to article 77, section 1(a) of the Statute of Military Personnel: "The use of uniforms in political party-
related manifestations is prohibited." since Heleno was dressed in uniform during the lecture. Available at:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6880.htm. Accessed on: 4 Nov. 2021.
22
Following the Army Discipline Regulation (Decree 4.346/2002), which specifies disciplinary offenses and
establishes rules regarding punishments, there is no mention of removal from office as a punitive measure for
disciplinary transgressions. Such punishments, in increasing order of severity, are: "Article 24 [...] I a warning;
II disciplinary impediment; III reprimand; IV disciplinary detention; V disciplinary imprisonment; and VI
discharge and exclusion for the sake of discipline." This leads us to believe that the removal from the military
position held by the individual is an informal punitive method aimed at bypassing the opening of the
Administrative Disciplinary Procedure (PAD) provided for in the Regulation.
Generals between Powers: A routine of "indiscipline," "crises," and "insubordination" (2007-2018)
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he’s going to be removed.” “But what about...?”. “No problem, it’s all
resolved. It’s already gone to the corridor.” You already know: when you
remove an officer from a command position, from an administrative office, or
even from a branch, there’s a procedure: you place him at the disposal of the
Army commander. At the disposal of the commander, he stays in the corridor,
without a role. So we placed him at the disposal... He stayed at the disposal of
the Army commander and left that position.
The other case, General Heleno, who was a very different person from this
one here [General Santa Rosa]... This one didn't have the leadership that
Heleno had within the Army. So Heleno made some statements, which,
materially, were correct, about the indigenous land issue and about how
Funai was handling it, etc. And then I called Heleno. Then people from
Funai, from the Ministry of Justice, in short, people... wanted to remove
Heleno. So I did the opposite; I called Heleno and said, "Look, I only ask that
you don't talk about the subject anymore. Can I count on you?". "Minister, no
problem, I won't talk about it anymore." "Then you will stay." Then everyone
came at me. Until I said, "I won't fire him, no. He will stay. He is important,
he will stay, and he won't talk about it anymore (CPDOC, 2015, p. 11-13,
emphasis mine, our translation).
That is, given the high prestige that Heleno enjoyed within the institution
23
, a
characteristic extensively reiterated by journalists during the episode, the general was not
removed from his position, but was advised not to make any more public statements. However,
the two cases in question here emerge as a privileged opportunity to observe how the opposition
of military culture to "civilians" (or, as they call them, paisano, to refer to them as non-military
person) is structured as the basis for a political action of persuasion of others, with structural
consequences for the trajectory of certain generals of the Brazilian Army who, by subjecting
themselves to media exposure, became integrated into the social imagination that ultimately led
to the political consolidation of their military careers (CASTRO, 2004; LEIRNER 1997; 2020).
The contrasting structuring of military culture emerges as Heleno's positions imbue
the Amazonian issue with a military dimension by filling it with the dimension of national
sovereignty, which the Armed Forces are constitutionally destined to preserve. Therefore,
demarcation processes triggered by "civilians" deemed ignorant of the "Amazonian reality,"
resulting from their supposed "absence in the region, can only lead to a reaction by the Armed
23
In 1986, upon finishing first in his class at the Army Command and General Staff School, General Augusto
Heleno Ribeiro Pereira was awarded the "Marshal Hermes Medal Application and Study" in gold with a three-
crown laurel ribbon for also being the top graduate at the Military Academy of Agulhas Negras and the School of
Advanced Officers, prestigious positions within the Armed Forces. Throughout his career, he held positions in
prestigious locations, such as serving as the first force commander of the United Nations Stabilization Mission in
Haiti (MINUSTAH) and in the Amazon Military Command. Source:
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/augusto-heleno-ribeiro-pereira Accessed on: 3
Aug. 2022.
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA
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Forces, who, being knowledgeable about the region due to their presence there, are at their
level of competence to oppose the actions of the federal government, which is, above all, "civil."
A symbolic dimension specific to military culture is crystallized here, in which the
Amazon and the Armed Forces become interchangeable signifiers. In this dimension, when
speaking about the Amazon and indigenous lands, the military is talking about themselves and
their belonging to the Army, that is, to a chain of command-obedience governed by the
complete absence of "civilians," which circumscribes feelings of belonging to the institution
based on socializing elements associated with that region of the country (LEIRNER, 1995;
1997; 2012; 2020; CASTRO, 2004 [1990]; 2002; CASTRO AND SOUZA, 2012; MARQUES,
2007; MARTINS FILHO; ZIRKER, 2000).
The episode involving General Heleno highlights how this same chain is immediately
activated to carry out a true military operation of social communication among journalists and
politicians
24
, conducted by various active-duty and reserve military personnel. Not surprisingly,
it is possible to observe a homogenization of the positions taken by the military who follow the
lecture, both regarding the issue at hand (the Amazon/indigenous lands) and regarding the
realization that there were no elements in Heleno's statements that would constitute a breach of
hierarchy and/or discipline (MOREIRA, 2021). After all, from a military perspective, the
general had been duly authorized by the Army Commander to give the lecture (hierarchical
dimension) and had expressed opinions and positions shared and defended by almost everyone,
and therefore, self-evident to any military member, whether current or former, of the Armed
Forces (disciplinary dimension) (WAGNER, 2010).
