Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 243
DE 0 AO 1: O LANÇAMENTO DAS CAMPANHAS DAS CANDIDATAS A
DEPUTADAS ESTADUAIS PARA A REELEIÇÃO NO PARANÁ
DEL 0 AL 1: EL LANZAMIENTO DE LAS CAMPAÑAS DE LAS CANDIDATAS PARA
DIPUTADAS ESTATALES EN LA REELECCIÓN EN PARANÁ
FROM 0 TO 1: THE ENTRY OF THE CANDIDATES ELECTION CAMPAIGN FOR
RE-ELECTION IN PARANÁ
Renata CALEFFI1
e-mail: recaleffi88@gmail.com
Luciana PANKE2
e-mail: lupanke@gmail.com
Como referenciar este artigo:
CALEFFI, R.; PANKE, L. De 0 ao 1: O lançamento das campanhas
das candidatas a deputadas estaduais para a reeleição no Paraná.
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v.
32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107. DOI:
https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050
| Submetido em: 30/06/2023
| Revisões requeridas em: 22/02/2023
| Aprovado em: 17/04/2023
| Publicado em: 30/06/2023
Editora:
Profa. Dra. Simone Diniz
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba – PR Brasil. Pós-doutoranda no Programa de Pós-Graduação
em Comunicação.
2
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba PR Brasil. Professora do Programa de Pós-Graduação em
Comunicação. Doutorado em Ciências da Comunicação (USP). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq
- Nível 2.
De 0 ao 1: O lançamento das campanhas das candidatas a deputadas estaduais para a reeleição no Paraná
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DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 244
RESUMO: muito tempo, a participação das mulheres brasileiras em disputas eleitorais é
limitada, apresentando números inferiores aos de outros países latinos. A participação das
mulheres nos processos eleitorais no país é restringida por várias razões, incluindo questões
históricas e estruturais, falta de democracia interna nos partidos, políticas públicas ineficientes
para promover a inclusão das mulheres no processo eleitoral e, especialmente, a falta de
representatividade. É sobre este último aspecto que esta pesquisa se concentra. O aumento
gradual e lento do número de mulheres eleitas não é suficiente para garantir uma representação
efetiva nas Câmaras Legislativas e, ao mesmo tempo, estar em uma posição de destaque não
garante maior visibilidade para as candidatas que buscam a reeleição. Com o advento das novas
tecnologias de comunicação - que também são responsáveis pelos processos de democratização
do acesso à informação das candidatas -, pode-se afirmar que as redes sociais têm sido aliadas
das candidaturas femininas nos processos de eleição e reeleição para cargos legislativos? Além
disso, como as candidatas utilizam essas plataformas para alcançar seu público e conquistar
mais votos? Essas questões podem ser respondidas de várias maneiras. Uma delas é analisar
como as Deputadas Estaduais utilizam as redes sociais. Em 2022, as campanhas eleitorais terão
início em 16 de agosto, e é nessa data que a pesquisa analisará o perfil das cinco representantes
paranaenses na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), visando compreender como foi
construída a comunicação das candidatas que buscam a reeleição para o cargo de Deputada
Estadual no Paraná. Ao final desta pesquisa, espera-se compreender as estratégias de mídia
social adotadas pelas candidatas durante o lançamento de suas candidaturas e determinar o
perfil comunicacional utilizado por elas no cenário eleitoral.
PALAVRAS-CHAVE: Candidaturas femininas. Reeleição. Paraná. Comunicação. Redes
sociais.
RESUMEN: No es nuevo que la participación de las mujeres brasileñas en la disputa electoral
es restringida y con números muy bajos. La participación de las mujeres en los procesos
electorales está restringida en el país debido a diferentes razones, incluyendo cuestiones
histórico-estructurales, democracia partidos internos, políticas públicas ineficaces para la
inclusión de las mujeres en el proceso electoral y, especialmente, la falta de representación de
mujeres. Es sobre este último que esta investigación tiene su inicio. El creciente (y lento)
número de mujeres electas en Brasil no es suficiente para asegurar una representación efectiva
en las Cámaras Legislativas y, al mismo tiempo, desempeñar un papel de destacar no garantiza
más visibilidad para los elegidos que deseen postularse la reelección. Con las nuevas
tecnologías de comunicación disponibles - responsable de los procesos de democratización del
acceso a información de candidatas - es posible afirmar que las redes sociales han sido aliadas
de candidaturas femeninas en procesos electorales y reelección a un cargo legislativo?
Además, ¿cómo son usadas estas plataformas para llegar a audiencia y ganar más votos? Las
preguntas marcadas se pueden responder de diferentes maneras. Un de los pasos es analizar
cómo las Diputadas del Estado de Paraná utilizan las redes sociales. En 2022, las campañas
electorales comienzan el 16 de agosto, y es en esta fecha que la investigación analizará el perfil
de las cinco representantes paranaenses en el Asamblea Legislativa de Paraná (Alep) para
entender cómo fue la construcción comunicacional para la reelección. Al final de esta
investigación, se espera que se pueda comprender cómo fueron las estrategias de redes sociales
Renata CALEFFI e Luciana PANKE
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de ellas durante el lanzamiento de aplicaciones y si es posible definir el perfil de comunicación
utilizado por ellas en el escenario electoral.
PALABRAS CLAVE: Candidatas. Reelección. Paraná. Comunicación. Redes sociales.
ABSTRACT: For a long time, the participation of Brazilian women in electoral contests has
been limited, showing lower numbers compared to other Latin American countries. Women's
participation in electoral processes in the country is restricted for several reasons, including
historical and structural issues, lack of internal democracy within political parties, inefficient
public policies to promote women's inclusion in the electoral process, and especially the lack
of representation. It is on this last aspect that this research focuses. The gradual and slow
increase in the number of elected women is not enough to guarantee effective representation in
the Legislative Chambers, and being in a prominent position does not ensure greater visibility
for female candidates seeking reelection. With the advent of new communication technologies
which are also responsible for the democratization of access to information for candidates
one can assert that social media has been an ally for female candidacies in elections and
reelection for legislative positions. How do female candidates utilize these platforms to reach
their audience and garner more votes? These questions can be answered in various ways. One
approach is to analyze how State Deputies utilize social media. In 2022, electoral campaigns
will commence on August 16th, and it is on this date that the research will analyze the profiles
of the five representatives from Paraná in the State Legislative Assembly (Alep), aiming to
understand how the communication of the candidates seeking reelection for the position of State
Deputy in Paraná was constructed. By the end of this research, the goal is to comprehend the
social media strategies adopted by the candidates during their campaign launches and
determine the communicational profile utilized by them in the electoral landscape.
KEYWORDS: Woman. Re-election. Paraná. Communication. Social media.
1. Introdução
Direito ao voto, à participação política e à ocupação de espaços de decisão são
considerados conquistas recentes na estrutura política brasileira. Embora os primeiros avanços
tenham quase completado 100 anos (como o direito ao voto em 1932, por exemplo), fatos
políticos no Brasil reforçam a ideia de que a política é predominantemente dominada por
homens.
A predominância masculina no espaço político é reflexo de décadas de exclusão das
mulheres, especialmente no caso das brasileiras. Um exemplo concreto dessa realidade
persistente foi a inauguração do primeiro banheiro feminino no Plenário do Senado Federal no
Brasil, que ocorreu somente em 2015, ou seja, menos de 10 anos atrás. Até então, desde a
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eleição de Eunice Michiles em 1979, as mulheres ocupantes de cargos legislativos no Senado
precisavam utilizar o banheiro localizado no restaurante do Plenário. Isso significa que elas
eram obrigadas a deixar o espaço de discussão e tomada de decisões sempre que precisavam
usar o banheiro, enquanto os homens não enfrentavam tal problema.
Luciana Panke (2016) afirma que a “política é um universo masculino” e sustenta essa
hipótese através da análise da baixa participação política das mulheres em toda a América
Latina, onde se incluem problemas estruturais como misoginia, patriarcado, feminismo e
machismo. A autora relata que as questões de gênero na política são amplas e permeiam o
sexismo. Portanto, ao falar sobre homens na política, o aspecto mais negativo é geralmente
associado à corrupção, enquanto para as mulheres, o negativo está relacionado a questões
sexuais, como casamento, traição e aparência física.
Devido à sua natureza masculinizada, a presença feminina nos espaços de decisão
costuma ser vista com estranhamento e surgem questionamentos sobre sua competência para
exercer cargos eletivos. Além disso, outro problema enfrentado pelas mulheres em cargos de
liderança é a violência com que seus corpos são tratados, desde o momento em que desejam
participar da vida pública até o momento em que ocupam efetivamente cargos políticos.
Ser mulher na política exige enfrentar desafios diários. Mesmo quando conquistam
espaço, elas enfrentam mais questionamentos sobre suas ações e precisam fornecer muitas mais
explicações sobre suas atitudes e votos do que os homens eleitos para cargos semelhantes.
Quando se trata de reeleição, essa dicotomia se torna ainda mais evidente. Enquanto os homens
geralmente se vangloriam de suas realizações, mesmo que sejam insignificantes, as mulheres
precisam reforçar sua lista de atividades que vão além do cenário político. Novamente, os
estereótipos surgem e, como candidatas, elas frequentemente se veem obrigadas a reafirmar
seus compromissos e características para serem consideradas opção de voto.
Considerando que o cenário político passa por constantes mudanças e que a visibilidade
e o capital político das deputadas atuais são alterados com a eleição e o exercício do mandato
legislativo, surge a questão de saber se a própria comunicação política feita pelas candidatas
está reforçando as práticas e condutas existentes, especialmente na construção e reafirmação de
estereótipos femininos nas eleições legislativas.
