Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 1
CRISE DA DEMOCRACIA E POLÍTICAS ANTI-IMIGRAÇÃO NO BRASIL: UM
OLHAR SOBRE O PERÍODO DE PANDEMIA (2020 – 2021)
CRISIS DE LA DEMOCRACIA Y POLÍTICAS ANTIINMIGRACIÓN EN BRASIL: UNA
MIRADA AL PERÍODO PANDÉMICO (2020 - 2021)
CRISIS OF DEMOCRACY AND ANTI-IMMIGRATION POLICIES IN BRAZIL: A
LOOK AT THE PANDEMIC PERIOD (2020 - 2021)
Paula Dias DORNELAS1
e-mail: pauladdornelas@gmail.com
Victor Bicalho QUIRINO2
e-mail: victorbbicalho@gmail.com
Como referenciar este artigo:
DORNELAS, P. D.; QUIRINO, V. B. Crise da democracia e
políticas anti-imigração no Brasil: Um olhar sobre o período de
pandemia (2020-2021). Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência
Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-
0107. DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876
| Submetido em: 01/08/2021
| Revisões requeridas em: 07/07/2023
| Aprovado em: 31/07/2023
| Publicado em: 20/08/2023
Editores:
Profa. Dra. Simone Diniz
Prof. Dr. Eduardo de Lima Caldas
Profa. Dra. Mércia Kaline Freitas Alves
Dr. Vinícius Silva Alves
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte MG Brasil. Doutoranda e Mestra em Ciência
Política (Programa de Pós-graduação em Ciência Política - UFMG).
2
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte MG Brasil. Mestre em Direito (Programa
de Pós-graduação em Direito - UFMG).
Crise da democracia e políticas anti-imigração no Brasil: Um olhar sobre o período de pandemia (2020-2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 2
RESUMO: O cenário global das migrações internacionais tem sido marcado por práticas e
políticas de recrudescimento de fronteiras físicas e simbólicas. No contexto de pandemia da
Covid-19, medidas de impedimento aos deslocamentos populacionais foram registradas, com o
objetivo de conter o avanço do vírus. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é discorrer sobre
práticas e narrativas adotadas no Brasil, em relação à temática migratória, durante período da
pandemia. Mobilizando teorias democráticas, e com base em revisão bibliográfica e análise
qualitativa de atos normativos, o artigo busca refletir sobre o enfraquecimento da democracia
no país, observando, principalmente, como discursos e práticas nacionalistas, antidemocráticas
e contrárias à imigração e a imigrantes se apresentaram durante os dois primeiros anos da
pandemia (2020 e 2021). Analisamos qualitativamente como o então governo brasileiro e outros
atores políticos mobilizaram o discurso anti-imigração, observando como esses cenários
refletem, impactam e/ou se relacionam com as discussões em torno da crise da democracia.
Com base nas análises, foi possível observar como o fechamento de fronteiras foi
acompanhado, em muitos casos, por uma intensificação nos discursos nacionalistas e nas ações
xenofóbicas em diferentes arenas.
PALAVRAS-CHAVE: Pandemia. Migração. Democracia. Fronteiras. Covid-19.
RESUMEN: El escenario mundial de las migraciones internacionales se ha caracterizado por
prácticas y políticas de endurecimiento de las fronteras físicas y simbólicas. En el contexto de
la pandemia del Covid-19, se han adoptado medidas para evitar el desplazamiento de la
población con el fin de contener la propagación del virus. El objetivo de este artículo es debatir
las prácticas y narrativas adoptadas en Brasil en relación con la migración durante la
pandemia. Movilizando teorías democráticas, y a partir de una revisión bibliográfica y análisis
cualitativo de actos normativos, el artículo busca reflexionar sobre el debilitamiento de la
democracia en el país, observando principalmente cómo se presentaron discursos y prácticas
nacionalistas, antidemocráticas y antiinmigrantes durante los dos primeros años de la
pandemia (2020 y 2021). Analizamos cualitativamente cómo el entonces gobierno brasileño y
otros actores políticos movilizaron el discurso anti-inmigración, observando cómo estos
escenarios reflejan, impactan y/o se relacionan con las discusiones en torno a la crisis de la
democracia. A partir de los análisis, fue posible observar cómo el cierre de fronteras fue
acompañado, en muchos casos, por una intensificación de los discursos nacionalistas y
acciones xenófobas en diferentes arenas.
PALABRAS CLAVE: Pandemia. Migración. Democracia. Fronteras. Covid-19.
Paula Dias DORNELAS e Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 3
ABSTRACT: The global scenario of international migration has been marked by practices and
policies that have strengthened physical and symbolic borders. In the context of the Covid-19
pandemic, measures have been taken to prevent population displacement in order to contain
the spread of the virus. The aim of this paper is to discuss the practices and narratives adopted
in Brazil in relation to migration during the pandemic. Mobilizing democratic theories, and
based on a bibliographic review and qualitative analysis of normative acts, the article seeks to
reflect on the weakening of democracy in the country, observing, mainly, how nationalist, anti-
democratic and anti-immigrant discourses and practices were presented during the first two
years of the pandemic (2020 and 2021). We qualitatively analyzed how the then Brazilian
government and other political actors mobilized the anti-immigration discourse, observing how
these scenarios reflect, impact and/or relate to discussions around the crisis of democracy.
Based on the analysis, it was possible to observe how the closing of borders was accompanied,
in many cases, by an intensification of nationalist discourses and xenophobic actions in
different arenas.
KEYWORDS: Pandemic. Migration. Democracy. Borders. Covid-19.
Introdução
O reforço de discursos nacionalistas e contrários à imigração, o endurecimento de
fronteiras e o fortalecimento de políticas de controle e vigilância têm sido constantes na
realidade migratória na América Latina. Como apontam Domenech e Dias (2020), esses
quadros não são novos, mas têm se intensificado nas últimas décadas em vários locais do
mundo, em conjunturas marcadas pelo recrudescimento de processos de criminalização da
migração e securitização de fronteiras. Durante a pandemia da Covid-19, esse cenário se tornou
ainda mais marcante. Em um contexto de rápido contágio do vírus e de medidas sanitárias para
impedir o avanço da doença, tornou-se perceptível, também, o recrudescimento de discursos e
práticas contrárias a qualquer forma de mobilidade, bem como o aumento de narrativas
estigmatizantes e ações violentas contra comunidades de imigrantes e refugiados. O uso de
expressões como “vírus chinês” e “vírus de Wuhan” por parte de atores políticos, por exemplo,
indícios de como a nacionalidade pode ser mobilizada na tentativa de encontrar um “inimigo
externo”, o que pode reforçar quadros de xenofobia.
Como aponta Didier Fassin (2011), aparatos de controle, lógicas de ilegalização e
políticas imigratórias repressivas e restritivas m sido observadas e reforçadas por muitos
Estados-Nação, evidenciando contradições da globalização e de formas de governabilidade que
estimulam a circulação de bens, ao passo que restringem a mobilidade de pessoas. No cenário
Crise da democracia e políticas anti-imigração no Brasil: Um olhar sobre o período de pandemia (2020-2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 4
de crise da Covid-19, essas lógicas securitárias se reforçaram, potencializadas em contextos de
enfraquecimento de padrões democráticos
3
. No Brasil, por exemplo, foram publicadas portarias
que restringiram, especificamente, o acesso a migrantes e refugiados da Venezuela
4
, de modo
discriminatório e seletivo. Além disso, enquanto as fronteiras áreas estavam abertas para a
entrada de turistas e investidores internacionais, as fronteiras terrestres permaneceram fechadas,
o que impossibilitou que pessoas que não possuem outros recursos para se deslocar cruzassem
a fronteira e solicitassem refúgio (PRAZERES, 2020). O número de deportações de pessoas
migrantes também foi substancialmente maior em 2020, em comparação com o registrado em
2019 (SOUSA; LEITE, 2021). Ademais, ações violentas foram registradas no período da
pandemia: em maio de 2020, João Manuel, um imigrante angolano residente em São Paulo,
sofreu ataques xenofóbicos e foi assassinado após uma discussão sobre o pagamento do auxílio
emergencial para imigrantes (FIGUEIREDO, 2020). Meses depois, Falilatou Sarouna,
trabalhadora togolesa residente em São Paulo, foi presa sem provas, ficando detida
arbitrariamente por seis meses (PEREIRA; QUINTANILHA, 2021). Em março de 2021, um
abrigo em Roraima, com mais de 50 mulheres e crianças venezuelanas, foi invadido pela Polícia
Federal que, sem mandado judicial e munindo armas e capuzes, almejava deportar as migrantes
(FERNANDES; OLIVEIRA, 2021).
Diante desse e de outros cenários, alguns questionamentos emergem. O que essas ações
e acontecimentos podem nos dizer sobre a democracia? Paralelamente, é possível identificar
elementos de uma crise democrática no Brasil olhando, também, para o fenômeno migratório?
Como compreender essas relações diante do cenário de emergência da pandemia de Covid-19?
Partindo dessas inquietações, o artigo pretende olhar para as narrativas e políticas adotadas pelo
governo brasileiro, durante os dois primeiros anos da pandemia, em relação à pauta migratória.
Com base em discussões teóricas acerca da crise das democracias (LEVITSKY; ZIBLATT,
2018; MOUNK, 2019; PRZEWORSKI, 2019; AVRITZER, 2018, 2019; BOZÓKI, 2015;
3
Indicadores democráticos são monitorados por institutos de pesquisas e podem, nessa perspectiva, embasar
diagnósticos sobre o enfraquecimento de democracias. A partir de dados disponibilizados pela Varieties of
Democracy 2017, por exemplo, Elkins (2018) constatou que, desde 2010, alguns países, entre eles o Brasil,
apresentaram declínios democráticos significativos em comparação histórica.
4
O primeiro ato normativo publicado sobre a restrição de entrada de migrantes no país foi a Portaria
Interministerial 120, de 17 de março de 2020, que dispunha “sobre a restrição excepcional e temporária de
entrada no País de estrangeiros oriundos da Reblica Bolivariana da Venezuela, conforme recomendação da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa” (BRASIL, 2020). Contudo, segundo nota enviada à Conectas
(2021), a Anvisa afirmou não ter recomendado a proibição específica da entrada de venezuelanos ao país
(CONECTAS, 2021). Posteriormente, foi publicada a Portaria nº 125, de 19 de março de 2020, que ampliava a
restrição de entrada, por vias terrestres, a pessoas oriundas de outros países sul-americanos com os quais o Brasil
faz fronteira.
Paula Dias DORNELAS e Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 5
BROWN, 2015; 2019), o trabalho busca discutir como práticas nacionalistas, autoritárias e anti-
imigratórias têm sido reforçadas durante a emergência sanitária global da Covid-19, refletindo
sobre os impactos dessas medidas para a vida de migrantes e refugiados. O percurso analítico
traçado, construído com base em revisão bibliográfica e análise qualitativa de atos normativos,
se organiza da seguinte forma: inicialmente, será feita breve discussão sobre o atual cenário das
migrações internacionais, de modo a discorrer sobre o fortalecimento de fronteiras físicas e
simbólicas. Em seguida, serão apresentados alguns apontamentos teóricos sobre as ideias de
crise da democracia, a fim de compreender, de modo geral, como esse debate tem se estruturado
na literatura. Por fim, nos debruçamos sobre ações relacionadas à pauta migratória adotadas
pelo governo brasileiro durante a pandemia, de modo a observar como essas medidas se
relacionam e se inserem em uma conjuntura de enfraquecimento democrático.
O trabalho busca evidenciar que, apesar de o quadro de crise democrática envolver
outros inúmeros aspectos, a migração pode ser um elemento importante de análise,
principalmente se considerarmos os impactos e consequências de políticas, práticas e discursos
anti-imigração para a vida de diversos sujeitos. A análise demonstrou que, em relação às
migrações e mobilidades, as narrativas e políticas adotadas pelo governo brasileiro durante a
pandemia podem ser compreendidas com base nas seguintes chaves interpretativas: a) de um
reforço de ideias nacionalistas e o fortalecimento da ideia do “imigrante indesejável” e do
“outro” como ameaça (MOUNK, 2019; DOMENECH, 2015); e b) por meio de um ataque ao
pluralismo e à ideia de demos constituído por vários e diversos cidadãos (BROWN, 2015;
2019). Diante desse cenário, e em um contexto global de impedimento à circulação de pessoas
em decorrência da pandemia da Covid-19, as fronteiras e as barreiras que estavam ou estão
temporariamente fechadas podem assim permanecer.
Migrações internacionais e pandemia: fortalecimento de fronteiras e estigmatização
O fenômeno migratório não é algo recente, assim como não são novas as posturas e
políticas adotadas por diferentes Estados em relação aos fluxos e populações migrantes.
Eduardo Domenech (2015), ao se referir ao cenário migratório sul-americano, aponta que, ainda
no século XX, políticas de estímulo à imigração foram adotadas por parte de diversos Estados,
atingindo seu apogeu com a consolidação de aparelhos burocráticos-administrativos. A
população que se pretendeu atrair, contudo, era a europeia, o que criou a imagem do “imigrante
desejável”: homem, trabalhador manual, branco e em idade ativa. Outros indivíduos e grupos
Crise da democracia e políticas anti-imigração no Brasil: Um olhar sobre o período de pandemia (2020-2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 6
sociais que fugissem a essas características foram alvo de proibição, detenção, políticas de
controle e estigmatização. Como defende o autor, desde o século passado se observou esse
paradoxo:
As mesmas políticas de fomento da imigração, cuja definição de “imigrante”
supunha certa seleção, continham implicitamente uma fórmula de exclusão:
todos os estrangeiros eram bem-vindos, salvo “exceções”, representadas pelos
imigrantes “indesejáveis” ou que fugiam à definição do “bom imigrante”
(DOMENECH, 2015, p. 26).
Em diferentes países, portanto, foram estabelecidas exigências e proibições ao ingresso,
além de deportações e exclusões, que afetavam, principalmente, grupos de imigrantes
considerados “indesejáveis”. Aqui vale destacar que, no Brasil, a categoria imigrante emergiu
no campo político com a consolidação do Estado brasileiro, segundo Giralda Seyferth (2008).
A autora analisa como essa categoria, e também a de “estrangeiro”, adquiriram diferentes
significados na legislação e nos discursos políticos sobre migração ao longo do tempo, de
acordo com os interesses políticos e com os diferentes contextos socioeconômicos e históricos.
Nessa perspectiva, destaca-se que o estrangeiro esperado no século XIX era aquele considerado
“robusto, saudável, diligente no serviço de que se encarrega” (SEYFERTH, 2008, p. 6).
No século XX, o ideal da imigração desejada permaneceu, sendo reforçado, como
aponta Seyferth (2008, p. 10), pela tese de branqueamento, que defendia uma ideia de nação
civilizada, moderna, formada pela “miscigenação seletiva com o concurso da imigração
europeia”. Vários atos normativos que materializavam essas perspectivas foram editados ao
longo dos anos, como o Decreto-Lei n. 7.967, de 18 de setembro de 1945, que estabeleceu,
textualmente, que: “Art. Atender-se-á, na admissão dos imigrantes, à necessidade de
preservar e desenvolver, na composição étnica da população, as características mais
convenientes da sua ascendência europeia, assim como a defesa do trabalhador nacional”,
consubstanciando em um texto legal a preferência por imigrantes de origem europeia.
Acerca dos grupos considerados “indesejáveis”, de acordo com Domenech (2015), os
imigrantes chineses foram uns dos primeiros que sofreram com políticas de exclusão. Nos
Estados Unidos, por exemplo, foi implementada a Chinese Exclusion Act”, em 1882, lei
específica criada contra esses imigrantes. Na América Latina, a imigração chinesa também não
era vista como “vantajosa”, tendo sido registradas medidas de controle desse fluxo em países
como Equador e Colômbia. Por volta dos anos 1930, as restrições sobre a imigração chinesa se
ampliaram e outras exigências para ingressar ao território foram criadas em diversos países, em
Paula Dias DORNELAS e Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 7
um “giro restritivo na regulação estatal da migração” (DOMENECH, 2015, p. 26). E, apesar
de adquirir outros formatos e características, as políticas restritivas em relação a migrantes
continuaram a ser adotadas no século XXI.