Thus, there is a process of hierarchical and disciplinary structuring of Heleno's positions
and those of all the other military personnel who follow him. These positions, which exploit
symbolic elements of belonging to an institution that socializes its members in relative isolation
from the "outside world," went unnoticed by the majority of "civilians" who also took a position
in the lecture (MOREIRA, 2021, our translation). It is not surprising to note that, in some cases,
the civilian perception of the process only made sense of Heleno's statements through the
argument of "personal opinion," perceiving the general as a physical person and not a moral
one, that is, dissociated from his role as a spokesperson for the Army (BOURDIEU, 2004, p.
189; CLASTRES, 1978, p. 103). Alternatively, they assigned responsibility for the content of
24
While a "military operation" can be understood as the "set of actions carried out with military forces and means,
coordinated in time, space, and purpose, in accordance with what is established in a directive, plan, or order for
the fulfillment of an activity, task, mission, or assignment" (BRASIL, 2017), "social communication" refers to a
"force multiplier" that, among other objectives, seeks to "shape public opinion" (BRASIL, 2009a).
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the lecture to external elements of the chain of command: ultranationalist groups linked to
reserve military personnel, especially the Brazilian Center for Strategic Studies, which aimed
to co-opt active-duty military personnel in relation to their "[...] fiery discourse against Brazilian
indigenous policy" (CAVALCANTI-SCHIEL, 2009, p. 150, our translation).
In the civilian perception, everything happens as if, when talking about the Amazon
and indigenous lands, Heleno is externalizing concepts that are foreign to the culture legitimized
by the Army for its personnel, resulting from this process, particularistic, focused, and
consequently limited calls for order to manifest themselves either in the removal of such
military personnel from their positions (as in the case of Santa Rosa), or in the condemnation
of their publicly made statements (as in the case of Heleno), without the military culture
associating that institution with the Amazon being challenged. In this case, such association
was reiterated both discursively and legally: on July 22 of that year, after the lecture, the Lula
government published Decree No. 6,513, which was established in its Art. 3-A the duty of the
Army Command to establish "[...] permanent military units, in addition to those already
existing, in indigenous lands located in the border strip [...]”
25
26
.
In addition, with the revocation of sections of Decree No. 4,412 of October 7, 2002,
the new text established that the Army Command would no longer need to consult the Executive
Secretariat of the National Defense Council, FUNAI, or even the affected indigenous
populations to install military units on indigenous lands, submitting such projects only to
consultation by the Ministry of Defense and the Presidency of the Republic. The following
month, in line with the new decree, Nelson Jobim, accompanied by Heleno, stated that new
Special Frontier Platoons would be installed in indigenous reserves even "against the will of
NGOs linked to the indigenous," which "could protest as much as they wanted" (O GLOBO,
2008b, our translation).
However, despite public knowledge since May 8, via the press, that the government
was drafting a decree that would seek to reinforce the military presence in indigenous lands,
this did not prevent, on the 10th of that same month, three weeks after Heleno's lecture at the
Military Club, a demonstration by rice farmers, politicians, and merchants from Roraima
opposed to the demarcation of the TIRSS from ending in an event inside the 1st Jungle Infantry
Brigade (Boa Vista - RR), accompanied by a lecture for the demonstrators by the Brigade
25
http://www.pla,nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/d6513.htm. Accessed on: 14 July 2021.
26
According to journalist Jailton Carvalho, the initiative would be "[...] an attempt to reduce military resistance to
the creation of large reserves in border areas" (CARVALHO, 2008b).
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Commander, General Eliéser Girão Monteiro Filho, hierarchically subordinated to the CMA
commanded by General Heleno (ÉBOLI, 2008a).
In addition to expressing support for his superior officer, Heleno, Monteiro stated that
the demarcation process represented a “risk to national sovereignty” and gave instructions to
the demonstrators: “Demand respect for your property and dignity and demand that food and
fuel can pass [through the reserve]. The land that is there, even though it is within the Raposa,
still belongs to your family. They are [sic] yours [...],” and he added: “[...] by what right do
these indigenous people do this [prohibition of non-indigenous entry into the reserve]? It is up
to FUNAI to control this.” At the end of the event, Monteiro denied that what had happened
was a political demonstration, which would constitute a disciplinary transgression; after all,
according to him, such a demonstration would be held on a stage or podium, and there he was
receiving more than 30 demonstrators “inside a room, in [his] barracks” (ÉBOLI, 2008a, our
translation) see figure 1.
Figure 1 Rice farmers' protest within the 1st Infantry Brigade of the Jungle
Source: Éboli (2008a)
After the events were reported, Monteiro granted an interview to O Globo the following
day, in which he stated, "The state should think carefully before making new demarcations or
closing processes. Why create indigenous land and hand it over to an NGO to manage?"
(ÉBOLI, 2008b). On the same day, May 11, O Globo reported that Monteiro's actions were
received by the Palácio do Planalto as "an explicit act of insubordination"; however, the incident
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did not receive comments or actions from the Lula government, despite constituting a series of
events that transgressed military discipline
27
(CAMAROTTI, 2008).
Following the incident, Monteiro stepped down from the command of the 1st Brigade
in August of that year (BRASIL, K., 2008), moving to Brasília to assume the position of
Director of Transportation and Mobilization at the Army Logistics Command and Chief of the
Planning and Management Office of the same command. He held these positions until March
2009 when, at his request, he retired to become the Secretary of Public Security for the State of
Roraima under the government of José de Anchieta Júnior
28
, a politician who played a
significant role in trying to prevent the demarcation of the TIRSS. Monteiro, after successive
political positions
29
, was elected as a federal deputy for Rio Grande do Norte for the Social
Liberal Party (PSL) in 2018.
