Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.1017 1
DA REEDIÇÃO DE DESIGNING SOCIAL INQUIRY À EDIÇÃO DOS NOVOS
DEBATES METODOLÓGICOS
DE LA REEDICIÓN DE DESIGNING SOCIAL INQUIRY A LA EDICIÓN DE NUEVOS
DEBATES METODOLÓGICOS
FROM THE NEW EDITION OF DESIGNING SOCIAL INQUIRY TO THE REEDITION
OF NEW METHODOLOGICAL DEBATES
Enzo LENINE1
e-mail: lenine@ufba.br
Como referenciar este artigo:
LENINE, E. Da reedição de designing social inquiry à edição dos
novos debates metodológicos. Teoria & Pesquisa: Revista de
Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN:
2236-0107. DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.1017
| Submetido em: 10/01/2023
| Revisões requeridas em: 20/04/2023
| Aprovado em: 10/09/2023
| Publicado em: 17/12/2023
Editores:
Profa. Dra. Simone Diniz
Prof. Dr. Eduardo de Lima Caldas
Profa. Dra. Mércia Kaline Freitas Alves
Dr. Vinícius Silva Alves
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador BA Brasil. Doutor em Ciência Política (Professor Adjunto).
Da reedição de designing social inquiry à edição dos novos debates metodológicos
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RESUMO: O artigo revisita as discussões metodológicas propostas na obra de KKV por
ocasião da publicação de uma nova edição de Designing Social Inquiry. Utilizo como ponto de
partida a obra de KKV para analisar as discussões contemporâneas sobre causalidade,
explicação e ciência. Parte-se da premissa de que a lógica inferencial de KKV projeta-se como
um modelo único de produção de conhecimento, o que contrasta com a pluralidade de
concepções dentro da Ciência Política e das Relações Internacionais. Recorrendo aos aportes
da filosofia das ciências sociais para avaliar a obra e os debates contemporâneos em ambas
disciplinas, aponto três problemáticas na obra de KKV: o problema da causalidade, o problema
da explicação e o problema da unificação metodológica. A análise desses problemas evidencia
a lógica de ciência que KKV projetam sobre as disciplinas de Ciência Política e RI, sintetizada
em uma visão de causalidade oriunda do modelo de Rubin-Holland, centrada na explicação
causal como única forma de explicação legítima, e proposta como modelo universal de
produção de conhecimento.
PALAVRAS-CHAVE: Metodologia política. Debates metodológicos. Quanti vs. Quali.
Explicação causal. KKV.
RESUMEN: El artículo revisa las discusiones metodológicas propuestas en la obra de KKV
con motivo de la publicación de una nueva edición de Designing Social Inquiry. Utilizo la obra
de KKV como punto de partida para analizar los debates contemporáneos sobre causalidad,
explicación y ciencia. La premisa es que la lógica inferencial de KKV se proyecta como un
modelo único de producción de conocimiento, lo que contrasta con la pluralidad de
concepciones dentro de la Ciencia Política y las Relaciones Internacionales. Utilizando las
aportaciones de la filosofía de las ciencias sociales para evaluar la obra y los debates
contemporáneos en ambas disciplinas, señalo tres problemas en la obra de KKV: el problema
de la causalidad, el problema de la explicación y el problema de la unificación metodológica.
El análisis de estos problemas pone de manifiesto la lógica de la ciencia que KKV proyecta
sobre las disciplinas de la Ciencia Política y las RRII, resumida en una visión de la causalidad
derivada del modelo Rubin-Holland, centrada en la explicación causal como única forma de
explicación legítima, y propuesta como modelo universal de producción de conocimiento.
PALABRAS CLAVE: Metodología política. Debates metodológicos. Quanti vs. Quali.
Explicación causal. KKV.
Enzo LENINE
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.1017 3
ABSTRACT: The article revisits the methodological discussions proposed in KKV's work on
the occasion of the publication of a new edition of Designing Social Inquiry. The starting point
is KKV's work, which is used to analyse contemporary discussions on causality, explanation
and science. The premise is that KKV's inferential logic is projected as a single model for
producing knowledge, which contrasts with the plurality of conceptions within Political Science
and International Relations. Using the contributions of the philosophy of social sciences to
evaluate the work and contemporary debates in both disciplines, three problems in KKV's work
are pointed out: the problem of causality, the problem of explanation and the problem of
methodological unification. The analysis of these problems highlights the logic of science that
KKV projects onto the disciplines of Political Science and IR, summarized in a vision of
causality derived from the Rubin-Holland model, centered on causal explanation as the only
form of legitimate explanation, and proposed as a universal model for the production of
knowledge.
KEYWORDS: Political methodology. Methodological debates. Quanti vs. Quali. Causal
explanation. KKV.
Introdução
Em 2021, e quase três décadas mais tarde, foi publicada uma nova edição do
emblemático livro de metodologia Designing Social Inquiry: Scientific Inquiry in Qualitative
Research (doravante, DSI), dos cientistas políticos Gary King, Robert O. Keohane e Sydney
Verba (doravante, KKV). Considerada uma das obras fundamentais para o ensino de
metodologia nos cursos de graduação e pós-graduação em Ciência Política e Relações
Internacionais no Brasil e no mundo, o texto de KKV como ficou conhecido marcou não
um debate metodológico, como determinou os rumos tomados pela metodologia política nas
décadas seguintes à sua publicação (DOWDING, 2016). Em larga medida, o cisma entre
quantitativistas e qualitativistas, profundo em 1994, quando da primeira edição da obra,
adquire novos contornos com as questões suscitadas e, principalmente, soluções propostas por
KKV. Subjacente ao texto havia uma tentativa de tornar as ciências sociais, especificamente a
Ciência Política, mais “científicas”, em especial os trabalhos associados às tradições
qualitativas. A solução para tal seria o reconhecimento da lógica inferencial como o modelo de
produção de conhecimento sobre os fenômenos políticos e internacionais, lógica esta que
poderia ser ajustada às pesquisas qualitativas e, daí, o fato de o livro ser direcionado em seu
subtítulo ao público qualitativista (KING; KEOHANE; VERBA, 1994; 2021).
A nova edição surge em um momento de reativação de cismas metodológicos na
disciplina. No contexto atual, não a obra de KKV foi apreciada e criticada por diferentes
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cientistas políticas, como também outros movimentos dentro da disciplina provocaram reações
a tentativas por vezes sutis, mas frequentemente declaradas de definir modelos pré-
determinados de produção de conhecimento (ISAACS, 2015; KING, 2014; SCHWARTZ-
SHEA; YANOW, 2016). No começo dos anos 2000, o Movimento Perestroika ditou a tônica
das cisões teóricas e metodológicas na disciplina, principalmente no que era visto como uma
espécie de predileção não declarada por abordagens quantitativas e formais; já nos anos 2010,
o estabelecimento da iniciativa Data Access and Research Transparency (DA-RT) da American
Political Science Association (APSA) provocou novas reações na academia (LENINE;
MÖRSCHBÄHCER, 2019; 2020). Em todas essas ocasiões, uma visão de ciência tentava se
impor sobre as demais, como se a produção de conhecimento científico fosse algo único e
descomplicado (HAWKESWORTH, 2015). Portanto, é nesse acumulado de debates, questões,
críticas e embates que se situa a nova edição de DSI.
