Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.928 1
RESULTADOS ELEITORAIS E DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO: ANÁLISE
INTERSECCIONAL DA COTA DE GÊNERO NA POLÍTICA
RESULTADOS ELECTORALES Y DIVISIÓN SEXUAL DEL TRABAJO: UN ANÁLISIS
INTERSECCIONAL DE LA CUOTA DE GÉNERO EN POLÍTICA
ELECTORAL RESULTS AND THE SEXUAL DIVISION OF LABOR: AN
INTERSECTIONAL ANALYSIS OF THE GENDER QUOTA IN POLITICS
Laura Cazarini TROTTA1
e-mail: lauracazarini@gmail.com
Como referenciar este artigo:
TROTTA, L. Resultados eleitorais e divisão sexual do trabalho:
análise interseccional da cota de gênero na política. Teoria &
Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00,
e023021, 2023. e-ISSN: 2236-0107. DOI:
https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.928
| Submetido em: 10/04/2022
| Revisões requeridas em: 08/04/2023
| Aprovado em: 17/09/2023
| Publicado em: 15/12/2023
Editores:
Profa. Dra. Simone Diniz
Prof. Dr. Eduardo de Lima Caldas
Profa. Dra. Mércia Kaline Freitas Alves
Dr. Vinícius Silva Alves
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos SP Brasil. Doutoranda no Programa de Pós-
graduação em Ciência Política. Mestra em Políticas Públicas pela Universidade Federal do ABC (UFABC).
Resultados eleitorais e divisão sexual do trabalho: análise interseccional da cota de gênero na política
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.928 2
RESUMO: Este artigo analisa os efeitos das cotas de gênero nas eleições brasileiras para o
cargo de deputado federal nos primeiros 20 anos de sua vigência. Partiu-se da pergunta de
pesquisa: a divisão sexual do trabalho afeta os resultados das eleições para mulheres e mulheres
negras? As variáveis consideradas neste trabalho foram: gênero, o grau de instrução e cor dos
candidatos, comparando os perfis dos eleitos e não eleitos e da população brasileira. Utilizando
uma abordagem interseccional e teoria feminista, foram cruzados os dados eleitorais de 6
pleitos, com dados e verificação limitada na variável raça. A análise interseccional revelou que
as mulheres negras enfrentam ainda mais barreiras e mais exigências no grau de instrução para
ocupar cargos políticos.
PALAVRAS-CHAVE: Cota de gênero. Divisão sexual do trabalho. Mulheres na política. Raça
e eleições. Interseccionalidade.
RESUMEN: Este artículo analiza los efectos de las cuotas de género en las elecciones
brasileñas para el cargo de diputado federal en los primeros 20 años de su vigencia. Partiendo
de la pregunta de investigación: ¿la división sexual del trabajo afecta los resultados de las
elecciones para mujeres y mujeres negras? Las variables consideradas en este trabajo fueron:
género, nivel de instrucción y color de los candidatos, comparando los perfiles de los elegidos
y no elegidos y de la población brasileña. Utilizando un enfoque interseccional y teoría
feminista, se cruzaron los datos electorales de 6 elecciones, con datos y verificación limitada
en la variable raza. El análisis interseccional reveló que las mujeres negras enfrentan aún más
barreras y exigencias en el nivel de instrucción para ocupar cargos políticos.
PALABRAS CLAVE: Cuotas de género. División sexual del trabajo. Mujeres en la política.
Raza y elecciones. Interseccionalidad.
ABSTRACT: This article analyzes the effects of gender quotas in Brazilian elections for the
position of federal deputy in the first 20 years of their existence. The research question was
whether the sexual division of labor affects the election results for women and black women.
The variables considered in this study were gender, level of education, and race of the
candidates, comparing the profiles of elected and non-elected candidates and the Brazilian
population. Using an intersectional approach and feminist theory, electoral data from 6
elections were analyzed, with limited data and verification on the race variable. The
intersectional analysis revealed that black women face even more barriers and higher
education requirements to occupy political positions.
KEYWORDS: Gender quota. Sexual division of labor. Women in politics. Race and elections.
Intersectionality.
Laura Cazarini TROTTA
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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Introdução
Em 2 de outubro de 2020, ocorreu uma mudança significativa nos rumos das campanhas
eleitorais brasileiras. O TSE aprovou o início imediato de uma nova cota financeira para as
campanhas eleitorais de pessoas negras, algo aprovado e previsto para as eleições de 2022.
No entanto, essa definição fez com que a medida fosse adiantada para as eleições de 2020. De
acordo com a nova regra, o tempo de propaganda gratuita e o financiamento público de cada
partido seriam distribuídos proporcionalmente entre candidatos declarados pretos e pardos
(TSE, 2018). Essa ação é mais uma tentativa, desde 1995, de criar mecanismos para correção
de desvantagens históricas na participação de indivíduos excluídos socialmente. As cotas de
gênero para cargos do legislativo estão em vigor desde 1996 (BRASIL, 1995), e mesmo após
todos esses anos, a realidade brasileira ainda apresenta um cenário de baixa proporção de
mulheres, com um crescimento abaixo da expectativa de quando a lei foi criada.
Para a criação da política de cotas de gênero no Brasil, a então Deputada Federal Marta
Suplicy, redigiu o Projeto de Lei n. 783, de 1995
2
, em co-autoria com outras 29 mulheres
(SUPLICY, 1995). Havia uma influência internacional que fazia com que, na mesma época,
vários países estavam adotando algum tipo de cota para mulheres na política, como a
Conferência de Pequim
3
, importante marco nas lutas feministas. A lei foi aprovada com um
texto mais específico do que encontramos no Projeto. As eleições seguintes tiveram diferentes
regras eleitorais desde partes gerais (como a não possibilidade de coligação para cargos do
legislativo), como questões que tocam diretamente as cotas gênero, trazendo dificuldade à
realização de uma análise mais direta do resultado. Portanto, como não tivemos duas eleições
com as mesmas regras, não podemos comparar o que pode ter influenciado os diferentes
resultados. Isso quer dizer que, apesar de analisarmos neste artigo o resultado de política vigente
com dados das duas últimas eleições para o cargo de deputado federal, todas as eleições
observadas não têm as exatas mesmas regras. Embora as mudanças nas leis não serem o foco
deste trabalho, é preciso considerá-las, uma vez que influenciam os resultados eleitorais.
A sub-representação feminina na política e em cargos de poder é um problema global
2
O texto proposto pretendia incluir as mulheres brasileiras na política através de uma cota de 30% para candidatas
em listas apresentadas pelos partidos nos cargos de representação proporcional. Uma das ideias defendidas no
texto da proposta era a de adotar o sistema de lista fechada, assim como na Argentina, país que inspirou o Projeto,
mas esta parte não foi acolhida pela lei brasileira (SUPLICY, 1995).
3
A 5ª Conferência Mundial da Mulher ocorreu em 1995, em Pequim, um dos eventos mais importantes para a
promoção das questões das mulheres no cenário internacional. Para a Conferência, foram convidados a participar
comissões de Estados de todo o globo e diversas Organizações Não-Governamentais. Lá foram firmados objetivos
para melhoria da vida das mulheres, através de políticas; e compromissos com organizações, incluindo a ONU,
que mais tarde criaria um órgão específico para tratar dos assuntos das mulheres.
Resultados eleitorais e divisão sexual do trabalho: análise interseccional da cota de gênero na política
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que não afeta exclusivamente o Brasil. Ao ser comparado a outros países, historicamente o
Brasil ficou atrás no quesito voto das mulheres garantido, após 43 anos da Proclamação da
República, com uma tardia inclusão de mulheres na política. Se comparado a outros países
geopoliticamente similares, como os Estados latino-americanos, o Brasil sempre esteve abaixo
no ranking internacional (ARAUJO, 2001). Para utilizar dados de comparação internacional
recentes, existe um ranking alimentado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela
União Interparlamentar para verificar a participação de mulheres no Legislativo de todo o
mundo. Dos 192 países analisados, em abril de 2022, o Brasil, estava na posição 145ª, em
relação aos outros Estados
4
(IPU, 2022). Inúmeras argumentações na literatura de Ciência
Política se voltam para explicar o fato de a sub-representatividade ser verificada em diferentes
Estados. Ao longo do artigo, serão colocadas teorias e autores para entender a exclusão contínua
das mulheres da política, a qual impede que a política de cotas de gênero alcance seu objetivo
de aumentar a representatividade feminina no poder.
Ao colocar a ausência das mulheres no ambiente político em pauta, relacionaremos as
teorias da divisão sexual do trabalho e olharemos para a realidade brasileira a partir de um olhar
interseccional. Como o conhecimento não é neutro, partiremos das análises feministas sobre
como são vistas as trabalhadoras e para entender se e como esse tipo de conduta influencia na
eleição de mulheres, sobretudo mulheres negras. A inclusão de grupos diversos se justifica pela
inclusão de diferentes perspectivas, o que pode melhorar a qualidade das políticas. A análise
será feita a partir de dados escolhidos para verificar se uma replicação social nas pessoas
eleitas a deputado de uma exclusão de mulheres e mulheres negras, fazendo com que a
exigência seja muito maior para as pessoas que fazem parte de grupos excluídos. Assim,
faremos uma descrição do resultado eleitoral de 2014 e 2018 a partir de uma leitura
interseccional, com a teoria da divisão sexual do trabalho a partir da pergunta: a divisão sexual
do trabalho afeta os resultados das eleições para mulheres e pessoas negras?
