Luciana PANKE e Mércia ALVES
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023005, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1054 3
por essas candidatas durante o lançamento de suas candidaturas, e questionar se é possível
definir um perfil comunicacional utilizado.
As mandatas coletivas são objeto de estudo de Rosemary Segurado e Fabrício Amorim
no terceiro artigo apresentado. Os autores refletem sobre a luta das mulheres pela ampliação da
representação no parlamento e a construção de candidaturas coletivas como um caminho que
pode viabilizar esse objetivo. Além disso, os autores propõem uma reflexão teórica e empírica
sobre essa iniciativa singular na política brasileira.
Najla Passos é autora do artigo que discute mídia, gênero e conservadorismo. A
pesquisadora verifica, por meio de reflexão teórica, pesquisa documental e análise de conteúdo,
as representações de prefeitas eleitas em municípios de Minas Gerais na esfera pública,
conectadas às redes sociais durante a campanha eleitoral de 2020 e no primeiro ano de mandato.
Isso é feito considerando a estratégia de campanha permanente, que se caracteriza pela
intensificação do processo de midiatização.
O quinto artigo trata do legado da ex-vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco
(PSoL), para a formação política de mulheres negras. Vivian Lemos discute como a vereadora
assassinada, juntamente com seu motorista Anderson Gomes, em 2018, tornou-se um símbolo
das causas que defendia em vida e durante seu mandato. A autora aborda a sub-representação
de mulheres negras na política e como esse cenário afetou a atuação de Marielle.
O sexto artigo, de autoria de Silvia Cunha, Karina Bernardi e Fabiane Lima, aborda os
perfis comunicacionais das candidatas às prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro nas eleições
municipais de 2020. As autoras apresentam uma análise dos arquétipos femininos — Guerreira,
Maternal e Profissional — que, segundo Panke (2016), são predominantes nas campanhas de
mulheres, a partir da análise dos programas veiculados pelo HGPE.
Por fim, Katia Belisário e Ruth Reis apresentam uma pesquisa documental para discutir
os estereótipos e preconceitos relacionados à representação feminina na política brasileira. As
professoras apontam que, à medida que aumenta a presença da mulher nos espaços de poder,
crescem as violências sofridas por elas em decorrência do avanço do conservadorismo.
Acreditamos que os artigos reunidos nesta edição contribuem para um debate
fundamental no Brasil atual. Portanto, agradecemos novamente aos organizadores do IV
Congreso de Investigadoras do SNI y de Iberoamérica pela oportunidade, aos editores da Teoria
& Pesquisa pelo espaço concedido e aos autores que gentilmente contribuíram com este projeto.
Desejamos a todos uma boa leitura.