Esses estereótipos funcionam como estigmas para as mulheres, relacionados a uma
crença estrutural de que existem atributos pessoais adequados para que homens ou mulheres
desempenhem seus papéis na sociedade (PANKE; IASULAITIS, 2016).
Renata CALEFFI e Luciana PANKE
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A pesquisa é o primeiro passo para compreender se a comunicação política eleitoral tem
contribuído para a segregação das mulheres e para os baixos índices de eleitas no Paraná,
especialmente no que se refere ao lançamento das candidatas e à falta de visibilidade partidária
relacionada às suas campanhas. Para alcançar esses objetivos, a pesquisa analisará o perfil das
cinco deputadas estaduais do Estado do Paraná que estão concorrendo à reeleição em 2022.
Como data de análise, foi escolhido o dia de lançamento das candidaturas e o início do Horário
Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE). Além dos perfis pessoais no Instagram, também
foram coletadas informações dos partidos políticos durante o mesmo período, buscando
compreender se estão promovendo e destacando as candidaturas femininas.
2. Participação feminina e o cenário paranaense
Para Maria Montaner (2012), a submissão das mulheres aos homens e a opressão
feminina foram historicamente estabelecidas, o que resultou na exclusão das mulheres desses
espaços de decisão para se dedicarem às tarefas domésticas e aos cuidados com os filhos. A
presença das mulheres no espaço público foi, portanto, moldada e controlada pelos homens,
enquanto as expectativas e responsabilidades para a sobrevivência da esfera privada foram
atribuídas exclusivamente às mulheres.
A presença das mulheres nos espaços de decisão, especialmente nos órgãos legislativos,
tem aumentado gradualmente no Brasil e no mundo, embora em ritmos diferentes. Isso ocorre
tanto por meio de políticas afirmativas, como cotas ou sistemas de listas fechadas, quanto por
meio de políticas de incentivo à participação, como capacitações e cursos de formação. A
presença crescente das mulheres nas cadeiras decisórias é um tema cada vez mais discutido
globalmente, embora não devamos esquecer dos retrocessos preocupantes que ocorrem, como
o caso do regime Talibã, no Afeganistão.
No Brasil, o crescimento nesse aspecto tem sido muito lento e, segundo os índices, a
igualdade de gênero está longe de se tornar uma realidade. O país ocupa a 154ª posição entre
os 174 países analisados, segundo relatório da ONU Mulheres, no que diz respeito à
participação política das mulheres. Entre os países latino-americanos, o Brasil ocupa a 32ª
posição, estando à frente apenas de Belize.
Nas eleições de 2018, por exemplo, a Câmara dos Deputados registrou um aumento de
51% no total de deputadas eleitas, embora o número final de parlamentares mulheres represente
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apenas 15% do total de deputados federais. No Senado, a participação das mulheres é um pouco
menor, com apenas 12 senadoras ocupando 14,8% das cadeiras.
A Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) reflete os baixos índices de participação
feminina, ressaltando a necessidade e a urgência de discutir a presença de mais mulheres na
política. Na atual legislatura, existem cinco deputadas estaduais, de um total de 54
representantes. Cristina Silvestri, Luciana Rafagnin, Mabel Canto, Mara Lima e Maria Victória
compõem a bancada feminina, oficialmente estabelecida apenas em 2022.
O total de cinco cadeiras representa apenas um aumento de uma deputada em relação às
duas legislaturas anteriores (tanto em 2011 2014 quanto em 2015 2018). Ou seja, o número
de mulheres eleitas no Paraná se manteve estável, com um crescimento muito baixo na última
legislatura, não atingindo sequer 10% de representação na Alep.
Das representantes paranaenses, Mara Lima é a única que esteve presente nas três
últimas legislaturas. Cristina Silvestri exerce o mandato pela segunda vez; Luciana Rafagnin
foi eleita quatro vezes como deputada estadual, mas não estava na legislatura de 2011 2014;
Mabel Canto foi eleita pela primeira vez em 2015 e Maria Victória, assim como Cristina, está
em seu segundo mandato como deputada estadual. Todas elas lançaram pré-candidaturas para
a reeleição, confirmadas em convenção partidária, mas que só serão registradas e confirmadas
pelo Tribunal Regional Eleitoral após a conclusão deste artigo.
Mesmo exercendo funções políticas de representação, as candidatas mulheres
geralmente enfrentam as mesmas dificuldades presentes no início de suas carreiras. Panke
(2016) explica que é importante destacar os pontos fortes e fracos das mulheres, incluindo seu
talento, público e potencialidades, para serem reconhecidas como integrantes do espaço político
ao entrar na campanha política.
Considerando esse aspecto, surge a questão de que as deputadas, apesar de já ocuparem
suas cadeiras legislativas, precisam repetidamente reforçar estereótipos e demonstrar que estão
mais preparadas do que os homens para exercer o cargo novamente. Ao que parece, essa
exigência não costuma ser feita a eles. No discurso e na mensagem masculina, o foco está em
reforçar apenas a ideia de que o espaço ocupado foi bem utilizado e que houve destaque em
suas realizações.
Panke (2016), ao analisar as candidaturas femininas na América Latina, categorizou
diferentes tipos de campanhas eleitorais realizadas por mulheres em termos de comunicação.
Essas categorias estão ligadas à maternidade (sensível ou atenciosa), à figura da guerreira (forte
ou líder) ou à profissional (trabalhadora ou submissa). Embora essas categorias não sejam
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utilizadas nesta pesquisa, pois o interesse é observar a construção do lançamento da campanha
de forma mais ampla, é importante destacar que essas categorias já se mostraram relevantes em
outros estudos. Portanto, também se questionará se essas características estão presentes nas
campanhas de reeleição. O objetivo é compreender quais elementos estão apoiando a
construção das campanhas eleitorais e se a comunicação está contribuindo de alguma forma
para reforçar estereótipos.
3. Comunicação eleitoral em tempos de universo online
O mundo foi significativamente impactado pelas tecnologias da informação e
comunicação nos últimos 50 anos (CASTELLS, 2005). Embora seja a sociedade em si e não
apenas a tecnologia a responsável pelas mudanças sociais, é crucial considerar que a tecnologia
possibilitou avanços no cenário da comunicação, que agora está interconectada, oferecendo
possibilidades mais significativas de participação, cidadania, horizontalidade, interação, entre
outros.
Denominada por Castells (2005) como comunicação em rede, as novas formas de
produção, divulgação e consumo midiático estão interligadas em uma vasta rede que não
distingue claramente produtores e consumidores de conteúdo. Isso significa que o que antes era
rigidamente definido em termos de produtores e receptores, com as novas tecnologias e
mudanças sociais, hoje sofre um deslocamento de sentido. Conforme Jenkins (2010), essas
novas formas de comunicação consideram que produtores e consumidores de mídia não atuam
mais de forma separada, mas sim em uma cultura participativa, na qual o consumidor reivindica
o direito de participar do processo de construção da informação (ou conteúdo).
Raquel Recuero (2009) complementa que, ao estudar estruturas sociais, é necessário ter
como premissa os indivíduos e atores sociais, que estão inseridos em complexas redes de
relações com outros atores e indivíduos, atuando como fundamentos na construção do mundo
de ambos. Grande parte dessas relações ocorre por meio de interações sociais, que acontecem
tanto online quanto offline na contemporaneidade.
Uma vez que muitas das atitudes sociais o reflexos dessa construção social
proveniente das relações sociais, Recuero também destaca que, compreender como essas
realidades se manifestam permite compreender os fenômenos resultantes da estrutura social
estabelecida e a posição dos atores envolvidos (RECUERO, 2009, p. 14).
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É importante ressaltar que a análise de redes sociais busca compreender como as
interações entre os indivíduos se manifestam, neste caso, por meio das ferramentas sociais da
internet, bem como a divulgação e influência dessas estruturas na própria construção dos laços
que conectam os indivíduos em suas escolhas.
Na análise de redes sociais, de acordo com Raquel Recuero, é necessário que o objeto
de estudo possua uma estrutura que possa ser mapeada. Além disso, essa estrutura deve ser útil
para a compreensão do fenômeno em questão, pois o objeto em análise consegue explicar,
mesmo que parcialmente, a estrutura social na qual está inserido.
No entanto, ao mesmo tempo, impactos das constantes mudanças cotidianas,
especialmente devido à velocidade das inovações nesse campo, que aceleram as transformações
nas formas de produção, distribuição e consumo de conteúdo - sejam eles de entretenimento,
informação ou mesmo política. Existe um número infinito de conteúdos disponíveis, em
constante produção, tornando impossível consumir tudo o que está disponível.
A comunicação eleitoral, diante dessas inúmeras transformações, também sofre
impactos. Com as evoluções na forma de se comunicar, o processo eleitoral, embora ainda
influenciado por crenças e valores que definem as candidaturas muitos anos, tem sido afetado
pelas opções disponíveis no ambiente online. Por esse motivo, nas últimas duas eleições no
Brasil, tanto para cargos federais quanto municipais, as candidaturas recorreram às mídias
sociais como ferramentas para conquistar votos e eleitores.
4. Análise dos perfis oficiais das candidatas à reeleição
É evidente que a atividade política é impactada pelos meios de comunicação e pelas
habilidades desses meios em conquistar a opinião pública. Por outro lado, também há o aspecto
do uso desses meios para obter visibilidade, não apenas para conquistar legitimidade social,
mas também para se manter no aparato político do Estado. As áreas da comunicação e política
eleitoral, e as interferências entre elas, estão cada vez mais interligadas. No entanto, é muito
difícil estabelecer um padrão das circunstâncias em que uma influência a outra e vice-versa.
Ainda assim, é possível encontrar relações que auxiliam os pesquisadores na compreensão da
sociedade e, especialmente, nas decisões relacionadas à representatividade política atual.