A partir da pergunta, o artigo parte desta introdução para a segunda seção, com a
apresentação do tema da sub-representação feminina na política, pela perspectiva teórica e
feminista; o que justifica a seção seguinte, que descreve as metodologias escolhidas; para que,
na quarta seção os resultados da política de cotas de gênero seja analisados, primeiramente,
apenas de 2014 e 2018, pela limitação dos dados da cor de quem se candidatou ou se elegeu,
depois, a partir de uma comparação maior dos 20 anos de vigência dessa política, referente ao
grau de instrução de candidatas e candidatos, eleitas e eleitos. A análise interseccional procura
4
O ranking é atualizado mensalmente, portanto essa posição se referente ao mês de abril de 2022.
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responder à pergunta proposta, pensando na exigência maior que é feita para mulheres negras,
o perfil mais sub-representado, frente aos homens brancos, super-representados na Câmara dos
Deputados e segue para as conclusões finais.
Sub-representações na política
A representação política é um tema controverso na literatura, pois pode envolver o
reconhecimento de diferentes dimensões individuais, incluindo as ideias, interesses,
experiências e características dos representados e representantes. A diversidade e a inclusão são
fundamentais para garantir uma representação mais justa e efetiva, capaz de atender às
necessidades e demandas de diferentes grupos e setores da sociedade. A representação
descritiva é aquela que aproxima o perfil dos representados de seus representantes, ou seja,
quando as características e atributos dos representados (sejam físicas e/ou que constroem a
identidade individual e de grupo) refletem nas características e atributos dos representantes. Sua
defesa gera polêmicas, mas é consenso que o compartilhamento de características não significa
a defesa de interesses de grupos, tanto para autores que defendem, quanto para os que são contra
a aplicação de ações afirmativas para inclusão de grupos excluídos (ARAUJO, 2001; PITKIN,
1967; SCOTT, 2005; YOUNG, 2006). Apesar de concordar com a importância da defesa de
representação por ideias, Phillips entende que as características do sujeito que se pretende
representante também importam. A autora defende a política da presença, apontando a
relevância da diversidade nos espaços políticos e a necessidade de entendermos quem é o
representado e o representante (PHILLIPS, 1995; 2001).
Além das questões levantadas por Phillips, Young ressalta a importância da inclusão do
conceito de perspectivas, justificando as características comuns da população e seus
representantes não pela previsão das decisões desses representantes, mas como um ponto de
partida comum entre os indivíduos que compartilham as mesmas experiências. O padrão de
perfil de quem representa ser tão diferente da população representada nos faz questionar como
as políticassão construídas, que muitos desses indivíduos não partem de perspectivas
diversas, podendo não ter abertura para políticas criadas a partir de vivências diferentes. Young
acrescenta que as múltiplas experiências propiciam a descentralização de ideias comuns,
facilitando a inclusão de novos pontos de vista, enriquecendo o debate político. Vale ressaltar
que não maneira certa ou errada para corrigir o problema da sub-representatividade
encontrado em cada ambiente. Diferentes estratégias são criadas para cada situação, buscando
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corrigir exclusões a partir de seu contexto. Enfoques diferentes são dados visando formas
distintas de inclusão de representantes social e historicamente excluídos (YOUNG, 2006).
O argumento apresentado pelos autores do livro Raça e Eleições no Brasil sobre a
exclusão de pessoas negras dos ambientes de poder é consistente com a discussão sobre
representatividade e inclusão política. Os dados mostram que haver uma maior proximidade
das proporções entre dados populacionais e eleitoras referentes a pessoas negras, no momento
da candidatura. Porém, ao colocar uma lupa sobre os dados, os candidatos que se declararam
negros estão distribuídos de forma desigual entre os partidos maiores, médios e pequenos; em
relação ao estado e região do país; além de serem os menos financiados dentre outros perfis de
candidatos. Uma das principais justificativas sobre a importância de inclusão política para
grupos discriminados é a sua participação na criação e construção das políticas públicas, pois,
como os autores pontuam, a maioria das políticas públicas no Brasil acaba tendo influência,
direta ou indireta, na vida de pessoas negras (CAMPOS; MACHADO, 2020).
Não havendo inclusão para grupos minoritários na política, a probabilidade de
manutenção desse status, pois, sem propiciar uma maior autonomia, como os indivíduos se
emanciparão para ocupar outros espaços sociais e políticos? Crenshaw defende que, apesar de
existirem políticas que se propõem a ser feministas e antirracistas, as mulheres negras muitas
vezes ficam de fora do foco dessas políticas (CRENSHAW, 1994). Além disso, são muitos os
obstáculos até as posições de poder e decisão. Por exemplo, na Câmara dos Deputados
brasileira, para que um novo deputado seja eleito, é necessária a saída de outro, o que significa
que para a entrada de perfis diversos, é necessário que pessoas com perfil dominante não sejam
reeleitas, afinal, o número de cadeiras permanece o mesmo desde sua fixação, em 1993
(BRASIL, 1993).
Ao pautar as diferenças de gênero, é importante entendermos que a hierarquia entre os
sexos (o termo é o utilizado quando vão ser escritas as leis), as diferenças na ocupação de cargos
não são biológicas e sim, assim como as mazelas causadas pelo machismo e dominação
masculina, sociais. Por meio de símbolos e dualidades, coloca-se a mulher no ambiente privado,
da casa e dos cuidados, enquanto o homem se volta para o público, pois é o “provedor”, e para
o exercício do poder (BOURDIEU, 2012). Da mesma forma, as diferenças sociais quando se
envolvem questões raciais nada tem de biológicas, afinal, se utiliza o termo para humanos
para se referir ao significado histórico e social atribuído a cor de pele dos indivíduos. Nesse
contexto, a divisão sexual do trabalho é outra consequência social e consiste em “uma relação
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de poder, uma divisão dentro da força de trabalho” (FEDERICI, 2017, p. 232) que diferencia o
trabalho produtivo do reprodutivo, e não valoriza o segundo.
O trabalho doméstico e maternal, além de socialmente desvalorizados, com a entrada
das mulheres no mercado de trabalho se mantêm e se somam a outras funções, o que
sobrecarrega as mulheres. Diante desse cenário, existem vertentes teóricas feministas que
defendem a contabilização do trabalho reprodutivo e de cuidado no PIB e/ou sua remuneração
(FEDERICI, 2017). A análise fica mais complicada quando são sobrepostas questões como
raça; ocupação dos espaços, urbanização e divisão das cidades; desvalorização das profissões
ligadas ao ensino e ao cuidado; e exploração da classe trabalhadora. Ou seja, a sobrecarga e
desvalorização do trabalho reprodutivo é um assunto que converge com a dificuldade de
inclusão das mulheres na política, pois são inseridos questionamentos sobre todas as horas
trabalhadas semanalmente dentro e fora da ocupação exercida –, além das horas de
deslocamento centro-periferia, principalmente nas grandes cidades (BIROLI, 2016;
FEDERICI, 2017; HIRATA, 2014).
Ao tratar o tema, Hirata aponta que realmente as diferenças em relação ao trabalho ficam
mais claras quando é adicionada a questão racial, afinal, existem diferenças salariais entre
homens brancos, homens negros, mulheres brancas e mulheres negras (e essa é a ordem de
quem recebe os maiores salários, para os menores salários). O trabalho doméstico, muitas vezes
atribuído a mulheres e pessoas negras, é predominantemente exercido por trabalhadoras negras,
que enfrentam condições precárias, salários baixos e menor prestígio social. Nesse contexto, as
mulheres enfrentam maiores taxas de desemprego e os homens negros apresentam maior
vulnerabilidade em trabalhos informais (HIRATA, 2014). Como dito, essa divisão também afeta
as ocupações de trabalho dos indivíduos, direcionando as mulheres para trabalhos tidos como
“femininos”, enquanto o campo da política ainda é visto como masculino.
Para pautarmos a sub-representação política, olhamos para quem são os representantes
e quem são os representados e conseguimos notar a distância entre seus perfis. A desigualdade
racial no Brasil está presente desde que pessoas foram trazidas para serem escravizadas,
tornando a prática da escravização institucional e ainda não superada socialmente na maioria
dos espaços, além disso, a desigualdade política das mulheres é histórica, estruturante (no que
diz respeito à divisão sexual do trabalho) e cultural (BIROLI, 2016; FEDERICI, 2017;
GONZALEZ, 2020; SCOTT, 2005). Por isso, Clara Araújo afirma que “as mulheres tendem a
entrar na esfera pública com maior desvantagem. [...] O lugar da política se constrói na ausência
de mulheres” (ARAÚJO, 2011, p. 148). Ainda, é importante deixar claro que a inclusão
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descritiva, baseada em características, não necessariamente garante mudanças nas pautas e
defesas públicas de agendas. Mesmo assim, esse tipo de representação é defendido pela
literatura e é a forma mais intuitiva de analisar os dados de perfil, o que se feito na próxima
seção.
Metodologia
Para analisarmos os resultados dos 20 anos da política de cotas, utilizamos números da
Câmara dos Deputados, que a casa deve representar a população do nosso país. Dentre
diferentes possibilidades de análise de dados, optamos por analisar três variáveis: sexo, raça e
grau de instrução. A variável sexo é binária, dividida em homens e mulheres, apesar de
questionamentos válidos sobre, optamos por manter como é preenchido nos formulários e
escrito nas leis
5
. Mesmo sendo maioria numérica da população e da coexistência com os
homens, o grupo social das mulheres é reivindicado como minoria social, ao entenderem a não
inclusão em espaços e diferentes condutas que são tomadas a partir de sua diferenciação social.
Estereotipar um indivíduo como forma de discriminação causa consequências na organização
social, ainda ocorrendo alguma redução da identidade desses indivíduos em relação àquele
estereótipo (SCOTT, 2005).
