ENTRE A PRECARIEDADE E A ESPERANÇA: CRISE DO TRABALHO E AÇÃO COLETIVA NOS ESTADOS UNIDOS


ENTRE LA PRECARIEDAD Y LA ESPERANZA: CRISIS DEL TRABAJO Y ACCIÓN COLECTIVA EN LOS ESTADOS UNIDOS


BETWEEN PRECARIOUSNESS AND HOPE: LABOR CRISIS AND COLLECTIVE ACTION IN THE UNITED STATES




Tarik Dias HAMDAN1

e-mail: hamdan.tarik@gmail.com


Como referenciar este artigo:


HAMDAN, T. D. Entre a precariedade e a esperança: crise do trabalho e ação coletiva nos Estados Unidos. Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 33, n. 00, e024014, 2024. e-ISSN: 2236-0107. DOI:

https://doi.org/10.14244/tp.v33i00.1112


| Submetido em: 30/04/2024

| Revisões requeridas em: 03/05/2024

| Aprovado em: 08/05/2024

| Publicado em: 11/12/2024



Editora:

Profa. Dra. Simone Diniz

Editor Adjunto Executivo:

Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz


1 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA/UFRJ), com Bacharelado em Ciências Sociais e Mestrado em Sociologia pela mesma instituição. É Professor Substituto na UFRJ e no Projeto de Ensino Cultural e Educação Popular, integrante do Núcleo de Pesquisa Desenvolvimento, Trabalho e Ambiente (DTA). Pesquisa sindicalismo e ação coletiva, com foco no setor automotivo, nas áreas de Sociologia do Trabalho e Sociologia Econômica.

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Entre a precariedade e a esperança: crise do trabalho e ação coletiva nos Estados Unidos


Introdução


Publicado em 2023, “A angústia do precariado: trabalho e solidariedade no capitalismo racial” (2023) representa o terceiro volume da trilogia de livros dedicada à análise da formação do precariado global. Os anteriores, intitulados “A política do precariado: do populismo à hegemonia Lulista” (2012) e “A rebeldia do precariado: trabalho e neoliberalismo no Sul Global” (2017), abordaram respectivamente a interação entre trabalhadores, empregadores e governo durante os mandatos de Lula, e as variadas formas de mobilização laboral no Brasil, África do Sul e Portugal. Neste último tomo, o autor empreende a complexa tarefa de elucidar o comportamento político do precariado nos Estados Unidos da América (EUA). O trabalho é fruto de sua atuação como professor visitante durante dois anos na Universidade Estadual da Pensilvânia, período que lhe possibilitou realizar uma intensa pesquisa de campo com os trabalhadores da região.

Do ponto de vista das justificativas que corroboram a importância desta obra, é possível elencar duas principais razões. Primeiramente, Braga reintegra as discussões sobre o mundo laboral ao cerne dos debates a respeito da crise da democracia liberal. Conforme argumenta o autor, persiste um déficit de entendimento nos estudos da ciência política de orientação institucionalista sobre os efeitos da erosão do pacto fordista que envolvia trabalhadores, burocracias sindicais e grandes corporações. Em segundo lugar, a adesão a uma perspectiva thompsoniana2 permite elucidar os impactos subjetivos da crise sócio reprodutiva fomentada pela globalização econômica e pelo neoliberalismo. Tal abordagem se concentra particularmente nos efeitos dessa crise sobre os trabalhadores brancos em localidades rurais com ricas tradições industriais, bem sobre os trabalhadores negros, historicamente integrantes do precariado.

O livro é estruturado em três segmentos distintos, correspondentes aos processos de “fazer-se, desfazer-se e refazer-se” das identidades coletivas dos trabalhadores norte- americanos, fenômeno ao qual Braga alude como “padrão thompsoniano”. Com isso, Braga ressalta a capacidade deles de repensar suas formas de organização coletiva frente aos desafios do mundo do trabalho.



2 Por “perspectiva thompsoniana” me refiro ao marxismo de Edward Thompson, que valorizava a experiência dos trabalhadores e o “fazer-se” das suas identidades, se diferenciando de perspectivas mais estruturais ligadas ao trabalho de autores como Louis Althusser.