Mobilizar a opinião pública requer tempo e estratégia. Sendo o voto o objetivo central
dos candidatos em um processo eleitoral, quanto mais visibilidade eles obtiverem por suas
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ações, maior será o interesse por eles nas esferas de tomada de decisão. E é através dessa
visibilidade que alcançam seu principal objetivo: o voto.
No que diz respeito especificamente ao papel dos parlamentares, Gomes (2004) destaca
que a construção legislativa é o momento em que eles têm a maior visibilidade, por atuarem
como decisions makers em políticas públicas com grande potencial de serem vistos. Isso ocorre
porque as funções parlamentares estão mais relacionadas à construção legislativa.
A visibilidade midiática durante o mandato está mais associada ao Poder Executivo.
Portanto, com exceção de algumas políticas públicas de grande relevância midiática que
direcionam a visibilidade para os parlamentares, é durante o período eleitoral que as
oportunidades de visibilidade aumentam. Isso significa que durante o processo eleitoral, as
cotas de visibilidade são ampliadas, atingindo o auge na disputa pela divulgação de propostas
e realizações no período que antecede o dia da eleição. É nesse cenário que o público está mais
atento aos problemas públicos e às ações desenvolvidas pelos representantes nos últimos quatro
anos.
Dessa forma, com mais propostas concluídas e medidas efetivadas, as candidaturas que
buscam a reeleição deveriam assegurar uma maior proximidade com o público ao apresentar
novas propostas. Isso é comprovado pelo fato de que em 2018, a Assembleia Legislativa do
Paraná reelegeu 33 dos 54 representantes (61%), demonstrando uma relação mais visível e uma
conversão de votos maior para aqueles que ocupavam cargos no legislativo. Entre as
deputadas estaduais, destacam-se três delas que foram reeleitas na última eleição (Cristina,
Mara e Maria Victória). Portanto, as candidatas mulheres também se beneficiaram das cotas de
visibilidade disponíveis durante o mandato.
Passados quatro anos desde as últimas eleições e com a maior bancada feminina da
história da Assembleia Legislativa do Paraná, surge a questão de saber se, mesmo sendo
candidatas que exercem cargos legislativos, elas ainda precisam refutar ou reforçar
estereótipos em suas campanhas eleitorais. No âmbito desta pesquisa, tem-se como objetivo
explorar se as campanhas eleitorais de lançamento de candidatura neutralizam ou reforçam as
características e posturas observadas por Panke (2016), as quais são consideradas elementos
reais na construção das campanhas eleitorais latino-americanas, tais como a figura da mãe, da
guerreira e da profissional.
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4.1 Cristina Silvestri (PSDB)
A deputada estadual Cristina Silvestri é formada em História e está em seu segundo
mandato na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), sendo a mulher mais votada na última
eleição. Atualmente, exerce o cargo de Procuradora Especial da Mulher e, neste ano, realizou
uma mudança de partido, saindo do Cidadania e filiando-se ao PSDB. Viúva do ex-deputado
federal Cezar Silvestri e mãe do ex-prefeito de Guarapuava e ex-deputado estadual, Cesar
Silvestri Filho, ingressou na política após ambos já terem sido eleitos. Em seu perfil no site da
Alep, ela se define como uma “deputada municipalista”.
A imagem 01 é a única que não corresponde à data de 16 de agosto, pois a candidata é
a única que não possui a postagem oficial de sua candidatura naquela data. A postagem
analisada em seu perfil no Instagram ainda é referente ao pré-lançamento de sua candidatura à
reeleição, feita em 14 de agosto. A foto recebeu 275 curtidas, oferecendo diversas
possibilidades de análise. Primeiramente, no contexto discursivo e textual da mensagem, é
possível identificar algumas situações retratadas na imagem da deputada.
A primeira situação é o reforço de seu papel como mãe, possibilitando a conexão com
grupos específicos de mulheres e demonstrando um potencial comportamental maternal em seu
cotidiano. No caso de Cristina, ser mãe de Cesar e Teka e avó de cinco netos evidencia
características desse instinto maternal associadas às definições tradicionais femininas. Além
disso, uma descrição de seu trabalho, não apenas mencionando que ela é agricultora (com
menor destaque), mas enfatizando sua atuação e trajetória política, especialmente na Alep, onde
foi a mulher mais votada, a primeira procuradora, deputada eleita e autora de mais de 400
projetos.
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Imagem 1 Print de tela do lançamento da candidatura de Cristina Silvestri à reeleição
Fonte: Print de tela realizado em 14 de agosto de 2022
A interação, característica das redes sociais, sustentada e incentivada pelo perfil da
candidata, também auxilia na análise do eleitorado sobre quem é Cristina. Vittadini (1995)
ressalta que a comunicação digital atualmente está mais próxima dos usuários, pois tem como
premissa ser mais próxima deles. Assim, é "un tipo de comunicación posible gracias a las
potencialidades específicas de unas particulares configuraciones tecnológicas, cujo objetivo é
imitar, ou simular, a interação entre as pessoas". O perfil da candidata estimula a interatividade
e a participação ao solicitar respostas à pergunta: quem é Cristina Silvestri?
A imagem 2 apresenta alguns dos comentários que reforçam as mensagens transmitidas
pela candidata em seu perfil. Os discursos das pessoas estão alinhados com o que é estabelecido
pela campanha e, ao mesmo tempo, reforçam os estereótipos presentes na maioria das
candidaturas femininas.
Conforme mencionado anteriormente por Panke (2016), ao abordar as categorias das
candidatas, pode-se observar que os usuários reforçam tanto o estereótipo da mãe quanto o da
trabalhadora e da guerreira. No entanto, o que mais se destaca é a figura da amiga, evidenciando
o lado sensível da maternidade e das emoções femininas. Essa representação, segundo a autora,
é algo sagrado e positivo, conferindo à candidata um status de respeito acima de suas
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características profissionais, que não se limitam à maternidade. A palavra “atuação” ou
“atuante” também é amplamente destacada, especialmente em relação ao seu trabalho na
Assembleia.
Imagem 2 Comentários na postagem da candidata
Fonte: Print de tela realizado em 14 de agosto de 2022
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4.2 Maria Lima
A cantora Mara Lima, cujo nome completo é Marilei de Souza Lima, de acordo com as
informações disponíveis no site da Assembleia, é filha de um militar, casada, mãe de duas filhas
e avó de quatro netos. Embora seja natural do sudoeste do Paraná, iniciou sua carreira política
em 2008, quando foi eleita vereadora de Curitiba. Desde 2011, ocupa um assento na Alep,
sendo sua principal representação a bancada evangélica. Filiada ao partido Republicanos, ela é
líder da bancada evangélica e vice-líder do partido. Suas bandeiras políticas incluem a defesa
dos valores cristãos, a família, os direitos das mulheres, a vida, os direitos das crianças e
adolescentes, dos idosos, além de se posicionar contra o aborto, a ideologia de gênero, a
legalização das drogas, entre outros. Seu mandato pode ser resumido pela frase: “Deus, pátria,
família e liberdade”
3
.
Sendo filiada ao partido Republicanos, a deputada Mara Lima utiliza seu nome de perfil
no Instagram, não fazendo referência direta a uma figura política. Como cantora gospel e
integrante da comunidade evangélica, ela destaca a presença da religião em diferentes
momentos. Na Imagem 03, pode-se notar que a postagem apresenta uma música interpretada
por ela (Meu País), e no texto de apoio (legenda) do lançamento de sua candidatura, a
presença de passagens bíblicas e palavras relacionadas novamente à religião.
O slogan de sua campanha é a única referência que indica que a cantora é também uma
deputada estadual, por dizer: “o bom trabalho continua...” (ênfase nossa). A palavra “continua”
faz alusão à continuidade de seu mandato, mas não menciona quantas vezes ela já foi deputada.
Essa publicação recebeu 951 curtidas em um período de 24 horas.
3
Informação disponível em: https://www.assembleia.pr.leg.br/deputados/perfil/cantora-mara-lima. Acesso em: 14
ago. 2022.
De 0 ao 1: O lançamento das campanhas das candidatas a deputadas estaduais para a reeleição no Paraná
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 256
Imagem 03 Print de tela do lançamento da candidatura de Mara Lima à reeleição
Fonte: Print de tela realizado em 17 de agosto de 2022
Conforme explicado por Panke (2016), na comunicação eleitoral é importante estar
acessível ao eleitorado, e a participação e interação são ferramentas fundamentais nas redes
sociais. No entanto, antes do período eleitoral, Mara Lima não permitia comentários em suas
postagens. Essa prática é adotada por muitos canais e personalidades para evitar mensagens
ofensivas ou mesmo para não incentivar a interação. No entanto, essa atitude não passou
despercebida e foi mencionada pela usuária @camilasalvadort em seu comentário: “olha só,
agora vocês liberaram os comentários, né!”.
Se é necessário para as candidatas estarem disponíveis, a abertura dos comentários nas
redes sociais da Deputada durante o período eleitoral confirma essa necessidade. Embora as
mulheres tenham uma maior aceitação na conversa com o público, a comunicação políticao-
eleitoral da deputada não envolvia interação. Com a chegada das eleições, o relacionamento
começou a ser inserido, embora em nenhum momento tenha sido observado que ela tenha
respondido ou interagido com os comentários recebidos.
Renata CALEFFI e Luciana PANKE
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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A Imagem 04 também apresenta outros comentários relevantes para análise. Como a
deputada faz parte da bancada evangélica, é possível notar a presença das palavras “Deus”,
“Jesus”, “oração” e emojis relacionados à religião. Além disso, há uma mensagem de apoio ao
candidato Bolsonaro e outra com críticas à forma como os deputados evangélicos
desempenham seu trabalho (sem uma crítica direta à Deputada).