No caso brasileiro, é importante mencionar que, até 2017, a legislação que definia a
situação jurídica do estrangeiro no país era a Lei n. 6.815, de 19 de agosto de 1980 (Estatuto do
Estrangeiro), elaborado no contexto da ditadura civil-militar. A lei, que abordava a migração
em uma perspectiva de segurança nacional (RAMOS; VEDOVATO; BAENINGER, 2020), só
foi revogada em 2017, com a edição da Lei n. 13.445, de 24 de maio de 2017 (Lei de Migração).
Esta, fruto da luta de imigrantes, refugiados e de organizações da sociedade civil, alinha-se a
uma perspectiva voltada para os direitos humanos, embora vetos importantes tenham sido feitos
no momento de sua sanção (VILLEN; QUINTANILHA, 2020).
No cenário atual, as políticas de controle migratório se inserem num regime global de
fronteiras, por meio de práticas de regulação dos fluxos que, como aponta Domenech (2015),
são impulsionadas por uma tecnocracia vinculada a conceitos como “governança migratória”,
“gestão” e controle de fronteiras”. Os “imigrantes indesejáveis” passam também a ser vistos
como ameaças, “invasores”, como ilegais e, muitas vezes, como responsáveis pela perda de
oportunidades de trabalho dos nacionais. A condição de ilegalidade frequentemente vinculada
àqueles que se deslocam é vista por muitos autores (DE GENOVA, 2004; SQUIRE, 2015;
FASSIN, 2011) como uma produção sócio-política ambivalente, que tem objetivos de exclusão,
precarização de mão-de-obra e racialização.
Se durante os séculos XIX e XX os imigrantes chineses eram um dos grupos vistos como
indesejáveis, durante a pandemia de Covid-19 a estigmatização contra esse grupo também foi
uma realidade. Os primeiros casos de contaminação pelo coronavírus foram detectados em
janeiro de 2020, na China, na cidade de Wuhan, que se tornou o epicentro da pandemia. A partir
disso, começaram a surgir expressões como “vírus chinês” ou “vírus de Wuhan”, associando a
doença à nacionalidade ou a um local específico. Como aponta Deisy Ventura (2020), diante da
difusão da doença e do aumento no número de pessoas infectadas, houve um recrudescimento
nos casos de discriminação e violência contra alguns grupos, principalmente migrantes chineses
radicados no Ocidente. O uso dessas expressões para se referir à doença foi feito, também, por
governantes e líderes políticos, como abordaremos adiante. E o impacto disso não foi
tampouco permanece sendo – somente retórico.
Na avaliação de Seyferth (2008), a imigração sempre mobilizou posicionamentos
estatais contraditórios, que ora enxergavam as pessoas migrantes como necessárias, ora as viam
Crise da democracia e políticas anti-imigração no Brasil: Um olhar sobre o período de pandemia (2020-2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 8
como um problema. Em épocas de crise, como pontua a autora, a associação da imigração a um
perigo é reforçada, bem como se fortalecem os sentimentos e retóricas xenofóbicas, racistas e
de proteção à nação. Em países cujas democracias se encontram em crise (LEVITSKY;
ZIBLATT, 2018), em governos cujos líderes são autoritários e ligados à extrema direita, e em
casos de democracias “iliberais” (KRASTEV; VAN TIL, 2016), essas estratégias discursivas se
somam ao reforço de nacionalismos e outras ações estatais de restrição à imigração, seja pelo
fechamento de fronteiras, a detenção de imigrantes ou deportações e exclusões arbitrárias.
Diante disso, cabe questionar o que esse cenário e essas medidas nos dizem sobre tais
democracias. Como entender as ações, práticas e discursos anti-imigratórios - reforçados
durante a pandemia - com base em teorias e análises da democracia contemporânea? Apesar de
serem questões complexas e que demandariam esforços para além do escopo deste trabalho,
entendemos ser possível traçar algumas reflexões sobre esses pontos.
Enfraquecimento democrático e crise da democracia
Os conceitos de democracia e crise não são consensuais. Como apontam Mendonça e
Cunha (2018), as ideias em torno da noção de democracia podem se alterar a depender do
contexto e da abordagem ou linha teórica. Nesse sentido, vários debates podem ser feitos sobre
sua variação e forma (SANTOS; AVRITZER, 2002; MIGUEL, 2005), o que evidencia a
relevância de se discutir essas diferentes concepções, ainda que as perspectivas sejam vastas e
bastante tensionadas. Na avaliação de autores como Samuel Huntington (1993) e Adam
Przeworski (2019), por exemplo, a democracia está ligada à possibilidade de alteração de
grupos no poder, por meio de eleições livres e justas. A democracia, nesse sentido, seria “um
mecanismo de processamento de conflitos” (PRZEWORSKI, 2019, p. 7).
O conceito de crise também possui suas variações e diferentes interpretações e usos. Se
para Przeworski (2019) a democracia está ligada a dimensões procedimentais e eleitorais, o
conceito de crise envolve, na visão do autor, aspectos como a administração, política e
dimensões socioculturais. Para ele, ainda, a economia desempenha um papel importante para a
manutenção de regimes democráticos, tendo em vista que, na sua avaliação, é menos passível
que democracias se enfraqueçam quando a economia é estável.
Ainda que em tradições diferentes, a importância das instituições para a democracia é
abordada por outros autores e correntes da teoria democrática. Steven Levitsky e Daniel Ziblatt
(2018) defendem que a degradação institucional é central para a compreensão da crise das
Paula Dias DORNELAS e Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 9
democracias atuais. Segundo os autores, que se debruçam, principalmente, sobre o cenário
estadunidense após a eleição de Donald Trump, em 2016, as democracias contemporâneas não
se enfraquecem por meio de golpes de estado, mas por meio de processos em que elas são
colocadas em xeque por políticos eleitos. Segundo Levitsky e Ziblatt (2018), o
empobrecimento dos padrões democráticos é menos evidente nos dias atuais, em comparação
com processos vivenciados em alguns países em outros períodos da história. Em uma avaliação
distinta da de Przeworski (2019), cuja interpretação avalia que as crises envolvem rupturas
institucionais, Levistki e Ziblatt (2018) argumentam que esses processos também são
permeados por aspectos que envolvem a degradação de regras informais e mecanismos não
institucionais.
A ideia é a de que, enquanto no passado os fracassos eram mais evidentes, o
empobrecimento dos padrões democráticos é mais sutil atualmente. Nesse sentido, Haggard e
Kaufman (2016) entendem que os golpes militares deram lugar à atuação desmedida de líderes
políticos eleitos, que usurpam dos poderes que lhe são conferidos para minar a legitimidade de
adversários e restringir liberdades civis e políticas. Nessa mesma linha, Tom Ginsburg e Aziz
Huq advertem que:
Atualmente, muitas democracias iliberais surgem por meio da vitória de
candidatos ou partidos que adotam políticas autoritárias, tentam extinguir o
espaço político para a dissidência e a concorrência e visam capturar o
mecanismo do Estado que proporciona eleições e administração justas. Esses
políticos e partidos que buscam uma agenda democrática não liberal têm uma
qualidade paradoxal. Por um lado, eles podem reivindicar um mandato
democrático. Por outro lado, eles se esforçam para desmantelar a democracia
de dentro para fora (GINSBURG; HUQ, 2018, p. 21, tradução nossa).
Entender como a migração se insere nesse contexto de enfraquecimento de padrões
democráticos, no entanto, demanda a consideração de outras abordagens sobre a noção de
democracia, que vão além de sua interpretação focada em procedimentos, na existência de
eleições ou em aspectos como a alternância de poder, como poderiam sugerir os autores
mencionados linhas atrás. Para compreender como políticas migratórias se acomodam a esse
cenário de crise democrática, entendemos ser relevante lançar luzes sobre noções distintas de
democracia.
Nesse sentido, para Wendy Brown (2015; 2019), a democracia deve ser compreendida
com base em princípios como o da igualdade política e a ideia de demos. Na avaliação da autora,
é importante que regimes democráticos sejam centrados no cultivo da sociedade como o locus
Crise da democracia e políticas anti-imigração no Brasil: Um olhar sobre o período de pandemia (2020-2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 10
do comum, da partilha, de um espaço em que diferentes sujeitos existem e são pensados como
conjunto para a provisão de bens públicos e direitos (BROWN, 2015; 2019).
A igualdade, para ela, é fundamental para assegurar que o exercício do poder seja
autorizado, mas também seja de responsabilidade de todos. Quando ausente a igualdade, o povo
(ou o demos) deixa de governar, a soberania popularo se faz presente e a própria democracia
é enfraquecida. Em uma abordagem neomarxista, Brown (2019) defende ser possível observar,
em inúmeros países, o reforço de discursos de ódio, de manifestações blicas de racismo e
antissemitismo, além de um aumento de retóricas excludentes e nacionalistas. Esse cenário e a
ascensão de líderes de extrema-direita trouxeram para a teoria política, segundo a autora,
desafios quanto a sua nomenclatura e compreensão. Para ela, contudo, a interpretação desses
fenômenos demanda uma atenção a racionalidades como a neoliberal, na qual “o governo se
transmuta em governança e gestão” (BROWN, 2015, p. 20)
Wendy Brown compreende o neoliberalismo como uma racionalidade, cujos impactos
estão para além do âmbito econômico, fortalecendo processos de desdemocratização. Para a
autora, a governamentalidade neoliberal atua - nos mais variados campos da vida social - por
meio de uma demonização do social e do político, de um descrédito do valor do Estado, bem
como por um ataque à igualdade combinado a uma defesa de moralidades tradicionais
(BROWN, 2019). Os processos de crise ou enfraquecimento da democracia, portanto, devem
levar em conta, na visão de Brown, como essa racionalidade teve um papel importante para
construir as bases para que forças antidemocráticas se fortalecessem na segunda década do
século XXI, em um processo que alimentou racismos, ressentimentos de classe, violências e
desigualdades. Discursos e práticas excludentes, nesse contexto, são voltados, na maior parte
das vezes, para indivíduos e grupos marginalizados, como as mulheres, a população negra,
LGBTQIA+ e comunidades migrantes e refugiadas. Por meio da negação a toda e qualquer
intervenção estatal (no mercado, na moral ou na família), o objetivo, segundo Brown (2019, p.
24) é negar a ideia do social, “restringindo radicalmente o alcance do poder político
democrático nos Estados-nação”.
Esses ataques à democracia e à própria noção de demos estão presentes nos ambientes
de trabalho, em lógicas educacionais, em discursos e em ações estatais, além de representarem,
também, uma perda do sentido do político e da cidadania. E para além de dimensões epistêmicas
e éticas, esse ataque ao pluralismo, à ideia de social e à noção de demos tem impactos práticos
na vida de muitas pessoas, principalmente por meio do desmonte de políticas públicas, por
discursos estigmatizantes e pelo reforço de desigualdades. O enfraquecimento da democracia,
Paula Dias DORNELAS e Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 11
nesse sentido, perpassa aspectos institucionais e procedimentais, como defendem os autores
mencionados no início deste tópico, mas também envolve processos em que requisitos básicos
para a democracia são minados. Precariedades já existentes, desse modo, são reforçadas, na
medida em que perda de capacidades estatais, desmantelamento de estruturas públicas e
aumento nas medidas restritivas a determinados grupos sociais, como o de pessoas migrantes e
refugiadas (BIROLI, 2020).
Esses processos descritos inserem-se, ainda, em cenários de nacionalismo exacerbado e
de retórica de unificação nacional, como aponta Bozóki (2015). De acordo com o autor, que se
debruça sobre o processo de desdemocratização vivenciado na Hungria, estratégias adotadas
sob a alcunha do nacionalismo reforçam desigualdades, expõem a xenofobia e criminalizam
determinados grupos - como os imigrantes, principalmente os indocumentados - sob o pretexto
de proteção à nação e ao demos, dos quais esses grupos não são considerados parte. A retórica
nacionalista é adotada com o objetivo de definir a nação como um espaço seguro, que deve ser
protegido contra ameaças e inimigos externos, os quais podem ser tanto os opositores do
governo quanto diversas minorias, consideradas perigosas para os valores, ideais, identidades
e para a “coesão social” da nação.
Como aponta Gozdziak (2019) e Yascha Mounk (2019), esse medo do “outro” tem
ocasionado uma série de ações e políticas anti-imigratórias em vários locais. O fortalecimento
de procedimentos de vigilância e controle de fronteiras, políticas de restrição indiscriminada de
fluxos imigratórios e narrativas que criminalizam a migração e os migrantes, por exemplo, são
reforçados por essas lógicas. Como aponta Seyferth (2008, p. 2), “ideologias nacionalistas
supõem a existência de comunidades unívocas, apelando a uma ideia subjetiva de nação que
exclui os classificados pela categoria estrangeiro’”, articulando processos de exclusão e de
racialização contra esses indivíduos considerados “outros”.
Durante a pandemia da Covid-19, discursos e práticas dessa natureza foram observados
em vários países. Sob o pretexto da contenção da transmissão do vírus, fronteiras foram
fechadas de forma seletiva, prejudicando populações de determinadas origens, como
abordaremos adiante. Ademais, as narrativas contrárias à imigração se intensificaram, como já
exposto, principalmente aquelas focadas na estigmatização de algumas comunidades de
migrantes, reforçando racismos pré-existentes. Nos Estados Unidos, por exemplo, Donald
Trump anunciou, ainda quando exercia o cargo de presidente e logo após o anúncio da
deflagração da pandemia, que os EUA romperiam relações com a Organização Mundial da
Saúde, tendo em vista que a entidade, segundo ele, seguia direções da China, que era
Crise da democracia e políticas anti-imigração no Brasil: Um olhar sobre o período de pandemia (2020-2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 12
responsável pelo surgimento e difusão mundial da Covid-19 (IFANGER; POGGETTO, 2020).
De acordo com Ifanger e Poggetto (2020), as acusações de Trump, muito induzidas por
estratégias de medo e reforçadas por notícias falsas, aprofundaram ões de racismo e xenofobia
contra chineses e descendentes, que foram alvo de violência e intolerância.
Segundo Adida, Dionne e Platas (2018), em pesquisa conduzida sobre a epidemia de
Ebola, a politização em torno da ameaça à saúde pública, como o discurso de líderes políticos
em relação à China e à difusão do vírus no atual contexto de saúde pública, pode mobilizar a
opinião pública e aumentar a exclusão de imigrantes, gerando efeitos a curto e médio prazos
para populações vulneráveis. Como aponta Daniel Vega Macías (2021), as metáforas e
representações sobre migrantes como “invasores” e como potenciais “transmissores” de
doenças já eram comuns em outros períodos históricos, mas foram reforçadas no contexto
recente de pandemia. De acordo com o autor, esses posicionamentos entram na mira de grupos
de extrema-direita, que evocam essas narrativas estrategicamente, para questionar o fenômeno
migratório e a presença de imigrantes no território.
Ainda no caso da pandemia de Covid-19, por exemplo, após a utilização do termo “vírus
chinês” por Donald Trump no Twitter, em março de 2020, o número de menções a essa
expressão aumentou de cerca de 16.500 para 177.327 referências ao termo na semana seguinte
(BUDHWANI; SUN apud VENTURA, 2020). Além de personificar a ameaça e associá-la a
uma nacionalidade ou etnicidade específica, essas atitudes reforçam estigmas, atos xenofóbicos
e violências contra minorias. Como aponta Ventura (2020),
estigma e xenofobia têm por efeito, em especial durante uma pandemia, não
apenas disseminar a violência verbal e física contra suas vítimas. Também leva
populações estigmatizadas a temer a sociedade e as autoridades, e a se afastar
dos serviços de saúde, o que obstaculiza o controle da doença, pondo assim
em risco tanto a sua saúde como a da coletividade (VENTURA, 2020, p. 96).
Para além desses impactos, é possível observar como essa estratégia de nomear e
personificar diz, também, sobre uma tentativa de buscar culpados” para o recente cenário
pandêmico global, principalmente diante dos impactos sociais e econômicos dele decorrentes.