It is possible to argue that Monteiro's case embodies the process by which media
exposure of a "firm conviction" regarding the identity between the Army and the Amazon ends
up producing clear situations of "convincing others" (LEIRNER, 1995, p. 130), revealing the
dynamics of how the institution deals with other social and political actors, constituting a
powerful operational interest group that serves as a revolving door between the barracks and
politics. This dynamic will also mark the trajectory of the other generals analyzed here. On the
other hand, as will be seen below, it is relevant to observe that despite the broad concessions
made by "civilians" regarding the military presence in the Amazon, especially in indigenous
lands
30
, such initiatives did not prevent new episodes of "crises" and "insubordination" from
emerging in the subsequent months, with a curious repetition of Army spokespersons.
27
According to the Army Disciplinary Regulations, disciplinary offenses that may be subject to punishment
include: "31. Representing the military organization or the corporation in any act without proper authorization; 32.
Assuming commitments, making statements, or disclosing information on behalf of the corporation or the unit
they command or serve in without authorization; [...] 56. Participating, in a military area or under military
jurisdiction, in discussions related to political-party or religious matters; 57. Publicly expressing opinions on
political-party matters by active-duty military personnel without authorization; 58. Participating, in uniform, in
political-party events; 59. Discussing or inciting discussion, through any means of communication, about political
or military matters, unless duly authorized”. Available at:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4346.htm. Accessed on: 27 Jan. 2022. Additionally,
according to the Military Statute: "art. 77 § a) the use of uniforms in political-party events is prohibited."
Available at: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6880.htm. Accessed on: 27 Jan. 2022.
28
Available at: https://generalgirao.com.br/quem-sou/. Accessed on: 27 Apr. 2022.
29
Monteiro remained the Secretary of Public Security of Roraima until February 2012, when he assumed the
position of Secretary of Justice and Citizenship of the same state until July 2013. In 2014, he left Roraima and
became the Secretary of Public Security of Rio Grande do Norte (RN), responsible for security during the 2014
FIFA World Cup in Natal, holding the position until 2015. Between January 2017 and March 2018, he served as
the Municipal Secretary of Public Security, Civil Defense, Urban Mobility, and Traffic in Mossoró-RN. Available
at: https://generalgirao.com.br/quem-sou/. Accessed on: 28 July 2022.
30
In the case of Raposa Serra do Sol, concessions were not only made by the Executive branch but were also
considered by the Judiciary. At the end of the validation process of the demarcation, the Supreme Federal Court
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National Defense Strategy and National Human Rights Plan
If in 2007 General Maynard Marques de Santa Rosa had been dismissed from his
position in the Ministry of Defense for his statements regarding the TIRSS, an analysis of the
facts shows that shortly thereafter such "punishment" did not prevent him from making
headlines again in two more episodes of "crisis" with the Lula government.
The first of these occurred in March 2009 when Santa Rosa, at the time Chief of the
Army General Personnel Department (DGP), along with Generals Paulo César Castro, Chief of
the Department of Education and Culture, and Luiz Cesário da Silveira Filho, Commander of
the Eastern Military Command, drafted three documents with "criticisms" of the publication of
the National Defense Strategy (END), which had been prepared by the Ministry of Defense and
the Secretariat of Strategic Affairs. According to the three generals, the END was a "politically
biased document without support in ideas of national consensus," endowed with "utopian" and
"unfeasible" measures that favored modernization projects of the Air Force and Navy at the
expense of the Army. It also sought to subject the procurement of weapons and equipment for
the three Forces to the Ministry of Defense's Purchasing Department, an agency controlled by
"civilians" (ÉBOLI, 2009; AZEDO; ROCHA, 2009). According to the generals, such
centralization within the Ministry of Defense would allow for "the introduction of
idiosyncrasies typical of civilian administration, such as corruption and influence
trafficking" (MONTEIRO, 2009a, emphasis mine).
Commenting on the incident, the Army Commander, Martins Peri, sought to "reassure"
the Minister of Defense, stating that the extent of the "criticisms" was not significant within the
barracks. In reality, they were "specific" and related to "personal documents" presented only to
"record their points of view" (MONTEIRO, 2009b).
The second episode occurred the following year when Folha de S. Paulo reported on
February 10 that a letter signed by Santa Rosa with criticisms of the National Truth Commission
(CNV), provided for in the third edition of the National Human Rights Plan (PNDH-3) launched
in December 2009 (BRASIL, 2009b), had been circulating on the internet for over two weeks.
In the letter, the CNV was described as a "commission of slander":
Entrusting fanatics with the search for truth is the same as handing over the
chicken coop to the care of the fox. [...]
(STF) established conditions for the demarcation, including ensuring free passage for the Armed Forces within the
Indigenous Land (MOREIRA, 2021).
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The "Truth Commission" referred to in the January 13, 2010 decree
31
, will
certainly be composed of the same fanatics who, in the recent past, adopted
terrorism, the kidnapping of innocents, and bank robbery as means of fighting
the regime to seize power. [...]
Therefore, this eccentric commission, inherently incapable of finding the
truth, will be, at most, a "Commission of Slander (CATANHÊDE, 2010,
online, our translation).
Commenting on the letter, once again, Army Commander Martins Peri stated in a note
that it was "a personal correspondence of the said general officer improperly spread on the
internet, therefore, a personal opinion." Nevertheless, General Santa Rosa was relieved of his
duties at the General Personnel Department (DGP), remaining attached to the Army
Commander's office until March of that year when he would be placed in reserve status for
completing 12 years as a general officer. As journalist Eliane Catanhêde herself pointed out,
with or without the letter, Santa Rosa would have been placed in reserve.