Os dados raciais seriam analisados nas categorias oficiais, preta, parda, amarela,
indígena e branca, mas, nesse artigo, para facilitar a comparação sobre grau de instrução da
população, os dados do TSE foram padronizados com os do IBGE. Assim, as categorias parda
e preta foram unidas na categoria negra e comparada à branca, também trazemos o número total
da população para analisar o grau de instrução. É importante pontuar que os dados raciais são
criados de forma distinta no IBGE e no TSE e que existem três diferentes métodos para
identificação racial: por análise de DNA, por autoclassificação e por heteroclassificação
6
. O
IBGE combina os dois últimos formatos para gerar os dados étnicos da população brasileira,
enquanto o TSE utiliza a autodeclaração étnico-racial. As pesquisas populacionais passaram a
incluir a categoria pardo nas análises sobre pessoas negras, atendendo a uma reivindicação do
movimento negro (GUIMARÃES, 2003). Embora haja críticas aos métodos de identificação
5
O sexo é lido socialmente sem problema nos casos de pessoas cisgênero, porém, as mulheres e homens trans,
travestis e outras pessoas não identificadas no espectro cisnormativo ainda são frequentemente questionados sobre
seu sexo/gênero, além de sofrerem o preconceito social e institucional. Para verificação de dados ainda é necessário
que pontuemos os dados disponíveis: a variável sexo.
6
A heteroclassificação é feita por um terceiro, que analisa pessoalmente ou por fotos a cor/raça de alguém.
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racial, por conta de sua subjetividade, existem posicionamentos e estereótipos que posicionam
socialmente os indivíduos (OSORIO, 2003).
A variável racial importa para nossa análise, pois, como conceitua Lélia Gonzalez “o
racismo, essa elaboração fria e extrema do modelo ariano de explicação, cuja presença é uma
constante em todos os níveis de pensamento, [...] estabelece uma hierarquia racial e cultural que
opõe a ‘superioridade’ branca ocidental à ‘inferioridade’ negro-africana” (GONZALEZ, 2020a,
p. 135). A partir da construção da identidade, que acontece individual e coletivamente, quando
a questão racial é analisada, junto ao gênero, é mostrada a relevância de se pontuar a raça de
candidatos e candidatas no Brasil, país com histórico de escravidão de mais de 300 anos e o
país com mais pessoas negras fora da África (SANTOS, 2008).
É importante ressaltar que a população indígena, que sofreu a colonização europeia,
ainda enfrenta problemas como assassinatos, perda de suas terras e até mesmo para manter
direitos antes garantidos. Apesar da importância de trazer esses pontos e de estarem
contabilizando na população total, a população indígena e também a amarela apresentam uma
complexidade na análise dos dados que neste artigo se concentra apenas na comparação de
pessoas brancas, negras e na soma das cinco raças contabilizadas oficialmente pelo IBGE.
A variável “grau de instrução” é diferente das duas primeiras características individuais,
por ser algo necessariamente conquistado por um indivíduo, respaldado por uma instituição de
ensino fundamental, médio, técnico ou superior. Assim como sexo e raça, também pode
modificar as possibilidades de acesso na vida de um sujeito. Essa variável é obtida pelos dados
fornecidos pelos partidos para o TSE, e, pelas suas características, pode mudar a cada eleição,
mas os níveis apenas avançam na escala de ensino e não podem retroceder, depois de
conquistados. Os níveis de instrução são: analfabeto, e escreve, ensino fundamental
incompleto e completo, ensino médio incompleto e completo e ensino superior completo e
incompleto. Por falta de dados, aqui não são incluídas as pós-graduações.
A professora Nilma Lino Gomes escreve sobre os temas de educação, raça e gênero e
afirma que a construção da identidade do sujeito pode surgir de diferentes identificações. Os
ambientes escolar e acadêmico são grandes influenciadores nessa composição, afinal, não
como separar o que ocorre dentro e fora desses lugares. Ou seja, as perspectivas frente a
questões sociais dos sujeitos envolvidos nas relações escolares fazem parte dessa referência
construída. A falta de referências e representatividade tem influência na questão do
pertencimento do indivíduo, desde a ausência ou o preconceito dos materiais usados (materiais
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didáticos, cartazes e autores estudados), até na ausência de pessoas negras no corpo docente
ainda mais limitado dentro das universidades (GOMES, 1996; 2011).
Resultado da política de cotas de gênero
Apresentadas as diretrizes e os direcionamentos desta pesquisa, partimos para a
exposição dos resultados citados. Como foi dito, os dados disponibilizados pelo IBGE em 2018
não estão separados nas categorias “mulheres” e “homens”, quando apresentam o grau de
instrução. Por isso o Gráfico 1 mostra a diferença entre grau de instrução da população brasileira
por raça “negra”, que é a soma de pretos e partos, e “branca”, além do total, somando e
contabilizando as outras categorias indígena, amarela e sem declaração de cor – que não estão
disponíveis separadamente (IBGE, 2018). No gráfico é possível ver o cenário de 2018,
mostrando a distância entre população preta e branca principalmente nas categorias: sem
instrução, fundamental incompleto, ambas com maioria negra, e superior completo, com mais
que o dobro de proporção de brancos em relação aos negros.
Gráfico 1 - Porcentagem Grau de instrução da População Brasileira com mais de 25 anos por
Raça Negra (parda e preta), branca e total em 2018
Fonte: Elaborado com dados extraídos de IBGE (2018)
Para fins de comparação com os dados apresentados, o Gráfico 2 foi dividido apenas em
cor, sem o recorte de gênero dos candidatos ao cargo de Deputada(o) Federal. Foram somados
o número de autodeclarados pretos e pardos, em comparação aos que se identificaram como
brancos nas eleições de 2014 e 2018, e também ao total, somando as categorias branca, parda,
preta, amarela e indígena. Nesse gráfico, além da proporção identificada, são colocados os
números absolutos, para manter em mente a diferença de quantidade entre candidatos negros e
brancos.
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Gráfico 2 - Proporção e quantidade de Candidatos ao cargo de Deputado Federal por Grau de
instrução e Cor Negra (parda e preta), branca e total , nas Eleições de 2014 e 2018
Fonte: Elaborado pela autora com dados extraídos de CEPESP (2019)
Não conseguimos fazer uma análise temporal mais ampla, pela limitação dos dados de
cor/raça das(os) candidatas(os), mas é importante apontar algumas das políticas públicas que
influenciaram a expansão das universidades: o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação
e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que aumentou os cursos e número de vagas
nas universidades; o Programa Universidade para Todos (Prouni), que possibilitou a entrada de
pessoas de baixa renda e/ou pretos e pardos, dando desconto de 50% até 100% na mensalidade
das universidades privadas; as cotas universitárias que reservam vagas para pardos, pretos e
indígenas e/ou pessoas de baixa renda que estudaram em escolas públicas. Todas essas políticas
impactaram os números atuais vistos nos gráficos construídos de 2014 e 2018. Como políticas
recentes, ainda uma relevante distância entre a população branca e negra com ensino superior
completo. Quando se fala em nível de escolaridade e sobrepõem marcadores raciais, mesmo
que as assimetrias ainda estejam presentes, é importante mostrar que a trajetória das políticas
citadas mostra o cumprimento do papel de aumentar o acesso das pessoas negras ao ensino
superior (GOMES, 2011).
Assim, os Gráfico 1 e 2 mostram proximidade do número de pessoas com ensino
superior incompleto, que pode estar em formação no momento da inscrição da candidatura ao
cargo do legislativo. Aqui é importante pontuarmos que, assim como a política de cotas de
gênero aumentou o número de vagas para candidaturas, concomitantemente à reserva de vagas,
as universidades também aumentaram a variedade de cursos universitários, a quantidade desses
cursos e, também, o número de vagas de entrada para o ensino superior, de modo geral.
Portanto, vemos a mesma lógica de políticas públicas: ao mesmo tempo em que incluem,
327
159
165
366
180
181
1535
763
760
1981
923
1025
648
355
290
745
424
316
3003
2027
944
4291
2799
1447
0% 20% 40% 60% 80% 100%
TOTAL
BRANCA
NEGRA
TOTAL
BRANCA
NEGRA
2014 2018
LÊ E ESCREVE FUNDAMENTAL INCOMPLETO
FUNDAMENTAL COMPLETO MEDIO INCOMPLETO
MEDIO COMPLETO SUPERIOR INCOMPLETO
SUPERIOR COMPLETO
Resultados eleitorais e divisão sexual do trabalho: análise interseccional da cota de gênero na política
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buscando a igualdade de oportunidades, não modifica os privilégios dos que sempre estiveram
acesso pela lógica social (ARRETCHE, 2015).