A questão da construção de uma “ameaça” à sociedade tem sido analisada por diversos autores
(KAYA, 2017; INGLEHART; NORRIS, 2016) ao se debruçarem sobre a ascensão de líderes e
partidos de extrema-direita nas democracias contemporâneas. A retórica adotada, contrária à
diversidade e a esse “outro” é um elemento que exerce papel importante de influência sobre
determinados setores da população, principalmente aquelas camadas mais “inseguras” da
sociedade - trabalhadores informais, desempregados, famílias que vivem em áreas com
Paula Dias DORNELAS e Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 13
concentração de imigrantes, por exemplo. Esses discursos, muitas vezes explorados por grupos
e líderes políticos, podem reforçar ressentimentos e estimular manifestações de xenofobia,
racismo e intolerância religiosa, por exemplo (KAYA, 2017).
Por esse argumento, pessoas de fora, como imigrantes e refugiados, seriam parte
responsável pela recessão econômica, por privar os nacionais de oportunidades laborais ou por
serem os culpados, no caso, da disseminação do vírus no contexto de pandemia. Como aponta
Mara Luna (2020), os discursos que associam o vírus a grupos étnico-raciais específicos têm
sido comuns em muitos governos, como já mencionado anteriormente. Essas práticas refletem,
mais uma vez, no reforço de imaginários que constroem um “outro” como ameaça, de quem a
nação deve ser protegida, em cenários de defesa de nacionalismos e de uma ideia de nação
homogênea.
O Brasil e os retrocessos
Apesar de a crise das democracias ser um fenômeno que atinge diversos países,
diferenças nos processos e cenários vivenciados em cada local. O caso brasileiro, segundo
Leonardo Avritzer (2019), se diferencia de dinâmicas vivenciadas em outros países em razão
de, entre outros fatores, o país não possuir uma tradição democrática tão consolidada,
principalmente em relação à vigência de direitos e a elementos civis e judiciais. Sobre essa
problemática, Avritzer (2018; 2019) defende a existência de uma natureza pendular da
democracia no Brasil, marcada por momentos de ampliação e regressão democrática. Conforme
avalia o autor, de 1946 a 1964, e de 1994 a 2010, as políticas públicas e a democracia estavam
em conformidade. Nesse contexto, a ampliação da participação - ocorrida após a década de
1990 - se inseria numa estrutura pendular de expansão democrática, com a constituição das
instituições participativas, o recrudescimento da participação e a adoção de importantes
políticas sociais. Após a ditadura militar e depois da promulgação da Constituição de 1988, o
país consolidou, razoavelmente, um sistema político democrático, que garantia revezamento de
poderes, eleições livres e justas, políticas públicas para a população, redução da pobreza e
crescente apoio à democracia.
O cenário, contudo, mudou. Após 2013, esse processo de consolidação democrática
registrou uma inflexão, iniciando um período de degradação democrática que se acentuou com
o passar dos anos. Conforme aponta Avritzer (2018), o pêndulo democrático regrediu,
evidenciando uma forte oposição às políticas públicas estabelecidas, a rejeição à
Crise da democracia e políticas anti-imigração no Brasil: Um olhar sobre o período de pandemia (2020-2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 14
institucionalização da participação, e a extinção de secretarias e ministérios ligados à ampliação
de direitos. Soma-se a isso o constante fortalecimento de discursos, práticas e medidas
marcadamente antidemocráticas e contrárias à participação adotados no período que coincidiu
com o início da pandemia. Para o autor, essas regressões não podem ser entendidas apenas como
um “deslize”, mas fazem parte de um movimento pendular do processo de construção
democrática brasileira.
Várias são as perspectivas interpretativas e os focos analíticos possíveis para a
compreensão do cenário político-institucional brasileiro vivenciado nos últimos anos. A ação
das forças armadas, a atuação do judiciário, o papel da mídia e das elites, os impactos da
interrupção do mandato presidencial de Dilma Rousseff, o desmonte de políticas públicas e a
agenda ultraconservadora são alguns dos aspectos que envolvem o contexto de retrocessos do
país. Aqui, não seria possível e nem plausível abarcar todos os pontos. Como defende
Avritzer (2018; 2019), parte desses retrocessos observados no país envolvem violações de
garantias constitucionais, tensões entre poderes e, também, uma conjuntura marcada por um
alto e inédito nível de intolerância, presente em discursos, políticas e numa agenda anti-direitos.
O discurso da soberania nacional, da pátria e de um “Brasil acima de todos” se legitima sob o
ataque ao pluralismo político, aos direitos humanos, à diversidade e a um demos (BROWN,
2015) composto por pessoas de valores e características diversas. Na avaliação de Angela
Gomes (2018), Jair Bolsonaro (presidente da República de 2019 a 2022) se aproveitou de um
cenário local de enfraquecimento da democracia e do rechaço à esquerda no país
(principalmente a partir da imagem da luta anticorrupção), e de um contexto global de avanço
da extrema direita e de atores nacionalistas. Para a autora,
No entanto, é importante perceber de que forma Bolsonaro altera tal tradição.
Ele o faz, a meu ver, quando articula um discurso de cólera, cuja retórica se
destina a mobilizar apoios a ações violentas, a serem realizadas por seu
governo e por integrantes de suas bases políticas, autorizadas a se armar para
combater aqueles identificados como inimigos do governo/pátria. Dessa
forma, ele um sinal positivo, no mundo público, a comportamentos e
sentimentos que, existindo no mundo privado, não eram apresentados como
modelo a ser tomado pelos cidadãos (GOMES, 2018, p. 145).
Diante desse cenário de retrocessos, retomamos, portanto, aspectos que possibilitam a
análise do caso brasileiro a partir das medidas tomadas em relação à pauta migratória. Nesse
sentido, a criação de inimigos e o ataque à pluralidade são, em mais um caso, elementos
centrais. No tangente à população migrante, as ações e discursos adotados pelo último governo
não se distanciaram dessa lógica. Antes mesmo de ser eleito, quando ainda era deputado federal,
Paula Dias DORNELAS e Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 15
Bolsonaro classificou os refugiados como “a escória do mundo” (AZEVEDO, 2015). No início
de 2019, o governo anunciou a saída do Brasil do Pacto Global para a Migração e, no mesmo
ano, foi publicada a Portaria n. 666, de 25 de julho de 2019, do Ministério da Justiça e Segurança
Pública, que permitiu a deportação sumária ou o impedimento de ingresso de pessoas
estrangeiras consideradas perigosas”
5
. E se a retórica anti-imigração e a politização das
questões por parte de líderes políticos promovem e reforçam estigmatizações e violências, no
caso brasileiro não foi diferente. Com o aumento do fluxo imigratório de venezuelanos nos
últimos anos, houve o pedido de fechamento de fronteira com o país vizinho por parte da ex-
governadora de Roraima (RODRIGUES, 2018), o incêndio à casa de migrantes venezuelanos
em Boa Vista (NUNES, 2018), além de outras manifestações de xenofobia contra essa
população. Além disso, em setembro de 2019, um bar comandado por refugiados palestinos e
sírios foi alvo de ataques com garrafas e gás, em São Paulo (AMENDOLA, 2019), e nas eleições
de 2020, a retórica anti-imigração e contrária a venezuelanos foi mobilizada por candidatos à
Prefeitura de Boa Vista, capital de Roraima (ZANINI, 2020).
Durante a pandemia da Covid-19 esse processo se intensificou. Assim como Trump, Jair
Bolsonaro e seus apoiadores usaram a expressão “vírus chinês” para se referirem ao
coronavírus, ao mesmo tempo em que Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do
presidente, culpava a China pela pandemia e comparava a postura do país à atitude da antiga
União Soviética frente ao acidente nuclear de Chernobyl (FELLET, 2020). Postura semelhante
foi adotada por Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores, que, em reunião
ministerial em abril de 2020 e em um artigo de seu blog, também culpou a China pela difusão
da Covid-19, denunciando que haveria um plano ideológico do país ao difundir o que chamou
de “comunavírus”. Segundo o post de Araújo no blog denominado Metapolítica, o coronavírus
acelera um “projeto globalista” que, segundo ele, “já se vinha executando por meio do
climatismo ou alarmismo climático, da ideologia de gênero, do dogmatismo politicamente
correto, do imigracionismo, do racialismo ou reorganização da sociedade pelo princípio da raça,
do antinacionalismo, do cientificismo” (ARAÚJO, 2020).
A postura contrária à imigração, evidente no que ele denomina de “imigracionismo”, é
constatável não nos discursos, como em atos normativos do governo e ações xenofóbicas
adotadas por parte da população. Narrativas como essas demonstram como, na seara da
5
Após receber críticas de setores e organizações que trabalham com a temática migratória, uma nova portaria foi
publicada pelo governo federal, a de n. 770, de 11 de outubro de 2019. A despeito de ser similar ao anterior, o novo
ato normativo introduziu mudanças relevantes em alguns pontos, como o aumento do prazo, no caso de deportação,
para que o migrante apresente defesa ou deixe o país de forma voluntária, que passou de 48 horas para 5 dias.
Crise da democracia e políticas anti-imigração no Brasil: Um olhar sobre o período de pandemia (2020-2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 16
avaliação de Brown (2019), essas reações ou esse backlash dizem, também, de uma ideia de
ressentimento por privilégios destronados, em que a culpa das crises estaria no roubo de
empregos por imigrantes, minorias e outros grupos que não merecem a inclusão e não fazem
parte da nação. A proposta do então governo brasileiro se manifestou, em muitas oportunidades,
no resgate de valores cristãos e no combate ao “globalismo”, ao “imigracionismo” ou até
mesmo à “ideologia de gênero”.
A estigmatização, o preconceito e as violências contra pessoas migrantes são reforçados
por essa retórica hostil a imigrantes e refugiados. Assim como nos Estados Unidos, casos de
racismo contra chineses e descendentes durante a pandemia foram verificados (MOREIRA,
2020), como mencionado anteriormente, além de outros atos de discriminação contra
imigrantes. Como citado na introdução deste texto, em maio de 2020, João Manuel, um
angolano de 47 anos, foi assassinado a facadas por um brasileiro em São Paulo, após uma
discussão sobre o pagamento do auxílio emergencial para pessoas migrantes (FIGUEIREDO,
2020). Em junho de 2021, um evento online sobre migrantes LGBTQIA+ foi interrompido por
ataques racistas, gritos de “Bolsonaro 2022” e falas violentas de cunho sexual e xenofóbico
(MANTOVANI, 2021). O mesmo sucedeu ainda no mês de junho, em outros dois eventos sobre
migrações no ambiente online, que foram interrompidos por mensagens de ódio contra
migrantes, mulheres, pessoas negras e LGBTQIA+, além de manifestações de cunho nazista
(DELFIM, 2021). Como aponta Gomes (2018), a retórica política pode mobilizar ações
violentas contra aquelas pessoas consideradas como inimigas ou contra aqueles que, por serem
estrangeiros, não estariam aptos a acessarem o mesmo direito que os nacionais.
As ações anti-imigratórias durante a pandemia não cessaram por aí. Só em 2020, 2.901
pessoas foram deportadas, um aumento de 5.708% em relação à 2019, quando o número foi de
36 migrantes (SOUSA; LEITE, 2021). Dentre outras medidas adotadas pelo governo, destaca-
se a Portaria Interministerial n. 120, de 17 de março de 2020, primeiro ato normativo que, sob
o pretexto da pandemia, estabeleceu medidas de restrição específicas à entrada de pessoas
venezuelanas em território brasileiro. Como apontam Ruseishvili e Truzzi (2020), o texto da
Portaria estabelece, em vários pontos, tratamento diferenciado e discriminatório a migrantes
venezuelanos, tanto por privá-los da circulação na região fronteiriça em Roraima, ao ameaçá-
los com repatriação imediata e inabilitação da solicitação de refúgio, quanto ao proibi-los de
entrar no país mesmo com a autorização de residência e documento de identificação e registro
migratório. No final do mês de julho de 2020, a entrada de turistas para o país foi liberada pela
via aérea, enquanto fronteiras terrestres e aquaviárias permaneceram fechadas, impedindo que
Paula Dias DORNELAS e Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 17
solicitantes de refúgio que não possuíssem recursos para outras formas de ingresso entrassem
no país (PRAZERES, 2020), o que conflita com disposições da Lei de Refúgio
6
, da Lei de
Migração
7
e de tratados internacionais como a Declaração de Cartagena
8
.
Além do ato normativo supracitado, mais de 30 portarias foram publicadas nesse período
de pandemia
9
, seguindo a mesma perspectiva excludente a determinados migrantes,
principalmente oriundos da Venezuela. O número expressivo de deportações, como apontado
linhas atrás, foi possibilitado por essas portarias que barraram a entrada de imigrantes,
principalmente aqueles que tentaram entrar no território brasileiro por fronteiras terrestres
(SOUSA; LEITE, 2021). Após denúncias e pressões de organizações e da sociedade civil, a
Portaria n. 655, de 23 de junho de 2021, que tratava sobre a “restrição excepcional e temporária
de entrada no País de estrangeiros, de qualquer nacionalidade”, foi editada, sem, contudo,
suprimir lacunas existentes. O texto, que era o mais recente até o momento de escrita deste
artigo, expressamente previa limitar o acolhimento de migrantes em situação de vulnerabilidade
de acordo com os “meios disponíveis” e abria brechas para a delimitação de cotas migratórias,
na contramão do sentido da Lei de Migração vigente no Brasil
10
, como denunciado por
organizações da sociedade civil (CONECTAS, 2021). Ademais, segundo Serra e Amorim
(2021), além de tardio, o novo ato normativo não abordou, de maneira explícita, a reabertura
completa das fronteiras, bem como preservou a restrição de entrada de pessoas no país por vias
terrestres e aquaviárias, mantendo obstáculos para que migrantes em situação de
vulnerabilidade pudessem solicitar refúgio no Brasil.
Em diferentes espaços, pessoas que migram são inseridas em lógicas e contextos que as
criminalizam e as enxergam como ilegais ou indesejadas. É importante mencionar que, para
migrantes que estão em situação irregular, os processos são ainda mais complexos. A condição
de indocumentação é, muitas vezes, produzida e reforçada pelos Estados, que impõem barreiras
burocráticas, financeiras e políticas que dificultam que as pessoas adquiram ou regularizem os
seus documentos. Para alguns estudiosos, trata-se de uma política da indocumentação, que
6
Lei n. 9.474, de 22 de julho de 1997.
7
Lei n. 13.445, de 24 de maio de 2017.
8
Declaração de Cartagena de 1984.
9
Os atos normativos editados pelo governo federal durante a pandemia de Covid-19, incluindo aqueles não
relacionados à temática migratória, estão disponíveis no site:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Portaria/quadro_portaria.htm
10
A Lei n. 13.445, de 24 de maio de 2017, instituiu a Lei de Migração, estabelecendo, entre outros aspectos, que
a política migratória brasileira rege-se pelos princípios da “universalidade, indivisibilidade e interdependência dos
direitos humanos” (inciso I do art. 3º), além de dispor sobre a não discriminação em razão de critérios ou
procedimentos de admissão ao território nacional (inciso IV do art. 3º) e o repúdio “a quaisquer formas de
discriminação” (inciso II do art. 3º) (BRASIL, 2017).
Crise da democracia e políticas anti-imigração no Brasil: Um olhar sobre o período de pandemia (2020-2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 18
reforça a invisibilidade e precarização de migrantes mais vulneráveis, principalmente
trabalhadores em situação informal. Como descrevem Caggiano e Mombello (2020), essas
medidas adotadas por muitos Estados dependem da produção e ampliação da ilegalidade, que
medidas de controle fronteiriço se tornam mais aceitáveis socialmente quando são adotadas
para pessoas vistas como “ameaças”. Isso se relaciona, também, ao tratamento diferente dado
para imigrantes a depender de sua nacionalidade, raça, etnia, gênero etc., já que, como apontam
Feldman-Bianco, Domenech e Sanjurjo (2020), práticas, discursos e políticas migratórias são
adotadas de maneira desigual e distinta para cidadãos de certas nacionalidades o que é
perceptível na história brasileira, até mesmo com previsões legais expressas nesse sentido,
como relatado linhas atrás.