Por tal razão, a rediscussão de uma obra tão relevante se faz premente. Ora, se o que
entendemos por conhecimento científico e metodologia política hoje reflete as discussões
presentes em KKV e geradas a partir da obra, revisitar essa nova edição três décadas depois
implica em se questionar acerca da arquitetura da Ciência Política e das Relações Internacionais
atuais, reconhecendo como ambas foram impactadas pelo texto dos autores. Tal é o objetivo
desse artigo: examinar DSI, porém não na forma de uma tradicional revisão de texto, mas
sobretudo sob uma perspectiva crítica acerca das questões produzidas pela obra. Nesse sentido,
considero três temas que merecem atenção em KKV e que ecoam persistentes disputas
epistemológicas e metodológicas dentro da Ciência Política e das RI: o problema da
causalidade, o problema da explicação e o problema da unificação metodológica. Essas três
problemáticas perpassam toda a obra de KKV, e nelas se firma seu argumento central sobre a
existência de: 1. Uma lógica única de ciência, a inferencial; 2. A produção de explicações
causais; 3. A causalidade como uma relação probabilística associada ao modelo de Rubin-
Holland.
De antemão, é preciso demarcar alguns pontos sobre este artigo. Primeiramente, os
argumentos que delineio não desmerecem ou rejeitam a obra de KKV. Muito pelo contrário: se
hoje DSI ainda é uma obra viva, reverberando em nossas pesquisas e merecedora de uma nova
edição, é porque ela assumiu um papel de profunda relevância para a metodologia na Ciência
Política e nas RI. Revisitá-la e discuti-la, mesmo que criticamente, confirma essa importância
e demonstra a sua atualidade para a disciplina. Em segundo lugar, o termo “problemas” usado
anteriormente refere-se mais a problemáticas ou questões epistemológicas e metodológicas, do
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que a um defeito argumentativo. Opto por mantê-lo, porém, porque salienta a necessidade de
nos atentarmos para a diversidade de perspectivas sobre os temas a que se referem, algo que é
por vezes mascarado no texto de KKV, como se tais problemas não existissem ou fossem
facilmente solucionáveis.
O artigo está estruturado em cinco seções, além desta introdução e da conclusão. Na
primeira seção, traço um panorama de DSI, sintetizando os argumentos centrais de cada
capítulo. Na sequência, apresento o problema da causalidade, apontando como ele surge em
KKV e como ele é percebido na filosofia das ciências sociais e nos debates metodológicos
contemporâneos. Na terceira seção, discuto o problema da explicação, assumida como
intrinsicamente causal por KKV. A explicação, porém, é mais contenciosa do que a visão dos
autores, principalmente dentro do contexto dos mecanismos causais e da virada interpretativa,
para não mencionar a própria filosofia da ciência e das ciências sociais. Na quarta seção, discuto
a concepção de uma única lógica inferencial, questionada por qualitativistas afiliados à ideia de
causalidade e por interpretivistas, e como ela envolve uma concepção de ciência pouco plural
senão dogmática. Finalmente, saliento os desafios para o tipo de ciência da política e do
internacional proposta por KKV na contemporaneidade, bem como faço justiça ao valor da obra
para a discussão metodológica em Ciência Política e RI.
Designing Social Inquiry: breve panorama da obra
DSI foi publicada pela primeira vez em 1994, resultando da cooperação de três cientistas
políticos, dois deles renomados na Ciência Política (Sydney Verba e Gary King) e um nas RI
(Robert Keohane). Sua centralidade em diferentes campos de estudos nessas disciplinas resulta
de suas experiências anteriores com pesquisa, o que os levou a produzir uma obra que
sistematizava a produção de conhecimento sobre os fenômenos políticos e internacionais. A
princípio, DSI foi pensada como um guia para a pesquisa qualitativa, vez que, segundo os
autores, ela carecia de uma sistematização mais transparente e objetiva de seus procedimentos
metodológicos (KING; KEOHANE; VERBA, 1994; 2021). Porém, a vasta maioria dos seus
argumentos é referenciada nas abordagens quantitativas, recorrendo constantemente a
formalizações típicas desse modelo de pesquisa.
A nova edição de 2021 traz os mesmos seis capítulos da primeira edição, acrescidos de
um prefácio escrito por King e Keohane. Intitulado Designing Social Inquiries: K and K on
KKV”, o prefácio faz um balanço dos impactos do livro; reafirma o contexto da primeira edição,
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qual seja, o de auxiliar no aprimoramento da pesquisa qualitativa; e apresentam uma visão
otimista e conciliadora entre qualitativistas e quantitativistas (KING; KEOHANE; VERBA,
2021). Mais notável, porém, é a quantificação do impacto da obra de 1994 por meio da avaliação
do uso da inferência nos artigos acadêmicos publicados nos dez periódicos de maior impacto
na disciplina em 1990 e 2019
2
, de acordo com King e Keohane, “em 1990, 13% dos artigos
usavam essa linguagem [da inferência], enquanto em 2019, 71% usavam-na” (KING;
KEOHANE; VERBA, 2021, p. 14). Essa transformação no output das pesquisas demonstraria,
segundo os autores, uma maior atenção para a inferência e as questões a ela associadas.
Como mencionado, a nova edição reproduz os capítulos originais, os quais examino
brevemente a seguir. O capítulo 1 é, provavelmente, o mais conhecido entre estudantes e
pesquisadoras brasileiras nas graduações e pós-graduações de Ciência Política e Relações
Internacionais do país. Nele, KKV traçam mais do que um panorama geral do livro: os autores
constroem os alicerces do que entendem por ciência e como tal entendimento está fundado em
uma única lógica de produção de conhecimento, qual seja, a inferencial. Aqui se destacam
quatro máximas que orientam o livro, quais sejam: o objetivo da pesquisa científica é a
inferência, seja ela descritiva, seja ela explicativa (id est, causal); os procedimentos analíticos
da ciência são públicos; as conclusões de qualquer pesquisa científica são permeadas por
incertezas devido à complexidade e às não-linearidades do mundo real; e (talvez a mais
importante) o conteúdo da ciência é o método (KING; KEOHANE; VERBA, 2021). A
discussão subsequente do capítulo orbita ao redor do desenho de pesquisa que conformaria
essas quatro máximas, nomeadamente no que tange à construção da pergunta de pesquisa, ao
uso e refinamento das teorias e à qualidade dos dados. Essa esquematização breve e objetiva,
repleta de exemplos práticos de pesquisas em Ciência Política e RI, responde, em larga medida,
pela importância do livro em cursos introdutórios de metodologia.
O capítulo 2 trata da inferência descritiva, trazendo uma definição concisa desta.