However, another dimension of the military "insubordination" episodes is presented
here. On the one hand, events involving Heleno in 2008 informed us that the perception that
such episodes expressing personal opinions are not representative of the Army's culture
stemmed from "civilians." On the other hand, the events in question demonstrate that the
institution itself, once situated in a relatively closed position in relation to the "outside world,"
was able to manipulate its internal rules to intentionally fabricate situations of apparent
"punishment" coupled with normal military career movements: changes of command and
retirement
32
.
The cases we have discussed exemplify this manipulation. Generals Paulo César
Castro and Cesário da Silveira Filho, when "criticizing" the END in March 2009, were about
to be placed in reserve compulsorily for having reached the 12-year limit as general officers
(MONTEIRO, 2009a). Santa Rosa, who accompanied both in the "criticisms," would remain in
his post until the following March when he would also be placed in reserve compulsorily by
the same rule and would take the opportunity to "criticize" the government, just as his
colleagues had done a year earlier. In other words, all of them would leave their positions with
or without "criticisms" of the government. However, such movements were framed as
"punishments" for the respective military officers.
31
The decree dealt with the creation of a Working Group that would draft the draft bill to establish the CNV
(National Truth Commission). Available at: https://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2007-
2010/2010/Dnn/Dnn12389.htm. Accessed on: 9 July 2022.
32
As reiterated in footnote 16 above, the transfer of the occupied position does not constitute a disciplinary
punishment provided for in either the Army Disciplinary Regulations or the Military Statute.
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In parallel, if we return to Heleno, even though he made statements in April 2008, he
would only be relieved of his position in April 2009, in compliance with an Army rule that
Generals of the Army in the last four years of their careers spend half of that period in
operational command positions, such as in the case of the CMA, and the other half commanding
the Army Staff or some sectoral management organ, as was the case with Heleno, who was
transferred to the DCT
33
. However, despite being a normal and widely known movement for
any other military officer, in 2011, Heleno, during his retirement ceremony, sought to portray
the events of 2009 as a "punishment": "when I was appointed, they heard that I was being put
in professional limbo. Without a doubt, the DCT had nothing to do with my profile and skills.
By the decision of the supreme commander [President Lula], I had become the typical example
of the wrong man in the wrong place"
34
.
It is relevant to note that on the same occasion, and in a context where the National
Truth Commission (CNV) had already generated a series of reactions from the Armed Forces
(LEIRNER, 2020), another attempt at a "crisis" was rehearsed. At the end of March 2011,
President Dilma Rousseff ordered that the conventional military celebrations on March 31, the
date marking the civil-military coup of 1964, should not take place. It was precisely on that day
that a lecture by Heleno titled "The counterrevolution that saved the country" had been
scheduled. The lecture, which would "seal" the general's departure from active duty, was
eagerly anticipated by other military personnel who would have the opportunity to hear his
"outburst." However, the lecture was ultimately canceled by the Army Command as a means to
"prevent the escalation of tensions in the midst of public debate on the establishment of the
Truth Commission" (MALTCHIK, 2011).
It is interesting to note that while the episodes involving Generals Santa Rosa, Heleno,
and Girão Monteiro Filho, during the Lula government, were directed toward the Amazon issue
as a symbolic basis for their positions and political actions, reaffirming their affiliation with the
Army through this avenue, gradually, this issue began to be accompanied by a reactivation of
33
The operational commands are the Military Commands of the Northeast (CMNE), East (CML), Southeast
(CMSE), West (CMO), Amazon (CMA), South (CMS), Plateau (CMP), and North (CMN). The exception to the
rule stated is the CMP, commanded by a major general (3 stars) and not a full general (4 stars). As for the sectorial
management bodies, they are the General Personnel Department (DGP), Engineering and Construction Department
(DEC), Logistics Command (COLOG), Land Operations Command (COTER), Secretariat of Economy and
Finance (SEF), Department of Science and Technology (DCT), and Department of Education and Culture of the
Army (DECEX). I would like to thank Marcelo Pimentel Jorge de Souza, a retired officer of the Brazilian Army,
for providing clarification regarding these distinctions.
34
Available at: https://m.folha.uol.com.br/poder/2011/05/913533-general-heleno-volta-a-defender-golpe-de-64-
ao-passar-para-reserva.shtml. Accessed on: 24 Apr. 2022.
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anti-communism and its update in anti-PT sentiment, especially after the creation of the CNV
(LEIRNER, 2020)
35
.
Thus, we have four episodes in which normal movements within the Army were used
as a platform for "crises" with the government. In these instances, the generals' statements were
given personal meaning, and they were quickly "punished" by being removed from their
positions, conveying to "civilians" a distorted perception that the "insubordinations" had been
resolved, and hierarchy and discipline had been preserved, all without the use of the formal
procedures outlined in the Army Disciplinary Regulations, such as the initiation of an
Administrative Disciplinary Procedure to investigate possible disciplinary transgressions.
However, ultimately, these episodes also solidified the military capabilities of these
generals in terms of power and political authority (LEIRNER, 2020). For example, Heleno's
career always went hand in hand with media exposure
36
, which found elements of personal
distinction anchored in his disagreements with the Lula and Dilma governments. It is not
surprising that as early as 2008, there were requests on social media for the general to run for
the presidency
37
, which would be reiterated in 2014, with a clear association with the "anti-PT
movement" and with the figure of then-deputy Jair Bolsonaro
38
.