Conclusão
Este trabalho pretendeu discorrer sobre aspectos do cenário democrático e migratório
brasileiro diante do contexto da pandemia da Covid-19, com o objetivo de lançar luz sobre as
medidas adotadas pelo então governo em relação à pauta imigratória. A ideia foi refletir sobre
o enfraquecimento da democracia, observando, principalmente, como narrativas, práticas e
políticas nacionalistas e contrárias a migração apareceram e se reforçaram durante os dois
primeiros anos da emergência sanitária causada pelo coronavírus. A partir das discussões
traçadas, foi possível observar que as ações adotadas em relação a imigrantes e refugiados
expõem lógicas que estrangeirizam ainda mais esses sujeitos, enxergando-os como ameaças,
como imigrantes indesejáveis ou como culpados pela difusão do vírus. Além disso, o uso de
expressões como “vírus chinês” e a associação entre a Covid-19 e comunidades de imigrantes
podem reforçar quadros de estigmatização, racismo e xenofobia, principalmente entre aquelas
pessoas que se encontram em situações de maior vulnerabilidade.
Como apontado ao longo da discussão, a temática migratória sempre mobilizou
posicionamentos contraditórios por parte dos Estados, que ora valorizavam a presença de
imigrantes, ora os enxergavam como perigosos ou inimigos. Racismos, interesses econômicos
e políticos, contextos sociais e geopolíticos impactam nessas percepções. Em cenários recentes,
como o de uma emergência sanitária profunda como a pandemia da Covid-19, as práticas e
políticas contrárias à imigração e a migrantes se reforçam e se agudizam, principalmente em
um país em que princípios democráticos importantes vem sendo colocados em xeque.
Paula Dias DORNELAS e Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 19
As medidas apresentadas têm impactos diretos na vida de imigrantes e refugiados, e se
inserem e reforçam, também, um cenário amplo de enfraquecimento democrático, de perda de
uma ideia de demos e da defasagem de valores democráticos, como o respeito à pluralidade e à
diversidade. O “outro” como ameaça, construído por retóricas nacionalistas e excludentes, é
ainda mais marcante num cenário de pandemia e crise socioeconômica, em que o futuro é
incerto e o presente é caótico.
Na prática, essas ações acabam impedindo que migrantes acessem seus direitos nos
locais de destino, que pessoas solicitem refúgio para fugir de situações de perseguição, ou fazem
com que essas populações tenham suas vidas ameaçadas ou impactadas por medidas como a
deportação ou expulsão. Impasses burocráticos, exclusão, medo, racismo, xenofobia e
violências são algumas dificuldades encontradas por pessoas migrantes para acessar políticas e
serviços públicos no Brasil, assim como para efetuarem procedimentos como a regularização
documental.
11
Há de se destacar que existem outros aspectos, como fatores históricos e institucionais,
que mereceriam análise mais profunda para a compreensão do fenômeno da migração e
democracia, o que escapa dos objetivos propostos. O ponto, aqui, foi tentar demonstrar que a
migração não está à margem das discussões sobre democracia e, principalmente, de suas crises.
Entender o enfraquecimento democrático sem captar as exclusões de pessoas que constroem e
compõem esse demos é desconsiderar algumas das possíveis razões para a própria ideia de crise
democrática.
REFERÊNCIAS
ACNUR. Declaração de Cartagena de 1984. Colóquio sobre Proteção Internacional dos
Refugiados na América Central, México e Panamá: Problemas Jurídicos e Humanitários.
Cartagena, Colômbia: 1984. Disponível em:
https://www.acnur.org/fileadmin/Documentos/portugues/BD_Legal/Instrumentos_Internacion
ais/Declaracao_de_Cartagena.pdf. Acesso em: 30 jul.2021.
ADIDA, C.; DIONNE, K.; PLATAS, M. Ebola, elections, and immigration: how politicizing
an epidemic can shape public attitudes. In: Politics, Groups, and Identities. 2018. p. 1-27.
11
Em razão dessas dificuldades nos procedimentos documentais, coletivos e organizações de migrantes no país
lançaram, durante a pandemia, a campanha #RegularizaçãoJá, que propõe a regularização permanente, imediata e
incondicional de imigrantes no Brasil. Outros países como Portugal e Itália promoveram a regularização de
migrantes que estavam com processos de regulamentação e solicitações pendentes, de modo a garantir que essas
pessoas obtivessem seus documentos e pudessem acessar serviços e auxílios públicos durante a pandemia. Para
mais informações, cf.: Delfim (2020).
Crise da democracia e políticas anti-imigração no Brasil: Um olhar sobre o período de pandemia (2020-2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 20
AMENDOLA, G. Restaurante de refugiados sofre ataque de “grupo de direita”. Terra
Notícias, 2019. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/cidades/restaurante-
de-refugiados-sofre-ataque-de-grupo-de-
direita,1069457526f082b94ccafad7c423eeb3r9to48id.html#:~:text=O%20restaurante%20pale
stino%20Al%20Janiah,garrafas%20para%20dentro%20do%20estabelecimento. Acesso em:
03 abr. 2021.
AQUINO, A.; DÉCOSSE, F.; HUERTA, A. V. (ed.). Desafiando fronteras: control de la
movilidad y experiencias migratorias e el contexto capitalista. [Sur+ Ediciones], Fronter
Press, 2012.
ARAÚJO, E. Chegou o Comunavírus. Blog Metapolítica, 2020. Disponível em:
https://www.metapoliticabrasil.com/post/chegou-o-comunav%C3%ADrus. Acesso em: 03
maio 2021.
AVRITZER, L. O pêndulo da democracia no Brasil: Uma análise da crise 2013-2018. Novos
estudos CEBRAP, [S. l.], v. 37, n. 2, p. 273-289, 2018.
AVRITZER, L. [et al.]. Pensando a democracia, a república e o estado de direito no
Brasil. Belo Horizonte: Projeto República, 2019.
AZEVEDO, R. Setembro de 2015: Bolsonaro chama refugiados de “escória do mundo”.
Exame, 2015. Disponível em: https://exame.com/brasil/bolsonaro-chama-refugiados-de-
escoria-do-mundo/. Acesso em: 27 abr. 2021.
BIROLI, F. The Backlash against Gender Equality in Latin America: Temporality, Religious
Patterns, and the Erosion of Democracy. In: Dossier: Las ofensivas antigénero em América
Latina. Lasa Forum, 2020. Disponível em: https://forum.lasaweb.org/files/vol51-
issue2/Dossier1-3.pdf. Acesso em: 02 maio 2021.
BOZÓKI, A. Broken democracy, predatory state, and nationalist populism. The Hungarian
Patient: Social Opposition to an Illiberal Democracy, [S. l.], p. 3-36, 2015.
BRASIL. Lei n. 6.815/80. Define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil, cria o Conselho
Nacional de Imigração. Brasília, DF: Presidência da República, 19 ago. 1980. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6815.htm. Acesso em: 10 jul. 2021.
BRASIL. Lei n. 9.474/97. Define mecanismos para a implementação do Estatuto dos
Refugiados de 1951, e determina outras providências. Brasília, DF: Presidência da República,
22 jul. 1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9474.htm. Acesso em:
02 jul.2021.
BRASIL. Lei n. 13.445/17. Institui a Lei de Migração. Brasília, DF: Presidência da
República, 25 maio 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2017/Lei/L13445.htm. Acesso em: 02 jul. 2021.
BRASIL. Portaria n. 666/19. Dispõe sobre o impedimento de ingresso, a repatriação e a
deportação sumária de pessoa perigosa ou que tenha praticado ato contrário aos princípios e
objetivos dispostos na Constituição Federal. Brasília, DF: Presidência da República, 26 julho
Paula Dias DORNELAS e Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 21
jul.2019. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-666-de-25-de-julho-
de-2019-207244569. Acesso em: 23 maio 2021.
BRASIL. Portaria n. 770/19. Dispõe sobre o impedimento de ingresso, a repatriação e a
deportação sumária de pessoa perigosa ou que tenha praticado ato contrário aos princípios e
objetivos dispostos na Constituição Federal. Brasília, DF: Presidência da República, 14 oct.
2019. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-770-de-11-de-outubro-de-
2019-221565769. Acesso em: 23 maio 2021.
BROWN, W. Undoing the demos. New York: Zone Books. 2015.
BROWN, W. Nas ruínas do neoliberalismo: a ascensão da política antidemocrática no
ocidente. São Paulo: Politeia, 2019.
CAGGIANO, S.; MOMBELLO, L. Inmigrantes e indígenas en las torsiones de la
nacionalidad y la ciudadanía. La construcción de amenazas en Argentina (2015-2019).
Historia y sociedad, [S. l.], n. 39, p. 130-154, 2020.
CONECTAS. Com restrições, governo volta a acolher refugiados venezuelanos. Conectas
Direitos Humanos, [S. l.], 2021. Disponível em: https://www.conectas.org/noticias/com-
restricoes-governo-volta-a-acolher-refugiados-venezuelanos/. Acesso em: 13 jul. 2021.
CONECTAS. Governo Bolsonaro desconsidera orientação da Anvisa sobre fechamento de
fronteiras. Conectas Direitos Humanos, [S. l.], 2021. Disponível em:
https://www.conectas.org/noticias/governo-bolsonaro-desconsidera-orientacao-da-anvisa-
sobre-fechamento-de-fronteiras/. Acesso em: 11 jul. 2021.
DE GENOVA, N. The legal production of Mexican/migrant “illegality”. Latino studies, [S.
l.], v. 2, n. 2, p. 160-185, 2004.
DELFIM, R. Em meio ao Covid-19, coletivos de imigrantes no Brasil lançam campanha por
regularização migratória. MigraMundo, [S. l.], 2020. Disponível em:
https://www.migramundo.com/em-meio-ao-covid-19-coletivos-de-imigrantes--no-brasil-
lancam-campanha-por-regularizacao-migratoria/. Acesso em: 11 jul. 2021.
DELFIM, R. Eventos sobre migrações na internet se preparam contra ataques de ódio; veja
dicas de segurança. MigraMundo, [S. l.], 2021. Disponível em:
https://migramundo.com/eventos-sobre-migracoes-na-internet-se-preparam-contra-ataques-
de-odio-veja-dicas-de-seguranca/. Acesso em: 01 ago. 2021.
DOMENECH, E. O controle da imigração" indesejável": expulsão e expulsabilidade na
América do Sul. Ciência e Cultura, [S. l.], v. 67, n. 2, p. 25-29, 2015.
DOMENECH, E.; DIAS, G. Regimes de fronteira e “ilegalidade” migrante na América Latina
e no Caribe. Sociologias, [S. l.], v. 22, p. 40-73, 2020.
ELKINS, Z. Is The Sky Falling? Constitutional crises in historical perspective. In: GRABER,
M.; LEVINSON, S. TUSHNET, M. (ed.). Constitutional Democracy in Crisis? Oxford:
Oxford University Press, 2018.
Crise da democracia e políticas anti-imigração no Brasil: Um olhar sobre o período de pandemia (2020-2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 22
FASSIN, D. Policing borders, producing boundaries. The governmentality of immigration in
dark times. Annual Review of anthropology, [S. l.], v. 40, p. 213-226, 2011.
FELDMAN-BIANCO, B.; DOMENECH, E.; SANJURJO, L. Desplazamientos, desposesión
y violencias. Historia y sociedad, [S. l.], n. 39, p. 7-23, 2020.
FELLET, J. “Vírus chinês”: como Brasil se inseriu em disputa geopolítica entre EUA e China
sobre pandemia. BBC Brasil, [S. l.], 2020. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51963251. Acesso em: 05 jun.2021.
FERNANDES, V.; OLIVEIRA, V. PF invade abrigo com mais de 50 mulheres e crianças
venezuelanas em RR e ação cobra indenização por danos morais. G1, [S. l.], 2021. Disponível
em: https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2021/03/18/pf-tenta-deportar-mais-de-50-
mulheres-e-criancas-venezuelanas-de-abrigo-em-rr-e-acao-cobra-indenizacao-por-danos-
morais.ghtml. Acesso em: 01 ago. 2021.
FIGUEIREDO, P. Angolano morre esfaqueado na Zona Leste de SP e 2 ficam feridos;
imigrantes deixam suas casas em Itaquera por medo de xenofobia. G1, [S. l.], 2020.
Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/05/19/angolano-morre-
esfaqueado-na-zona-leste-de-sp-e-2-ficam-feridos-imigrantes-deixam-suas-casas-em-itaquera-
por-medo-de-xenofobia.ghtml. Acesso em: 07 jul. 2021.
GINSBURG, T.; HUQ, A. How to Save a Constitutional Democracy. Chicago: University
of Chicago Press, 2018.
GOMES, A. C. A política brasileira em tempos de cólera. Vários autores. Democracia em
risco, [S. l.], v. 22, p. 175-194, 2018.
GOZDZIAK, E. Using fear of the “other”, Orbán reshapes migration policy in a Hungary
built on cultural diversity. Migration Policy, [S. l.], 2019. Disponível em:
https://www.migrationpolicy.org/article/orban-reshapes-migration-policy-hungary. Acesso
em: 10. jul. 2021.
HAGGARD, S.; KAUFMAN, R. Dictators and Democrats: Masses, Elites and Regime
Change. Princeton and Oxford: Princeton University Press, 2016.
HUNTINGTON, S. P. The third wave: Democratization in the late twentieth century.
University of Oklahoma Press, 1993.
IFANGER, C.; POGGETTO, J. Processos migratórios em tempos de pandemia: acentuação da
punição e do controle social. In: BAENINGER, R. et al. Migrações Internacionais e a
Pandemia da Covid-19. 2020.
INGLEHART, R.; NORRIS, P. Trump, Brexit, and the rise of populism: Economic have-nots
and cultural backlash. In: Meeting of the American Political Science Assocation, 2016.
KAYA, A. Populismo e inmigración en la Unión Europea. In: ARANGO, J. et al.
(ed.), Anuario CIDOB de la Inmigración. Barcelona: Fundación CIDOB, 2017. p. 52-79.
Paula Dias DORNELAS e Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 23
KRASZTEV, P.; VAN TIL, J. (ed.). The Hungarian patient: Social opposition to an illiberal
democracy. Central European University Press, 2015.
LEVITSKY, S.; ZIBLATT, D. Como as democracias morrem. [S. l.]: Ed. Schwarcz-
Companhia das Letras, 2018.
LUNA, M. T. Políticas xenófobas em la coyuntura del coronavirus: um análisis del caso
húngaro. Clacso, [S. l.], 2020. Disponível em: https://www.clacso.org/politicas-xenofobas-en-
la-coyuntura-del-coronavirus-un-analisis-del-caso-hungaro/#.XyF6Cjnl2_E.twitter. Acesso
em: 10 abr. 2021.
MANTOVANI, F. Ataques racistas e gritos de ‘Bolsonaro 2022’ interrompem evento virtual
sobre migrantes LGBT. Folha de S. Paulo, São Paulo, 2021. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/06/ataques-racistas-e-gritos-de-bolsonaro-2022-
interrompem-evento-virtual-sobre-migrantes-lgbt.shtml. Acesso em: 31 ago. 2021.
MENDONÇA, R.; CUNHA, E. Teorias Democráticas: múltiplos olhares sobre um fenômeno
em mutação. In: MENDONÇA, R. F.; CUNHA, E. S. Introdução à teoria democrática:
conceitos, histórias, instituições e questões transversais. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2019.
MIGUEL, L. F. Teoria democrática atual: esboço de mapeamento. BIB, São Paulo, n. 59, p. 5-
42, jan. 2005.
MOREIRA, M. Em meio a surto de coronavírus, orientais no Brasil relatam preconceito e
desconforto. Folha de S. Paulo, São Paulo, 2020. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/02/em-meio-a-surto-de-coronavirus-
orientais-no-brasil-relatam-preconceito-e-desconforto.shtml. Acesso em: 30 maio 2021.