Segundo os autores, “a inferência é o processo de usar os fatos que conhecemos para aprender
sobre os fatos que não conhecemos”, sendo que “os fatos que desconhecemos são os sujeitos
das nossas perguntas de pesquisa, teorias e hipóteses” e “os fatos conhecidos formam nossos
dados ou observações (quantitativos ou qualitativos)” (KING; KEOHANE; VERBA, 2021, p.
45). De uma maneira mais técnica e particular, a inferência descritiva se refere à compreensão
2
A lista de periódicos analisados pelos autores incluiu: American Journal of Political Science, American Political
Science Review, British Journal of Political Science, Public Administration, European Journal of Political
Research, International Organization, Journal of Conflict Resolution, Journal of Politics, Political Psychology e
World Politics.
Enzo LENINE
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de um fenômeno não observado por meio de um conjunto de observações, distinguindo o
componente sistemático do componente não sistemático do fenômeno (KING; KEOHANE;
VERBA, 2021). Os exemplos elencados pelos autores ao longo do capítulo servem tanto para
destacar essas definições, como também para formalizar a ideia de inferência, e para oferecer
recomendações para lidar com problemas práticos de pesquisa. Nesse processo, o recurso às
terminologias dos métodos quantitativos se torna mais evidente, e os autores se justificam
alertando que essa é apenas uma maneira mais prática de consolidar os conceitos e discussões.
De maneira análoga, o capítulo 3 discute a inferência causal. Sua centralidade no livro
advém do fato de que a concepção de explicação de KKV está profundamente associada à ideia
de causalidade: a pesquisa científica, segundo os autores, adquire seu valor na medida em que
revela relações causais. KKV reconhecem que o termo causalidade é “confuso” e, visando a
esclarecê-lo, valem-se da linguagem característica das pesquisas quantitativas, qual seja, de
variáveis dependente, independente e de controle. Não por acaso, o seu ponto de partida é o
modelo causal de Rubin-Holland, ajustado à realidade das pesquisas sociais e resumido da
seguinte forma: “o efeito causal é a diferença entre o componente sistemático das observações
feitas quando a variável explicativa assume um valor e o componente sistemático de
observações comparáveis quando a variável explicativa assume outro valor” (KING;
KEOHANE; VERBA 2021, p. 80). É com base nesse modelo que os autores avaliam a
inferência causal na pesquisa qualitativa e, outrossim, abordagens alternativas de causalidade,
nomeadamente mecanismos causais (que especificam como as causas produzem efeitos),
múltipla causalidade (quando um determinado resultado é causado pela combinação de
diferentes variáveis independentes) e simetria/assimetria causal (diferenças dos efeitos causais
entre o aumento e o decrescimento dos valores da variável explicativa). Nesse capítulo, KKV
ainda discutem os pressupostos do modelo causal, especificamente a homogeneidade das
unidades e a independência condicional entre variável independente e dependente, temas
também abordados no artigo seminal de Paul W. Holland (1986). O capítulo se encerra com
uma série de estratégias para o desenvolvimento de teorias causais, o que seria o objetivo
fundamental das ciências sociais.
O capítulo 4 trata mais diretamente da constituição do desenho de pesquisa a partir das
discussões sobre inferências descritiva e causal. A preocupação principal do capítulo consiste
em traçar estratégias para evitar desenhos de pesquisa indeterminados, nos quais: (1) mais
inferências do que observações; e/ou (2) existe multicolinearidade entre as variáveis
explicativas. Ademais, KKV descrevem problemas associados à escolha de casos (ou
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observações, como preferem chamar para evitar a imprecisão do termo “caso”),
especificamente às diferentes modalidades de viés de seleção. Conforme detalham com
exemplos de pesquisas em Ciência Política e RI essas questões, os autores formalizam parte
desses problemas por meio de modelos estatísticos simples.
O capítulo 5 se ocupa das diferentes fontes de erro e viés (bias) nas pesquisas em Ciência
Política e RI. Valendo-se de uma discussão técnica traçada sob fortes paralelos com as soluções
quantitativas para os referidos problemas, KKV oferecem recomendações “universais”
aplicáveis a qualquer pesquisa quantitativa ou qualitativa. Ao discutirem viés e ineficiência, os
autores alertam que “pesquisadores qualitativos tentam alcançar medidas exatas, mas eles
geralmente têm menos precisão” (KING; KEOHANE; VERBA, 2021, p. 149), mas defendem
que, devido a possuírem semelhanças quintessenciais, as pesquisas quantitativas e qualitativas
estariam não só habilitadas, como disporiam das ferramentas para resolver esses problemas. A
exposição do capítulo centra-se na comprovação dessa possibilidade, apresentando sugestões e
recomendações para melhorar a escolha e a mensuração de variáveis, evitar a omissão de
variáveis explicativas e lidar com a endogeneidade.
Finalmente, no capítulo 6, KKV delineiam estratégias de aumento do número de
observações com vistas a resolver problemas de incerteza e desenhos de pesquisa
indeterminados. Eles analisam desde os estudos de um único caso, e como dentro deles é
possível realizar diferentes observações; até estudos comparados, e como ampliar o número de
observações nos mesmos (por exemplo, tomando as subunidades como observações), bem
como lidar com os desafios associados a unidades analíticas heterogêneas. Em parte, o capítulo
ecoa discussões realizadas tanto na pesquisa de política comparada (LIJPHART, 1971), como
entre quantitativistas (KELLSTEDT; WHITTEN, 2015). Destaca-se, ainda, a breve atenção
dada a process tracing, uma abordagem causal central na pesquisa qualitativa, e cujo potencial
para produzir inferência causal os autores reconhecem. Mais do que uma conclusão pró-forma,
KKV mantêm nesse espaço final a série de recomendações e estratégias que caracterizou os
capítulos anteriores, demonstrando, ao fim e ao cabo, que os problemas e as soluções que se
apresentam na pesquisa são, salvaguardadas as particularidades, similares para qualitativistas e
quantitativistas. Em suas palavras:
Em princípio e na prática, os mesmos problemas de inferência existem na
pesquisa quantitativa e qualitativa. A pesquisa desenhada para nos ajudar a
compreender a realidade social pode ter sucesso se seguir a lógica da
inferência científica. Esta máxima se aplica à observação qualitativa,
quantitativa, grande-n, pequeno-n, experimental, observacional, histórica,
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etnográfica, observação participante e todas as outras pesquisas científicas
sociais. No entanto, (...) os problemas fundamentais da inferência descritiva e
causal são geralmente mais difíceis de evitar com um projeto de pesquisa de
n pequeno do que de n grande (KING; KEOHANE; VERBA, 2021, p. 227)
Evidentemente, esse breve resumo dos capítulos não esgota a riqueza dos exemplos,
questões, estratégias e recomendações discutidos pelos autores: na verdade, o tratamento
cuidadoso de todos esses temas torna a obra mais palatável e curiosa para a leitora, apresentando
o processo de pesquisa de uma maneira acessível para pesquisadoras em diferentes estágios de
seu treinamento metodológico. Mesmo os modelos formais baseados em referenciais
estatísticos são suficientemente acessíveis para quem possua conhecimentos elementares de
pesquisa quantitativa.