Imagem 04 Print de tela dos comentários mais relevantes na postagem da deputada Mara
Lima
Fonte: Print de tela realizado em 17 de agosto de 2022
De 0 ao 1: O lançamento das campanhas das candidatas a deputadas estaduais para a reeleição no Paraná
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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4.3 Mabel Canto
Pela primeira vez ocupando uma cadeira no legislativo estadual, Mabel Canto é casada,
mãe de dois filhos, advogada e radialista. Como fica claro em seu histórico no site da
Assembleia
4
, ela também é filha de Jocelito Canto, um político paranaense. Em seu trabalho na
Alep, ela foi autora da Lei do Parto Adequado e do Projeto Garagem Mulher. Segundo
informações oficiais no site, ela destina metade do seu salário desde o início do mandato para
instituições sociais e pessoas em situação de vulnerabilidade da região.
Ao contrário das outras candidatas, Mabel anuncia seu número e lança sua campanha
não apenas com uma imagem estática, mas também com um vídeo curto, em que cenas de seu
cotidiano familiar e sua atuação como deputada estadual são mostradas. A memória é outra
característica da web que pode ser usada nas campanhas eleitorais como uma forma de
comprovar o trabalho realizado.
Além disso, desempenha um papel fundamental para a continuidade do mandato da
deputada, que retoma a característica de uma mulher que trabalha e que teve uma atuação
forte dentro da Alep. A memória, diferente da história, sempre estabelece uma conexão entre o
presente e a representação do passado (SODRÉ, 2009). Ao retomar seu trabalho na Assembleia,
a deputada Mabel também demonstra a noção de continuidade, em um processo de construção
e reconstrução política a partir de sua chegada.
Outra diferença de Mabel em relação às outras candidatas está na presença de um jingle
em sua campanha. A música é, inclusive, a legenda de sua postagem.
Imagem 05 Print de tela do lançamento da candidatura de Mabel Canto à reeleição
Fonte: Print de tela realizado em 17 de agosto de 2022
4
Informação disponível em: https://www.assembleia.pr.leg.br/deputados/perfil/mabel-canto. Acesso em: 14 ago.
2022.
Renata CALEFFI e Luciana PANKE
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 259
O vídeo de lançamento da candidata reflete a ligação dela com seu pai, Jocelito Canto,
candidato a Deputado Federal. Nos comentários dos usuários nas redes de Mabel, essa relação
é mencionada quando falam sobre a “dobradinha” de votos entre pai e filha.
Aqui, é importante ressaltar o estereótipo que muitas candidatas mulheres, como Mabel,
Maria Victória e Cristina Silvestri, enfrentam: a ideia de que elas conseguem alcançar cargos
políticos por estarem relacionadas aos homens de suas famílias. A política de cotas exige que
os partidos políticos incentivem a participação de mais mulheres nas disputas eleitorais e, ao
mesmo tempo, facilita a entrada de mulheres que estavam próximas dos processos decisórios,
seja por serem esposas ou filhas de políticos.
O capital político dessas instituições revela-se de suma importância no processo de
seleção e transferência de votos. Em determinadas circunstâncias, tal afirmativa é corroborada,
como evidenciado no caso das três deputadas mencionadas, cujo respaldo familiar conferiu-
lhes a oportunidade de alcançarem o cargo de Deputadas. Ao mesmo tempo, reconhecemos que
muitas mulheres acabam sendo ainda mais excluídas do processo, justamente por não fazerem
parte da elite partidária e, portanto, não conseguem participar da chamada “democracia interna”
dos partidos políticos.
Ao analisar a realidade da Assembleia Legislativa do Paraná, das 5 deputadas, apenas
duas não têm esse apelo familiar. Portanto, pertencer a um grupo político estruturado é um
facilitador para a eleição de mulheres no Paraná. Essa relação também é observada entre os
candidatos homens, com a presença de vários deputados provenientes de famílias tradicionais
no cenário paranaense, como Requião Filho, Anibelli Neto e Artagão Júnior.
De 0 ao 1: O lançamento das campanhas das candidatas a deputadas estaduais para a reeleição no Paraná
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 260
Imagem 06 Print de tela dos comentários mais relevantes na postagem da deputada Mabel Canto
Fonte: Print de tela realizado em 17 de agosto de 2022
Entre todas as candidatas analisadas, Mabel foi a única que interagiu com seus usuários,
comentando as postagens e curtindo os comentários. Recuero, ao destacar a análise das redes
sociais, ressalta a importância do engajamento para a construção das redes. Assim, ao interagir,
em vez de afastar os usuários, estimula-se a inclusão na construção de significados e,
consequentemente, valoriza-se o que é produzido. Como o engajamento faz toda a diferença na
entrega de conteúdo, especialmente devido aos algoritmos, é relevante realizar esse trabalho,
pois o número de curtidas e interações está diretamente relacionado ao feedback do público em
relação ao que estou produzindo, bem como à forma como o conteúdo será entregue aos demais
possíveis eleitores.
Renata CALEFFI e Luciana PANKE
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 261
4.4 Maria Victória
Deputada estadual em seu segundo mandato, Maria Victoria é filha de políticos e
destaca em sua biografia no site da Assembleia
5
, que acompanhou a trajetória de sua família
enquanto se preparava para exercer a função pública. Ela ressalta sua independência e preparo,
acreditando que a formação de uma sociedade mais humana passa principalmente pela
Educação. Além de ser empresária no setor, dedica seu mandato na Assembleia Legislativa do
Paraná especialmente à Educação e à Saúde, destacando sua atuação frente às Doenças Raras.
Assim como na campanha de Mabel Canto, a biografia de Maria Victoria reforça o estereótipo
de ser filha de políticos.
É interessante notar que as três últimas candidatas citadas possuem um padrão visual
semelhante, especialmente em relação às cores: verde, amarelo e azul, associadas à campanha
do governador Ratinho Júnior e também à do presidente Jair Bolsonaro.
Diferentemente de outras candidatas, Maria Victoria e Mara Lima não enfatizam seu
trabalho realizado na Assembleia, nem retomam suas pautas e atividades durante o mandato.
Isso pode ser uma estratégia para afastar a ideia de renovação política que foi prevalente em
legislaturas anteriores. A noção de que as Câmaras Legislativas precisam de novas figuras pode
novamente ser uma premissa eleitoral, e ambas as candidatas podem ter adotado essa estratégia
para não perder eleitores em potencial. Portanto, trata-se de uma estratégia de comunicação
eleitoral.
5
Informação disponível em: <https://www.assembleia.pr.leg.br/deputados/perfil/maria-victoria>. Última
visualização em 14 de agosto de 2022.
De 0 ao 1: O lançamento das campanhas das candidatas a deputadas estaduais para a reeleição no Paraná
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 262
Imagem 07 Print de tela do lançamento da candidatura de Maria Victória à reeleição
Fonte: Print de tela realizado em 17 de agosto de 2022
A relação com Jair Bolsonaro fica ainda mais evidente nos comentários recebidos em
sua postagem. Na imagem 08, é possível observar que comentários de apoio à candidata que
fazem referência direta à campanha do presidente, como o uso de emojis com a bandeira do
Brasil. Apesar de não fazer parte ativamente da bancada evangélica, a relação dos pais da
candidata com o presidente, que possui um apelo evangélico notável, faz com que ela também
receba o apoio desse blico. Isso é evidenciado pelos emojis relacionados à religião, bem
como pelo uso das palavras “Oração” e “Deus”.
Renata CALEFFI e Luciana PANKE
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 263
Imagem 08 Print de tela dos comentários mais relevantes na postagem da deputada Maria Victória
Fonte: Print de tela realizado em 17 de agosto de 2022.
Não se observam quaisquer comentários relacionados ao desempenho de sua função
como deputada estadual na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep), tampouco se
evidencia o destaque dado ao seu trabalho no campo educacional, conforme mencionado em
sua biografia.
4.5 Luciana Rafagnin
A última deputada analisada é Luciana Rafagnin. Filiada ao Partido dos Trabalhadores,
a deputada foi eleita pela primeira vez em 2002 e exerceu o cargo por dois mandatos
consecutivos até 2010. Após esse período, não ocupou cargos legislativos até a última eleição
em 2018. Em sua biografia no site da Assembleia Legislativa do Paraná
6
, ela afirma ter uma
história de vida e participação ativa nas lutas em defesa dos direitos das mulheres, dos idosos,
das crianças, da educação, da saúde, da agricultura familiar, da inclusão social e do
desenvolvimento regional. Além disso, ela tem se dedicado a causas como, a melhoria das
condições de vida nos acampamentos e assentamentos de reforma agrária, a defesa das famílias
afetadas pelas barragens no Paraná, a qualidade do ensino e a valorização dos trabalhadores da
educação.
6
Disponível em: https://www.assembleia.pr.leg.br/deputados/perfil/luciana-rafagnin. Acesso em: 14 ago. 2022.
De 0 ao 1: O lançamento das campanhas das candidatas a deputadas estaduais para a reeleição no Paraná
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 264
Como a única deputada essencialmente de oposição ao governador Ratinho Junior e ao
presidente Jair Bolsonaro, a campanha da candidata petista apresenta um layout completamente
diferente das demais. Além de utilizar cores fora do padrão eleitoral, como azul e verde, a
deputada também é a única que explicita seu apoio a candidaturas ao Senado, ao Governo e à
Presidência.
No entanto, no texto de apoio ao lançamento da candidatura, não é feita referência ao
fato de ela já ser uma deputada com experiência e ter atuado na Assembleia por três mandatos,
como as candidatas Maria Victória e Mara Lima.