MOUNK, Y. O povo contra a democracia: por que nossa liberdade corre perigo e como
salvá-la. [S. l.]: Ed. Companhia das Letras, 2019.
NUNES, C. Polícia investiga incêndio em casa de imigrantes venezuelanos em Boa Vista.
Agência Brasil, Brasília, 2018. Disponível em:
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-02/policia-investiga-incendio-em-casa-de-
imigrantes-venezuelanos-em-boa-vista. Acesso em: 10 jul. 2021.
PEREIRA, A. B.; QUINTANILHA, K. Deportação e trabalho escravo: governo e Exército
tornam política migratória um desastre humanitário. The Intercept, [S. l.], 2021. Disponível
em: https://theintercept.com/2021/07/23/deportacao-trabalho-escravo-governo-exercito-
migrantes-desastre-humanitario/. Acesso em: 29 jul. 2021.
PRAZERES, L. Barrados por portaria, imigrantes se abrigam em ponte na fronteira entre
Brasil e Peru enquanto tentam entrar no país. O Globo, [S. l.], 2020. Disponível em:
https://oglobo.globo.com/mundo/barrados-por-portaria-imigrantes-se-abrigam-em-ponte-na-
fronteira-entre-brasil-peru-enquanto-tentam-entrar-no-pais-24570622. Acesso em: 09 jun.
2021.
PRZEWORSKI, A. Crises of democracy. [S. l.]: Cambridge University Press, 2019.
Crise da democracia e políticas anti-imigração no Brasil: Um olhar sobre o período de pandemia (2020-2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 24
RAMOS, A. C.; VEDOVATO, L. R.; BAENINGER, R. (coord.). Nova Lei de Migração: os
primeiros três anos. Campinas, SP: Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó” – Nepo;
Unicamp – Observatório das Migrações em São Paulo: Fadisp, 2020.
RODRIGUES, A. Roraima pede ao STF fechamento da fronteira com a Venezuela. Agência
Brasil, Brasília, 2018. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-
04/roraima-pede-ao-stf-que-determine-fechamento-da-fronteira-com-venezuela. Acesso em:
13 jun. 2021.
RUSEISHVILI, S.; TRUZZI, O. Mobilidade migratória e a pandemia da COVID-19.
Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar, São Carlos, v. 10, n. 1, p. 473-485,
jan.-abr., 2020.
SERRA, C.; AMORIM, D. Nova portaria flexibiliza regularização migratória para
venezuelanos, mas deixa incertezas. MigraMundo, [S. l.], 2021. Disponível em:
https://migramundo.com/nova-portaria-flexibiliza-regularizacao-migratoria-para-
venezuelanos-mas-deixa-incertezas/. Acesso em: 13 jul. 2021.
SEYFERTH, G. Imigrantes, estrangeiros: a trajetória de uma categoria incômoda no campo
político. Trabalho apresentado na Mesa Redonda Imigrantes e Emigrantes: as transformações
das relações do Estado Brasileiro com a Migração. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE
ANTROPOLOGIA, 26., 2008. Anais [...]. [S. l.: s. n.], 2008. v. 1, p. 01-20.
SOUSA, V.; LEITE, I. Deportações de estrangeiros crescem 5.798% no Brasil em 2020. G1,
[S. l.], 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/02/21/deportacoes-de-
estrangeiros-crescem-5708percent-no-brasil-em-2020.ghtml. Acesso em: 27 jul. 2021.
SQUIRE, V. The securitization of migration: an absent presence? In: The Securitization of
Migration in the EU. Palgrave Macmillan, London, 2015. p. 19-36.
VEGA MACÍAS, D. The COVID-19 pandemic on anti-immigration and xenophobic
discourse in Europe and the United States. Estudios fronterizos, [S. l.], v. 22, 2021.
VENTURA, D. Pandemia e estigma: nota sobre as expressões “vírus chinês” e “vírus de
Wuhan”. In: BAENINGER, R. et al. Migrações Internacionais e a Pandemia da Covid-19.
2020.
VILLEN, P.; QUINTANILHA, K. A nova Lei de Migração (13.445/2017) como espelho de
forças ambivalentes. In: RAMOS, A. de C.; VEDOVATO, L. R.; BAENINGER, R. (coord.).
Nova Lei de Migração: os primeiros três anos. Campinas, SP: Núcleo de Estudos de
População “Elza Berquó” – Nepo; Unicamp – Observatório das Migrações em São Paulo:
Fadisp, 2020.
ZANINI, F. Candidatos a prefeito em Boa Vista usam retórica anti-venezuelanos em
campanha. Folha de S. Paulo, São Paulo, 2020. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/10/candidato-a-prefeito-em-boa-vista-promete-
fim-de-privilegios-de-venezuelanos.shtml. Acesso em: 13 jul. 2021.
Paula Dias DORNELAS e Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 25
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não se aplica.
Financiamento: A pesquisadora Paula Dornelas recebe bolsa Capes/ProEx de Doutorado
pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFMG.
Conflitos de interesse: Não se aplica.
Aprovação ética: Não se aplica.
Disponibilidade de dados e material: Não se aplica.
Contribuições dos autores: Os autores contribuíram de igual maneira para a elaboração do
artigo.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 1
CRISIS OF DEMOCRACY AND ANTI-IMMIGRATION POLICIES IN BRAZIL: A
LOOK AT THE PANDEMIC PERIOD (2020 - 2021)
CRISE DA DEMOCRACIA E POLÍTICAS ANTI-IMIGRAÇÃO NO BRASIL: UM
OLHAR SOBRE O PERÍODO DE PANDEMIA (2020 – 2021)
CRISIS DE LA DEMOCRACIA Y POLÍTICAS ANTIINMIGRACIÓN EN BRASIL: UNA
MIRADA AL PERÍODO PANDÉMICO (2020 - 2021)
Paula Dias DORNELAS1
e-mail: pauladdornelas@gmail.com
Victor Bicalho QUIRINO2
e-mail: victorbbicalho@gmail.com
How to reference this article:
DORNELAS, P. D.; QUIRINO, V. B. Crisis of democracy and anti-
immigration policies in Brazil: A look at the pandemic period (2020
- 2021). Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São
Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107. DOI:
https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876
| Submitted: 01/08/2021
| Required revisions: 07/07/2023
| Approved: 31/07/2023
| Published: 20/08/2023
Editors:
Profa. Dra. Simone Diniz
Prof. Dr. Eduardo de Lima Caldas
Profa. Dra. Mércia Kaline Freitas Alves
Dr. Vinícius Silva Alves
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Federal University of Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte MG Brazil. PhD student and Master in Political
Science (Postgraduate Program in Political Science - UFMG).
2
Federal University of Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte MG Brazil. Master of Laws (Postgraduate
Program in Law - UFMG).
Crisis of democracy and anti-immigration policies in Brazil: A look at the pandemic period (2020 - 2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 2
ABSTRACT: The global scenario of international migration has been marked by practices and
policies that have strengthened physical and symbolic borders. In the context of the Covid-19
pandemic, measures have been taken to prevent population displacement in order to contain the
spread of the virus. The aim of this paper is to discuss the practices and narratives adopted in
Brazil in relation to migration during the pandemic. Mobilizing democratic theories, and based
on a bibliographic review and qualitative analysis of normative acts, the article seeks to reflect
on the weakening of democracy in the country, observing, mainly, how nationalist, anti-
democratic and anti-immigrant discourses and practices were presented during the first two
years of the pandemic (2020 and 2021). We qualitatively analyzed how the then Brazilian
government and other political actors mobilized the anti-immigration discourse, observing how
these scenarios reflect, impact and/or relate to discussions around the crisis of democracy.
Based on the analysis, it was possible to observe how the closing of borders was accompanied,
in many cases, by an intensification of nationalist discourses and xenophobic actions in different
arenas.
KEYWORDS: Pandemic. Migration. Democracy. Borders. Covid-19.
RESUMO: O cenário global das migrações internacionais tem sido marcado por práticas e
políticas de recrudescimento de fronteiras físicas e simbólicas. No contexto de pandemia da
Covid-19, medidas de impedimento aos deslocamentos populacionais foram registradas, com
o objetivo de conter o avanço do vírus. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é discorrer
sobre práticas e narrativas adotadas no Brasil, em relação à temática migratória, durante
período da pandemia. Mobilizando teorias democráticas, e com base em revisão bibliográfica
e análise qualitativa de atos normativos, o artigo busca refletir sobre o enfraquecimento da
democracia no país, observando, principalmente, como discursos e práticas nacionalistas,
antidemocráticas e contrárias à imigração e a imigrantes se apresentaram durante os dois
primeiros anos da pandemia (2020 e 2021). Analisamos qualitativamente como o então
governo brasileiro e outros atores políticos mobilizaram o discurso anti-imigração, observando
como esses cenários refletem, impactam e/ou se relacionam com as discussões em torno da
crise da democracia. Com base nas análises, foi possível observar como o fechamento de
fronteiras foi acompanhado, em muitos casos, por uma intensificação nos discursos
nacionalistas e nas ações xenofóbicas em diferentes arenas.
PALAVRAS-CHAVE: Pandemia. Migração. Democracia. Fronteiras. Covid-19.
Paula Dias DORNELAS and Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 3
RESUMEN: El escenario mundial de las migraciones internacionales se ha caracterizado por
prácticas y políticas de endurecimiento de las fronteras físicas y simbólicas. En el contexto de
la pandemia del Covid-19, se han adoptado medidas para evitar el desplazamiento de la
población con el fin de contener la propagación del virus. El objetivo de este artículo es debatir
las prácticas y narrativas adoptadas en Brasil en relación con la migración durante la
pandemia. Movilizando teorías democráticas, y a partir de una revisión bibliográfica y análisis
cualitativo de actos normativos, el artículo busca reflexionar sobre el debilitamiento de la
democracia en el país, observando principalmente cómo se presentaron discursos y prácticas
nacionalistas, antidemocráticas y antiinmigrantes durante los dos primeros años de la
pandemia (2020 y 2021). Analizamos cualitativamente cómo el entonces gobierno brasileño y
otros actores políticos movilizaron el discurso anti-inmigración, observando cómo estos
escenarios reflejan, impactan y/o se relacionan con las discusiones en torno a la crisis de la
democracia. A partir de los análisis, fue posible observar cómo el cierre de fronteras fue
acompañado, en muchos casos, por una intensificación de los discursos nacionalistas y
acciones xenófobas en diferentes arenas.
PALABRAS CLAVE: Pandemia. Migración. Democracia. Fronteras. Covid-19.
Introduction
The reinforcement of nationalist and anti-immigration discourses, the hardening of
borders and the strengthening of control and surveillance policies have been constant in Latin
America's migratory reality. As Domenech and Dias (2020) point out, these situations are not
new, but they have intensified in recent decades in various parts of the world, at times marked
by an upsurge in the criminalization of migration and the securitization of borders. During the
Covid-19 pandemic, this scenario has become even more striking. In a context of rapid
contagion of the virus and health measures to prevent the spread of the disease, there has also
been an upsurge in discourses and practices against any form of mobility, as well as an increase
in stigmatizing narratives and violent actions against immigrant and refugee communities. The
use of expressions such as "Chinese virus" and "Wuhan virus" by political actors, for example,
shows how nationality can be mobilized in an attempt to find an "external enemy", which can
reinforce xenophobia.
As Didier Fassin (2011) points out, control apparatuses, illegalization logics and
repressive and restrictive immigration policies have been observed and reinforced by many
nation states, highlighting the contradictions of globalization and forms of governance that
encourage the movement of goods while restricting the mobility of people. In the context of the
COVID-19 crisis, these security logics have been reinforced, strengthened in contexts of
Crisis of democracy and anti-immigration policies in Brazil: A look at the pandemic period (2020 - 2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 4
weakening democratic standards
3
. In Brazil, for example, ordinances were published that
specifically restricted access to migrants and refugees from Venezuela
4
, in a discriminatory and
selective manner. Furthermore, while the land borders were open to tourists and international
investors, the land borders remained closed, making it impossible for people who have no other
resources to move to cross the border and request refuge (PRAZERES, 2020). The number of
deportations of migrants was also substantially higher in 2020 compared to 2019 (SOUSA;
LEITE, 2021). In addition, violent actions were recorded during the pandemic: in May 2020,
João Manuel, an Angolan immigrant living in São Paulo, suffered xenophobic attacks and was
murdered after an argument over the payment of emergency aid for immigrants (FIGUEIREDO,
2020). Months later, Falilatou Sarouna, a Togolese worker living in São Paulo, was arrested
without evidence and arbitrarily detained for six months (PEREIRA; QUINTANILHA, 2021).
In March 2021, a shelter in Roraima with more than 50 Venezuelan women and children was
raided by the Federal Police who, without a court order and armed with guns and hoods, wanted
to deport the migrants (FERNANDES; OLIVEIRA, 2021).
Faced with this and other scenarios, some questions emerge. What can these actions and
events tell us about democracy? At the same time, is it possible to identify elements of a
democratic crisis in Brazil by also looking at the migration phenomenon? How can these
relationships be understood against the backdrop of the Covid-19 pandemic? Based on these
concerns, the article aims to look at the narratives and policies adopted by the Brazilian
government, during the first two years of the pandemic, in relation to the migratory agenda.
Based on theoretical discussions about the crisis of democracies (LEVITSKY; ZIBLATT, 2018;
MOUNK, 2019; PRZEWORSKI, 2019; AVRITZER, 2018, 2019; BOZÓKI, 2015; BROWN,
2015; 2019), the paper seeks to discuss how nationalist, authoritarian and anti-immigrant
practices have been reinforced during the Covid-19 global health emergency, reflecting on the
impacts of these measures on the lives of migrants and refugees. The analytical path outlined,
based on a bibliographical review and qualitative analysis of normative acts, is organized as
3
Democratic indicators are monitored by research institutes and can, from this perspective, support diagnoses
about the weakening of democracies. Using data from Varieties of Democracy 2017, for example, Elkins (2018)
found that, since 2010, some countries, including Brazil, have shown significant democratic declines in historical
comparison.
4
The first normative act published on the restriction of entry of migrants into the country was Interministerial
Ordinance n. 120, of 17 March 2020, which provided "on the exceptional and temporary restriction of entry into
the country of foreigners from the Bolivarian Republic of Venezuela, as recommended by the National Health
Surveillance Agency - Anvisa" (BRASIL, 2020). However, according to a note sent to Conectas (2021), Anvisa
said it had not recommended a specific ban on Venezuelans entering the country (CONECTAS, 2021).
Subsequently, Ordinance n. 125 was published on 19 March 2020, which extended the restriction on entry by land
to people from other South American countries with which Brazil shares a border.
Paula Dias DORNELAS and Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 5
follows: initially, there will be a brief discussion of the current scenario of international
migration, in order to discuss the strengthening of physical and symbolic borders. Next, we will
present some theoretical notes on the ideas of the crisis of democracy, in order to understand,
in general, how this debate has been structured in the literature. Finally, we will look at actions
related to the migration agenda adopted by the Brazilian government during the pandemic, in
order to observe how these measures relate to and fit into a situation of weakening democracy.
The work seeks to show that, although the democratic crisis involves countless other
aspects, migration can be an important element of analysis, especially if we consider the impacts
and consequences of anti-immigration policies, practices and discourses on the lives of various
subjects. The analysis showed that, in relation to migration and mobility, the narratives and
policies adopted by the Brazilian government during the pandemic can be understood based on
the following interpretative keys: a) a reinforcement of nationalist ideas and the strengthening
of the idea of the "undesirable immigrant" and the "other" as a threat (MOUNK, 2019;
DOMENECH, 2015); and b) through an attack on pluralism and the idea of a demos made up
of various and diverse citizens (BROWN, 2015; 2019). Faced with this scenario, and in a global
context of impediments to the movement of people due to the Covid-19 pandemic, borders and
barriers that were or are temporarily closed may remain so.