Entretanto, a obra, desde sua publicação, tornou-se contenciosa dentro da Ciência
Política (DOWDING, 2016; GOERTZ; MAHONEY, 2012). Em larga medida, o debate que
KKV lançaram influenciou a disciplina tanto no mundo anglo-saxão, como nas demais
academias nacionais, porém, de uma forma que se traduziu na tentativa de subsumir os métodos
qualitativos à lógica inferencial dos métodos quantitativos. Como sintetiza Dowding:
Até certo ponto, (...) o debate moderno foi desencadeado por King, Keohane
e Verba (1994) e sua afirmação de que existe uma lógica de inferência. A
implicação subjacente da lógica da inferência é que apenas a evidência
quantitativa pode (a) determinar a causalidade e (b) testar hipóteses extraídas
da teoria. Uma resposta foi que a evidência qualitativa pode definir a
causalidade (c) preenchendo as lacunas e ajudando a demonstrar os
mecanismos reais e (d) usando um modelo diferente de causalidade.
Curiosamente, em parte como resultado do debate, os estudos quantitativos
estão sob crescente escrutínio de suas afirmações causais, levando a novas
técnicas estatísticas e à virada experimental (DOWDING, 2016, p. 162)
As questões apontadas acima refletem-se nos três problemas sinalizados na introdução
do artigo e sobre os quais me debruço na sequência: o problema da causalidade, o problema da
explicação e a tentativa de unificação metodológica. A escolha não é fortuita: DSI esteve sob o
escrutínio de pesquisadoras afiliadas a diversos campos dentro da Ciência Política e das RI que
se devotam a questões epistemológicas e metodológicas. Embora discussões de tal natureza
sejam frequentemente elididas por empiricistas (BEVIR, 2008), a repercussão de DSI acabou
por gerar uma grande produção acadêmica sobre metodologia, tanto para reafirmar as posições
de KKV (por exemplo, Kellstedt e Whitten, 2015), como para contestá-las (por exemplo, Goertz
e Mahoney, 2012). A natureza da explicação e da causalidade constitui tema central nessas
discussões. Paralelamente, desenvolvimentos de ordem institucional e sociológica na disciplina
reativaram cismas entre qualitativistas e quantitativistas: foram os casos dos mencionados
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Movimento Perestroika e DA-RT. Com isso, a ideia de unificação metodológica foi posta em
xeque.
O problema da causalidade
A concepção de causalidade de KKV delineada no texto fundamenta-se na inferência
causal, estando atrelada à própria ideia de explicação causal. Embora os autores exponham
brevemente outras concepções de causalidade e defendam que elas não são incompatíveis
com a sua , um profundo silêncio sobre as discussões filosóficas acerca do tema. Na
verdade, por escolha deliberada, KKV elidem debates dessa natureza, restringindo-se tão
somente a uma exposição da filosofia de Karl Popper, uma vez que ela serve aos interesses
práticos de sua abordagem inferencial.
Os autores desenvolvem sua proposta de abordagem causal tomando como referência o
texto do estatístico Paul W. Holland (1986), que se debruçou sobre a questão denominada de
Problema Fundamental da Inferência Causal. De acordo com Holland, é impossível observar o
valor de tratamento em uma unidade e o valor controle na mesma unidade para averiguar o
efeito causal do tratamento sobre essa unidade (HOLLAND, 1986). Isso implicaria na
impossibilidade da inferência causal, visto que a análise da relação de causalidade presume a
capacidade de verificar se um dado tratamento dado à unidade gera algum efeito. Holland
propõe uma saída estatística trabalhando com uma população em vez de uma única unidade
para analisar o efeito causal médio, e parcela significativa dessa abordagem é utilizada por KKV
em seu modelo causal.
KKV propõem que o modelo de Rubin-Holland seja ajustado ao contexto da Ciência
Política: em vez de assumir uma posição determinística, que transparece no texto de Holland,
a pesquisa política estaria mais bem situada sob uma perspectiva probabilística, dadas as
incertezas subjacentes aos fenômenos sociais, intrinsicamente sujeitos à agência e à
intencionalidade humanas (KING; KEOHANE; VERBA 2021). Os dados que as pesquisadoras
coletam no mundo, mesmo resultando dessa miríade de incertezas, poderiam ser tratados de
maneira a produzir inferências causais com o devido grau de confiança requerido pela ciência.
Não por acaso, o conjunto de estratégias apresentado ao longo do livro principalmente a partir
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do quarto capítulo serve justamente para conformar essa concepção de causalidade presente
no modelo de Rubin-Holland-KKV
3
.
O tratamento dado por KKV à causalidade é, como se pode antecipar, contencioso.
Cartwright salienta que o termo causa é um conceito multifacetado e intrinsicamente
polissêmico, e aponta ao menos seis formas como a causalidade é compreendida atualmente:
teoria probabilística da causalidade e métodos bayesianos de inferência causal; modularidade;
invariância; experimentação; teorias de processo causal; e eficácia (CARTWRIGHT, 2007).
Diante desse pluralismo filosófico, a ideia de uma única forma de expressar relações causais
seria um empreendimento epistemológico e metodológico no mínimo suspeito. Contrariamente
a essa proposta, a autora sugere que “nosso tratamento filosófico da causalidade deve deixar
claro por que os métodos que usamos para testar afirmações causais fornecem boa garantia para
os usos aos quais fazemos essas afirmações” (CARTWRIGHT, 2007, p. 2).
É na linha dessa sugestão que os críticos de KKV confrontam a sua visão de causalidade
e sua relação com a inferência. Goertz e Mahoney (2012) apontam, por exemplo, que os
qualitativistas se apoiam em outros ramos da matemática que não o estatístico subjacente ao
modelo de Rubin-Holland-KKV: é mais frequente, na tradição qualitativista causal, o recurso
à lógica, à teoria dos conjuntos e ao process tracing. Isso redunda em diferentes estratégias para
evidenciar relações causais, como gráficos acíclicos (WALDNER, 2017), inferência bayesiana
(BENNETT, 2008; 2014) e Qualitative Comparative Analysis (RAGIN; RIHOUX, 2004;
RIHOUX, 2008), apenas para citar algumas. Gerring (2017) aponta que esses esforços
demonstram o quanto a ideia de causalidade é multifacetada e, portanto, complicada, não
podendo ser reduzida ao modelo quantitativo advogado por KKV. Nas RI, uma literatura sobre
causalidade vem-se desenvolvendo principalmente desde os anos 1990, apontando que a
disciplina tem se esquivado sistematicamente de examinar ontologicamente o significado de
causa (KURKI, 2008; LEBOW, 2014; PATOMÄKI, 1996; SUGANAMI, 1996; WIGHT,
2006). Ao fazê-lo, dois processos ocorrem simultaneamente: primeiro, as pesquisadoras
subscrevem a um ideal de causalidade fundamentado na concepção humeana de causa,
tomando-a como dada e inequívoca; segundo, a noção de causa não é problematizada em sua
essência, tornando-se meramente uma questão epistemológica (podemos descobrir as causas?)
e metodológica (quais técnicas produzem e testam inferências causais?). Kurki resume:
3
Os autores se abstêm de adicionar seus sobrenomes ao modelo. Utilizo essa composição apenas para salientar a
diferença entre o modelo original de Rubin-Holland e o modelo ajustado para a Ciência Política proposto por
KKV, resultando no modelo Rubin-Holland-KKV.