Gráfico 3 - Proporção e quantidade de grau de instrução entre candidatos e candidatas eleitos
e não eleitos ao cargo de deputado federal, nas eleições de 1998 a 2018
Fonte: Elaborado pela autora com dados extraídos de CEPESP (2019)
O intervalo entre a proporção da população com acesso ao ensino superior e aos
candidatos que foram eleitos é ainda maior e esse comportamento é percebido no Gráfico 3,
tanto para homens quanto para mulheres. Sem os dados de raça, limitados a 2014 e 2018,
podemos ver os resultados eleitorais dos 20 primeiros anos de vigência da política de cotas,
referente ao grau de instrução de eleitas, eleitos e quem não conseguiu se eleger. uma
incontestável distância da realidade da população quando o assunto é acesso à educação, uma
vez que mais de 50% de pessoas não completaram o ensino médio além de esses dados
variarem dependendo da região do país analisada (IBGE, 2020). Os homens eleitos a deputados
2
2
9
23
21
51
98
101
39
7
16
10
10 110
216
315
275
219
255
13
63
4
352 96
140 246
520
718
48
47
40
42
41
40 438 612
905
825
970
1220
25
7
7
3
343 54
70 126
205
265
3342
3137
37
34 306 373
454
392
403
443
23 30
32
33
43
70 179
223
321 401
726
1165
384
354
381
366
366
345 1404
1556
1873
1738
1868
2712
0% 20% 40% 60% 80% 100%
1998
2002
2006
2010
2014
2018
1998
2002
2006
2010
2014
2018
1998
2002
2006
2010
2014
2018
1998
2002
2006
2010
2014
2018
ELEITO NÃO ELEITO ELEITO NÃO ELEITO
FEMININO MASCULINO
LÊ E ESCREVE FUNDAMENTAL INCOMPLETO
FUNDAMENTAL COMPLETO MEDIO INCOMPLETO
MEDIO COMPLETO SUPERIOR INCOMPLETO
SUPERIOR COMPLETO
Laura Cazarini TROTTA
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federais tiveram pouca oscilação na proporção do nível de instrução. Já no caso das mulheres,
a proporção e a quantidade com ensino superior completo e incompleto aumentaram no período
analisado, de 25 deputadas, cerca de 86%; subiu para 73 deputadas, quase 95% das eleitas com
acesso ao ensino superior (CEPESP, 2019).
Gráfico 4 - Proporção e quantidade do número de Candidatos e Candidatas a Deputado
Federal, Eleitos e Não Eleitos, por Grau de Instrução e Raça Negra (parda e preta), branca e
total , nas Eleições de 2014 e 2018
Fonte: Elaborado pela autora com dados extraídos de CEPESP (2019)
Para podermos visualizar melhor os dados, dividimos as(os) candidatas(os) ao cargo de
Deputada(o) Federal, dessa vez separando entre Feminino e Masculino, Eleito e Não Eleito e
por Raça. Para manter a coerência com os dados apresentados no artigo, para o Gráfico 4 foram
novamente unidos os dados das pessoas pardas e pretas na categoria Negra e comparado à
Branca e ao Total; além da falta de dados novamente limitar a análise racial apenas as eleições
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de 2014 e 2018. O Gráfico 4 mostra como os espaços políticos estão pouco ocupados com
diferentes perspectivas de uma população que não acessa a educação superior, principalmente
para as mulheres. Afinal, no número total de eleitos, a grande maioria teve acesso ao ensino
superior. Desta forma, pode-se entender que há uma supervalorização da educação na ocupação
desses cargos para os que sobrepõem certas opressões, principalmente pelo fato de todas as 13
mulheres negras (autodeclaradas pretas e pardas) eleitas em 2018 terem o ensino superior
completo (CEPESP, 2019).
Análise interseccional
A interseccionalidade é uma abordagem teórica que reconhece a complexidade das
identidades individuais e como as diferentes formas de opressão se sobrepõem e interagem para
criar experiências únicas de discriminação e marginalização. O termo foi cunhado pela
professora e advogada estadunidense Kimberlé Crenshaw, que argumenta que não é possível
fracionar características pessoais, muito menos hierarquizá-las. As análises sobre
discriminações não podem ser feitas separadamente, afinal o preconceito contra a mulher negra
se diferencia do preconceito contra um homem negro, por ela ser mulher, ou das exclusões de
uma mulher branca, pela sua cor. Assim, as características se sobrepõem, sendo elas duas – ou
mais posições de opressão e não há a possibilidade de mensurar as discriminações
(CRENSHAW, 2012). Lélia Gonzalez descreve essa sobreposição historicamente, alegando que
a abolição da escravidão previa igualdade aos cidadãos, mas que o papel da mulher negra ainda
se posicionava na base social, diferenciando-as do status de cidadão comum. Gonzalez também
critica os movimentos feministas que historicamente elevaram pautas como o do trabalho para
mulheres, esquecendo-se que essa “liberdade” de trabalhar era a realidade das mulheres
negras. Ainda aponta como um fato encoberto por movimentos de mulheres que “a libertação
da mulher branca tem sido feita às custas da exploração da mulher negra” (GONZALEZ, 2020b,
p. 43).
A ausência de diversidade no perfil de pessoas eleitas e não eleitas é evidenciada no
cruzamento dos dados, quando comparamos os números populacionais e os dados de candidatos
eleitos e não eleitos para o cargo de deputado federal. A cada novo recorte de características
possíveis de serem analisadas, vemos diminuir a presença de diferentes perspectivas. Um
exemplo dessa exclusão de mulheres e pessoas negras de ambientes historicamente elitistas é a
pesquisa de Ribeiro e Schlegel, que acompanha a trajetória das políticas de cotas nas
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universidades e a relação do grau de instrução da população brasileira, analisando a
estratificação horizontal do ensino superior. Os autores notaram uma divisão clara nas carreiras
de ensino superior que apesar da tendência de diminuição das assimetrias entre marcadores
sociais em uma análise vertical, as carreiras universitárias de maior prestígio social e com maior
potencialidade para melhores remunerações, ainda são majoritariamente ocupadas por homens
e pessoas brancas. E conseguimos observar esse mesmo comportamento no campo político. No
estudo citado, também vemos que a inclusão de mulheres no ensino superior foi bem-sucedida
quando são observados números gerais, pois ultrapassam os homens em quantidade, inclusive
quando os autores realizam a análise horizontal, verificando a ocupação dos espaços em
carreiras anteriormente consideras masculinas – ultrapassando-os em algumas destas. Porém, a
inclusão de pessoas negras ainda é paulatina e as pessoas pretas ainda têm menor espaço e
possibilidade de entrar nas carreiras de maior prestígio social. Esses argumentos corroboram
com a questão da divisão sexual do trabalho, incluindo a questão racial nesse ponto, pois,
mesmo alcançando as universidades, os homens e pessoas brancas ainda tem a maior
possibilidade de terem melhores rendimentos e maior possibilidade de escolha (RIBEIRO;
SCHLEGEL, 2015).
Portanto, ao observar os Gráficos 1 e 2, é possível entender que as exclusões se
aprofundam também a partir da falta de oportunidade de certos grupos sociais ao acesso a
serviços, sendo públicos ou privados. Diferentes papéis sociais são atribuídos para as
características dos sujeitos, como sexo ou cor e, portanto, diferentes funções profissionais e
políticas também são definidas. Nas últimas décadas, nota-se uma mudança na valorização da
educação e na ocupação dos espaços pelas mulheres e, com isso, uma mudança na divisão de
tarefas e funções, mas ainda há diferenças nesses papéis atribuídos político e profissionalmente
(ARAÚJO; SCALON, 2006). Gomes discorre sobre o acesso à educação e o grau de instrução
de um indivíduo ter o poder de modificar seu posicionamento social e suas possibilidades de
acesso a outros ambientes, incluindo o político (GOMES, 1996; 2011).
Os dados sobre gênero e grau de instrução das candidaturas entre 1998 e 2018 mostram
certa proximidade da proporção com uma estabilidade maior para os homens e uma variação
pouco maior no caso das mulheres. Mais de 50% das candidatas e candidatos apresentarem
ensino superior completo ou incompleto. uma tendência de aumento nos últimos anos do
grau de instrução geral, que pode ser influência do aumento das vagas no ensino superior nas
últimas décadas (CORBUCCI, 2014). Porém, apesar dessa expansão, a quantidade de
candidatos com acesso ao ensino superior está distante dos dados populacionais de 2018,
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mostrados no Gráfico 1, em que 16,5% de brasileiros acima dos 25 anos têm o ensino superior
completo (IBGE, 2020).
Da mesma forma que a política de cotas nas universidades incluiu pessoas negras no
ensino superior, sem retirar os privilégios dos insiders, a política de cotas de gênero conseguiu
a inclusão de candidaturas femininas, mas sem modificar o privilégio dos candidatos homens,
pois, ao longo dos anos de exercício, foram aumentadas as vagas para candidaturas por partido
e coligação. Assim, a dificuldade de inclusão feminina (foco da política) se retroalimenta,
porque a perspectiva social da mulher parte de um lugar de submissão e invisibilidade, com
diferenças nas formas, essa exclusão se incide para mulheres negras, trabalhadoras,
LGBTQIA+, entre outros marcadores sociais (BIROLI, 2016). A herança dos tempos do Brasil
como colônia portuguesa, da sociedade escravocrata e da família patriarcal deixaram profundas
marcas ainda presentes nas relações atuais. A tendência ao patrimonialismo, onde uma
dificuldade na distinção entre público e privado, faz com que essas relações sejam abrandadas
pela convivência de pessoas com realidades diferentes (GONZALEZ, 2020).
Além de terem aumentado o número de mulheres com ensino superior ao longo dos
anos, como vimos no Gráfico 3, o Gráfico 4 mostra como o sucesso eleitoral para mulheres
negras pode ser bem mais exigente. O fato de todas as mulheres negras eleitas em 2014 terem
pelo menos o ensino médio completo e todas as eleitas em 2018 serem formadas no ensino
superior demonstra esse ponto. Outros dados seriam relevantes para serem analisados, mas não
estão disponíveis, por exemplo, o número de filhos entre pessoas eleitas e não eleitas e a
comparação destes dados entre mulheres e homens. A ocupação de cada um para além do cargo
no legislativo também pode ser um dado interessante para essa análise, mas exigiria uma
metodologia diferente para categorizar as ocupações e entender quais destas são mais e menos
valorizadas socialmente.