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Disciplinando a solidariedade


Na primeira seção de sua obra, Braga delineia a evolução do sindicalismo norte- americano ao longo do século XX. Ele ressalta que, a partir de 1933, com o advento do New Deal, o sindicalismo ganhou novo ímpeto. Durante esse período, a American Federation of Labor (AFL), a federação sindical mais representativa da época, experimentou um crescimento substancial, indo de 750 mil associados para 3 milhões, desencadeando um ciclo proeminente de greves. Desse movimento resultaram duas consequências marcantes: o reconhecimento dos sindicatos como entidades com as quais era essencial estabelecer diálogo e a fundação da Congress of Industrial Organizations (CIO). Ao contrário da AFL, que tinha suas raízes na defesa de um sindicalismo de ofício, ancorado em trabalhadores qualificados e predominantemente brancos, a CIO congregou uma vasta parcela dos trabalhadores industriais, muitos dos quais eram negros e estavam subordinados ao regime taylorista em seus locais de trabalho.

O ciclo de greves culminou na ratificação da Lei Wagner, que legitimou os direitos de greve e de negociação coletiva. No entanto, a regulamentação trabalhista da época deixou de fora trabalhadores agrícolas, domésticos e informais, privando-os de direitos como salário- mínimo, seguro-desemprego e aposentadoria.

Braga identifica uma transição da fase inicial de um sindicalismo combativo, particularmente promovido pelo CIO, para um sindicalismo mais centrado nas negociações coletivas e avesso ao controle democrático dos trabalhadores, especialmente na década de 1950. Com a institucionalização da negociação coletiva, emergiu uma estrutura burocrática composta por advogados e outros profissionais. Uma manifestação emblemática desse fenômeno foi a negociação entre a UAW e a GM em 1946, que estabeleceu um paradigma de incrementos salariais atrelados à produtividade. Isso resultou na consolidação de uma regulação fordista, centrada em um pacto entre a burocracia sindical, interessada nas negociações coletivas, e empresas focadas no aumento da produtividade.

Embora produtor de ganhos pecuniários, argumenta que esse arranjo propiciou uma despolitização das relações de classe. Em vez de perseguir uma agenda autônoma de classe, potencialmente centrada na formação de um partido trabalhista, a dinâmica sindical se limitou aos benefícios econômicos oriundos dos contratos coletivos, evitando assim uma condução política mais ampla nos Estados Unidos. Para além disso, o pacto fordista era sustentado negligenciando reivindicações sobre o controle dos processos de trabalho, deixando a cargo da

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gerência, e excluindo grande parte dos trabalhadores de setores não sindicalizados, sendo estes majoritariamente negros e mulheres.

Contudo, a partir da década de 1960, o modelo começou a enfrentar uma crise. Ela originou-se do aumento da competitividade internacional, o que levou empresas norte- americanas a se reestruturarem e a reduzirem investimentos em regiões fortemente sindicalizadas. Isso provocou o surgimento de um novo ciclo de greves. Porém, observou-se uma dicotomia: enquanto as lideranças sindicais adotavam uma postura mais moderada, ajustando suas reivindicações e aceitando certas perdas em negociações, as bases, muitas vezes, conduziam greves independentemente da burocracia sindical, desafiando a ordem estabelecida.

O declínio definitivo do fordismo e o advento do neoliberalismo podem ser identificados com a derrota simbólica dos controladores de tráfego aéreo durante uma greve no governo de Ronald Reagan. Esse evento marcou não apenas uma virada na política laboral dos Estados Unidos, mas também sinalizou o desmantelamento do sistema de solidariedade e dos compromissos inerentes ao modelo fordista.

Durante a década de 1990, presenciamos esforços de revitalização do sindicalismo norte-americano, principalmente por iniciativas das burocracias sindicais estabelecidas. Uma representação emblemática desse esforço foi a eleição de John Sweeney pela chapa de oposição na AFL-CIO3. Com vistas a reestruturar a federação, a organização incentivou a participação ativa dos conselhos locais de trabalhadores, incorporando tanto ativistas que remanesciam da agitação dos anos 1970 quanto acadêmicos dedicados à democratização do movimento sindical.

Contudo, apesar desses esforços iniciais de reforma, as características fundamentais e longamente enraizadas do sindicalismo norte-americano não foram substancialmente alteradas. A ampliação da diversidade na liderança, mesmo incorporando maior representação de trabalhadores negros, por exemplo, não se traduziu em um empoderamento ampliado das bases sindicais. Paradoxalmente, a centralização burocrática intensificou-se, especialmente através de políticas que promoveram a fusão de sindicatos menores, visando consolidar poder e influência. Além disso, houve uma priorização clara na sindicalização de setores já organizados, muitas vezes em detrimento de setores menos organizados ou regiões menores. A análise de Braga sugere que, embora houvesse tentativas de modernização, as estruturas e práticas


3 As duas centrais são fundidas em 1955.

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sindicais mantiveram-se largamente inalteradas, perpetuando padrões que limitaram a eficácia e a representatividade do movimento sindical4.