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Embora o modelo humeano de análise causal tenha seus pontos fortes no que
tange a sistematizar a análise empírica de padrões gerais, ele é
metodologicamente, epistemologicamente e ontologicamente restrito de
maneiras importantes: metodologicamente, ele não confere um papel
adequado às abordagens e aos métodos históricos, qualitativos, discursivos e
interpretativos; epistemologicamente, provoca teóricos a estabelecer objetivos
excessivamente objetivistas para o conhecimento social; e ontologicamente
tem dificuldade em lidar com causas não observáveis, como ideias e razões, e
a construção social da vida social (KURKI, 2008, p. 7).
Como resultado dessa complexidade da causalidade, ao elidirem uma discussão mais
aprofundada sobre o tema, inclusive atrelando-o à questão da inferência causal, KKV perdem
a oportunidade de ressignificar não o que compreendem por causalidade, como também
reconhecer a existência de outras abordagens filosóficas de relações causais. É somente em uma
nota de rodapé distraída que os autores se descrevem como bayesianos, o que per se não
explicita sua visão de causas (KING; KEOHANE; VERBA 2021). Mesmo na sua breve
exposição sobre entendimentos alternativos de causalidade na qual discutem mecanismos
causais, múltipla causalidade e simetria , mais interrogantes surgem do que são resolvidos,
tornando a própria exposição dessas alternativas algo caricatural.
Mas, por que uma exposição da causalidade se faz necessária? Se a noção de causa é
central na concepção de ciência e conhecimento científico proposta por KKV; e se aquilo que
se entende por causa é ontologicamente indefinido, as implicações para a construção de um
desenho de pesquisa são dramáticas, principalmente no que se refere: 1. Ao que são
consideradas evidências válidas para a pesquisa; 2. Ao tipo de conhecimento social produzido
(se objetivo, subjetivo/intersubjetivo); 3. À natureza dos processos causais e o que eles são
capazes de englobar (ideias, razões, construção social, indicadores, estimadores, artefatos
textuais concretos etc.). Porém, mais importante do que todos esses elementos, é a questão do
tipo de explicação passível de ser produzida a depender do significado de causalidade que uma
determinada pesquisa adote. Passo a essa questão na sequência.
O problema da explicação
Como visto, a explicação para KKV é definida estritamente em termos causais: ela é
científica na medida em que consegue estabelecer relações de causalidade para os fenômenos
empíricos. Porém, os autores elidem seja por escolha deliberada, seja por recusar-se a um
engajamento com a filosofia das ciências sociais uma pluralidade de debates que envolvem
as dimensões linguísticas, lógicas e filosóficas da explicação. Essa escolha transparece uma
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concepção de explicação não inequívoca, como também autointuitiva, o que não coaduna
com as questões subjacentes ao tema.
Essa escolha não é surpreendente quando se considera que, embora a explicação seja
central para a pesquisa científica, raramente as pesquisadoras em Ciência Política e RI
explicitam os fundamentos metateóricos e metodológicos do que entendem por explicação em
seus textos mesmo naqueles publicados em periódicos de alto prestígio (CHERNOFF, 2014a).
Isso em parte resulta da própria dinâmica do debate filosófico sobre a justificação do
conhecimento, em cujo desenvolvimento figuram nomes como David Hume e sua crítica à
causação e à indução; Carl Hempel e Paul Oppenheim e seu modelo dedutivo-nomológico,
baseado na concepção de explicação científica fundada em leis gerais (HEMPEL;
OPPENHEIM, 1948); Saul Kripke (1980) e o debate sobre a referência, com implicações para
a pluralidade de entendimentos sobre explicação nas ciências sociais contemporâneas
(DOWDING, 2016); Karl Popper (2013) e o critério de falseabilidade para julgar modelos
derivados a partir de teorias com base na sua capacidade de explicar dados empíricos do mundo
real, apenas para mencionar alguns autores importantes na tradição empiricista da filosofia da
ciência e filosofia da das ciências sociais. Subjacente ao empiricismo está a ideia da explicação
como empiricamente adequada, ou seja, a virtude de uma teoria e suas explicações reside na
sua capacidade de se “dar conta” do que existe no mundo real; e precisão preditiva frente aos
fenômenos reais (CHERNOFF, 2014a; DOWDING, 2016).
Outras tradições de cunho antirrealista/antinaturalista, como a interpretativista, possuem
ainda outras concepções de conhecimento e, por conseguinte, de sua justificação que
rejeitam a noção de explicações causais e os métodos associados às mesmas (WINCH, 2008;
YANOW; SCHWARTZ-SHEA, 2015). Para a interpretativista, a interpretação é “um processo
de montar (mesmo que de uma maneira inconsciente) recursos culturais existentes para formar
padrões específicos”, o que “envolve a manipulação de recursos intersubjetivos de
significação” em um processo de conversação (JACKSON, 2015, p. 270), resultando em
explicações que, em vez de consistirem em uma linearidade de causalidade, representam a
circularidade da própria natureza subjetiva e intersubjetiva do conhecimento. A ideia de
circularidade está profundamente associada à filosofia da linguagem desenvolvida por Ludwig
Wittgenstein (2014), segundo a qual o processo de aprendizado e o uso da linguagem que
constituem nossas experiências são intrinsicamente circulares, na medida em que envolvem o
recorrente uso de palavras segundo regras pré-especificadas e dentro de contextos
determinados. Em última instância, as palavras moldam o que sabemos do mundo e como nos
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aproximamos dele, ao passo que são por nós mobilizadas para moldar a própria realidade. Disso
resulta que uma explicação não está dissociada de nosso Lebenswelt (ou mundo vital): na
verdade, as explicações que produzimos sobre o mundo resultam de nossas experiências
individuais, mediadas pela linguagem e suas manipulações individuais (YANOW, 2015, p. 12).
Em uma posição diametralmente oposta ao interpretativismo, a explicação tem sido
frequentemente associada ao conceito de previsão na Ciência Política e nas RI, principalmente
dentro da vertente do realismo científico (CHERNOFF, 2014ab; DOWDING; LENINE, 2021).