International migration and the pandemic: strengthening borders and stigmatization
The phenomenon of migration is not new, nor are the attitudes and policies adopted by
different states in relation to migrant flows and populations. Eduardo Domenech (2015), when
referring to the South American migratory scenario, points out that, back in the 20th century,
policies to encourage immigration were adopted by various states, reaching their apogee with
the consolidation of bureaucratic-administrative apparatuses. The population they wanted to
attract, however, was European, which created the image of the "desirable immigrant": male,
manual worker, white and of working age. Other individuals and social groups who did not
meet these characteristics were the target of prohibition, detention, control policies and
stigmatization. As the author argues, this paradox has been observed since the last century:
The same policies to promote immigration, whose definition of "immigrant"
implied a certain selection, implicitly contained a formula of exclusion: all
foreigners were welcome, except for "exceptions", represented by
"undesirable" immigrants or those who escaped the definition of a "good
immigrant" (DOMENECH, 2015, p. 26, our translation).
Crisis of democracy and anti-immigration policies in Brazil: A look at the pandemic period (2020 - 2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 6
In different countries, therefore, entry requirements and prohibitions were established,
as well as deportations and exclusions, which mainly affected groups of immigrants considered
"undesirable". It is worth noting that, in Brazil, the immigrant category emerged in the political
field with the consolidation of the Brazilian state, according to Giralda Seyferth (2008). The
author analyzes how this category, and also that of "foreigner", have acquired different
meanings in legislation and political discourse on migration over time, according to political
interests and different socio-economic and historical contexts. From this perspective, it is worth
noting that the foreigner expected in the 19th century was the one considered "robust, healthy,
diligent in the service they undertake" (SEYFERTH, 2008, p. 6, our translation).
In the 20th century, the ideal of desired immigration remained and was reinforced, as
Seyferth (2008, p. 10, our translation) points out, by the whitening thesis, which defended the
idea of a civilized, modern nation, formed by "selective miscegenation with the help of
European immigration". Several normative acts that materialized these perspectives were
issued over the years, such as Decree-Law 7,967, of 18 September 1945, which established,
verbatim, that: "Art. 2 The need to preserve and develop, in the ethnic composition of the
population, the most convenient characteristics of their European ancestry, as well as the
defense of the national worker, shall be taken into account in the admission of immigrants" (our
translation), embodying in a legal text the preference for immigrants of European origin.
Regarding groups considered "undesirable", according to Domenech (2015), Chinese
immigrants were among the first to suffer from exclusionary policies. In the United States, for
example, the "Chinese Exclusion Act" was implemented in 1882, a specific law created against
these immigrants. In Latin America, Chinese immigration was also not seen as "advantageous",
and measures to control this flow were recorded in countries such as Ecuador and Colombia.
Around the 1930s, restrictions on Chinese immigration increased and other requirements to
enter the territory were created in several countries, in a "restrictive turn in the state regulation
of migration" (DOMENECH, 2015, p. 26, our translation). And despite acquiring other formats
and characteristics, restrictive policies towards migrants have continued to be adopted in the
21st century.
In the Brazilian case, it is important to mention that, until 2017, the legislation that
defined the legal situation of foreigners in the country was Law n. 6,815, of 19 August 1980
(Foreigner's Statute), drawn up in the context of the civil-military dictatorship. The law, which
approached migration from a national security perspective (RAMOS; VEDOVATO;
Paula Dias DORNELAS and Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 7
BAENINGER, 2020), was only repealed in 2017, with the enactment of Law n. 13,445, of 24
May 2017 (Migration Law). This law, the result of a struggle by immigrants, refugees and civil
society organizations, is aligned with a human rights perspective, although important vetoes
were made at the time of its sanction (VILLEN; QUINTANILHA, 2020).
In the current scenario, migration control policies are part of a global border regime,
through practices to regulate flows which, as Domenech (2015) points out, are driven by a
technocracy linked to concepts such as "migratory governance", "management" and "border
control". "Undesirable immigrants" are also seen as threats, as "invaders", as illegal and often
as responsible for the loss of job opportunities for nationals. The condition of illegality often
linked to those who move is seen by many authors (DE GENOVA, 2004; SQUIRE, 2015;
FASSIN, 2011) as an ambivalent socio-political production, which has the objectives of
exclusion, precariousness of labor and racialization.
If during the 19th and 20th centuries Chinese immigrants were one of the groups seen
as undesirable, during the Covid-19 pandemic stigmatization against this group was also a
reality. The first cases of coronavirus infection were detected in January 2020 in China, in the
city of Wuhan, which became the epicenter of the pandemic. From then on, expressions such
as "Chinese virus" or "Wuhan virus" began to appear, associating the disease with nationality
or a specific location. As Deisy Ventura (2020) points out, given the spread of the disease and
the increase in the number of people infected, there has been an upsurge in cases of
discrimination and violence against certain groups, mainly Chinese migrants living in the West.
The use of these expressions to refer to the disease has also been made by government and
political leaders, as we will discuss below. And the impact of this has not been only rhetorical.
According to Seyferth (2008), immigration has always mobilized contradictory state
positions, which sometimes saw migrants as necessary and sometimes as a problem. In times
of crisis, as the author points out, the association of immigration with danger is reinforced, as
are xenophobic, racist and nation-protecting sentiments and rhetoric. In countries whose
democracies are in crisis (LEVITSKY; ZIBLATT, 2018), in governments whose leaders are
authoritarian and linked to the extreme right, and in cases of "illliberal" democracies
(KRASTEV; VAN TIL, 2016), these discursive strategies are added to the reinforcement of
nationalism and other state actions to restrict immigration, whether by closing borders,
detaining immigrants or arbitrary deportations and exclusions.
In light of this, it is worth asking what this scenario and these measures tell us about
these democracies. How can we understand the anti-immigration actions, practices and
Crisis of democracy and anti-immigration policies in Brazil: A look at the pandemic period (2020 - 2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 8
discourses - reinforced during the pandemic - based on theories and analyses of contemporary
democracy? Although these are complex questions and would require efforts beyond the scope
of this work, we believe it is possible to outline some reflections on these points.
Democratic weakening and the crisis of democracy
The concepts of democracy and crisis are not consensual. As Mendonça and Cunha
(2018) point out, ideas around the notion of democracy can change depending on the context
and the approach or theoretical line. In this sense, several debates can be held about its variation
and form (SANTOS; AVRITZER, 2002; MIGUEL, 2005), which highlights the relevance of
discussing these different conceptions, even though the perspectives are vast and quite tense. In
the assessment of authors such as Samuel Huntington (1993) and Adam Przeworski (2019), for
example, democracy is linked to the possibility of changing groups in power through free and
fair elections. In this sense, democracy is "a mechanism for processing conflicts"
(PRZEWORSKI, 2019, p. 7, our translation).
The concept of crisis also has its variations and different interpretations and uses. While
for Przeworski (2019) democracy is linked to procedural and electoral dimensions, the concept
of crisis involves, in the author's view, aspects such as administration, politics and socio-cultural
dimensions. He also believes that the economy plays an important role in maintaining
democratic regimes, since, in his view, democracies are less likely to weaken when the economy
is stable.
Although in different traditions, the importance of institutions for democracy is
addressed by other authors and currents of democratic theory. Steven Levitsky and Daniel
Ziblatt (2018) argue that institutional degradation is central to understanding the crisis of today's
democracies. According to the authors, who focus mainly on the US scenario following the
election of Donald Trump in 2016, contemporary democracies are not weakened by coups
d'état, but by processes in which they are put in check by politicians who have already been
elected. According to Levitsky and Ziblatt (2018), the impoverishment of democratic standards
is less evident today compared to processes experienced in some countries at other times in
history. In a different assessment to that of Przeworski (2019), whose interpretation is that crises
involve institutional ruptures, Levistki and Ziblatt (2018) argue that these processes are also
permeated by aspects involving the degradation of informal rules and non-institutional
mechanisms.
Paula Dias DORNELAS and Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 9
The idea is that, while in the past the failures were more evident, the impoverishment of
democratic standards is more subtle today. In this sense, Haggard and Kaufman (2016) believe
that military coups have given way to the excessive actions of elected political leaders, who use
their powers to undermine the legitimacy of their opponents and restrict civil and political
liberties. Along the same lines, Tom Ginsburg and Aziz Huq warn that:
Today, many illiberal democracies arise through the victory of candidates or
parties that pursue authoritarian policies, try to extinguish the political space
for dissent and competition, and aim to capture the machinery of state that
provides for fair elections and administration. Such politicians and parties
pursuing an illiberal democratic agenda have a paradoxical quality. On the one
hand, they can claim a democratic mandate. On the other hand, they strive to
dismantle democracy from the inside out (GINSBURG; HUQ, 2018, p. 21,
our translation).
Understanding how migration fits into this context of weakening democratic standards,
however, requires the consideration of other approaches to the notion of democracy, which go
beyond its interpretation focused on procedures, the existence of elections or aspects such as
the alternation of power, as the authors mentioned above might suggest. In order to understand
how migratory policies are accommodated to this scenario of democratic crisis, we believe it is
relevant to shed light on different notions of democracy.
In this sense, for Wendy Brown (2015; 2019), democracy must be understood on the
basis of principles such as political equality and the idea of demos. In the author's assessment,
it is important for democratic regimes to be centered on the cultivation of society as the locus
of the common, of sharing, of a space in which different subjects exist and are thought of as a
whole for the provision of public goods and rights (BROWN, 2015; 2019).
For her, equality is fundamental to ensuring that the exercise of power is authorized, but
also the responsibility of all. When equality is absent, the people (or the demos) cease to govern,
popular sovereignty is not present and democracy itself is weakened. In a neo-Marxist
approach, Brown (2019) argues that it is possible to observe, in many countries, the
reinforcement of hate speech, public manifestations of racism and anti-Semitism, as well as an
increase in exclusionary and nationalist rhetoric. According to the author, this scenario and the
rise of far-right leaders have brought challenges to political theory in terms of its nomenclature
and understanding. For her, however, the interpretation of these phenomena demands attention
to rationalities such as the neoliberal one, in which "government is transmuted into governance
and management" (BROWN, 2015, p. 20, our translation).
Crisis of democracy and anti-immigration policies in Brazil: A look at the pandemic period (2020 - 2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 10
Wendy Brown understands neoliberalism as a rationality whose impacts go beyond the
economic sphere, strengthening processes of de-democratization. For the author, neoliberal
governmentality acts - in the most varied fields of social life - through a demonization of the
social and the political, a discrediting of the value of the state, as well as an attack on equality
combined with a defence of traditional moralities (BROWN, 2019). The processes of crisis or
weakening of democracy, therefore, must take into account, in Brown's view, how this
rationality played an important role in building the foundations for anti-democratic forces to
grow stronger in the second decade of the 21st century, in a process that fueled racism, class
resentment, violence and inequality. Exclusionary discourses and practices, in this context, are
mostly directed at marginalized individuals and groups, such as women, the black population,
LGBTQIA+ and migrant and refugee communities. By denying any state intervention (in the
market, morality or the family), the aim, according to Brown (2019, p. 24, our translation) is to
deny the idea of the social, "radically restricting the scope of democratic political power in
nation states".
These attacks on democracy and the very notion of demos are present in workplaces,
educational logics, discourses and state actions, and also represent a loss of political meaning
and citizenship. And beyond the epistemic and ethical dimensions, this attack on pluralism, the
idea of the social and the notion of demos has practical impacts on the lives of many people,
mainly through the dismantling of public policies, stigmatizing discourses and the
reinforcement of inequalities. The weakening of democracy, in this sense, goes beyond
institutional and procedural aspects, as argued by the authors mentioned at the beginning of this
topic, but also involves processes in which basic requirements for democracy are undermined.
Precariousness that already exists is thus reinforced, to the extent that there is a loss of state
capacity, the dismantling of public structures and an increase in restrictive measures for certain
social groups, such as migrants and refugees (BIROLI, 2020).
These processes are also part of scenarios of exacerbated nationalism and the rhetoric
of national unification, as Bozóki (2015) points out. According to the author, who focuses on
the process of de-democratization experienced in Hungary, strategies adopted under the guise
of nationalism reinforce inequalities, expose xenophobia and criminalize certain groups - such
as immigrants, especially undocumented ones - under the pretext of protecting the nation and
the demos, of which these groups are not considered part. Nationalist rhetoric is adopted with
the aim of defining the nation as a safe space that must be protected from external threats and
Paula Dias DORNELAS and Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 11
enemies, which can be either the government's opponents or various minorities considered
dangerous to the nation's values, ideals, identities and "social cohesion".
As Gozdziak (2019) and Yascha Mounk (2019) point out, this fear of the "other" has led
to a series of anti-immigrant actions and policies in various places. The strengthening of
surveillance and border control procedures, policies to indiscriminately restrict immigration
flows and narratives that criminalize migration and migrants, for example, are reinforced by
these logics. As Seyferth (2008, p. 2, our translation) points out, "nationalist ideologies assume
the existence of univocal communities, appealing to a subjective idea of nation that excludes
those classified by the category 'foreigner'", articulating processes of exclusion and racialization
against those individuals considered "other".
During the Covid-19 pandemic, discourses and practices of this nature were observed in
several countries. Under the pretext of containing the transmission of the virus, borders were
selectively closed, harming populations of certain origins, as we will discuss below. In addition,
narratives against immigration have intensified, as already mentioned, especially those focused
on stigmatizing certain migrant communities, reinforcing pre-existing racism. In the United
States, for example, Donald Trump announced, while he was still president and shortly after the
pandemic broke out, that the US would break off relations with the World Health Organization,
since the organization, according to him, was following directions from China, which was
responsible for the emergence and worldwide spread of Covid-19 (IFANGER; POGGETTO,
2020). According to Ifanger and Poggetto (2020), Trump's accusations, very much induced by
fear strategies and reinforced by fake news, have deepened actions of racism and xenophobia
against Chinese and their descendants, who have been the target of violence and intolerance.
According to Adida, Dionne and Platas (2018), in research conducted on the Ebola
epidemic, politicization around the threat to public health, such as the discourse of political
leaders in relation to China and the spread of the virus in the current public health context, can
mobilize public opinion and increase the exclusion of immigrants, generating short- and
medium-term effects for vulnerable populations. As Daniel Vega Macías (2021) points out,
metaphors and representations of migrants as "invaders" and as potential "transmitters" of
diseases were already common in other historical periods, but have been reinforced in the recent
context of the pandemic. According to the author, these positions are being targeted by far-right
groups, who are strategically evoking these narratives in order to question the phenomenon of
migration and the presence of immigrants in the territory.
Crisis of democracy and anti-immigration policies in Brazil: A look at the pandemic period (2020 - 2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 12
In the case of the Covid-19 pandemic, for example, after Donald Trump used the term
"Chinese virus" on Twitter in March 2020, the number of mentions of the term increased from
around 16,500 to 177,327 the following week (BUDHWANI; SUN apud VENTURA, 2020).
In addition to personifying the threat and associating it with a specific nationality or ethnicity,
these attitudes reinforce stigmas, xenophobic acts and violence against minorities. As Ventura
(2020) points out,
Stigma and xenophobia have the effect, especially during a pandemic, of not
only spreading verbal and physical violence against their victims. It also leads
stigmatized populations to fear society and the authorities, and to stay away
from health services, which hinders disease control, thus putting both their
health and that of the community at risk (VENTURA, 2020, p. 96, our
translation).
In addition to these impacts, it is possible to see how this strategy of naming and
personifying is also about an attempt to find "culprits" for the recent global pandemic scenario,
especially in view of the social and economic impacts it has had. The issue of constructing a
"threat" to society has been analyzed by several authors (KAYA, 2017; INGLEHART;
NORRIS, 2016) when looking at the rise of far-right leaders and parties in contemporary
democracies. The rhetoric adopted against diversity and this "other" is an element that plays an
important role in influencing certain sectors of the population, especially the most "insecure"
layers of society - informal workers, the unemployed, families living in areas with a
concentration of immigrants, for example. These discourses, often exploited by political groups
and leaders, can reinforce resentment and stimulate manifestations of xenophobia, racism and
religious intolerance, for example (KAYA, 2017).