Imagem 09 Print de tela do lançamento da candidatura de Luciana Rafagnin à reeleição
Fonte: Print de tela realizado em 17 de agosto de 2022
A única candidata que recebeu comentários negativos relacionados ao seu partido
político foi Luciana, o que é esperado em tempos de polarização política. O usuário
@leoluizchiapetti deseja sorte à sua prima (possivelmente a deputada), mas ressalta que é difícil
alguém do PT conseguir se eleger. o usuário @alves.francisco17, claramente um eleitor de
Jair Bolsonaro (referência ao antigo número), comentou duas vezes, uma afirmando que
Bolsonaro será reeleito e outra chamando o PT de desgraça. Além disso, foram utilizados
emojis de descontentamento e tristeza, demonstrando revolta e indignação. Na imagem 10, são
apresentados os principais comentários recebidos na postagem de lançamento da candidatura
de Luciana.
Renata CALEFFI e Luciana PANKE
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DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 265
Imagem 10 Print de tela dos comentários mais relevantes na postagem da deputada Luciana
Rafagnin
Fonte: Print de tela realizado em 17 de agosto de 2022.
Mesmo sendo uma prática comum na maioria dos perfis comerciais e políticos, a
candidata optou por não apagar os comentários contrários que recebeu. Essa decisão pode ter
sido motivada pelo fato de que apagar os comentários reduziria a interação e o alcance do
conteúdo. Ao mesmo tempo, essa escolha pode ter sido feita para deixar evidente o quanto o
discurso de ódio pode surgir ao longo da campanha, bem como para demonstrar aos seus
apoiadores que a candidata está disposta a lidar com opiniões divergentes.
De 0 ao 1: O lançamento das campanhas das candidatas a deputadas estaduais para a reeleição no Paraná
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 266
5. Considerações finais
Esta pesquisa está em fase exploratória, representando a primeira etapa de um projeto
mais abrangente que visa compreender a comunicação eleitoral das candidaturas à Deputada
Estadual no Paraná em 2022. Mesmo nesse estágio inicial, é possível identificar algumas
relações entre as candidatas que buscam a reeleição e a construção de suas campanhas eleitorais.
Uma das principais características é a presença ativa de seu capital político familiar.
Esse aspecto é particularmente relevante para as candidatas Maria Victória, Cristina Silvestri e
Mabel Canto, cujas relações familiares serão reforçadas durante a eleição. Outra característica
que se destaca desde o lançamento das campanhas é como algumas candidatas enfatizam sua
atuação como deputadas (Mabel e Cristina), enquanto outras deixam de lado seu trabalho
anterior (Mara, Maria e Luciana).
Além dos perfis individuais das candidatas, também observamos o perfil oficial dos
partidos políticos, embora a maioria deles não faça referência direta das candidatas à reeleição.
Por exemplo, no perfil oficial do PT Paraná, há apenas fotos do candidato a deputado estadual
Requião Filho. O Republicano enfatiza apenas a campanha do governador, com uma postagem
conjunta da candidata a deputada federal Janaína Naumann. Os Progressistas destacam a
Deputada Maria Victória em várias postagens, mas nenhuma delas relacionada à sua disputa
pela reeleição, focando apenas em seu papel como presidente do partido. Por fim, no PSDB
Paraná, há postagens da candidata Mabel Canto, mas nenhuma menção ou imagem de Cristina
Silvestri é incluída nas publicações.
Ao final dessa pesquisa abrangente, se possível compreender o que se manteve
constante e o que foi essencialmente relevante para a reeleição das deputadas estaduais no
Paraná, com base nas análises e observações iniciais das campanhas. Além disso, será
explorado se esses elementos podem contribuir de alguma forma para aumentar a participação
bem-sucedida de mais mulheres nas disputas eleitorais.
Renata CALEFFI e Luciana PANKE
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 267
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MONTANER, J. M. Gênero e visão del mundo. In: VALDIVIA, B. G.; CIACOLETTO, A.
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2012.
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https://www.scielo.br/j/op/a/nPwPLVHpnbF3sYpTZps9WCs/?format=pdf&lang=pt. Acesso
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RECUERO, R. Introdução à análise de redes sociais. [S. l.]: [s. n.], 2009.
SODRÉ, M. A narração do fato: notas para uma teoria do acontecimento. Petrópolis, RJ:
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VITTADINI, N. Comunicar con los Nuevos Media. In: BETTETINI, G.; COLOMBO, F. Las
Nuevas Tecnologías de la Comunicación. Barcelona: [s. n.], 1995.
De 0 ao 1: O lançamento das campanhas das candidatas a deputadas estaduais para a reeleição no Paraná
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não aplicável.
Financiamento: Não aplicável.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: Não aplicável.
Disponibilidade de dados e material: Os dados e materiais utilizados no trabalho estão
disponíveis para acesso com os dados e referências disponibilizados.
Contribuições dos autores: Luciana Panke autora da teoria e supervisora. Renata Caleffi
autora da contextualização e dos apontamentos.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 243
FROM 0 TO 1: THE ENTRY OF THE CANDIDATES ELECTION CAMPAIGN FOR
RE-ELECTION IN PARANÁ
DE 0 AO 1: O LANÇAMENTO DAS CAMPANHAS DAS CANDIDATAS A DEPUTADAS
ESTADUAIS PARA A REELEIÇÃO NO PARANÁ
DEL 0 AL 1: EL LANZAMIENTO DE LAS CAMPAÑAS DE LAS CANDIDATAS PARA
DIPUTADAS ESTATALES EN LA REELECCIÓN EN PARANÁ
Renata CALEFFI1
e-mail: recaleffi88@gmail.com
Luciana PANKE2
e-mail: lupanke@gmail.com
How to refer to this article:
CALEFFI, R.; PANKE, L. From 0 to 1: The entry of the candidates
election campaign for re-election in Paraná. Teoria & Pesquisa:
Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007,
2023. e-ISSN: 2236-0107. DOI:
https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050
| Submitted: 10/01/2023
| Revisions required: 22/02/2023
| Approved: 17/04/2023
| Published: 30/06/2023
Editor:
Prof. Dr. Simone Diniz
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Federal University of Paraná (UFPR), Curitiba PR Brazil. Postdoctoral researcher in the Graduate Program
in Communication.
2
Federal University of Paraná (UFPR), Curitiba PR Brazil. Professor in the Graduate Program in
Communication. Doctoral degree in Communication Sciences (USP). Research Productivity Scholar at CNPq -
Level 2.
From 0 to 1: The entry of the candidates election campaign for re-election in Paraná
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 244
ABSTRACT: For a long time, the participation of Brazilian women in electoral contests has
been limited, showing lower numbers compared to other Latin American countries. Women's
participation in electoral processes in the country is restricted for several reasons, including
historical and structural issues, lack of internal democracy within political parties, inefficient
public policies to promote women's inclusion in the electoral process, and especially the lack
of representation. It is on this last aspect that this research focuses. The gradual and slow
increase in the number of elected women is not enough to guarantee effective representation in
the Legislative Chambers, and being in a prominent position does not ensure greater visibility
for female candidates seeking reelection. With the advent of new communication
technologieswhich are also responsible for the democratization of access to information for
candidatesone can assert that social media has been an ally for female candidacies in elections
and reelection for legislative positions. How do female candidates utilize these platforms to
reach their audience and garner more votes? These questions can be answered in various ways.
One approach is to analyze how State Deputies utilize social media. In 2022, electoral
campaigns will commence on August 16th, and it is on this date that the research will analyze
the profiles of the five representatives from Paraná in the State Legislative Assembly (Alep),
aiming to understand how the communication of the candidate’s seeking reelection for the
position of State Deputy in Paraná was constructed. By the end of this research, the goal is to
comprehend the social media strategies adopted by the candidates during their campaign
launches and determine the communicational profile utilized by them in the electoral landscape.
KEYWORDS: Woman. Re-election. Paraná. Communication. Social media.
RESUMO: muito tempo, a participação das mulheres brasileiras em disputas eleitorais é
limitada, apresentando números inferiores aos de outros países latinos. A participação das
mulheres nos processos eleitorais no país é restringida por várias razões, incluindo questões
históricas e estruturais, falta de democracia interna nos partidos, políticas públicas ineficientes
para promover a inclusão das mulheres no processo eleitoral e, especialmente, a falta de
representatividade. É sobre este último aspecto que esta pesquisa se concentra. O aumento
gradual e lento do número de mulheres eleitas não é suficiente para garantir uma
representação efetiva nas Câmaras Legislativas e, ao mesmo tempo, estar em uma posição de
destaque não garante maior visibilidade para as candidatas que buscam a reeleição. Com o
advento das novas tecnologias de comunicação - que também são responsáveis pelos processos
de democratização do acesso à informação das candidatas -, pode-se afirmar que as redes
sociais têm sido aliadas das candidaturas femininas nos processos de eleição e reeleição para
cargos legislativos? Além disso, como as candidatas utilizam essas plataformas para alcançar
seu público e conquistar mais votos? Essas questões podem ser respondidas de várias
maneiras. Uma delas é analisar como as Deputadas Estaduais utilizam as redes sociais. Em
2022, as campanhas eleitorais terão início em 16 de agosto, e é nessa data que a pesquisa
analisará o perfil das cinco representantes paranaenses na Assembleia Legislativa do Paraná
(Alep), visando compreender como foi construída a comunicação das candidatas que buscam
a reeleição para o cargo de Deputada Estadual no Paraná. Ao final desta pesquisa, espera-se
compreender as estratégias de mídia social adotadas pelas candidatas durante o lançamento
Renata CALEFFI and Luciana PANKE
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 245
de suas candidaturas e determinar o perfil comunicacional utilizado por elas no cenário
eleitoral.
PALAVRAS-CHAVE: Candidaturas femininas. Reeleição. Paraná. Comunicação. Redes
sociais.