O termo em si carrega certa ambiguidade, e comumente provoca reações em setores que acusam
as Ciências Sociais de emularem as Ciências Exatas nomeadamente, a Física. Entretanto, a
ideia de explicação como previsão alicerça-se em uma compreensão dupla: de um lado,
encontra-se a previsão científica, que consiste na implicação lógica de um modelo teórico; e a
previsão pragmática, que consiste em um prognóstico (forecast)
4
de tipos de eventos futuros
(DOWDING; MILLER, 2019). Dentre elas, apenas a previsão científica é intrinsicamente
explicativa, vez que resulta de um constructum teórico logicamente organizado. Ademais, ela
é explicativa na medida em que: 1. Um determinado “resultado y poderia ser diferente em uma
situação contrafactual na qual a condição C não seria verificada, e poderíamos inferir qual valor
y haveria assumido se a condição C* se verificasse” (DOWDING; MILLER, 2019, p. 1004); e
2. Um mecanismo causal está associado a essa relação entre a condição e o resultado
(DOWDING; LENINE, 2021; YLIKOSKI, 2017). Como Chernoff sintetiza:
Uma previsão no contexto das ciências naturais ou sociais é ‘uma proposição
singular ou geral que é indexada no futuro; é baseada em um corpo teórico
racionalmente justificado, amplamente construído; pode ser baseada em
evidências imperfeitas; pode ser determinístico ou probabilístico; e pode ser
condicional, id est na forma: ‘se as condições C se verificarem, então o
resultado E acontecerá (CHERNOFF, 2014b, p. 9)
Paralelamente nas RI, discussões metateóricas m-se voltado para uma conformação
do significado da explicação que advoga, a um tempo, um comprometimento ontológico,
epistemológico e metodológico com as concepções de causa e causação; bem como uma
clarificação do que realmente significa explicar, sem recair nas tradições filosóficas dominantes
na filosofia da ciência (JACKSON, 2011; KURKI, 2008; PATOMÄKI, 2017; KURKI;
SUGANAMI, 2012; SUGANAMI, 1996)
5
. Explicar, de acordo com essa literatura, significa
4
Os termos em inglês prediction e forecast, nesse contexto, expressam essas diferentes formas de previsão.
Traduzo a previsão pragmática como prognóstico apenas como forma de distinção desses termos.
5
Essa literatura recorre frequentemente ao realismo crítico de Roy Bhaskar.
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transmitir um entendimento, o que per se flexibiliza a forma como produzimos explicações e,
por conseguinte, conhecimento. Nesse contexto, o uso de narrativas causais é uma estratégia
que permite conformar esse ideal de explicação, na medida em que “explicar a ocorrência de
um evento na política mundial” significa “responder como os segmentos relevantes do mundo
se moveram de um ponto particular no qual o evento ainda não ocorrera para um ponto no qual
ele ocorreu” (SUGANAMI, 2008, p. 334). Processos mecanicistas, atos e intencionalidade
humanos, ideias e construções sociais desempenham papel central na construção da explicação
(KURKI, 2008). Afinal, como Jackson (2017) postula, oferecer uma explicação sobre um
fenômeno é equivalente a oferecer um relato sobre “fazer algo acontecer”, este definido por um
conjunto de instruções de natureza causal que redundam na produção do fenômeno.
Como se pode notar, a ideia de explicação está longe de ser consensual nas Ciências
Sociais, o que lança dúvidas sobre a proposta de KKV, principalmente sobre uma derivação
natural de sua proposta, qual seja, a determinação da melhor explicação entre explicações rivais.
A hierarquização das explicações tem sido um desafio da pesquisa científica em Ciência Política
e RI, mas é marginalmente discutida em KKV, mesmo quando os autores descrevem os métodos
quantitativos e afirmam sua maior precisão lexical e formal. Em diversos campos de estudo, o
acumulado de conhecimento sobre relações causais não permite distinguir quais delas têm
maior poder explicativo: esse é o caso, por exemplo, dos estudos de proliferação nuclear, que
apontam diversas causas para o fenômeno, inclusive com o uso de sofisticados modelos
estatísticos, mas não conseguem ordenar essas causas em termos de poder explicativo (BELL,
2016; WINTER; LENINE, 2020) mesmo sob uma perspectiva popperiana, referência
filosófica constante nas discussões de KKV. Embora os autores apresentem a teorização (ou
construção de melhores teorias) como passo fundamental para aprimorar nossas hipóteses,
ainda persiste essa lacuna em sua exposição sobre explicações. Esta se agrava quando
confrontada com a pluralidade de compreensões sobre a explicação, tais como as elencadas
anteriormente, projetando uma sombra sobre a proposta de unificação da lógica de pesquisa,
dos objetivos da ciência e da natureza do conhecimento produzido.
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O problema da unificação metodológica
A esta altura, percebe-se que as divergências entre cientistas políticas e
internacionalistas contrasta com a pretensão unificadora de KKV. Mesmo entre aquelas que
adotam a perspectiva de inferência causal, subscrevendo a um ideal de explicação fundada na
causalidade, significativas diferenças na concepção de causa, na forma de elucidá-la e
naquilo que se consideram evidências válidas para estabelecer relações de causalidade. KKV
defendem uma forma, portanto, que se distancia das múltiplas práticas em ambas as disciplinas,
o que projeta dúvidas sobre os seus objetivos normativos, nomeadamente no que tange à
imposição de uma visão dogmática de ciência.
6
Tal visão não se restringe somente a DSI: tanto King como Keohane demonstram em
ocasiões distintas seu dogmatismo no que tange às formas supostamente adequadas de produção
de conhecimento. Em artigo publicado na Political Science and Politics, King (2014) reafirma
sua posição acerca dos métodos quantitativos e qualitativos, advogando uma cooperação maior
entre eles. Porém, tal cooperação não se exatamente em de igualdade: muito pelo
contrário, ela transparece a ideia de que os métodos qualitativos deveriam ser subsumidos aos
métodos quantitativos. Keohane, em diferentes ocasiões, reafirma sua visão de causalidade
como objetivo das ciências sociais. Destaco os debates travados com as feministas das RI, nos
quais Keohane (1989; 1998) explicita que o valor da pesquisa feminista estaria justamente na
sua capacidade de reproduzir o ideal de explicação causal. Essa perspectiva é esboçada
principalmente em sua dicotomização entre racionalistas (como ele) e reflexivistas
(KEOHANE, 1988), o que acende as suspeitas sobre suas intenções quanto à natureza do
conhecimento científico em Ciência Política e RI.
À parte da obra de KKV, ambas disciplinas passam, desde meados dos anos 1990, por
grandes debates metodológicos que reativam (e cristalizam) as cismas entre quantitativistas,
qualitativistas e interpretativistas. Dois exemplos são marcantes no contexto anglo-saxão: o
Movimento Perestroika e a DA-RT. O primeiro resultou de um e-mail anônimo iconoclasta
enviado para os membros da APSA, no qual se denunciavam as preferências da associação e
do seu principal periódico, a American Political Science Review, por abordagens quantitativas
e da escolha racional. O fato desencadeou um intenso debate que obrigou a APSA a tomar
iniciativas para remediar um problema de predileções metodológicas (LENINE;
6
O fato de KKV também se distanciarem dos debates na filosofia das ciências sociais sobre o tema da causalidade,
engajando-se apenas com poucas concepções dentro das Ciências Sociais, torna seu projeto de lógica inferencial
ainda mais deslocado dentro das interpretações sobre causalidade. Para uma breve e introdutória discussão sobre
causalidade, ver Cartwright (2014) e Elster (1983).