Thus, with the formula of "crises" and "punishments" crystallized as a structuring
element of an important dimension of the Army's political activity, it was now a matter of
having this example influence other actors (SOUZA, 2021).
What is happening here is the Army’s routine”
In 2008, while Heleno became known for his positions on the TIRSS, General Antônio
Hamilton Martins Mourão was the commander of the 2nd Jungle Infantry Brigade in São
Gabriel da Cachoeira (RR) and, therefore, subordinate to Heleno. However, unlike his
hierarchical superior, Mourão would only gain national prominence in 2015 when he became
the commander of the Southern Military Command (CMS).
On October 20, 2015, excerpts from a lecture by General Mourão, given on September
17 of that year at the Reserve Officer Preparation Center in Porto Alegre, became public:
35
For an analysis of the history of anti-communism in Brazilian society and the Armed Forces, please refer to
Motta (2000) and Santos (2009; 2014) respectively.
36
As can be observed in his own account in Haswani (2016) and CCOMSEX (2021).
37
https://acervo.folha.com.br/leitor.do?numero=17518&keyword=Augusto&anchor=5215866&origem=busca&o
riginURL=&pd=193be0b8ed3c574649d32be92d3fa1f3. Accessed on: 9 July 2022.
38
https://istoe.com.br/350106_O+CANDIDATO+DOS+MILICOS/ accessed on: 26 Apr. 2022
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA
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DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32iesp.2.985 19
Most of today's politicians seem deprived of their own intellectual attributes
and ideologies, while they master the technique of presenting grand illusions
that lead voters to believe that those are the real needs of society. [...]
[...] the mere replacement of PR [Dilma Rousseff] will not bring significant
change to the 'status quo' [...] the advantage of change would be the disposal
of incompetence, mismanagement, and corruption. [...]
In this time of crisis, all autonomous, free, and virtuous consciousness needs
to awaken to the patriotic struggle, contributing to the return of national
self-esteem, pride in being Brazilian, and hope for the future (VIZEU 2015,
online, our translation).
After the content of the lecture was disclosed, the news of his dismissal from the CMS
came with an additional element that would have "contributed" to the decision: the commander
of the 3rd Army Division, General José Carlos Cardoso, who was subordinate to Mourão, issued
invitations to a posthumous tribute ceremony for Colonel Carlos Alberto Brilhante Ustra,
former commander of the DOI-CODI in São Paulo, who had passed away on the 15th of that
October (CRUZ; GIELOW, 2015, online).
Mourão's dismissal was reportedly agreed upon between the Minister of Defense, Aldo
Rebelo (PCdoB), and the Army Commander, General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas. Both
reportedly agreed that Mourão "could not continue" (CRUZ; GIELOW, 2015, online), which
pleased the government for the speed of the solution to place the general in a "bureaucratic
position" within the Army's "cold storage" (FRANCO, 2015), specifically, the Secretariat of
Economy and Finance of the Army. The action "would serve as an example" to other military
personnel that "[...] this type of behavior is not acceptable from an active-duty Army general
speaking to his subordinates" (MONTEIRO, 2015a, our translation), a perspective reiterated by
Villas Bôas, who also used the incident to say that "a military officer has to speak, can speak.
[...] Society has become unaccustomed to hearing from the military, and whenever the
military speaks, it causes a reaction, repercussion, and it should not be like that" (MONTEIRO,
2015b, emphasis mine, our translation).
On the other hand, despite journalists, "civilian" authorities, and military officials
giving a punitive sense to the incident, a statement from General Mourão at the ceremony
marking his departure from the CMS in January 2016 reveals a different reality:
My departure was a normal rotation within the Army; normally, we stay
around two years, and I was about to complete two years, so the commander
saw fit to make this direct exchange between General [Edson Leal] Pujol and
me. As for the statements made, I gave a lecture to the internal public, and
some aspects of that lecture were selected and published. So here, what is
happening is the routine of the Army, nothing more than that (TVE-RS,
2016, online, our translation).
Generals between Powers: A routine of "indiscipline," "crises," and "insubordination" (2007-2018)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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Mourão, through his statements, much like General Heleno in 2008, garnered support
from society in general through media exposure, a phenomenon that, if seen from one of
General Villas Bôas's own accounts, seems to have been, at some point, the prevailing directive
within the institution: "I encouraged the Army generals to be proactive and occupy
communication spaces in their areas or sectors of activity. Gradually, we made progress and
began to engage with the media" (CASTRO, 2021, p. 184, our translation). But that's not all.
One of the immediate results of this dynamic became evident in the pro-impeachment
demonstrations against President Dilma Rousseff and pro-military intervention protests in
2015. Amidst these protests, it was possible to see an inflatable figure of General Mourão
dressed in uniform and with a presidential sash on the lawn of the National Congress. Next to
the figure, the same protesters simulated the funeral of Lula and Dilma (ÉBOLI, 2015) - see
figure 2.