RESUMEN: No es nuevo que la participación de las mujeres brasileñas en la disputa electoral
es restringida y con números muy bajos. La participación de las mujeres en los procesos
electorales está restringida en el país debido a diferentes razones, incluyendo cuestiones
histórico-estructurales, democracia partidos internos, políticas públicas ineficaces para la
inclusión de las mujeres en el proceso electoral y, especialmente, la falta de representación de
mujeres. Es sobre este último que esta investigación tiene su inicio. El creciente (y lento)
número de mujeres electas en Brasil no es suficiente para asegurar una representación efectiva
en las Cámaras Legislativas y, al mismo tiempo, desempeñar un papel de destacar no garantiza
más visibilidad para los elegidos que deseen postularse la reelección. Con las nuevas
tecnologías de comunicación disponibles - responsable de los procesos de democratización del
acceso a información de candidatas - es posible afirmar que las redes sociales han sido aliadas
de candidaturas femeninas en procesos electorales y reelección a un cargo legislativo?
Además, ¿cómo son usadas estas plataformas para llegar a audiencia y ganar más votos? Las
preguntas marcadas se pueden responder de diferentes maneras. Un de los pasos es analizar
cómo las Diputadas del Estado de Paraná utilizan las redes sociales. En 2022, las campañas
electorales comienzan el 16 de agosto, y es en esta fecha que la investigación analizará el perfil
de las cinco representantes paranaenses en el Asamblea Legislativa de Paraná (Alep) para
entender cómo fue la construcción comunicacional para la reelección. Al final de esta
investigación, se espera que se pueda comprender cómo fueron las estrategias de redes sociales
de ellas durante el lanzamiento de aplicaciones y si es posible definir el perfil de comunicación
utilizado por ellas en el escenario electoral.
PALABRAS CLAVE: Candidatas. Reelección. Paraná. Comunicación. Redes sociales.
1. Introduction
Recent achievements in the Brazilian political structure include the right to vote,
political participation, and occupying decision-making spaces. Although the first advancements
are almost reaching 100 years (such as the right to vote in 1932, for example), political events
in Brazil reinforce the idea that men predominantly dominate politics.
The predominance of men in the political sphere reflects decades of exclusion of
women, especially Brazilian women. A concrete example of this persistent reality was the
inauguration of the first female restroom in the Plenary of the Federal Senate in Brazil, which
only occurred in 2015, less than ten years ago. Until then, since the election of Eunice Michiles
From 0 to 1: The entry of the candidates election campaign for re-election in Paraná
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in 1979, women holding legislative positions in the Senate had to use the restroom in the
Plenary's restaurant. This means they were forced to leave the space for discussion and decision-
making whenever they needed to use the bathroom, while men did not face such a problem.
Luciana Panke (2016) asserts that "politics is a masculine universe" and supports this
hypothesis through the analysis of low political participation of women throughout Latin
America, which includes structural issues such as misogyny, patriarchy, feminism, and sexism.
The author reports that gender issues in politics are broad and permeate sexism. Therefore,
when discussing men in politics, the most damaging aspect is usually associated with
corruption, while for women, the negative is related to sexual matters such as marriage,
infidelity, and physical appearance.
Due to its masculinized nature, the presence of women in decision-making spaces is
often viewed with astonishment, and questions arise about their competence to hold elective
positions. Additionally, another problem women face in leadership positions is the violence
with which their bodies are treated, from when they express their desire to participate in public
life to when they effectively hold political positions.
Being a woman in politics requires facing daily challenges. Even when they gain space,
they face more questioning about their actions and need to explain their attitudes and votes
more than men elected to similar positions. When it comes to re-election, this dichotomy
becomes even more evident. While men often boast about their accomplishments, even if they
are insignificant, women must reinforce their list of activities beyond the political landscape.
Once again, stereotypes emerge, and as candidates, they often find themselves obliged to
reaffirm their commitments and characteristics to be considered a viable voting option.
Considering that the political landscape undergoes constant changes and that the
visibility and political capital of current female lawmakers is altered with the election and
exercise of legislative mandates, the question arises as to whether the political communication
carried out by female candidates is reinforcing existing practices and behaviors, especially in
the construction and reaffirmation of female stereotypes in legislative elections.
These stereotypes function as stigmas for women, related to a structural belief that there
are suitable personal attributes for men or women to fulfill their societal roles (PANKE;
IASULAITIS, 2016).
Research is the first step in understanding whether electoral political communication
has contributed to the segregation of women and the low rates of elected female representatives
in Paraná, especially regarding the launching of candidates and the lack of party visibility
Renata CALEFFI and Luciana PANKE
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related to their campaigns. To achieve these objectives, the research will analyze the profiles
of the five state deputies from Paraná who are running for re-election in 2022. The day of
candidate launches and the start of the Free Electoral Propaganda Schedule (FEPS) was chosen
as the analysis date. In addition to personal profiles on Instagram, information from political
parties during the same period was also collected, seeking to understand if they were promoting
and highlighting female candidacies.
2. Female Participation and the Scenario in Paraná
According to Maria Montaner (2012), the submission of women to men and female
oppression have historically been established, resulting in the exclusion of women from
decision-making spaces to dedicate themselves to household tasks and childcare. The presence
of women in the public sphere was therefore shaped and controlled by men, while expectations
and responsibilities for the survival of the private sphere were exclusively assigned to women.
The presence of women in decision-making spaces, especially in legislative bodies, has
been gradually increasing in Brazil and around the world, albeit at different rates. This is
achieved through affirmative policies such as quotas or closed-list systems and participation
incentives such as training and capacity-building programs. The growing presence of women
in decision-making positions is an increasingly discussed topic globally, although we should
not overlook setbacks that occur, such as the case of the Taliban regime in Afghanistan.
In Brazil, progress in this aspect has been plodding, and according to indices, gender
equality is far from becoming a reality. The country ranks 154th out of 174 countries analyzed,
according to a report by UN Women, regarding women's political Participation. Among Latin
American countries, Brazil ranks 32nd, only ahead of Belize.
In the 2018 elections, for example, the Chamber of Deputies saw a 51% increase in the
total number of elected female deputies, although the final number of female parliamentarians
represents only 15% of the total federal deputies. In the Senate, female Participation is slightly
lower, with only 12 female senators occupying 14.8% of the seats.
The Legislative Assembly of Paraná (Alep) reflects the low levels of female
participation, highlighting the need and urgency to discuss the presence of more women in
politics. The current legislature has five female state deputies out of 54 representatives. Cristina
Silvestri, Luciana Rafagnin, Mabel Canto, Mara Lima, and Maria Victória make up the female
caucus, officially established only in 2022.
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The five seats represent only an increase of one female deputy compared to the two
previous legislatures (both in 2011-2014 and 2015-2018). In other words, the number of elected
women in Paraná has remained stable, with very low growth in the last legislature, not even
reaching 10% representation in Alep.
Among the representatives from Paraná, Mara Lima is the only one present in the last
three legislatures. Cristina Silvestri is serving her second term; Luciana Rafagnin has been
elected four times as a state deputy but was not in the 2011-2014 legislature; Mabel Canto was
first elected in 2015, and Maria Victória, like Cristina, is in her second term as a state deputy.
All of them have announced their pre-candidacies for re-election, confirmed in the party
convention, but they will only be registered and confirmed by the Regional Electoral Court
after the completion of this article.
Even when holding political representation roles, female candidates often face the same
difficulties present at the beginning of their careers. Panke (2016) explains that it is essential to
highlight the strengths and weaknesses of women, including their talents, audience, and
potentialities, to be recognized as members of the political sphere when entering political
campaigns.
Considering this aspect, the question arises that female deputies must repeatedly
reinforce stereotypes despite already occupying their legislative seats and demonstrate that they
are more prepared than men to continue in their positions. This demand is not usually made for
male candidates. In the discourse and message of male candidates, the focus is solely on
reinforcing the idea that the space they occupied was well utilized and that there were highlights
in their achievements.
Panke (2016), in analyzing female candidacies in Latin America, categorized different
types of electoral campaigns conducted by women in terms of communication. These categories
are linked to motherhood (sensitive or caring), the warrior figure (strong or leader), or the
professional (hardworking or submissive). Although these categories are not used in this
research, as the interest is to observe the overall construction of the campaign launch, it is
important to highlight that these categories have proven relevant in other studies. Therefore,
whether these characteristics are present in reelection, campaigns will also be questioned. The
objective is to understand which elements support the construction of electoral campaigns and
whether the communication is contributing to reinforcing stereotypes.
Renata CALEFFI and Luciana PANKE
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3. Electoral Communication in the Era of the Online Universe
Information and communication technologies have significantly impacted the world in
the last 50 years (CASTELLS, 2005). While it is society itself and not just technology
responsible for social changes, it is crucial to consider that technology has enabled
advancements in the communication landscape, which is now interconnected, offering more
significant possibilities for participation, citizenship, horizontality, and interaction, among
others.
Termed by Castells (2005) as networked communication, the new forms of media
production, dissemination, and consumption are interconnected in a vast network that no longer
clearly distinguishes between content producers and consumers. With the advent of new
technologies and social changes, what was once rigidly defined in terms of producers and
receivers has now undergone a shift in meaning. According to Jenkins (2010), these new forms
of communication acknowledge that media producers and consumers no longer operate
separately but rather in a participatory culture, in which consumers claim the right to participate
in the construction process of information (or content).
Raquel Recuero (2009) further emphasizes that when studying social structures, it is
necessary to consider individuals and social actors as premises embedded in complex networks
of relationships with other actors and individuals, acting as foundations in constructing both
worlds. In contemporary times, a significant portion of these relationships occurs through social
interactions, both online and offline.