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MÖRSCHBÄCHER, 2020)
7
. A DA-RT, por sua vez, originou-se como uma mudança no Guia
de Ética na Pesquisa da APSA, no qual se estabelecem diretrizes para facilitar o acesso a dados
publicados em periódicos e assegurar a transparência na pesquisa. Dentre os diferentes
documentos que constituem o guarda-chuva da DA-RT, destacam-se os guias para pesquisas
quantitativas e qualitativas, nos quais se definem parâmetros e protocolos para elaboras as
pesquisas de maneira transparente e de modo a facilitar a replicação a partir da disponibilização
dos dados; e a Declaração Conjunta dos Editores de Periódicos, assinada por editores-chefes de
periódicos de alto prestígio com o objetivo de adotar os preceitos da DA-RT. Isso causou
inúmeras reações principalmente entre pesquisadoras qualitativistas e interpretativistas,
conformando uma nova cisão entre as diferentes tradições metodológicas (LENINE;
MÖRSCHBÄCHER, 2019).
8
Mesmo em campos onde maior tentativa de diálogo entre quantitativistas e
qualitativistas e aqui me refiro especificamente aos engajamentos em métodos mistos ,
persistem entraves de natureza ontológica, epistemológica e metodológica para a unificação
pretendida por KKV. Pesquisas que se valem de abordagens metodológicas distintas enfrentam,
de antemão, o desafio de combinar diferentes concepções de causalidade em um único trabalho
analítico: de um lado, a abordagem covariacional característica dos métodos quantitativos; e de
outro, as abordagens mecanicistas e equifinais dos métodos qualitativos (CHATTERJEE, 2009;
PARANHOS et al., 2016; SILVA, 2015). Isso não significa, evidentemente, a impossibilidade
de realização de investigações multimétodos: muito pelo contrário, ela tem sido vista como uma
das principais formas de aprimorar a pesquisa em Ciência Política, principalmente em contextos
comparados (COPPEDGE, 2009; GOEMANS, 2007; REZENDE, 2014; WITTENBERG,
2007). Entretanto, o desiderato de equacionar distintas concepções de causalidade aponta como
a proposta de uma única lógica inferencial não é um problema resolvido se o fosse, as
concepções de causalidade não constituiriam per se uma questão , menos ainda algo a ser
menosprezado em um desenho de pesquisa.
Diante dessas complexidades, cabe questionar o quanto a lógica inferencial penetrou
nas disciplinas de Ciência Política e RI desde a publicação de DSI a ponto de ser capaz de
pacificar as disputas epistemológicas e metodológicas. Talvez a recorrência de discussões sobre
7
Para um aprofundamento no Movimento Perestroika, ver a coletânea editada por Kristen Renwick Monroe,
Perestroika! The Raucous Rebellion in Political Science (2005).
8
Para um aprofundamento nos debates, checar o simpósio Openness in Political Science, publicado na PS: Political
Science and Politics, volume 47, número 1; e o simpósio Data Access and Research Transparency (DA-RT),
publicado na Comparative Politics Newsletter, volume 26, número 1. Disponível em:
https://www.comparativepoliticsnewsletter.org/wp-content/uploads/2021/04/2016_spring.pdf.
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pluralismo e dogmatismo sejam um indicador, ainda que limitado, do problema em tela: se
realmente quantitativistas e qualitativistas estivessem de acordo quanto a sua visão de ciência
e de conhecimento, seriam necessárias iniciativas – como fóruns de discussão em conferências,
congressos e associações nacionais voltadas para assegurar que um determinado modelo de
pesquisa não se torne dominante? A existência de uma preocupação com o dogmatismo revela
um cenário ao menos contrafactual ao que afirmam King e Keohane não só no prefácio da nova
edição, como no conjunto de DSI.
Desafios de DSI e apreço pela obra na contemporaneidade
A etimologia da palavra metodologia é reveladora sobre o que os gregos da Antiguidade
Clássica pensavam sobre ela: meta significa “compartilhar”, “ação em comum”, “busca”; hodos
significa “caminho”; e logos significaestudo”, “explicação”, “verdade”. Quando combinadas,
as três raízes formam uma compreensão mais ampla sobre metodologia: “uma busca
compartilhada pela verdade”, “um estudo compartilhado da verdade”, “o caminho pelo qual um
grupo legitima o conhecimento” entre outras possibilidades (HAWKESWORTH, 2015, p. 28).
Esse exame etimológico aponta paralelos sobre nossos entendimentos contemporâneos sobre
metodologia: estamos interessadas na busca conjunta pelo conhecimento (ainda que não nos
termos clássicos de “verdade”); compartilhamos os modos (ou caminhos) pelos quais
produzimos conhecimento; e, mais importante, definimos o que, como comunidade, merece o
rótulo de conhecimento legítimo.
A obra de KKV, nesse sentido etimológico da palavra metodologia, cumpre um papel
fundamental ao recomendar estratégias para essa busca de conhecimento sobre os fenômenos
políticos e internacionais. É inegável que DSI, desde sua publicação, exerceu uma profunda
influência nas academias de Ciência Política e RI, norteando discussões e contenciosos sobre
desenhos de pesquisa, inferência e causalidade, bem como disputas internas na comunidade
científica de cientistas políticas e internacionalistas. Esse caráter dual da recepção da obra
demonstra sua importância para ambas as disciplinas, refletindo-se na maneira como cursos de
metodologia são estruturados e nos próprios desenhos de pesquisa inspirados nas
recomendações dos autores. Nesse sentido, DSI cumpriu sua missão: situou-se como um dos
principais (senão, o principal) manual de metodologia de pesquisa em Ciência Política e RI,
influenciando distintas gerações de pesquisadoras no que tange ao estudo dos fenômenos
políticos e internacionais.
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Ao mesmo tempo, um balanço não seria completo se não reconhecermos o papel que
DSI desempenha no avanço de uma determinada concepção de ciência. Embora hoje a
linguagem do pluralismo científico esteja em voga (TAHKO, 2021), pairam dúvidas sobre a
extensão de tal pluralismo frente às tentativas sutis e declaradas de se definir um ideal de
ciência e de produção de conhecimento. O tema é urgente e vem sendo tratado em diferentes
fóruns de academias nacionais e internacionais, inclusive nos espaços da International Political
Science Association (LENINE; MÖRSCHBÄCHER, 2020). Em larga medida, tal preocupação
se justifica “dada a hierarquia de poder estabelecida dentro da disciplina na sequência da
revolução comportamentalista”, vez que “‘o caminho’ para o conhecimento tem sido
frequentemente apresentado como se fosse descomplicado, isento de valores e incontestável”
(HAWKESWORTH, 2015, p. 28), o que tem redundado em preferências por métodos e
abordagens causais específicos às custas da exclusão de métodos e abordagens causais (e não
causais) alternativos.