Expropriando a solidariedade


Na segunda seção de sua obra, Braga dedica-se meticulosamente ao estudo dos trabalhadores do Cinturão da Ferrugem, uma região que sofreu intensamente com a desindustrialização impulsionada pela globalização econômica e pelas mudanças estruturais das corporações. Contrapondo-se à noção amplamente disseminada de que esses trabalhadores gravitaram em direção a Donald Trump e ao conservadorismo norte-americano devido a sentimentos de ressentimento e antipatia gerados pela percebida perda de privilégios associados à branquitude, masculinidade e nativismo, o autor argumenta que tal leitura é superficial e não considera as nuances do impacto do neoliberalismo sobre esses indivíduos.

De acordo com Braga, essa interpretação convencional apresenta falhas fundamentais. Primeiro, ela tende a essencializar a classe trabalhadora, atribuindo-lhe uma série de características comportamentais monolíticas, como se todos os seus membros compartilhassem uma visão de mundo homogênea. Tal abordagem, por sua vez, obscurece a diversidade de perspectivas e experiências presentes dentro dessa classe.

Segundo essa visão reducionista, apaga a voz e o discernimento dos trabalhadores brancos, insinuando uma alienação que marginaliza sua capacidade de articulação e entendimento crítico. No cerne desta interpretação, Braga identifica uma expropriação do conteúdo racional do senso comum popular, que é substituído por uma suposta inclinação irracional a paixões negativas, como xenofobia, racismo e misoginia. Em sua análise, o autor busca resgatar a complexidade das escolhas políticas desses trabalhadores, enfatizando como a tomada de posição dos indivíduos é moldada por princípios de justiça, igualdade e de reciprocidade.

O autor toma os Montes Apalaches como uma das regiões mais propícias para poder analisar o impacto das mudanças no mundo do trabalho e as concepções políticas dos trabalhadores. Braga destaca que os Montes Apalaches, uma das regiões mais afetadas e que no passado apoiavam o Partido Democrata, viram-se marginalizados por políticas que não levavam em consideração seus interesses e necessidades específicas. Um exemplo é o declínio da


4 Um exemplo de reprodução dessas práticas foi a criação da federação "Change to Win" (CTW). Originada de um desmembramento dentro da AFL, a CTW buscou ampliar e solidificar as características tradicionais do sindicalismo norte-americano, especialmente sua centralização e ênfase na negociação coletiva.

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indústria do carvão, amplamente criticada por políticos democratas e que teve impactos significativos na economia local e na vida de muitos habitantes da região5. Além disso, por décadas, a região sofreu com subinvestimento público, o que acarretou diversas adversidades econômicas e sociais.

Com base nisso, a interpretação de Braga vai contra a visão comum que entende os habitantes dos Apalaches como indivíduos moldados pelo ressentimento em relação aos grupos minoritários. Em vez disso, ele argumenta que esses trabalhadores são fortemente influenciados por um sentido de pertencimento à comunidade, valorizando a intimidade e a pessoalidade.

Neste contexto, o governo federal é frequentemente percebido como uma entidade distante e desalinhada com os valores e necessidades das comunidades locais. O autor aponta que, embora essas comunidades estejam passando por uma crise sócio reprodutiva, há uma sensação generalizada de que o governo é mais parte do problema do que uma solução potencial. Assim, o declínio na confiança nas instituições governamentais, somado ao valor do trabalho árduo e à solidariedade comunitária, leva a uma mentalidade em que o governo é visto como um obstáculo, e não como um facilitador. Assim, só é possível entender a posição dos trabalhadores como uma forma de manter o modo de vida tradicional, baseado na autodeterminação dos moradores.


Emancipando a solidariedade


No terceiro segmento de sua obra, Braga realiza uma meticulosa análise das manifestações de resistência articuladas por trabalhadores nos Estados Unidos. O foco central de sua investigação é a condição de vulnerabilidade em que se encontram trabalhadores negros e imigrantes, particularmente em contextos de subemprego, dependência familiar, recorrência à assistência social e práticas de encarceramento em larga escala. Dessa conjuntura, Braga identifica emergir o que denomina de “insurreição plebeia”.

Entre elas, o autor detalha movimentos que buscaram assegurar os direitos de trabalhadores indocumentados. Um exemplo marcante é a campanha nacional de 2010 em apoio à legislação DREAM ACT (Development, Relief and Education for Alien Minors Act). Caso fosse promulgada, esta legislação conferiria a jovens imigrantes, que passaram grande parte de suas vidas nos Estados Unidos, o direito à cidadania americana.