Since many social attitudes are reflections of this social construction stemming from
social relationships, Recuero also highlights that understanding how these realities manifest
themselves allows us to comprehend the phenomena resulting from the established social
structure and the position of the actors involved (RECUERO, 2009, p. 14).
It is important to note that social network analysis seeks to understand how interactions
among individuals manifest themselves, in this case, through internet social tools, as well as
the dissemination and influence of these structures in constructing the ties that connect
individuals in their choices.
According to Raquel Recuero, the object of study must possess a structure that can be
mapped in social network analysis. Furthermore, this structure must help understand the
phenomenon at hand, as the object under analysis can partially explain the social system in
which it is embedded.
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However, at the same time, there are impacts of constant daily changes, mainly due to
the speed of innovations in this field, which accelerate transformations in content production,
distribution, and consumption - whether entertainment, information, or even political content.
An infinite number of available content is constantly being produced, making it impossible to
consume everything available.
In the face of these numerous transformations, Electoral communication also undergoes
impacts. With advancements in communication methods, the electoral process, although still
influenced by beliefs and values that have defined candidacies for many years, has been affected
by the options available in the online environment. For this reason, in the last two elections in
Brazil, both for federal and municipal positions, candidates have turned to social media as tools
to garner votes and engage with voters.
4. Analysis of the official profiles of re-election candidates
Political activity is impacted by the media and their ability to influence public opinion.
On the other hand, there is also the aspect of using these media channels to gain visibility, not
only to achieve social legitimacy but also to maintain a position within the state's political
apparatus. The fields of communication and electoral politics, and the interplay between them,
are becoming increasingly interconnected. However, it is challenging to establish a standard for
the circumstances in which one influences the other and vice versa. Nevertheless, it is possible
to identify relationships that assist researchers in understanding society and, especially, making
decisions about current political representation.
Mobilizing public opinion requires time and strategy. As the central objective of
candidates in an electoral process is to secure votes, the more visibility they obtain through their
actions, the greater the interest in them within decision-making spheres. Through this visibility,
they achieve their primary goal: securing votes.
Regarding the specific role of legislators, Gomes (2004) highlights that the legislative
process is when they have the highest visibility, as they act as decision-makers in public policies
with a significant potential for being seen. This is because parliamentary functions are more
closely related to legislative construction.
Media visibility during a mandate is more closely associated with the Executive Branch.
Therefore, except for a few public policies of significant media relevance that direct visibility
toward legislators, opportunities for visibility increase during the electoral period. This means
Renata CALEFFI and Luciana PANKE
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that during the electoral process, visibility quotas are expanded, reaching their peak in the
competition for disseminating proposals and achievements in the period leading up to election
day. In this scenario, the public is most attentive to public issues and the actions carried out by
representatives over the past four years.
Thus, with more completed proposals and practical measures, reelection campaigns
should ensure a closer connection with the public by presenting new proposals. This is
supported by the fact that in 2018, the Paraná State Legislative Assembly reelected 33 out of
54 representatives (61%), demonstrating a more visible relationship and a higher conversion of
votes for those already holding legislative positions. Three of the state deputies stood out for
being reelected in the last election (Cristina, Mara, and Maria Victória). Therefore, women
candidates also benefited from the available visibility quotas during their mandates.
After four years since the last elections and with the most significant female caucus in
the History of the Paraná State Legislative Assembly, the question arises as to whether, even as
candidates who already hold legislative positions, they still need to refute or reinforce
stereotypes in their electoral campaigns. Within the scope of this research, the objective is to
explore whether launching electoral campaigns neutralizes or reinforces the characteristics and
attitudes observed by Panke (2016), which are considered fundamental elements in the
construction of Latin American electoral campaigns, such as the figure of the mother, the
warrior, and the professional.
4.1 Cristina Silvestri (PSDB)
State representative Cristina Silvestri holds a degree in History and is serving her second
term in the Paraná State Legislative Assembly (Alep), being the most-voted woman in the last
election. Currently, she holds the position of Special Prosecutor for Women, and this year, she
changed parties, leaving the Partido da Cidadania and joining the PSDB. Widow of former
federal deputy Cezar Silvestri and mother of the former mayor of Guarapuava and former state
deputy Cesar Silvestri Filho, she entered politics after both had already been elected. In her
profile on the Alep website, she defines herself as a "municipal deputy."
Image 01 is the only one that does not correspond to the date of August 16, as the
candidate is the only one who does not have the official post of her candidacy on that date. The
analyzed post on her Instagram profile still refers to the pre-launch of her re-election campaign,
which took place on August 14. The photo received 275 likes, offering several possibilities for
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analysis. Firstly, in the discursive and textual context of the message, it is possible to identify
some situations portrayed in the image of the representative.
The first situation reinforces her role as a mother, enabling a connection with specific
groups of women and demonstrating a maternal behavioral potential in her daily life. In
Cristina's case, being the mother of Cesar and Teka and grandmother to five grandchildren
highlights characteristics of this maternal instinct associated with traditional feminine
definitions. Furthermore, there is a description of her work, not only mentioning that she is a
farmer (with less prominence), but emphasizing her performance and political trajectory,
especially in the Alep, where she was the most voted woman, the first prosecutor, elected
representative, and author of over 400 projects.
Image 1 - Screenshot of Cristina Silvestri's re-election candidacy launch
Source: Screenshot taken on August 14, 2022.
The interaction, a characteristic of social networks sustained and encouraged by the
candidate's profile, also assists in the electorate's analysis of who Cristina is. Vittadini (1995)
emphasizes that digital communication is currently closer to users, as its premise is to be more
connected. Thus, it is "a type of communication made possible by the specific potentialities of
particular technological configurations, whose objective is to imitate or simulate interaction
Renata CALEFFI and Luciana PANKE
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among people." The candidate's profile stimulates interactivity and participation by requesting
responses to the question: who is Cristina Silvestri?
Image 2 presents some of the comments that reinforce the messages transmitted by the
candidate on her profile. People's discourses align with what is established by the campaign
and simultaneously, strengthen the stereotypes present in most female candidacies.
As mentioned earlier by Panke (2016), when addressing the categories of the candidates,
it can be observed that users reinforce both the stereotype of the mother and that of the worker
and warrior. However, what stands out the most is the friend's figure, highlighting the sensitive
side of motherhood and feminine emotions. According to the author, this representation is
sacred and positive, bestowing the candidate a status of respect above her professional
characteristics, which are not limited to motherhood. The word "performance" or "active" is
also widely emphasized, especially regarding her work in the Assembly.
Image 2 - Comments on the candidate's post
Source: Screenshot taken on August 14, 2022.
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4.2 Maria Lima
According to the information available on the Assembly's website, the singer Mara
Lima, whose full name is Marilei de Souza Lima, is the daughter of a military man, married,
mother of two daughters, and grandmother of four grandchildren. Although originally from
southwestern Paraná, she began her political career in 2008 when she was elected
councilwoman in Curitiba. Since 2011, she has held a seat in Alep, with her main representation
being the evangelical bench. Affiliated with the Republican party, she is the leader of the
evangelical bench and deputy leader of the party. Her political platforms include the defense of
Christian values, family, women's rights, life, children's and adolescents' rights, and the rights
of the elderly, as well as taking a stance against abortion, gender ideology, and drug
legalization. Her mandate can be summarized by the phrase: "God, country, family, and
freedom"
3
.
As a member of the Republican party, Deputy Mara Lima uses her name as her
Instagram profile without directly referencing a political figure. As a gospel singer and
evangelical community member, she emphasizes religion's presence in different moments. In
Image 03, it can be noted that the post features a song performed by her ("Meu País"), and in
the supporting text (caption) of her candidacy announcement, there are references to Bible
passages and words related to religion once again.
Her campaign slogan is the only reference indicating that the singer is also a state
deputy, as it says: "The good work continues..." (emphasis ours). The word "continues" alludes
to the continuity of her mandate but does not mention how often she has been a deputy. This
post received 951 likes within 24 hours.
3
Information available at: https://www.assembleia.pr.leg.br/deputados/perfil/cantora-mara-lima. Accessed in: 14
aug. 2022.
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Image 03 - Screenshot of the launch of Mara Lima's reelection candidacy
Source: Screenshot taken on August 17, 2022.
Panke (2015) explains that in electoral communication, it is essential to be accessible to
the electorate, and participation and interaction are fundamental tools on social media.
However, Mara Lima did not allow comments on her posts before the electoral period. Many
channels and personalities adopt this practice to avoid offensive messages or discourage
interaction. However, this attitude did not go unnoticed and was mentioned by the user
@camilasalvadort in her comment: "Look, now you've allowed comments, huh!"
If it is necessary for candidates to be available, the opening of comments on the Deputy's
social media during the electoral period confirms this need. Although women are more accepted
in conversing with the public, the Deputy's non-electoral political communication did not
involve interaction. With the arrival of elections, the relationship began to be included, although
at no time was it observed that she responded or interacted with the received comments.
Image 04 also presents other relevant comments for analysis. As the Deputy is part of
the evangelical bench, it is possible to note the presence of words like "God," "Jesus," "prayer,"
and emojis related to religion. Additionally, there is a message of support for candidate
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Bolsonaro and another with criticisms of how evangelical deputies perform their work (without
direct criticism towards the Deputy).
Image 04 - Screenshot of the most relevant comments on Deputy Mara Lima's post
Source: Screenshot taken on August 17, 2022.
4.3 Mabel Canto
For the first time holding a seat in the state legislature, Mabel Canto is married, a mother
of two children, a lawyer, and a radio broadcaster. As evident from her history on the
Assembly's
4
website, she is also the daughter of Jocelito Canto, a politician from Paraná. She
was the author of the Adequate Childbirth Law and the Women's Garage Project in her work at
Alep. According to official information on the website, since the beginning of her mandate, she
has been donating half of her salary to social institutions and people in vulnerable situations in
the region.