Conclusão
Ao excluir parte da população dos ambientes políticos, as decisões políticas são tomadas
por quem consegue tal acesso. Ao analisarmos os perfis de deputados e deputadas federais,
vemos uma tímida inclusão de mulheres e, ao acrescentarmos outras características para
analisar os dados dessas mulheres, podemos ver outros padrões sociais de exclusão se
replicando. Nesse sentido, se afirma que as mulheres já entram nesse cenário perdendo, afinal,
a exclusão é marcada por seu gênero e/ou sexo como característica relevante para (não) estar
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no ambiente político. Ou seja, o critério de exclusão leva características pessoais em conta,
partindo de uma exclusão descritiva.
Estamos diante de um movimento que se retroalimenta, afinal o contexto de privação
que observamos exclui certos grupos, ao passo que esses grupos não estão presentes para criar
e defender as políticas públicas feitas para suas demandas e a partir das suas perspectivas. Por
isso a importância de lermos os dados apresentados procurando entender as perspectivas, tanto
da população como um todo destinatária das políticas e ações tomadas pelo Estado –, mas
também qual a melhor forma de inclusão dentro do contexto local e quem são os representantes
dessa população, que tem o poder da tomada de decisões em nome de tantos brasileiros que
carregam suas especificidades, peculiaridades e identidades.
Até aqui falamos em inclusão de diversidade focando na questão das mulheres, pessoas
não brancas e da tendência de pessoas com maiores graus de instrução entrarem na política.
Também é importante pontuarmos que a sub-representação não é restrita aos grupos analisados,
mas também marca outros grupos e suas diversas exclusões. particularidades em cada grupo
mulheres, pessoas negras, pessoas pobres, LGBTQIA+, trabalhadores, pessoa com deficiência
(PcD), pessoas com menores graus de instrução e outros outsiders políticos. Quando olhamos
para a realidade, sabemos que as características individuais não se dividem por fronteiras, mas
se sobrepõe. A análise interseccionalidade é importante para não esquecermos que não existem
uma proporção para cada exclusão, ou cada característica, que pode ser ainda mais acentuada
para aqueles que vivenciam múltiplas formas de marginalização.
Nesse sentido, a carreira política pode entrar nos argumentos anteriormente citados
sobre divisão sexual do trabalho e a assimetria na estratificação horizontal das carreiras
universitárias entre mulheres e pessoas negras. Pela questão de remuneração, também pode ser
um indício da classe social e acesso a serviços, mesmo com as políticas de inclusão no ensino
superior. Como na carreira política um prestígio social, a possibilidade de existir uma
exigência cada vez maior para a ocupação desses espaços. Nesse sentido, para as mulheres
negras pode ser exigido ainda mais mesmo que as outras categorias de candidatos e eleitos
também apresentarem um alto índice de acesso ao ensino superior.
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Gostaria de agrade à UFABC, onde desenvolvi minha dissertação de
mestrado, primeiro momento que apresentei esses dados. Gostaria de agradecer ao Diego
Sanches Corrêa, meu orientador, Luciana de Oliveira Ramos, Catarina Ianni Segatto e
Carolina Gabas Stuchi, que discutiram a dissertação nas bancas de qualificação e defesa.
Também agradeço às contribuições deixadas pelas colegas no Seminário Internacional
Fazendo Gênero 12, que sugeriram melhorias para que pudesse chegar no artigo final.
Financiamento: O artigo é parte da dissertação de mestrado, fomentado pela UFABC.
Conflitos de interesse: Não há conflito de interesse.
Aprovação ética: Não foi necessário passar por algum comitê de ética, pois foram
utilizados dados secundários e públicos.
Disponibilidade de dados e material: Os dados e materiais utilizados no trabalho estão
disponíveis para acesso público, disponibilizados pelo TSE.
Contribuições dos autores: A autora, Laura Cazarini Trotta, realizou todos os processos
para o desenvolvimento do artigo.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.928 1
ELECTORAL RESULTS AND THE SEXUAL DIVISION OF LABOR: AN
INTERSECTIONAL ANALYSIS OF THE GENDER QUOTA IN POLITICS
RESULTADOS ELEITORAIS E DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO: ANÁLISE
INTERSECCIONAL DA COTA DE GÊNERO NA POLÍTICA
RESULTADOS ELECTORALES Y DIVISIÓN SEXUAL DEL TRABAJO: UN ANÁLISIS
INTERSECCIONAL DE LA CUOTA DE GÉNERO EN POLÍTICA
Laura Cazarini TROTTA1
e-mail: lauracazarini@gmail.com
How to reference this article:
TROTTA, L. Electoral results and the sexual division of labor: An
intersectional analysis of the gender quota in politics. Teoria &
Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00,
e023021, 2023. e-ISSN: 2236-0107. DOI:
https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.928
| Submitted: 10/04/2022
| Required revisions: 08/04/2023
| Approved: 17/09/2023
| Published: 15/12/2023
Editors:
Profa. Dra. Simone Diniz
Prof. Dr. Eduardo de Lima Caldas
Profa. Dra. Mércia Kaline Freitas Alves
Dr. Vinícius Silva Alves
Deputy Executive Editors:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Federal University of São Carlos (UFSCar), São Carlos SP Brazil. PhD student in the Postgraduate Program
in Political Science. Master's degree in Public Policy from the Federal University of ABC (UFABC).
Electoral results and the sexual division of labor: An intersectional analysis of the gender quota in politics
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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ABSTRACT: This article analyzes the effects of gender quotas in Brazilian elections for the
position of federal deputy in the first 20 years of their existence. The research question was
whether the sexual division of labor affects the election results for women and black women.
The variables considered in this study were gender, level of education, and race of the
candidates, comparing the profiles of elected and non-elected candidates and the Brazilian
population. Using an intersectional approach and feminist theory, electoral data from 6 elections
were analyzed, with limited data and verification on the race variable. The intersectional
analysis revealed that black women face even more barriers and higher education requirements
to occupy political positions.
KEYWORDS: Gender quota. Sexual division of labor. Women in politics. Race and elections.
Intersectionality.
RESUMO: Este artigo analisa os efeitos das cotas de gênero nas eleições brasileiras para o
cargo de deputado federal nos primeiros 20 anos de sua vigência. Partiu-se da pergunta de
pesquisa: a divisão sexual do trabalho afeta os resultados das eleições para mulheres e
mulheres negras? As variáveis consideradas neste trabalho foram: gênero, o grau de instrução
e cor dos candidatos, comparando os perfis dos eleitos e não eleitos e da população brasileira.
Utilizando uma abordagem interseccional e teoria feminista, foram cruzados os dados
eleitorais de 6 pleitos, com dados e verificação limitada na variável raça. A análise
interseccional revelou que as mulheres negras enfrentam ainda mais barreiras e mais
exigências no grau de instrução para ocupar cargos políticos.
PALAVRAS-CHAVE: Cota de gênero. Divisão sexual do trabalho. Mulheres na política. Raça
e eleições. Interseccionalidade.
RESUMEN: Este artículo analiza los efectos de las cuotas de género en las elecciones
brasileñas para el cargo de diputado federal en los primeros 20 años de su vigencia. Partiendo
de la pregunta de investigación: ¿la división sexual del trabajo afecta los resultados de las
elecciones para mujeres y mujeres negras? Las variables consideradas en este trabajo fueron:
género, nivel de instrucción y color de los candidatos, comparando los perfiles de los elegidos
y no elegidos y de la población brasileña. Utilizando un enfoque interseccional y teoría
feminista, se cruzaron los datos electorales de 6 elecciones, con datos y verificación limitada
en la variable raza. El análisis interseccional reveló que las mujeres negras enfrentan aún más
barreras y exigencias en el nivel de instrucción para ocupar cargos políticos.
PALABRAS CLAVE: Cuotas de género. División sexual del trabajo. Mujeres en la política.
Raza y elecciones. Interseccionalidad.
Laura Cazarini TROTTA
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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Introduction
On 2 October 2020, there was a significant change in the direction of Brazilian electoral
campaigns. The TSE approved the immediate start of a new financial quota for the electoral
campaigns of black people, something that had already been approved and planned for the 2022
elections. However, this definition meant that the measure was brought forward to the 2020
elections. According to the new rule, each party's free advertising time and public funding
would be distributed proportionally among black and brown candidates (TSE, 2018). This
action is yet another attempt, since 1995, to create mechanisms to correct historical
disadvantages in the participation of socially excluded individuals. Gender quotas for
legislative positions have been in force since 1996 (BRASIL, 1995), and even after all these
years, the Brazilian reality still presents a scenario of a low proportion of women, with growth
below the expectations of when the law was created.
In order to create a policy of gender quotas in Brazil, then Federal Deputy Marta Suplicy
drafted Bill 783 of 1995
2
, in co-authorship with 29 other women (SUPLICY, 1995). There was
an international influence which meant that, at the same time, several countries were adopting
some kind of quota for women in politics, such as the 5th Beijing Conference
3
, an important
milestone in feminist struggles. The law was passed with a more specific text than we find in
the Bill. The following elections had different electoral rules - from general parts (such as the
inability to form a coalition for legislative positions), to issues that directly affect gender quotas,
making it difficult to carry out a more direct analysis of the result. Therefore, as we did not have
two elections with the same rules, we cannot compare what may have influenced the different
results. This means that, although in this article we analyze the outcome of current policy with
data from the last two elections for the position of federal deputy, all the elections observed do
not have the exact same rules. Although changes in laws are not the focus of this work, it is
necessary to consider them since they influence electoral results.
The under-representation of women in politics and positions of power is a global
problem that does not only affect Brazil. Compared to other countries, Brazil has historically
2
The proposed text aimed to include Brazilian women in politics through a 30% quota for female candidates on
lists presented by parties for proportional representation positions. One of the ideas defended in the text of the
proposal was to adopt the closed list system, as in Argentina, the country that inspired the Project, but this part
was not accepted by Brazilian law (SUPLICY, 1995).