According to this argument, outsiders, such as immigrants and refugees, would be partly
responsible for the economic recession, for depriving nationals of job opportunities or for being
to blame for the spread of the virus in the context of a pandemic. As Mara Luna (2020) points
out, discourses associating the virus with specific ethnic-racial groups have been common in
many governments, as mentioned above. These practices reflect, once again, the reinforcement
of imaginaries that construct an "other" as a threat, from whom the nation must be protected, in
scenarios of defense of nationalisms and an idea of a homogeneous nation.
Paula Dias DORNELAS and Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 13
Brazil and the setbacks
Although the crisis of democracies is a phenomenon that affects several countries, there
are differences in the processes and scenarios experienced in each place. The Brazilian case,
according to Leonardo Avritzer (2019), differs from the dynamics experienced in other
countries because, among other factors, the country does not have such a consolidated
democratic tradition, especially in relation to the validity of rights and civil and judicial
elements. On this issue, Avritzer (2018; 2019) argues that there is a pendulum nature to
democracy in Brazil, marked by moments of democratic expansion and regression. According
to the author, from 1946 to 1964, and from 1994 to 2010, public policies and democracy were
in harmony. In this context, the expansion of participation - which took place after the 1990s -
was part of a pendulum structure of democratic expansion, with the establishment of
participatory institutions, an upsurge in participation and the adoption of important social
policies. After the military dictatorship and the promulgation of the 1988 Constitution, the
country reasonably consolidated a democratic political system, which guaranteed the rotation
of powers, free and fair elections, public policies for the population, a reduction in poverty and
growing support for democracy.
However, the scenario has changed. After 2013, this process of democratic consolidation
took a turn for the worse, beginning a period of democratic degradation that worsened over the
years. As Avritzer (2018) points out, the democratic pendulum has swung back, showing strong
opposition to established public policies, rejection of the institutionalization of participation,
and the extinction of secretariats and ministries linked to the expansion of rights. Added to this
was the constant strengthening of discourses, practices and measures that were markedly anti-
democratic and against participation, adopted in the period that coincided with the start of the
pandemic. For the author, these regressions cannot be understood simply as a "slip", but are
part of a pendulum movement in the process of Brazilian democratic construction.
There are various interpretative perspectives and possible analytical focuses for
understanding the Brazilian political-institutional scenario in recent years. The actions of the
armed forces, the actions of the judiciary, the role of the media and the elites, the impacts of the
interruption of Dilma Rousseff's presidential mandate, the dismantling of public policies and
the ultra-conservative agenda are some of the aspects that involve the context of setbacks in the
country. It would not be possible - nor plausible - to cover all the points here. As Avritzer (2018;
2019) argues, part of these setbacks observed in the country involve violations of constitutional
guarantees, tensions between powers and also a situation marked by a high and unprecedented
Crisis of democracy and anti-immigration policies in Brazil: A look at the pandemic period (2020 - 2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 14
level of intolerance, present in speeches, policies and an anti-rights agenda. The discourse of
national sovereignty, homeland and a "Brazil above all" is legitimized under the attack on
political pluralism, human rights, diversity and a demos (BROWN, 2015) made up of people
with diverse values and characteristics. In Angela Gomes' (2018) assessment, Jair Bolsonaro
(President of the Republic from 2019 to 2022) took advantage of a local scenario of weakening
democracy and rejection of the left in the country (mainly based on the image of the fight against
corruption), and a global context of the advance of the extreme right and nationalist actors. For
the author,
However, it is important to understand how Bolsonaro alters this tradition. He
does so, in my opinion, when he articulates a discourse of anger, whose
rhetoric is designed to mobilize support for violent actions, to be carried out
by his government and by members of his political bases, authorized to arm
themselves to fight those identified as enemies of the government/country. In
this way, he gives a positive signal, in the public world, to behaviors and
feelings that, existing in the private world, were not presented as a model to
be taken by citizens (GOMES, 2018, p. 145, our translation).
Against this background of setbacks, we therefore return to aspects that make it possible
to analyze the Brazilian case based on the measures taken in relation to the migratory agenda.
In this sense, the creation of enemies and the attack on plurality are, in yet another case, central
elements. With regard to the migrant population, the actions and speeches adopted by the last
government were not far removed from this logic. Even before he was elected, when he was
still a federal deputy, Bolsonaro classified refugees as "the scum of the earth" (AZEVEDO,
2015). At the beginning of 2019, the government announced Brazil's withdrawal from the
Global Compact for Migration and, in the same year, Ordinance n. 666, of 25 July 2019, was
published by the Ministry of Justice and Public Security, which allowed for the summary
deportation or barring of entry of foreigners considered "dangerous"
5
. And if anti-immigration
rhetoric and the politicization of issues by political leaders promote and reinforce stigmatization
and violence, it's no different in Brazil. With the increase in the immigration flow of
Venezuelans in recent years, there has been a request to close the border with the neighboring
country by the former governor of Roraima (RODRIGUES, 2018), the burning of the house of
Venezuelan migrants in Boa Vista (NUNES, 2018), as well as other manifestations of
xenophobia against this population. In addition, in September 2019, a bar run by Palestinian
5
After receiving criticism from sectors and organizations working on migration issues, a new ordinance was
published by the federal government, n. 770, of 11 October 2019. Despite being similar to the previous one, the
new normative act introduced relevant changes in some points, such as increasing the deadline, in the case of
deportation, for the migrant to present a defense or leave the country voluntarily, from 48 hours to 5 days.
Paula Dias DORNELAS and Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 15
and Syrian refugees was the target of attacks with bottles and gas in São Paulo (AMENDOLA,
2019), and in the 2020 elections, anti-immigration and anti-Venezuelan rhetoric was mobilized
by candidates for the mayoralty of Boa Vista, the capital of Roraima (ZANINI, 2020).
During the Covid-19 pandemic, this process intensified. Like Trump, Jair Bolsonaro and
his supporters used the expression "Chinese virus" to refer to the coronavirus, while Eduardo
Bolsonaro, a federal deputy and the president's son, blamed China for the pandemic and
compared the country's stance to the former Soviet Union's attitude towards the Chernobyl
nuclear accident (FELLET, 2020). A similar stance was adopted by Ernesto Araújo, former
Minister of Foreign Affairs, who, at a ministerial meeting in April 2020 and in an article on his
blog, also blamed China for the spread of Covid-19, denouncing the country's ideological plan
to spread what he called the "communistvirus". According to Araújo's blog post called
Metapolítica, the coronavirus accelerates a "globalist project" which, according to him, "was
already being carried out through climatism or climate alarmism, gender ideology, politically
correct dogmatism, immigrationism, racialism or the reorganization of society by the principle
of race, anti-nationalism, scientism" (ARAÚJO, 2020, our translation).
The stance against immigration, evident in what he calls "immigrationism", can be seen
not only in speeches, but also in government regulations and xenophobic actions adopted by
the population. Narratives such as these demonstrate how, in Brown's (2019) assessment, these
reactions or this backlash also speak of an idea of resentment for dethroned privileges, in which
the blame for crises lies in the theft of jobs by immigrants, minorities and other groups that do
not deserve inclusion and are not part of the nation. The proposal of the then Brazilian
government was expressed, on many occasions, in the rescue of Christian values and the fight
against "globalism", "immigrationism" or even "gender ideology".
Stigmatization, prejudice and violence against migrants are reinforced by this hostile
rhetoric towards immigrants and refugees. As in the United States, there have been cases of
racism against Chinese people and their descendants during the pandemic (MOREIRA, 2020),
as mentioned above, as well as other acts of discrimination against immigrants. As mentioned
in the introduction to this text, in May 2020, João Manuel, a 47-year-old Angolan, was stabbed
to death by a Brazilian in São Paulo, after an argument over the payment of emergency aid for
migrants (FIGUEIREDO, 2020). In June 2021, an online event about LGBTQIA+ migrants was
interrupted by racist attacks, shouts of "Bolsonaro 2022" and violent sexual and xenophobic
speeches (MANTOVANI, 2021). The same happened in June at two other online events on
migration, which were interrupted by hate messages against migrants, women, black people
Crisis of democracy and anti-immigration policies in Brazil: A look at the pandemic period (2020 - 2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 16
and LGBTQIA+ people, as well as Nazi-like demonstrations (DELFIM, 2021). As Gomes
(2018) points out, political rhetoric can mobilize violent actions against those considered to be
the enemy or against those who, because they are foreigners, would not be able to access the
same rights as nationals.
Anti-immigration actions during the pandemic did not stop there. In 2020 alone, 2,901
people were deported, an increase of 5,708% compared to 2019, when the number was 36
migrants (SOUSA; LEITE, 2021). Among other measures adopted by the government,
Interministerial Ordinance n. 120 of 17 March 2020 stands out, the first normative act that,
under the pretext of the pandemic, established specific restriction measures on the entry of
Venezuelan people into Brazilian territory. As Ruseishvili and Truzzi (2020) point out, the text
of the Ordinance establishes, at various points, differentiated and discriminatory treatment of
Venezuelan migrants, both by depriving them of circulation in the border region in Roraima, by
threatening them with immediate repatriation and disqualification from applying for refuge, and
by prohibiting them from entering the country even with a residence permit and identification
document and migratory registration. At the end of July 2020, tourists were allowed to enter the
country by air, while land and water borders remained closed, preventing asylum seekers who
did not have the resources for other forms of entry from entering the country (PRAZERES,
2020), which conflicts with the provisions of the Refugee Law
6
, the Migration Law
7
and
international treaties such as the Cartagena Declaration
8
.
In addition to the aforementioned normative act, more than 30 ordinances were
published during this pandemic period
9
, following the same exclusionary perspective towards
certain migrants, mainly from Venezuela. The significant number of deportations, as mentioned
above, was made possible by these ordinances that barred the entry of immigrants, especially
those who tried to enter Brazilian territory via land borders (SOUSA; LEITE, 2021). After
complaints and pressure from organizations and civil society, Ordinance n. 655, of 23 June
2021, which dealt with the "exceptional and temporary restriction on the entry of foreigners of
any nationality into the country", was issued, without, however, removing existing loopholes.
The text, which was the most recent at the time of writing this article, expressly provided for
limiting the reception of migrants in situations of vulnerability according to the "means
6
Law n. 9,474 of 22 July 1997.
7
Law n. 13,445 of 24 May 2017.
8
1984 Cartagena Declaration.
9
The normative acts issued by the federal government during the Covid-19 pandemic, including those not related
to migration, are available on the website: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Portaria/quadro_portaria.htm
Paula Dias DORNELAS and Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 17
available" and opened loopholes for the delimitation of migratory quotas, contrary to the
meaning of the Migration Law in force in Brazil
10
, as denounced by civil society organizations
(CONECTAS, 2021). Furthermore, according to Serra and Amorim (2021), in addition to being
late, the new normative act did not explicitly address the complete reopening of borders, nor
did it preserve the restriction on people entering the country by land and water, maintaining
obstacles for migrants in vulnerable situations to apply for refuge in Brazil.
In different spaces, people who migrate are inserted into logics and contexts that
criminalize them and see them as illegal or unwanted. It is important to mention that, for
migrants who are in an irregular situation, the processes are even more complex. The condition
of being undocumented is often produced and reinforced by states, which impose bureaucratic,
financial and political barriers that make it difficult for people to acquire or regularize their
documents. For some scholars, this is a policy of undocumentation, which reinforces the
invisibility and precariousness of the most vulnerable migrants, mainly informal workers. As
Caggiano and Mombello (2020) describe, these measures adopted by many states depend on
the production and expansion of illegality, since border control measures become more socially
acceptable when they are adopted for people seen as "threats". This is also related to the
different treatment given to immigrants depending on their nationality, race, ethnicity, gender,
etc., since, as Feldman-Bianco, Domenech and Sanjurjo (2020) point out, migration practices,
discourses and policies are adopted unequally and differently for citizens of certain nationalities
- which is noticeable in Brazilian history, even with express legal provisions to this effect, as
reported above.
Conclusion
This paper sought to discuss aspects of the Brazilian democratic and migratory scenario
in the context of the Covid-19 pandemic, with the aim of shedding light on the measures
adopted by the then government in relation to the immigration agenda. The idea was to reflect
on the weakening of democracy, looking mainly at how nationalist and anti-migration
narratives, practices and policies appeared and strengthened during the first two years of the
health emergency caused by the coronavirus. Based on the discussions, it was possible to
10
Law n. 13,445 of 24 May 2017, instituted the Migration Law, establishing, among other aspects, that Brazilian
migration policy is governed by the principles of "universality, indivisibility and interdependence of human rights"
(item I of art. 3), as well as providing for non-discrimination on the basis of criteria or procedures for admission
to national territory (item IV of art. 3) and the repudiation of "any form of discrimination" (item II of art. 3)
(BRASIL, 2017).
Crisis of democracy and anti-immigration policies in Brazil: A look at the pandemic period (2020 - 2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 18
observe that the actions adopted in relation to immigrants and refugees expose logics that
further foreignize these subjects, seeing them as threats, as undesirable immigrants or as guilty
for the spread of the virus. In addition, the use of expressions such as "Chinese virus" and the
association between Covid-19 and immigrant communities can reinforce stigmatization, racism
and xenophobia, especially among those who are most vulnerable.
As has been pointed out throughout the discussion, the issue of migration has always
mobilized contradictory positions on the part of states, which have sometimes valued the
presence of immigrants and sometimes seen them as dangerous or enemies. Racism, economic
and political interests, social and geopolitical contexts all have an impact on these perceptions.
In recent scenarios, such as a major health emergency like the Covid-19 pandemic, practices
and policies against immigration and migrants have become stronger and more acute, especially
in a country where important democratic principles are being called into question.
The measures presented have a direct impact on the lives of immigrants and refugees,
and are also part of and reinforce a broad scenario of democratic weakening, the loss of the idea
of demos and the loss of democratic values, such as respect for plurality and diversity. The
"other" as a threat, constructed by nationalist and exclusionary rhetoric, is even more striking
in a scenario of pandemic and socio-economic crisis, in which the future is uncertain and the
present is chaotic.
In practice, these actions end up preventing migrants from accessing their rights in
places of destination, people from requesting refuge to flee situations of persecution, or causing
these populations to have their lives threatened or impacted by measures such as deportation or
expulsion. Bureaucratic deadlocks, exclusion, fear, racism, xenophobia and violence are some
of the difficulties faced by migrants in accessing public policies and services in Brazil, as well
as in carrying out procedures such as document regularization.
11
It should be noted that there are other aspects, such as historical and institutional factors,
which would merit a more in-depth analysis in order to understand the phenomenon of
migration and democracy. The point here was to try to demonstrate that migration is not outside
discussions about democracy and, above all, its crises. To understand the weakening of
11
Due to these difficulties in documentary procedures, collectives and migrant organizations in the country
launched the #RegularizaçãoJá campaign during the pandemic, which proposes the permanent, immediate and
unconditional regularization of immigrants in Brazil. Other countries such as Portugal and Italy have promoted
the regularization of migrants who had pending regulatory processes and applications, in order to ensure that these
people obtained their documents and were able to access public services and aid during the pandemic. For more
information, see: Delfim (2020).
Paula Dias DORNELAS and Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 19
democracy without capturing the exclusions of people who build and make up this demos is to
disregard some of the possible reasons for the very idea of a democratic crisis.
REFERENCES
ACNUR. Declaração de Cartagena de 1984. Colóquio sobre Proteção Internacional dos
Refugiados na América Central, México e Panamá: Problemas Jurídicos e Humanitários.
Cartagena, Colômbia: 1984. Available:
https://www.acnur.org/fileadmin/Documentos/portugues/BD_Legal/Instrumentos_Internacion
ais/Declaracao_de_Cartagena.pdf. Access: 30 July 2021.
ADIDA, C.; DIONNE, K.; PLATAS, M. Ebola, elections, and immigration: how politicizing
an epidemic can shape public attitudes. In: Politics, Groups, and Identities. 2018. p. 1-27.