Figure 2 Inflatable General Mourão (November 2015)
Source: Brito (2018)
However, repeating the steps of Generals Heleno and Santa Rosa, Mourão, one year
later, returned to the news, even after being supposedly "punished." On September 18, 2017, it
became publicly known that he had given a lecture at the Masonic Lodge in Brasília. On that
occasion, in addition to making negative comments about the Lula and Dilma governments, the
general declared:
I'm speaking here about the way the Army thinks. [...] In my view, which
coincides with the view of my colleagues in the High Command of the
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Army, we are in a situation of [...] successive approximations until the
moment when either the institutions solve the political problem through the
action of the judiciary, removing from public life those involved in all the
wrongdoings, or else we will have to impose it. [...] The powers will have to
seek a solution, and if they fail to do so, the time will come when we will have
to impose a solution, and this imposition will not be easy, it will bring
problems (DEFESANET, 2017, online, our translation)
For journalists and "civilian" authorities, this statement was seen as an "insinuation"
of a "military coup," as well as a comment directed at President Michel Temer, who had been
charged by Attorney General Rodrigo Janot the day before the lecture for criminal organization
and obstruction of justice (MONTEIRO, 2017a). After the incident, it was agreed between
Villas Bôas and the Minister of Defense, Raul Jungmann, that Mourão would not be punished;
the idea was not to turn the general into a "victim" since he was about to retire and run for the
presidency of the Military Club (MONTEIRO, 2017B; FARIA; TRUFFI; MONTEIRO, 2017).
In this case, the formula of "personal opinion" was once again reiterated, which had
become an important tool for confusing the "civilian" perception and erasing the disciplinary
and hierarchical structuring of these positions. In that opportunity, Mourão and Villas Bôas
constituted a duo of spokespersons who sometimes complemented each other and sometimes
contradicted each other. If, in the first instance, during the lecture, Mourão claimed to represent
the opinions of the High Command (MONTEIRO, 2017a), after the repercussions, both
converged on the idea that only the latter could speak on behalf of the institution, as he was the
Commander of the Army
39
.
Additionally, within this dynamic, Mourão ended up embodying, in the eyes of
"civilians," the already conventional role of an "authoritarian military officer" and "pro-military
coup," while on the other end of this pincer action, Villas Bôas could, in the various interviews
he gave, reiterate his position as a "democratic military, officer," conveying the idea that the
Army acted within the bounds of "legality, legitimacy, and stability" and did not interfere in the
political process. As already mentioned, this was a clear bad cop/good cop performance,
respectively, normalizing the presence of both in the social imagination through continuous
media exposure (LEIRNER 2020, p. 74).
Mourão, still on active duty
40
returned to the headlines in December of that year. On
this occasion, for the third time, the content of another lecture he gave became public, this time
39
https://globoplay.globo.com/v/6160237/?s=0s. Accessed on: 24 Apr. 2022
40
Regarding the regulations governing the use of military uniforms in political contexts, it is specified in Article
77, Section 1(a) of the Statute of Military Personnel: "The use of the uniform in political party demonstrations is
prohibited." You can access the full document here: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6880.htm.
Generals between Powers: A routine of "indiscipline," "crises," and "insubordination" (2007-2018)
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at the invitation of the "Terrorism Never Again" (Ternuma) group. In addition to expressing
support for Jair Bolsonaro's presidential candidacy, Mourão made references to then-President
Michel Temer: "there is no doubt that currently we are experiencing the famous 'Sarneyization'
(referring to former President Sarney). Our current president is struggling to stay in power
through backroom deals" (FRAZÃO, 2017, our translation).
Once again, the episode was used to give the impression of "punishment":
The Army will ask the Minister of Defense, Raul Jungmann, to remove
General Antonio Hamilton Mourão from his position as Secretary of Economy
and Finance of the Army Command after he stated that President Michel
Temer turned the government into a 'bargain counter' to stay in power. Mourão
will be without a function waiting for his time to retire in March 2018. In his
place, the Army Commander, Eduardo Villas Bôas, appointed General Luiz
Eduardo Ramos Baptista Pereira (ESTADO DE MINAS, 2017, online, our
translation).
Even though Mourão's retirement had been planned since September, his public
statements did not fail to create confusion among journalists, as evidenced by the last excerpt
described. However, following in the footsteps of Santa Rosa and Heleno, the retirement
ceremony in February 2018 would itself be used as a platform to expose the prevailing thinking
of the Army regarding the "fight against communism": a laudatory remembrance of the Army's
actions against the "Communist Insurrection" and the "victorious journey of the 1964
Revolution," with extended thanks to Colonel Ustra, considered a "hero" by the general (LIMA,
2018, online, our translation). After the ceremony, in which the general was hailed by the Army
Commander as a model of "leadership by example," Mourão declared to journalists that "the
'Judiciary needs to do its job and expel from public life people who are not fit to participate in
it,' adding that this understanding also includes President Michel Temer" (DEFESANET, 2018,
online, our translation).
In retirement, Mourão took on the role of "facilitator" for the campaigns of military
candidates from the Armed Forces in 2018 (VICTOR, 2018, online), providing the "guidelines
of action" and aligning the speeches of candidates such as Generals Eliéser Girão Monteiro
Filho (PSL), Roberto Sebastião Peternelli Junior (PSL), and Paulo Chagas (PRP)
41
. Another
Accessed on January 10, 2022. As for the regulations on public expressions by military personnel, it is stated in
the Army Disciplinary Regulations under Section 57 that: "Military personnel on active duty shall not publicly
express themselves on political-party matters without proper authorization; [...]". You can access the full document
here: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4346.htm. Accessed on: 7 Aug. 2022.
41
Among the three generals you mentioned, only Paulo Chagas was not elected. He ran for the office of Governor
of the Federal District but was not successful in the election. On the other hand, Girão Monteiro was elected as a
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candidacy that received attention from the general, even during his active service and contrary
to the Army Disciplinary Regulations (Decree 4,436/2002) and the Military Statute (Law
6,880/1980), was that of Lieutenant Colonel Luciano Lorenzini Zucco.