4
Information available at: https://www.assembleia.pr.leg.br/deputados/perfil/mabel-canto. Accessed in: 14 aug.
2022.
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Unlike the other candidates, Mabel announces her number and launches her campaign
with a static image and a short video showing scenes from her family life and her role as a state
deputy. Memory is another characteristic of the web that can be used in electoral campaigns to
prove the work accomplished.
Furthermore, it plays a fundamental role in the continuity of the deputy's mandate,
reiterating the characteristic of a working woman with a strong presence within Alep. Memory,
unlike history, always establishes a connection between the present and the representation of
the past (SODRÉ, 2009). By resuming her work at the Assembly, Deputy Mabel demonstrates
continuity in political construction and reconstruction starting from her arrival.
Another difference for Mabel compared to the other candidates is the presence of a
jingle in her campaign. The song even serves as the caption for her post.
Image 05 - Screenshot of the launch of Mabel Canto's reelection candidacy
Source: Screenshot taken on August 17, 2022.
The candidate's launch video reflects her connection with her father, Jocelito Canto,
who is running for Federal Deputy. In the users' comments on Mabel's social media, this
relationship is mentioned when discussing the "vote combination" between father and daughter.
Here, it is essential to highlight the stereotype that many female candidates, such as
Mabel, Maria Victória, and Cristina Silvestri, face: the idea that they can only achieve political
positions because they are related to the men in their families. The quota policy requires
political parties to encourage the participation of more women in electoral contests and, at the
same time, facilitates the entry of women who were already close to decision-making processes,
either as wives or daughters of politicians.
These institutions' political capital is paramount in the process of vote selection and
transfer. In certain circumstances, this statement is corroborated, as evidenced in the case of the
three mentioned deputies, whose family support allowed them to reach the position of Deputy.
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At the same time, we recognize that many women are even more excluded from the process
precisely because they are not part of the party elite and, therefore, cannot participate in the so-
called "internal democracy" of political parties.
When analyzing the reality of the Legislative Assembly of Paraná, only two of the five
female deputies do not have this family appeal. Therefore, belonging to a structured political
group is a facilitator for the election of women in Paraná. This relationship is also observed
among male candidates, with the presence of several deputies from traditional families in the
Paraná scenario, such as Requião Filho, Anibelli Neto, and Artagão Júnior.
Image 06 - Screenshot of the most relevant comments on Deputy Mabel Canto's post
Source: Screenshot taken on August 17, 2022.
Among all the analyzed candidates, Mabel was the only one who interacted with her
users, commenting on posts and liking comments. Recuero, when highlighting the analysis of
social networks, emphasizes the importance of engagement in constructing networks. Thus, by
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interacting instead of pushing away users, inclusion in constructing meanings is stimulated, and
consequently, what is produced is valued. Since engagement makes all the difference in content
delivery, especially due to algorithms, it is relevant to carry out this work because the number
of likes and interactions is directly related to the audience's feedback regarding what I am
producing, as well as how the content will be delivered to other potential voters.
4.4 Maria Victória
A state deputy in her second term, Maria Victória is the daughter of politicians and
highlights in her biography on the Assembly's
5
website that she followed her family's trajectory
while preparing to fulfill her public role. She emphasizes her independence and preparedness,
believing that the formation of a more humane society primarily goes through education.
Besides being a businesswoman in the sector, she dedicates her term in the Legislative
Assembly of Paraná specifically to education and health, highlighting her work on Rare
Diseases. Similar to Mabel Canto's campaign, Maria Victória's biography reinforces the
stereotype of being the daughter of politicians.
It is interesting to note that the last three mentioned candidates share a similar visual
pattern, especially regarding the colors: green, yellow, and blue, which are associated with
Governor Ratinho Júnior's campaign and also with President Jair Bolsonaro's.
Unlike other candidates, Maria Victória and Mara Lima do not emphasize their work in
the Assembly or address their agendas and activities during their term. This could be a strategy
to distance themselves from the idea of political renewal prevalent in previous legislatures. The
notion that Legislative Chambers need new figures may once again become an electoral
premise, and both candidates may have adopted this strategy to avoid losing potential voters.
Therefore, it is a political communication strategy.
5
Information available at: <https://www.assembleia.pr.leg.br/deputados/perfil/maria-victoria>. Last viewed in 14
de aug. de 2022.
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Image 07 - Screenshot of Maria Victória's candidacy announcement for re-election
Source: Screenshot taken on August 17, 2022.
The connection with Jair Bolsonaro becomes even more evident in the comments
received on her post. In Image 08, it is possible to observe supportive words referencing the
president's campaign directly, such as the use of emojis with the Brazilian flag. Despite not
actively being part of the Evangelical caucus, the relationship between the candidate's parents
and the president, who has a notable Evangelical appeal, leads to her receiving support from
this audience as well. This is evidenced by religious-related emojis and the use of the words
"Prayer" and "God."
Renata CALEFFI and Luciana PANKE
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Image 08 - Screenshot of the most relevant comments on Deputy Maria Victoria's post
Source: Screenshot taken on August 17, 2022.
No comments related to her performance as a state deputy in the Paraná State Legislative
Assembly (Alep) are observed, nor is there any evidence of emphasis on her work in the field
of education, as mentioned in her biography.
4.5 Luciana Rafagnin
The last analyzed deputy is Luciana Rafagnin. Affiliated with the Partido dos
Trabalhadores, the deputy was first elected in 2002 and served two consecutive terms until
2010. After that period, she did not hold legislative positions until the last election 2018. In her
biography on the Paraná State Legislative Assembly's
6
website, she claims to have a life history
and active participation in the struggles for women's rights, older people, children, education,
health, family farming, social inclusion, and regional development. Additionally, she has been
dedicated to causes such as improving living conditions in land reform settlements and camps,
advocating for families affected by dams in Paraná, promoting quality education, and valuing
education workers.
As the only essentially oppositional deputy to Governor Ratinho Junior and President
Jair Bolsonaro, the campaign of the PT candidate presents an entirely different layout from the
others. In addition to using colors outside the electoral standard, such as blue and green, the
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Available at: https://www.assembleia.pr.leg.br/deputados/perfil/luciana-rafagnin. Accessed in: 14 aug. 2022.
From 0 to 1: The entry of the candidates election campaign for re-election in Paraná
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 262
deputy is the only one who explicitly expresses support for senatorial, gubernatorial, and
presidential candidates.
However, in the text supporting the candidacy announcement, there is no reference to
the fact that she already holds the position of deputy with experience and has served in the
Assembly for three terms, like candidates Maria Victória and Mara Lima.
Image 09 - Screenshot of Luciana Rafagnin's re-election candidacy announcement
Source: Screenshot taken on August 17, 2022.
Luciana was the only candidate who received negative comments about her political
party, which is expected in times of political polarization. User @leoluizchiapetti wishes luck
to his cousin (possibly the deputy) but points out that it is difficult for someone from the PT to
get elected. User @alves.francisco17, clearly a supporter of Jair Bolsonaro (referring to the old
number), commented twice, once stating that Bolsonaro will be reelected and another calling
the PT a disgrace. Emojis of discontentment and sadness were also used, demonstrating anger
and indignation. Image 10 presents the main comments received on Luciana's candidacy
announcement post.
Renata CALEFFI and Luciana PANKE
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 263
Image 10 - Screenshot of the most relevant comments on Deputy Luciana Rafagnin's post
Source: Screenshot taken on August 17, 2022.
Even though it is a common practice for most commercial and political profiles, the
candidate chose not to delete the negative comments she received. This decision may have been
motivated by deleting the comments would reduce interaction and the reach of the content. At
the same time, this choice may have been made to make it evident how hate speech can arise
during the campaign and demonstrate to her supporters that the candidate is willing to deal with
divergent opinions.
5. Final Considerations
This research is in the exploratory phase, representing the first stage of a broader project
to understand the electoral communication of State Deputy candidates in Paraná in 2022. Even
at this initial stage, it is already possible to identify some relationships among the candidates
seeking re-election and the construction of their electoral campaigns.
One of the main characteristics is the active presence of their family political capital.
This aspect is particularly relevant for candidates Maria Victória, Cristina Silvestri, and Mabel
From 0 to 1: The entry of the candidates election campaign for re-election in Paraná
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023007, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1050 264
Canto, whose family relationships will be reinforced during the election. Another prominent
characteristic that has emerged since the launch of the campaigns is how some candidates
emphasize their performance as deputies (Mabel and Cristina) while others downplay their
previous work (Mara, Maria, and Luciana).
In addition to the individual profiles of the candidates, we also observe the official
profiles of the political parties, although most of them do not directly reference the re-election
candidates. For example, in the official description of PT Paraná, there are only photos of the
candidate for state deputy Requião Filho. The Republican Party only emphasizes the governor's
campaign, with a joint post featuring the candidate for federal deputy Janaína Naumann. The
Progressistas highlight Deputy Maria Victória in several posts, but none are related to her re-
election campaign, focusing only on her role as party president. Finally, in PSDB Paraná, there
are posts featuring candidate Mabel Canto, but no mention or image of Cristina Silvestri is
included in the publications.
At the end of this comprehensive research, it will be possible to understand what
remained constant and what was relevant for the re-election of State Deputies in Paraná based
on the analysis and initial observations of the campaigns. Furthermore, it will be explored
whether these elements can contribute to increasing the successful participation of more women
in electoral contests.
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CRediT Author Statement
Acknowledgements: Not applicable.
Funding: Not applicable.
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: Not applicable.
Data and material availability: The data and materials used in the study are available for
access with the provided data and references.
Authors' contributions: Luciana Panke contributed as the theorist and supervisor. Renata
Caleffi contributed to the contextualization and annotations.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.