3
The 5th World Conference on Women took place in 1995 in Beijing, one of the most important events for
promoting women's issues on the international stage. Committees from states all over the world and various non-
governmental organizations were invited to take part in the conference. There, objectives were set for improving
women's lives, through policies; and commitments were made to organizations, including the UN, which would
later create a specific body to deal with women's issues.
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lagged behind in terms of women's guaranteed votes, after 43 years since the Proclamation of
the Republic, with a late inclusion of women in politics. Compared to other geopolitically
similar countries, such as Latin American states, Brazil has always been lower in the
international ranking (ARAUJO, 2001). To use recent international comparison data, there is a
ranking produced by the United Nations (UN) and the Inter-Parliamentary Union to verify the
participation of women in the legislature around the world. Of the 192 countries analyzed, in
April 2022, Brazil was in 145th place in relation to the other states
4
(IPU, 2022). Numerous
arguments in political science literature have been put forward to explain the fact that under-
representativeness can be seen in different states. Throughout the article, theories and authors
will be used to understand the continued exclusion of women from politics, which prevents the
gender quota policy from achieving its goal of increasing female representation in power.
By putting the absence of women in the political environment on the agenda, we will
relate the theories of the sexual division of labor and look at the Brazilian reality from an
intersectional perspective. Since knowledge is not neutral, we will draw on feminist analyses
of how women workers are perceived and whether and how this type of conduct influences the
election of women, especially black women. The inclusion of diverse groups is justified by the
inclusion of different perspectives, which can improve the quality of policies. The analysis will
be based on data chosen to verify whether there is a social replication in the people elected to
parliament of an exclusion of women and black women, making the demand much greater for
people who are already part of excluded groups. We will therefore describe the electoral results
of 2014 and 2018 from an intersectional perspective, using the theory of the sexual division of
labor, starting with the question: does the sexual division of labor affect the results of elections
for women and black people?
Based on this question, the article moves from this introduction to the second section,
which presents the issue of female under-representation in politics from a theoretical and
feminist perspective; this justifies the next section, which describes the methodologies chosen;
so that in the fourth section the results of the gender quota policy are analyzed, firstly, only
from 2014 and 2018, due to the limited data on the color of those who ran or were elected, then,
from a broader comparison of the 20 years this policy has been in force, regarding the level of
education of female candidates elected. The intersectional analysis seeks to answer the question
posed, thinking about the greater demands made on black women, the most under-represented
4
The ranking is updated monthly, so this position refers to April 2022.
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profile, compared to white men, who are over-represented in the Chamber of Deputies, and
moves on to the final conclusions.
Under-representations in politics
Political representation is a controversial topic in the literature, as it can involve
recognizing different individual dimensions, including the ideas, interests, experiences and
characteristics of those represented and representatives. Diversity and inclusion are
fundamental to ensuring fairer and more effective representation, capable of meeting the needs
and demands of different groups and sectors of society. Descriptive representation is
representation that brings the profile of those represented closer to their representatives, i.e.
when the characteristics and attributes of those represented (whether physical and/or those that
build individual and group identity) are reflected in the characteristics and attributes of the
representatives. Its defense generates controversy, but there is a consensus that the sharing of
characteristics does not mean the defense of group interests, both for authors who defend and
for those who are against the application of affirmative action for the inclusion of excluded
groups (ARAUJO, 2001; PITKIN, 1967; SCOTT, 2005; YOUNG, 2006). Despite agreeing
with the importance of defending representation by ideas, Phillips believes that the
characteristics of the subject who is intended to be a representative also matter. The author
defends the politics of presence, pointing out the importance of diversity in political spaces and
the need to understand who the represented and the representative are (PHILLIPS, 1995; 2001).
In addition to the issues raised by Phillips, Young highlights the importance of including
the concept of perspectives, justifying the common characteristics of the population and their
representatives not by predicting the decisions of these representatives, but as a common
starting point between individuals who share the same experiences. The fact that the profile of
those who represent is so different from the population represented makes us question how
policies are constructed, since many of these individuals do not start from different perspectives
and may not be open to policies created from different experiences. Young adds that multiple
experiences lead to the decentralization of common ideas, facilitating the inclusion of new
points of view and enriching the political debate. It is worth pointing out that there is no right
or wrong way to correct the problem of under-representativeness found in each environment.
Different strategies are created for each situation, seeking to correct exclusions based on their
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context. Different approaches are taken to different ways of including socially and historically
excluded representatives (YOUNG, 2006).
The argument put forward by the authors of the book "Raça e Eleições no Brasil" (Race
and Elections in Brazil) about the exclusion of black people from positions of power is
consistent with the discussion about representativeness and political inclusion. The data shows
that there is a greater proximity of proportions between population and voter data for black
people at the time of candidacy. However, when you put a magnifying glass on the data, the
candidates who declared themselves to be black are distributed unevenly between the largest,
medium and small parties; in relation to the state and region of the country; as well as being the
least funded among other candidate profiles. One of the main justifications for the importance
of political inclusion for discriminated groups is their participation in the creation and
construction of public policies, because, as the authors point out, most public policies in Brazil
end up having a direct or indirect influence on the lives of black people (CAMPOS;
MACHADO, 2020).
If there is no inclusion of minority groups in politics, this status is likely to be
maintained, because without providing greater autonomy, how will individuals emancipate
themselves to occupy other social and political spaces? Crenshaw argues that although there
are policies that purport to be feminist and anti-racist, black women are often left out of the
focus of these policies (CRENSHAW, 1994). In addition, there are many obstacles to positions
of power and decision-making. For example, in the Brazilian Chamber of Deputies, for a new
deputy to be elected, another has to leave, which means that for diverse profiles to enter, it is
necessary for people with a dominant profile not to be re-elected, after all, the number of seats
has remained the same since it was established in 1993 (BRASIL, 1993).
When discussing gender differences, it is important to understand that the hierarchy
between the sexes (the term is used when laws are written) and the differences in occupying
positions are not biological, but social, just like the problems caused by male chauvinism and
domination. Through symbols and dualities, women are placed in the private sphere, in the
home and caring for others, while men are placed in the public sphere, as they are the
"providers" and exercise power (BOURDIEU, 2012). In the same way, social differences when
they involve racial issues have nothing biological about them; after all, the term is only used
for humans to refer to the historical and social meaning attributed to individuals' skin color. In
this context, the sexual division of labor is another social consequence and consists of "a power
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relationship, a division within the workforce" (FEDERICI, 2017, p. 232, our translation) that
differentiates productive work from reproductive work and does not value the latter.
Domestic and maternal work are not only socially devalued, but when women enter the
labor market, they are maintained and added to other functions, which overburdens women.
Faced with this scenario, there are feminist theoretical strands that advocate accounting for
reproductive and care work in GDP and/or its remuneration (FEDERICI, 2017). The analysis
becomes more complicated when issues such as race, occupation of spaces, urbanization and
division of cities, devaluation of professions linked to teaching and care, and exploitation of the
working class are superimposed. In other words, the overload and devaluation of reproductive
work is a subject that converges with the difficulty of including women in politics, as questions
are raised about all the hours worked each week - both inside and outside the occupation - as
well as the hours spent commuting, especially in large cities (BIROLI, 2016; FEDERICI, 2017;
HIRATA, 2014).
When dealing with the subject, Hirata points out that the differences in relation to work
become clearer when the racial issue is added, after all, there are differences in pay between
white men, black men, white women and black women (and this is the order of who receives
the highest salaries, to the lowest salaries). Domestic work, often assigned to women and black
people, is predominantly carried out by black workers, who face precarious conditions, low
wages and less social prestige. In this context, women face higher unemployment rates and
black men are more vulnerable in informal jobs (HIRATA, 2014). As mentioned, this division
also affects individuals' work occupations, directing women towards jobs considered
"feminine", while the field of politics is still seen as masculine.
In order to address political under-representation, we look at who the representatives are
and who the represented are and we can see the distance between their profiles. Racial
inequality in Brazil has been present since people were brought here to be enslaved, making the
practice of enslavement institutional and still not socially overcome in most spaces. In addition,
women's political inequality is historical, structural (in terms of the sexual division of labor)
and cultural (BIROLI, 2016; FEDERICI, 2017; GONZALEZ, 2020; SCOTT, 2005). For this
reason, Clara Araújo states that "women tend to enter the public sphere at a greater
disadvantage. [...] The place of politics is constructed in the absence of women" (ARAÚJO,
2011, p. 148, our translation). It is also important to make it clear that descriptive inclusion,
based on characteristics, does not necessarily guarantee changes in agendas and public
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advocacy. Even so, this type of representation is defended by the literature and is the most
intuitive way of analyzing profile data, which will be done in the next section.
Methodology
In order to analyze the results of the 20 years of the quota policy, we used figures from
the Chamber of Deputies, since the Chamber is supposed to represent the population of our
country. Among the different possibilities for data analysis, we chose to analyze three variables:
gender, race and level of education. The gender variable is binary, divided into men and women,
and despite valid questions about it, we chose to keep it as it is filled in on the forms and written
in the laws
5
. Despite being the numerical majority of the population and coexisting with men,
the social group of women is claimed as a social minority, as they understand the non-inclusion
in spaces and different behaviors that are taken from their social differentiation. Stereotyping
an individual as a form of discrimination has consequences for social organization, and there is
still some reduction in the identity of these individuals in relation to that stereotype (SCOTT,
2005).