Running for state deputy in Rio Grande do Sul for the PSL, Zucco received political
support from the general in a video where both appeared in uniform in the offices of the Army's
Finance and Economics Secretariat commanded by Mourão. In the video, posted only when the
general was in retirement demonstrating an interest in bypassing possible punishments he
states: "we need people who have knowledge, capability, and determination to confront this
[public security crisis] and impose the necessary measures so that our population regains the
right to come and go and live in peace in our country. This is Zucco, you can count on him"
(GENERAL..., 2018)
42
see figure 3.
Figure 3 Mourão and Zucco at the Army's Financial and Economic Secretariat
Source: General... (2018).
In addition to political involvement, the cases described here reveal a characteristic
pattern of behavior akin to the OODA loop applied to the "civilian sphere"
43
, producing
cognitive dissonance and amplifying a confirmation bias frame in the public's perception. This
was done to shape the public opinion that, despite military "crises" having emerged, they had
federal deputy representing Rio Grande do Norte, and Peternelli was elected as a federal deputy representing São
Paulo.
42
Available at: https://www.youtube.com/watch?v=Xy72TaTJ1xA. Accessed on: 3 Sept. 2023.
43
The OODA loop consists of the dimensions "observe," "orient," "decide," and "act." For further details, refer to
Leirner (2020).
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been swiftly resolved by the Army's own chain of command, ultimately preserving military
hierarchy and discipline (LEIRNER, 2020, p. 103-106).
In the cases presented in this article, it becomes evident how the "military sphere"
could generate a series of perceptual errors in the "civilian sphere." The civilian sphere began
to perceive the frequent removals from positions as plausible punitive toolsdespite the
absence of such mechanisms formally outlined in the Military Discipline Regulations.
Simultaneously, they directed their focus not towards the military culture legitimized by the
Army in the socialization of its personnel but rather towards the "personal opinions" publicly
expressed.
Regarding this, Eliézer Rizzo de Oliveira (1994) draws attention to how the right to
political discourse remained an unwritten rule in the Armed Forces even after the end of the
dictatorship: "According to this rule, not all military personnel can speak; not all who do so,
even if they should not have, will be punished. This is not a universal right applicable to high-
ranking officers; it is essentially discretionary."
44
.
The fact that Generals Santa Rosa, Ribeiro Pereira, Girão Monteiro Filho, and Martins
Mourão were not punished through the opening of Administrative Disciplinary Proceedings
does not mean that the absence of punishments is a historical constant in the military milieu
45
.
Both in the past and in the events described here, it is important to demonstrate that "nothing
happens to them because the application of military regulations is essentially political" (IBID,
p. 189). Once carrying such a nature, it becomes repetitive to assert the dissimulative character
adopted by the chain of command, which, outwardly, claimed to be applying regulations for the
sake of discipline and hierarchy, "punishing" these military personnel through the removal from
their positions, while, inwardly, not utilizing any of these regulations, using the routine
movements of those senior officers to further dramatize the alleged "punishments."
44
Ibid, p. 189
45
We can recall here Generals Newton Cruz and Eclydes Figueiredo, punished in June 1989 with imprisonment
for 8 and 10 days, respectively, for calling the then Minister of the Army, Lêonidas Pires Gonçalves, "coward"
and "negligent" (O GLOBO, 1989). Subsequently, in May 1990, both were again disciplined for criticizing the
then-President of the Republic, Fernando Collor de Melo. Cruz was imprisoned for ten days, while Figueiredo
received a written reprimand (SOBRAL, 1990; O GLOBO, 1990). In all cases, the punishments involved the
generals taking positions in newspapers and were based on the Disciplinary Regulation and the Statute of the
Military.
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA
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Conclusion
With the end of the dictatorship, the Brazilian Armed Forces went through a period of
"identity crisis" with strong influences on their doctrinal-ideological apparatus (MARTINS
FILHO, 2000). During this period, in addition to a redefinition of the Brazilian Amazon's role,
particularly concerning the Army's activities, the institution sought to assert its interests in the
1988 Constitution, especially regarding topics like Military Justice, internal deployment to
ensure "law and order," and the maintenance of compulsory military service (OLIVEIRA, 1994;
VIANA, 2021).
Following this political involvement, which did not cease after the work of the
National Constituent Assembly, more recent research has identified a role that seems to be
carried out in the fashion of an informal political party. Characterized by Oliveira and Kalil
(2021), the so-called Military Party
46
would present a permanent hardcore nucleus and an
organizational structure that replicates that of the Armed Forces, based on hierarchy and
discipline. Without a defined program, the Party's primary objectives would be the achievement
of corporate (not institutional or personal) goals and the occupation of positions by its own base
(military personnel from the Armed Forces and security forces).
Additionally, Marcelo Pimentel Jorge de Souza (2021), from an "internal" perspective
of the Brazilian Army, highlighted other elements characterizing the militarization vectorized
by that Party. It is a hegemonic political group with historical memory and institutional
vocation, a defined ideological base, agendas of collective and specific corporate interests, a
"party" leadership distributing internal power, "party" cadre members, and electoral and
militant base. Crucially, with the election of Jair Bolsonaro, this group assumed control of the
government in direction, sense, and intensity, beyond merely occupying positions in the Federal
Executive and adopting policies that favored the Armed Forces.