5 Um exemplo é a campanha de 2016 de Hillary Clinton, ilustrativa do distanciamento entre o Partido Democrata e os trabalhadores dos Apalaches. Ela não abordou de forma satisfatória questões cruciais para a região, como a crise do emprego e a epidemia de opioides, que devastaram muitas comunidades.

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Paralelamente, Braga observa uma crescente insatisfação entre a juventude negra, amplificada pelo incremento da violência policial e pelo desmoronamento das perspectivas socioeconômicas subsequentes à crise financeira de 2008. Importa ressaltar que a resposta a essa insatisfação desviou-se da estratégia convencional de “Rostos negros em posições de poder”, que priorizava a eleição de representantes negros. Neste período, observa-se a ascensão do movimento Black Lives Matter (BLM), que, ao longo da década seguinte, alinhou-se à campanha “Lute por 15 dólares”, iniciativa sindicalista que reivindicava a elevação do salário- mínimo. Adicionalmente, o movimento envolveu-se em mobilizações em defesa dos direitos de trabalhadores indocumentados e em campanhas de sindicalização em corporações proeminentes, como Amazon® e Starbucks®.

No panorama do sindicalismo norte-americano, influenciado por essa série de mobilizações, observa-se uma ressurgência do que Braga denomina “sindicalismo de justiça social”. Segundo o autor, esta categoria caracteriza-se por estabelecer uma profunda interconexão com a sociedade civil, aspirando não somente à inclusão comunitária, mas também à integração de coletivos historicamente à margem das estruturas de poder, como mulheres, indivíduos afrodescendentes e imigrantes. Contudo, Braga distingue duas manifestações distintas deste sindicalismo de justiça social: uma vertente que chama de “velho” sindicalismo de justiça social, ilustrada pelo Service Employees International Union (SEIU), e uma versão emergente, exemplificada pelos sindicatos autônomos encabeçados por trabalhadores de corporações como Amazon® e Starbucks®, denominado por ele como “novo” sindicalismo de justiça social.

Em relação ao primeiro, a estrutura sindical e sua burocracia assumem uma posição proeminente, o que frequentemente restringe a capacidade de assimilar reivindicações e setores que ultrapassam os escopos da negociação coletiva. Em contraste, o sindicalismo de justiça social contemporâneo privilegia a auto-organização de sua base, engajando-se vigorosamente na promoção da autodeterminação de grupos sociais subalternos e das comunidades nas quais estão inseridos.


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Considerações finais


Para concluir, é imperativo destacar alguns elementos que consolidam a relevância deste texto para o público acadêmico brasileiro. Primeiramente, a obra fornece uma elucidativa introdução à história do sindicalismo e das dinâmicas laborais nos Estados Unidos. Nessa mesma linha, enfatiza o modo pelo qual a classe trabalhadora tem reconfigurado suas modalidades de ação coletiva, através da articulação de agendas interseccionais, que entrelaçam dimensões de classe, raça e gênero, e a priorização por articulações que exaltam o princípio da autodeterminação e tendem para estruturas organizacionais menos centralizadas.

Por fim, propõe uma reflexão profunda sobre as semelhanças das experiências vivenciadas por Brasil e Estados Unidos em relação a dois tópicos centrais: as implicações da globalização econômica e do neoliberalismo para a classe trabalhadora, analisando os fatores que conduziram à crise do modelo fordista e ao consequente aumento do contingente de trabalhadores em condições de vulnerabilidade e precariedade, e o ascenso da extrema-direita no seio da classe trabalhadora de ambas as nações. Quanto a este último ponto, é relevante mencionar que o livro sugere uma abordagem menos normativa, desvinculando o apoio dessa vertente política de sentimentos de ressentimento contra minorias. Propõe-se, em seu lugar, uma análise aprofundada sobre como as crises sócio reprodutivas vivenciadas pelos trabalhadores em ambos os países influenciaram suas orientações e escolhas políticas.


Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 33, n. 00, e024014, 2024. e-ISSN: 2236-0107. DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v33i00.1112 8

Tarik Dias HAMDAN


REFERÊNCIAS


BRAGA, Ruy. A Política do Precariado: do Populismo à Hegemonia Lulista. São Paulo: Boitempo, 2012.


BRAGA, Ruy. A Rebeldia do Precariado: Trabalho e Neoliberalismo no sul Global. São Paulo: Boitempo, 2017.


BRAGA, Ruy. A Angústia do Precariado: Trabalho e Solidariedade no Capitalismo Racial. São Paulo: Boitempo, 2023.


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