The racial data would be analyzed in the official categories, black, brown, yellow,
indigenous and white, but in this article, to facilitate the comparison of the population's level of
education, the TSE data has been standardized with the IBGE data. Thus, the brown and black
categories have been merged into the black category and compared to the white category, we
have also brought in the total number of the population to analyze the level of education. It is
important to note that racial data is created differently at the IBGE and the TSE and that there
are three different methods for racial identification: by DNA analysis, by self-classification and
by heteroclassification.
6
. The IBGE combines the last two formats to generate ethnic data on
the Brazilian population, while the TSE uses ethnic-racial self-declaration. Population surveys
began to include the pardo (brown) category in their analysis of black people, in response to a
demand from the black movement (GUIMARÃES, 2003). Although there are criticisms of
racial identification methods because of their subjectivity, there are positions and stereotypes
that socially position individuals (OSORIO, 2003).
5
Sex is read socially without problem in the case of cisgender people, but trans women and men, transvestites and
other people not identified in the cisnormative spectrum are still frequently questioned about their sex/gender, as
well as suffering social and institutional prejudice. In order to verify the data, we still need to look at the available
data: the sex variable.
6
Heteroclassification is done by a third party, who analyzes someone's color/race in person or through photos.
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The racial variable is important for our analysis because, as Lélia Gonzalez puts it,
"racism, this cold and extreme elaboration of the Aryan model of explanation, whose presence
is a constant at all levels of thought, [...] establishes a racial and cultural hierarchy that opposes
Western white 'superiority' to black-African 'inferiority'" (GONZALEZ, 2020a, p. 135, our
translation). Based on the construction of identity, which takes place individually and
collectively, when the issue of race is analyzed alongside gender, it shows the relevance of
scoring the race of candidates in Brazil, a country with a history of slavery of more than 300
years and the country with most black people outside of Africa (SANTOS, 2008).
It is important to note that the indigenous population, which suffered European
colonization, still faces problems such as murders, loss of their lands and even the need to
maintain previously guaranteed rights. Despite the importance of bringing up these points and
accounting for the total population, the indigenous population and also the yellow population
present a complexity in data analysis that in this article focuses only on comparing white people,
black people and the sum of the five races officially accounted for by the IBGE.
The "level of education" variable differs from the first two individual characteristics in
that it is something that an individual has necessarily achieved, backed by an elementary,
secondary, technical or higher education institution. Like gender and race, it can also modify
the possibilities of access in an individual's life. This variable is obtained from the data provided
by the parties to the TSE and, due to its characteristics, can change with each election, but the
levels only advance on the education scale and cannot go backwards once they have been
achieved. The levels of education are: illiterate, read and write, incomplete and complete
primary education, incomplete and complete secondary education and complete and incomplete
higher education. Due to lack of data, postgraduate degrees are not included here.
Professor Nilma Lino Gomes writes on the subjects of education, race and gender and
says that the construction of a subject's identity can arise from different identifications. The
school and academic environments are major influencers in this composition, after all, there is
no separating what happens inside and outside these places. In other words, the perspectives on
social issues of the subjects involved in school relationships are part of this constructed
reference. The lack of references and representation has an influence on the question of the
individual's belonging, from the absence or prejudice of the materials used (didactic materials,
posters and authors studied), to the absence of black people on the teaching staff - even more
limited within universities (GOMES, 1996; 2011).
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Result of the gender quota policy
Having presented the guidelines and directions of this research, we now move on to the
results. As mentioned, the data provided by the IBGE in 2018 is not separated into the categories
"women" and "men" when it comes to educational attainment. For this reason, Graph 1 shows
the difference between the level of education of the Brazilian population by "black" race, which
is the sum of black and mixed race, and "white", in addition to the total, adding and accounting
for the other categories - indigenous, yellow and without a color declaration - which are not
available separately (IBGE, 2018). The graph shows the 2018 scenario, showing the gap
between the black and white population, especially in the categories: no education, incomplete
primary education, both with a black majority, and complete higher education, with more than
double the proportion of whites in relation to blacks.
Graph 1 - Percentage of the Brazilian Population over 25 years of age by Race - Black
(brown and black), white and total - in 2018
Source: Devised with data from IBGE (2018)
For the purposes of comparison with the data presented, Graph 2 was divided into color
only, without the gender breakdown of the candidates for the position of Federal Deputy. The
number of self-declared black and brown candidates was added up, compared to those who
identified themselves as white in the 2014 and 2018 elections, and also to the total, adding
together the white, brown, black, yellow and indigenous categories. In this graph, in addition
to the proportion identified, the absolute numbers are shown, to keep in mind the difference in
quantity between black and white candidates.
NEGRA
BRANCA
TOTAL
NO EDUCATION
COMPLETE PRIMARY
COMPLETE SECONDARY
COMPLETE HIGHER
INCOMPLETE PRIMARY
INCOMPLETE SECONDARY
INCOMPLETE HIGHER
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Grapg 2 - Proportion and Number of Candidates for the Office of Federal Deputy by Level of
Education and Color - Black (brown and black), white and total - in the 2014 and 2018
Elections
Source: Devised by the authors with data from CEPESP (2019)
We were unable to carry out a broader temporal analysis due to the limited data on the
color/race of the candidates, but it is important to point out some of the public policies that have
influenced the expansion of universities: the Program to Support Restructuring and Expansion
Plans for Federal Universities (Reuni), which increased courses and the number of vacancies at
universities; the University for All Program (Prouni), which made it possible for low-income
and/or black and brown people to enter, giving a 50% to 100% discount on tuition fees at private
universities; the university quotas that reserve vacancies for brown, black and indigenous
people and/or low-income people who studied in public schools. All of these policies have had
an impact on the current figures seen in the graphs constructed for 2014 and 2018. As recent
policies, there is still a significant gap between the white and black population with completed
higher education. When talking about education levels and overlapping racial markers, even if
the asymmetries are still present, it is important to show that the trajectory of the policies
mentioned shows that they have fulfilled their role of increasing the access of black people to
higher education (GOMES, 2011).
Graphs 1 and 2 show how close the number of people with incomplete higher education
is to the number of people who may be in formation at the time of registering to run for
legislative office. It is important to note here that, just as the gender quota policy has increased
the number of vacancies for candidates, at the same time as reserving vacancies, universities
have also increased the variety of university courses, the number of these courses and also the
number of vacancies for entry to higher education in general. Therefore, we see the same logic
327
159
165
366
180
181
1535
763
760
1981
923
1025
648
355
290
745
424
316
3003
2027
944
4291
2799
1447
0% 20% 40% 60% 80% 100%
TOTAL
BRANCA
NEGRA
TOTAL
BRANCA
NEGRA
2014 2018
LÊ E ESCREVE FUNDAMENTAL INCOMPLETO
FUNDAMENTAL COMPLETO MEDIO INCOMPLETO
MEDIO COMPLETO SUPERIOR INCOMPLETO
SUPERIOR COMPLETO
BLACK
WHITE
TOTAL
BLACK
WHITE
TOTAL
BLACK
WHITE
TOTAL
READ AND WRITE
COMPLETE PRIMARY
COMPLETE SECONDARY
COMPLETE HIGHER
INCOMPLETE PRIMARY
INCOMPLETE SECONDARY
INCOMPLETE HIGHER
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of public policies: while they include, seeking equal opportunities, they do not change the
privileges of those who have always had access by social logic (ARRETCHE, 2015).
Graph 3 - Proportion and amount of education among candidates elected and not elected to
the position of federal deputy, in the 1998 to 2018 elections
Source: Devised by the author with data from CEPESP (2019)
The gap between the proportion of the population with access to higher education and
the candidates who were elected is even wider and this behavior can be seen in Graph 3, for
both men and women. Without the data on race, limited to 2014 and 2018, we can see the
electoral results of the first 20 years of the quota policy, in terms of the level of education of
those elected and those who failed to get elected. There is an undeniable distance from the
reality of the population when it comes to access to education, since more than 50% of people
have not completed high school (secondary) - and this data varies depending on the region of
the country analyzed (IBGE, 2020). The men elected as federal deputies had little variation in
2
2
9
23
21
51
98
101
39
7
16
10
10 110
216
315
275
219
255
13
63
4
352 96
140 246
520
718
48
47
40
42
41
40 438 612
905
825
970
1220
25
7
7
3
343 54
70 126
205
265
3342
3137
37
34 306 373
454
392
403
443
23 30
32
33
43
70 179
223
321 401
726
1165
384
354
381
366
366
345 1404
1556
1873
1738
1868
2712
0% 20% 40% 60% 80% 100%
1998
2002
2006
2010
2014
2018
1998
2002
2006
2010
2014
2018
1998
2002
2006
2010
2014
2018
1998
2002
2006
2010
2014
2018
ELEITO NÃO ELEITO ELEITO NÃO ELEITO
FEMININO MASCULINO
LÊ E ESCREVE FUNDAMENTAL INCOMPLETO
FUNDAMENTAL COMPLETO MEDIO INCOMPLETO
MEDIO COMPLETO SUPERIOR INCOMPLETO
SUPERIOR COMPLETO
MASCULINE
FEMININE
NOT ELECTED
NOT ELECTED
ELECTED
ELECTED
READ AND WRITE
COMPLETE PRIMARY
COMPLETE SECONDARY
COMPLETE HIGHER
INCOMPLETE PRIMARY
INCOMPLETE SECONDARY
INCOMPLETE HIGHER
Laura Cazarini TROTTA
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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the proportion of their level of education. In the case of women, the proportion and quantity
with complete and incomplete higher education increased in the period analyzed, from 25
deputies, about 86%; it rose to 73 deputies, almost 95% of those elected with access to higher
education (CEPESP, 2019).