In this context, amid political parties and figures characterized as "populist" that seem
to mimic the algorithmic pattern of digital networks to satisfy the diverse expectations of voter-
customers, while undermining democracy from within its own institutions (LEVITSKY;
ZIBLATT, 2018; EMPOLI, 2019; NORRIS; INGLEHART, 2019), we can identify the
phenomenon of the Military Party as having hybrid characteristics. These characteristics blur
the lines between Politics and War and vice versa and operate to blur the boundaries between
46
The authors rely on the concept of the "Partido Fardado" (Militar Party) from Ferreira (2000) and the
compilation organized by Rouquié (1990) on "Os Partidos Militares no Brasil" (The Military Parties in Brazil),
updating these formulations to understand the process of politicization of the Armed Forces in the context of Jair
Bolsonaro's election in 2018. See also Oliveira and Kalil (2021).
Generals between Powers: A routine of "indiscipline," "crises," and "insubordination" (2007-2018)
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the public and private spheres (LEIRNER, 2020), including the corporate, institutional, and
personal dimensions.
Not surprisingly, in a chronic context of weakening civilian control through
competition (political, symbolic, and media) (BELIAKOVA, 2021), strategies such as public
appeals through media statements, endorsement of candidates, building alliances with other
sectors of society and institutions, as well as parliamentary lobbying (BROOKS, 2009), have
continued to manifest even after achieving "corporate agendas." The case of the Army's
involvement in the Amazon, particularly in discussions about the Raposa Serra do Sol
Indigenous Land, appears to exemplify this process. The military's "complaints" in this case,
such as unrestricted military access to Indigenous Lands and a greater presence in the Amazon
region, were already guaranteed by law and had been reaffirmed in new Executive and Judicial
regulations. Despite this, "undisciplined" generals continued to act politically and through the
media on the issue (MARQUES, 2007; LEIRNER, 2020; MOREIRA 2021).
It is precisely in this sense that the systematic analysis of events involving Generals
Santa Rosa, Ribeiro Pereira, Girão Monteiro Filho, and Martins Mourão reveals that, beyond
the findings that the episodes in question constituted disciplinary transgressions (MARTINS
FILHO, 2010; 2019), it can be inferred that these episodes of "insubordination," "crisis," and
"indiscipline" are an important byproduct of the segmentation that runs through the institution
through its hierarchical channel. The "punitive solutions" are structured as an almost
autonomous way for the institution itself to produce stabilizations that repress the sense of
belonging of its military personnel to the institution, as opposed to the "civilians/civilians"
(LEIRNER, 1997; 2020). It is not a coincidence that all the episodes discussed here involve
symbolic elements that, at some point in the history of the Army, were conventionalized as
defining the identity of the institution and its military personnel. These elements find their
socializing power in the Amazon and anti-communism/anti-PT sentiments (CASTRO, 2002;
CASTRO AND SOUZA, 2012; MARQUES, 2007; LEIRNER, 1995; 2020; MOTTA, 2000;
SANTOS 2009; 2014).
It would not be an exaggeration to state that the institution's culture and its political
actions owe much to these moments of apparent "tension" with "civilians," which are effective
precisely because of their constant incompleteness, in "solutions" that can only be partial and
provisional. It is for this reason that "undisciplined military" continue to emerge even after a
succession of episodes granting extensive "civil" concessions to their "complaints" and
"corporate agendas."
Guilherme Alessandro Lemos da Silva MOREIRA
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Similarly, the media exposure of those generals resulted not only in institutional and
corporate gains, such as changes in regulations regarding Indigenous land demarcations but
also in personal gains. For example, Mourão joined the Brazilian Worker Renewal Party
(PRTB) and Heleno joined the Progressive Republican Party (PRP), both in April 2018
(MANTOVANI, 2018; ÉBOLI, 2018). By being part of the winning ticket that year, Mourão
became Vice President of the Republic, Heleno became the Chief of the Institutional Security
Office, and even General Santa Rosa became the head of the Special Secretariat for Strategic
Affairs until December 2019, while Eliéser Girão Monteiro Filho was elected as a federal
deputy. This seems to confirm the thesis that this informal party has been successful in forming
leaders and "cadres," possessing an electoral and militant base that extends beyond the military
institution itself (Souza, 2022). This informal party takes advantage of moments of democratic
erosion carried out by other bodies, such as the emergence of outsiders or "low clergy" (Nobre,
2022), and contributes personally to such erosion, with a protagonism that resembles the format
of a political party in action (OLIVEIRA; KALIL, 2021).
In this context, the political action of those military personnel reiterates the goals of
domesticating society and the State itself as a whole, a view typical of military personnel in
countries with a colonial history. Without an autonomous military-industrial complex and
engaged in endless non-military activities, military patriotism manifests itself as the guarantor
of the capitalist status quo (DOMINGOS NETO, 2019). In certain cases, this extends beyond
the defense of dominant groups and corporate agendas in favor of the Armed Forces, focusing
on the military as the only, "elite" capable of coordinating the integration of society, conceived
as a profusion of disconnected "archipelagos" (LEIRNER 1997).
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CRediT Author Statement
Acknowledgments: I would like to thank the National Council for Scientific and
Technological Development (CNPq) for funding the research, as well as Prof. Dr. Piero C.
Leirner and the anonymous reviewers for their careful reading and suggestions made to the
text.
Funding: National Council for Scientific and Technological Development (CNPq).
Conflicts of Interest: There are no conflicts of interest.
Ethical Approval: Not applicable.
Data and Material Availability: All data and materials used in the work are properly
referenced and can be freely accessed.
Author’s Contributions: Sole authorship.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.