AMENDOLA, G. Restaurante de refugiados sofre ataque de “grupo de direita”. Terra
Notícias, 2019. Available: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/cidades/restaurante-de-
refugiados-sofre-ataque-de-grupo-de-
direita,1069457526f082b94ccafad7c423eeb3r9to48id.html#:~:text=O%20restaurante%20pale
stino%20Al%20Janiah,garrafas%20para%20dentro%20do%20estabelecimento. Access: 03
Apr. 2021.
AQUINO, A.; DÉCOSSE, F.; HUERTA, A. V. (ed.). Desafiando fronteras: control de la
movilidad y experiencias migratorias e el contexto capitalista. [Sur+ Ediciones], Fronter
Press, 2012.
ARAÚJO, E. Chegou o Comunavírus. Blog Metapolítica, 2020. Available:
https://www.metapoliticabrasil.com/post/chegou-o-comunav%C3%ADrus. Access: 03 May
2021.
AVRITZER, L. O pêndulo da democracia no Brasil: Uma análise da crise 2013-2018. Novos
estudos CEBRAP, [S. l.], v. 37, n. 2, p. 273-289, 2018.
AVRITZER, L. [et al.]. Pensando a democracia, a república e o estado de direito no
Brasil. Belo Horizonte: Projeto República, 2019.
AZEVEDO, R. Setembro de 2015: Bolsonaro chama refugiados de “escória do mundo”.
Exame, 2015. Available: https://exame.com/brasil/bolsonaro-chama-refugiados-de-escoria-
do-mundo/. Access: 27 Apr. 2021.
BIROLI, F. The Backlash against Gender Equality in Latin America: Temporality, Religious
Patterns, and the Erosion of Democracy. In: Dossier: Las ofensivas antigénero em América
Latina. Lasa Forum, 2020. Available: https://forum.lasaweb.org/files/vol51-issue2/Dossier1-
3.pdf. Access: 02 May 2021.
BOZÓKI, A. Broken democracy, predatory state, and nationalist populism. The Hungarian
Patient: Social Opposition to an Illiberal Democracy, [S. l.], p. 3-36, 2015.
Crisis of democracy and anti-immigration policies in Brazil: A look at the pandemic period (2020 - 2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 20
BRASIL. Lei n. 6.815/80. Define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil, cria o Conselho
Nacional de Imigração. Brasília, DF: Presidência da República, 19 Aug. 1980. Available:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6815.htm. Access: 10 July 2021.
BRASIL. Lei n. 9.474/97. Define mecanismos para a implementação do Estatuto dos
Refugiados de 1951, e determina outras providências. Brasília, DF: Presidência da República,
22 July 1997. Available: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9474.htm. Access: 02 July
2021.
BRASIL. Lei n. 13.445/17. Institui a Lei de Migração. Brasília, DF: Presidência da
República, 25 May 2017. Available: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2017/Lei/L13445.htm. Access: 02 July 2021.
BRASIL. Portaria n. 666/19. Dispõe sobre o impedimento de ingresso, a repatriação e a
deportação sumária de pessoa perigosa ou que tenha praticado ato contrário aos princípios e
objetivos dispostos na Constituição Federal. Brasília, DF: Presidência da República, 26 julho
July2019. Available: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-666-de-25-de-julho-de-
2019-207244569. Access: 23 May 2021.
BRASIL. Portaria n. 770/19. Dispõe sobre o impedimento de ingresso, a repatriação e a
deportação sumária de pessoa perigosa ou que tenha praticado ato contrário aos princípios e
objetivos dispostos na Constituição Federal. Brasília, DF: Presidência da República, 14 oct.
2019. Available: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-770-de-11-de-outubro-de-
2019-221565769. Access: 23 May 2021.
BROWN, W. Undoing the demos. New York: Zone Books. 2015.
BROWN, W. Nas ruínas do neoliberalismo: a ascensão da política antidemocrática no
ocidente. São Paulo: Politeia, 2019.
CAGGIANO, S.; MOMBELLO, L. Inmigrantes e indígenas en las torsiones de la
nacionalidad y la ciudadanía. La construcción de amenazas en Argentina (2015-2019).
Historia y sociedad, [S. l.], n. 39, p. 130-154, 2020.
CONECTAS. Com restrições, governo volta a acolher refugiados venezuelanos. Conectas
Direitos Humanos, [S. l.], 2021. Available: https://www.conectas.org/noticias/com-restricoes-
governo-volta-a-acolher-refugiados-venezuelanos/. Access: 13 July 2021.
CONECTAS. Governo Bolsonaro desconsidera orientação da Anvisa sobre fechamento de
fronteiras. Conectas Direitos Humanos, [S. l.], 2021. Available:
https://www.conectas.org/noticias/governo-bolsonaro-desconsidera-orientacao-da-anvisa-
sobre-fechamento-de-fronteiras/. Access: 11 July 2021.
DE GENOVA, N. The legal production of Mexican/migrant “illegality”. Latino studies, [S.
l.], v. 2, n. 2, p. 160-185, 2004.
DELFIM, R. Em meio ao Covid-19, coletivos de imigrantes no Brasil lançam campanha por
regularização migratória. MigraMundo, [S. l.], 2020. Available:
Paula Dias DORNELAS and Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 21
https://www.migramundo.com/em-meio-ao-covid-19-coletivos-de-imigrantes--no-brasil-
lancam-campanha-por-regularizacao-migratoria/. Access: 11 July 2021.
DELFIM, R. Eventos sobre migrações na internet se preparam contra ataques de ódio; veja
dicas de segurança. MigraMundo, [S. l.], 2021. Available: https://migramundo.com/eventos-
sobre-migracoes-na-internet-se-preparam-contra-ataques-de-odio-veja-dicas-de-seguranca/.
Access: 01 Aug. 2021.
DOMENECH, E. O controle da imigração" indesejável": expulsão e expulsabilidade na
América do Sul. Ciência e Cultura, [S. l.], v. 67, n. 2, p. 25-29, 2015.
DOMENECH, E.; DIAS, G. Regimes de fronteira e “ilegalidade” migrante na América Latina
e no Caribe. Sociologias, [S. l.], v. 22, p. 40-73, 2020.
ELKINS, Z. Is The Sky Falling? Constitutional crises in historical perspective. In: GRABER,
M.; LEVINSON, S. TUSHNET, M. (ed.). Constitutional Democracy in Crisis? Oxford:
Oxford University Press, 2018.
FASSIN, D. Policing borders, producing boundaries. The governmentality of immigration in
dark times. Annual Review of anthropology, [S. l.], v. 40, p. 213-226, 2011.
FELDMAN-BIANCO, B.; DOMENECH, E.; SANJURJO, L. Desplazamientos, desposesión
y violencias. Historia y sociedad, [S. l.], n. 39, p. 7-23, 2020.
FELLET, J. “Vírus chinês”: como Brasil se inseriu em disputa geopolítica entre EUA e China
sobre pandemia. BBC Brasil, [S. l.], 2020. Available: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-
51963251. Access: 05 June2021.
FERNANDES, V.; OLIVEIRA, V. PF invade abrigo com mais de 50 mulheres e crianças
venezuelanas em RR e ação cobra indenização por danos morais. G1, [S. l.], 2021. Available:
https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2021/03/18/pf-tenta-deportar-mais-de-50-mulheres-e-
criancas-venezuelanas-de-abrigo-em-rr-e-acao-cobra-indenizacao-por-danos-morais.ghtml.
Access: 01 Aug. 2021.
FIGUEIREDO, P. Angolano morre esfaqueado na Zona Leste de SP e 2 ficam feridos;
imigrantes deixam suas casas em Itaquera por medo de xenofobia. G1, [S. l.], 2020. Available:
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/05/19/angolano-morre-esfaqueado-na-zona-
leste-de-sp-e-2-ficam-feridos-imigrantes-deixam-suas-casas-em-itaquera-por-medo-de-
xenofobia.ghtml. Access: 07 July 2021.
GINSBURG, T.; HUQ, A. How to Save a Constitutional Democracy. Chicago: University
of Chicago Press, 2018.
GOMES, A. C. A política brasileira em tempos de cólera. Vários autores. Democracia em
risco, [S. l.], v. 22, p. 175-194, 2018.
GOZDZIAK, E. Using fear of the “other”, Orbán reshapes migration policy in a Hungary
built on cultural diversity. Migration Policy, [S. l.], 2019. Available:
Crisis of democracy and anti-immigration policies in Brazil: A look at the pandemic period (2020 - 2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 22
https://www.migrationpolicy.org/article/orban-reshapes-migration-policy-hungary. Access: 10.
July 2021.
HAGGARD, S.; KAUFMAN, R. Dictators and Democrats: Masses, Elites and Regime
Change. Princeton and Oxford: Princeton University Press, 2016.
HUNTINGTON, S. P. The third wave: Democratization in the late twentieth century.
University of Oklahoma Press, 1993.
IFANGER, C.; POGGETTO, J. Processos migratórios em tempos de pandemia: acentuação da
punição e do controle social. In: BAENINGER, R. et al. Migrações Internacionais e a
Pandemia da Covid-19. 2020.
INGLEHART, R.; NORRIS, P. Trump, Brexit, and the rise of populism: Economic have-nots
and cultural backlash. In: Meeting of the American Political Science Assocation, 2016.
KAYA, A. Populismo e inmigración en la Unión Europea. In: ARANGO, J. et al.
(ed.), Anuario CIDOB de la Inmigración. Barcelona: Fundación CIDOB, 2017. p. 52-79.
KRASZTEV, P.; VAN TIL, J. (ed.). The Hungarian patient: Social opposition to an illiberal
democracy. Central European University Press, 2015.
LEVITSKY, S.; ZIBLATT, D. Como as democracias morrem. [S. l.]: Ed. Schwarcz-
Companhia das Letras, 2018.
LUNA, M. T. Políticas xenófobas em la coyuntura del coronavirus: um análisis del caso
húngaro. Clacso, [S. l.], 2020. Available: https://www.clacso.org/politicas-xenofobas-en-la-
coyuntura-del-coronavirus-un-analisis-del-caso-hungaro/#.XyF6Cjnl2_E.twitter. Access: 10
Apr. 2021.
MANTOVANI, F. Ataques racistas e gritos de ‘Bolsonaro 2022’ interrompem evento virtual
sobre migrantes LGBT. Folha de S. Paulo, São Paulo, 2021. Available:
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/06/ataques-racistas-e-gritos-de-bolsonaro-2022-
interrompem-evento-virtual-sobre-migrantes-lgbt.shtml. Access: 31 Aug. 2021.
MENDONÇA, R.; CUNHA, E. Teorias Democráticas: múltiplos olhares sobre um fenômeno
em mutação. In: MENDONÇA, R. F.; CUNHA, E. S. Introdução à teoria democrática:
conceitos, histórias, instituições e questões transversais. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2019.
MIGUEL, L. F. Teoria democrática atual: esboço de mapeamento. BIB, São Paulo, n. 59, p. 5-
42, jan. 2005.
MOREIRA, M. Em meio a surto de coronavírus, orientais no Brasil relatam preconceito e
desconforto. Folha de S. Paulo, São Paulo, 2020. Available:
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/02/em-meio-a-surto-de-coronavirus-
orientais-no-brasil-relatam-preconceito-e-desconforto.shtml. Access: 30 May 2021.
MOUNK, Y. O povo contra a democracia: por que nossa liberdade corre perigo e como
salvá-la. [S. l.]: Ed. Companhia das Letras, 2019.
Paula Dias DORNELAS and Victor Bicalho QUIRINO
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 23
NUNES, C. Polícia investiga incêndio em casa de imigrantes venezuelanos em Boa Vista.
Agência Brasil, Brasília, 2018. Available: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-
02/policia-investiga-incendio-em-casa-de-imigrantes-venezuelanos-em-boa-vista. Access: 10
July 2021.
PEREIRA, A. B.; QUINTANILHA, K. Deportação e trabalho escravo: governo e Exército
tornam política migratória um desastre humanitário. The Intercept, [S. l.], 2021. Available:
https://theintercept.com/2021/07/23/deportacao-trabalho-escravo-governo-exercito-migrantes-
desastre-humanitario/. Access: 29 July 2021.
PRAZERES, L. Barrados por portaria, imigrantes se abrigam em ponte na fronteira entre
Brasil e Peru enquanto tentam entrar no país. O Globo, [S. l.], 2020. Available:
https://oglobo.globo.com/mundo/barrados-por-portaria-imigrantes-se-abrigam-em-ponte-na-
fronteira-entre-brasil-peru-enquanto-tentam-entrar-no-pais-24570622. Access: 09 June 2021.
PRZEWORSKI, A. Crises of democracy. [S. l.]: Cambridge University Press, 2019.
RAMOS, A. C.; VEDOVATO, L. R.; BAENINGER, R. (coord.). Nova Lei de Migração: os
primeiros três anos. Campinas, SP: Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó” – Nepo;
Unicamp – Observatório das Migrações em São Paulo: Fadisp, 2020.
RODRIGUES, A. Roraima pede ao STF fechamento da fronteira com a Venezuela. Agência
Brasil, Brasília, 2018. Available: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-
04/roraima-pede-ao-stf-que-determine-fechamento-da-fronteira-com-venezuela. Access: 13
June 2021.
RUSEISHVILI, S.; TRUZZI, O. Mobilidade migratória e a pandemia da COVID-19.
Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar, São Carlos, v. 10, n. 1, p. 473-485,
jan.-Apr., 2020.
SERRA, C.; AMORIM, D. Nova portaria flexibiliza regularização migratória para
venezuelanos, mas deixa incertezas. MigraMundo, [S. l.], 2021. Available:
https://migramundo.com/nova-portaria-flexibiliza-regularizacao-migratoria-para-
venezuelanos-mas-deixa-incertezas/. Access: 13 July 2021.
SEYFERTH, G. Imigrantes, estrangeiros: a trajetória de uma categoria incômoda no campo
político. Trabalho apresentado na Mesa Redonda Imigrantes e Emigrantes: as transformações
das relações do Estado Brasileiro com a Migração. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE
ANTROPOLOGIA, 26., 2008. Anais [...]. [S. l.: s. n.], 2008. v. 1, p. 01-20.
SOUSA, V.; LEITE, I. Deportações de estrangeiros crescem 5.798% no Brasil em 2020. G1,
[S. l.], 2021. Available: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/02/21/deportacoes-de-
estrangeiros-crescem-5708percent-no-brasil-em-2020.ghtml. Access: 27 July 2021.
SQUIRE, V. The securitization of migration: an absent presence? In: The Securitization of
Migration in the EU. Palgrave Macmillan, London, 2015. p. 19-36.
Crisis of democracy and anti-immigration policies in Brazil: A look at the pandemic period (2020 - 2021)
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.876 24
VEGA MACÍAS, D. The COVID-19 pandemic on anti-immigration and xenophobic
discourse in Europe and the United States. Estudios fronterizos, [S. l.], v. 22, 2021.
VENTURA, D. Pandemia e estigma: nota sobre as expressões “vírus chinês” e “vírus de
Wuhan”. In: BAENINGER, R. et al. Migrações Internacionais e a Pandemia da Covid-19.
2020.
VILLEN, P.; QUINTANILHA, K. A nova Lei de Migração (13.445/2017) como espelho de
forças ambivalentes. In: RAMOS, A. de C.; VEDOVATO, L. R.; BAENINGER, R. (coord.).
Nova Lei de Migração: os primeiros três anos. Campinas, SP: Núcleo de Estudos de
População “Elza Berquó” – Nepo; Unicamp – Observatório das Migrações em São Paulo:
Fadisp, 2020.
ZANINI, F. Candidatos a prefeito em Boa Vista usam retórica anti-venezuelanos em
campanha. Folha de S. Paulo, São Paulo, 2020. Available:
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/10/candidato-a-prefeito-em-boa-vista-promete-
fim-de-privilegios-de-venezuelanos.shtml. Access: 13 July 2021.
CRediT Author Statement
Acknowledgements: Do not apply.
Funding: Researcher Paula Dornelas receives a Capes/ProEx PhD scholarship from
UFMG's Postgraduate Program in Political Science.
Conflict of interest: Do not apply.
Ethical approval: Do not apply.
Availability of data and material: Do not apply.
Authors’ contributions: The authors contributed equally to the preparation of the article.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.