Graph 4 - Proportion and number of Candidates for Federal Deputy, Elected and Not Elected,
by Level of Education and Race - Black (brown and black), white and total - in the 2014 and
2018 Elections
Source: Devised by the author with data from CEPESP (2019)
In order to better visualize the data, we divided the candidates for the position of Federal
Deputy, this time separating them into Female and Male, Elected and Not Elected and by Race.
In order to maintain consistency with the data presented in the article, Graph 4 again combines
the data for brown and black people in the Black category and compares it to White and Total;
in addition to the lack of data, it again limits the racial analysis to just the 2014 and 2018
MASCULINE
FEMININE
NOT
ELECTED
ELECTED
ELECTED
ELECTED
ELECTED
NOT
ELECTED
NOT
ELECTED
NOT
ELECTED
BLACK
WHITE
TOTAL
BLACK
WHITE
TOTAL
BLACK
WHITE
TOTAL
BLACK
WHITE
TOTAL
BLACK
WHITE
TOTAL
BLACK
WHITE
TOTAL
BLACK
WHITE
TOTAL
BLACK
WHITE
TOTAL
READ AND WRITE
COMPLETE PRIMARY
COMPLETE SECONDARY
COMPLETE HIGHER
INCOMPLETE PRIMARY
INCOMPLETE SECONDARY
INCOMPLETE HIGHER
Electoral results and the sexual division of labor: An intersectional analysis of the gender quota in politics
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elections. Graph 4 shows how little political space is occupied with different perspectives from
a population that does not have access to higher education, especially for women. After all, in
the total number of elected representatives, the vast majority had access to higher education. In
this way, it can be understood that there is an overvaluation of education in the occupation of
these positions for those who overcome certain oppressions, especially given the fact that all
13 black women (self-declared black and brown) elected in 2018 had completed higher
education (CEPESP, 2019).
Intersectional analysis
Intersectionality is a theoretical approach that recognizes the complexity of individual
identities and how different forms of oppression overlap and interact to create unique
experiences of discrimination and marginalization. The term was coined by American professor
and lawyer Kimberlé Crenshaw, who argues that it is not possible to fractionate personal
characteristics, let alone hierarchize them. Analyses of discrimination cannot be made
separately, after all, prejudice against a black woman differs from prejudice against a black
man, because she is a woman, or from exclusions of a white woman, because of her color. Thus,
the characteristics overlap, and they are two - or more - positions of oppression and there is no
possibility of measuring discrimination (CRENSHAW, 2012). Lélia Gonzalez describes this
overlap historically, claiming that the abolition of slavery provided equality for citizens, but
that the role of black women was still positioned at the bottom of society, differentiating them
from the status of ordinary citizens. Gonzalez also criticizes the feminist movements that have
historically raised the issue of work for women, forgetting that this "freedom" to work was
already a reality for black women. She also points out that "the liberation of white women has
been at the expense of the exploitation of black women" (GONZALEZ, 2020b, p. 43, our
translation).
The lack of diversity in the profile of elected and unelected people can be seen in the
cross-referencing of the data, when we compare the population figures and the data on elected
and unelected candidates for the position of federal deputy. With each new cut of possible
characteristics to be analyzed, we see the presence of different perspectives diminish. An
example of this exclusion of women and black people from historically elitist environments is
the research by Ribeiro and Schlegel, which follows the trajectory of quota policies in
universities and the relationship between the level of education of the Brazilian population,
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analyzing the horizontal stratification of higher education. The authors noted a clear division in
higher education careers: despite the tendency for asymmetries between social markers to
diminish in a vertical analysis, the university careers with the greatest social prestige and the
greatest potential for better pay are still mostly occupied by men and white people. And we can
observe this same behavior in the political field. In the aforementioned study, we also see that
the inclusion of women in higher education has been successful when looking at overall figures,
as they already outnumber men, even when the authors carry out a horizontal analysis, checking
the occupation of spaces in careers previously considered male - surpassing them in some of
these. However, the inclusion of black people is still gradual and black people still have less
space and fewer opportunities to enter careers with greater social prestige. These arguments
corroborate the issue of the sexual division of labor, including the racial issue at this point,
because even if they reach universities, men and white people still have the greatest chance of
having better incomes and greater choice (RIBEIRO; SCHLEGEL, 2015).
Therefore, by looking at Graphs 1 and 2, it is possible to understand that exclusions are
also deepened by the lack of opportunity for certain social groups to access services, whether
public or private. Different social roles are assigned to people's characteristics, such as gender
or color, and therefore different professional and political roles are also defined. In recent
decades, there has been a change in the value placed on education and the occupation of spaces
by women and, with this, a change in the division of tasks and functions, but there are still
differences in these roles assigned politically and professionally (ARAÚJO; SCALON, 2006).
Gomes talks about how access to education and an individual's level of education have the
power to change their social position and their chances of accessing other environments,
including political ones (GOMES, 1996; 2011).
The data on gender and level of education of candidates between 1998 and 2018 shows
a certain closeness of proportion, with greater stability for men and slightly greater variation in
the case of women. More than 50% of candidates have completed or incomplete higher
education. In recent years, there has been an upward trend in the overall level of education,
which may be due to the increase in higher education places in recent decades (CORBUCCI,
2014). However, despite this expansion, the number of candidates with access to higher
education is far from the 2018 population data shown in Graph 1, in which 16.5% of Brazilians
over the age of 25 have completed higher education (IBGE, 2020).
In the same way that the quota policy in universities included black people in higher
education, without removing the privileges of insiders, the gender quota policy succeeded in
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including female candidates, but without changing the privilege of male candidates, because,
over the years, the number of vacancies for candidates per party and coalition has increased.
Thus, the difficulty of women's inclusion (the focus of politics) feeds back on itself, because
the social perspective of women starts from a place of submission and invisibility, with
differences in the ways this exclusion affects black women, working women, LGBTQIA+
women, among other social markers (BIROLI, 2016). The legacy of Brazil's days as a
Portuguese colony, the slave society and the patriarchal family have left deep marks that are
still present in today's relationships. The tendency towards patrimonialism, where there is a
difficulty in distinguishing between public and private, means that these relationships are
softened by the coexistence of people with different realities (GONZALEZ, 2020).
In addition to the fact that the number of women with higher education has increased
over the years, as we saw in Graph 3, Graph 4 shows how electoral success for black women
can be much more demanding. The fact that all the black women elected in 2014 had at least
completed high school and all those elected in 2018 had higher education shows this point.
Other data would be relevant to analyze, but are not available, for example, the number of
children among elected and non-elected people and the comparison of this data between women
and men. The occupation of each person beyond their position in the legislature could also be
interesting data for this analysis, but it would require a different methodology to categorize
occupations and understand which of them are more and less socially valued.
Conclusion
By excluding part of the population from political environments, political decisions are
made by those who can access them. When we analyze the profiles of federal deputies, we see
a timid inclusion of women and, when we add other characteristics to analyze the data of these
women, we can see other social patterns of exclusion being replicated. In this sense, it can be
said that women are already losing out in this scenario, after all, exclusion is marked by their
gender and/or sex as a relevant characteristic for (not) being in the political environment. In
other words, the exclusion criterion takes personal characteristics into account, starting from a
descriptive exclusion.
We are facing a movement that feeds back on itself, after all, the context of deprivation
that we observe excludes certain groups, while these groups are not present to create and defend
public policies designed to meet their demands and based on their perspectives. That's why it's
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important to read the data presented in order to understand the perspectives of both the
population as a whole - who are the recipients of the policies and actions taken by the state -
but also what is the best form of inclusion within the local context and who are the
representatives of this population, who have the power to make decisions on behalf of so many
Brazilians who have their own specificities, peculiarities and identities.
So far we have talked about the inclusion of diversity, focusing on the issue of women,
non-white people and the tendency for people with higher levels of education to enter politics.
It is also important to point out that under-representation is not restricted to the groups analyzed,
but also marks other groups and their various exclusions. There are particularities in each group
- women, black people, poor people, LGBTQIA+, workers, people with disabilities (PwD),
people with lower levels of education and other political outsiders. When we look at reality, we
know that individual characteristics are not divided by borders, but overlap. Intersectionality
analysis is important so that we do not forget that there is not one proportion for each exclusion,
or each characteristic, which can be even more pronounced for those who experience multiple
forms of marginalization.
In this sense, a political career could be part of the arguments mentioned above about
the sexual division of labor and the asymmetry in the horizontal stratification of university
careers between women and black people. In terms of remuneration, it can also be an indication
of social class and access to services, even with the inclusion policies in higher education. As
political careers are socially prestigious, there may be increasing demands to occupy these
spaces. In this sense, black women may be even more demanding - even if the other categories
of candidates and elected representatives also have a high rate of access to higher education.
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Laura Cazarini TROTTA
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.928 21
CRediT Author Statement
Acknowledgements: I would like to thank UFABC, where I did my master's dissertation,
the first time I presented this data. I would like to thank Diego Sanches Corrêa, my advisor,
Luciana de Oliveira Ramos, Catarina Ianni Segatto and Carolina Gabas Stuchi, who
discussed the dissertation at the qualifying and defense exams. I would also like to thank
the contributions made by my colleagues at the International Seminar on Making Gender
12, who suggested improvements so that I could arrive at the final article.
Funding: The article is part of a master's dissertation, granted by UFABC.
Conflict of interest: There is no conflict of interest.
Ethical approval: It was not necessary to go through an ethics committee, as secondary
and public data was used.
Availability of data and material: The data and materials used in the work are available
for public access, provided by the TSE.
Authors’ contributions: The author, Laura Cazarini Trotta, carried out all the processes to
develop the article.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.