No Brasil, a obra de KKV ainda possui um forte apelo como manual elementar de
metodologia de pesquisa em Ciência Política e RI. Ambas as disciplinas ainda enfrentam
dificuldades no que tange à especificação metodológica nas suas produções acadêmicas. Na
Ciência Política, a sentença de Gláucio Soares (2005) sobre o calcanhar metodológico ainda se
faz presente, tanto para quantitativistas como para qualitativistas (LENINE;
MÖRSCHBÄCHER, 2020; NICOLAU; OLIVEIRA, 2017). Em RI, a situação é ainda mais
grave: a vasta maioria dos estudos publicados no Brasil carece de qualquer referência a uma
metodologia de pesquisa (CARVALHO et al., 2021; MEDEIROS et al., 2016). Nesse contexto,
em que prevalecem desafios estruturais em termos do conhecimento sobre questões
metodológicas, a reflexão sobre seu lócus na pesquisa e a mobilização de métodos específicos,
o livro de KKV e as discussões por ele suscitadas se mostram ainda mais atuais e necessárias.
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Conclusão
A obra de KKV segue sendo um marco não entre os manuais de metodologia em
Ciência Política e Relações Internacionais, como também nos debates metodológicos em ambas
as disciplinas. Atual, DSI persiste no tempo como um clássico que influenciou os rumos dos
debates metodológicos subsequentes a sua publicação. Nesse sentido, tornou-se leitura
obrigatória justamente pela centralidade que adquiriu nas discussões sobre as maneiras como
produzimos conhecimento científico sobre os fenômenos políticos e internacionais.
Como toda obra clássica, DSI é, também, contenciosa. Os argumentos defendidos por
KKV foram vistos por uns como uma síntese do modus operandi das ciências sociais
contemporâneas, ao passo que, para outros, demonstram-se como uma tentativa de estabelecer
um modelo de ciência fundado em uma tradição de pesquisa que não necessariamente é
espelhada por outras tradições. Talvez a maneira descomplicada como o livro é estruturado
responda pela sua capacidade de convencimento, ainda que, nas entrelinhas (e, frequentemente,
nas próprias linhas), transpareçam as formas e os estilos da pesquisa quantitativa.
Independentemente da posição que assumamos em relação a DSI e, até mesmo, aos
autores, os debates provocados iluminam questões frequentemente negligenciadas pelas
cientistas políticas. Discussões epistemológicas e metodológicas costumam ser colocadas em
segundo plano frente à urgência de se compreender o mundo real. KKV alertam para os
problemas de tal postura em uma ciência que recorrentemente se confronta com a incerteza, as
dificuldades de observar e mensurar os fenômenos reais, bem como de converter pressupostos
teóricos em modelos empíricos passíveis de teste. Elidir reflexões de natureza epistemológica
e metodológica seria, portanto, uma estratégia equivocada, que redundaria em pesquisas
potencialmente inconsistentes com os elementos básicos de explicação, interpretação e projeção
no mundo real.
Destarte, ao revisitar a obra de KKV, propus atentarmo-nos para temas que contribuem
para essas reflexões. Ao compreendermos o que significa explicar e como a causalidade se
insere dentro das possibilidades explicativas e de produção de conhecimento, melhoramos a
nossa prática como pesquisadoras. É nesse contexto que o legado de DSI permanece atual: não
se trata apenas de um manual de metodologia de pesquisa, mas sim de um convite a pensarmos
e repensarmos nossas pesquisas, fundamentando-as ontológica, epistemológica e
metodologicamente de maneira consistente. Nesse processo, a abertura a diferentes
modalidades de produção de conhecimento e filosofias das ciências sociais se torna um
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desiderato da pesquisa política. Perder de vista tal abertura significa cair em uma visão estreita
de ciência e, por conseguinte, de conhecimento.
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não aplicável.
Financiamento: Não aplicável.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: Não foi necessário tramitar por Comitê de Ética (a pesquisa não envolve
sujeitos humanos).
Disponibilidade de dados e material: Não aplicável.
Contribuições dos autores: Autor único.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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FROM THE NEW EDITION OF DESIGNING SOCIAL INQUIRY TO THE
REEDITION OF NEW METHODOLOGICAL DEBATES
DA REEDIÇÃO DE DESIGNING SOCIAL INQUIRY À EDIÇÃO DOS NOVOS
DEBATES METODOLÓGICOS
DE LA REEDICIÓN DE DESIGNING SOCIAL INQUIRY A LA EDICIÓN DE NUEVOS
DEBATES METODOLÓGICOS
Enzo LENINE1
e-mail: lenine@ufba.br
How to reference this article:
LENINE, E. From the new edition of designing social inquiry to the
reedition of new methodological debates. Teoria & Pesquisa:
Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023024,
2023. e-ISSN: 2236-0107. DOI:
https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.1017
| Submitted: 10/01/2023
| Required revisions: 20/04/2023
| Approved: 10/09/2023
| Published: 17/12/2023
Editors:
Profa. Dra. Simone Diniz
Prof. Dr. Eduardo de Lima Caldas
Profa. Dra. Mércia Kaline Freitas Alves
Dr. Vinícius Silva Alves
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Federal University of Bahia (UFBA), Salvador BA Brazil. PhD in Political Science (Adjunct Professor).
From the new edition of designing social inquiry to the reedition of new methodological debates
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.1017 2
ABSTRACT: The article revisits the methodological discussions proposed in KKV's work on
the occasion of the publication of a new edition of Designing Social Inquiry. The starting point
is KKV's work, which is used to analyse contemporary discussions on causality, explanation
and science. The premise is that KKV's inferential logic is projected as a single model for
producing knowledge, which contrasts with the plurality of conceptions within Political Science
and International Relations. Using the contributions of the philosophy of social sciences to
evaluate the work and contemporary debates in both disciplines, three problems in KKV's work
are pointed out: the problem of causality, the problem of explanation and the problem of
methodological unification. The analysis of these problems highlights the logic of science that
KKV projects onto the disciplines of Political Science and IR, summarized in a vision of
causality derived from the Rubin-Holland model, centered on causal explanation as the only
form of legitimate explanation, and proposed as a universal model for the production of
knowledge.
KEYWORDS: Political methodology. Methodological debates. Quanti vs. Quali. Causal
explanation. KKV.
RESUMO: O artigo revisita as discussões metodológicas propostas na obra de KKV por
ocasião da publicação de uma nova edição de Designing Social Inquiry. Utilizo como ponto de
partida a obra de KKV para analisar as discussões contemporâneas sobre causalidade,
explicação e ciência. Parte-se da premissa de que a lógica inferencial de KKV projeta-se como
um modelo único de produção de conhecimento, o que contrasta com a pluralidade de
concepções dentro da Ciência Política e das Relações Internacionais. Recorrendo aos aportes
da filosofia das ciências sociais para avaliar a obra e os debates contemporâneos em ambas
disciplinas, aponto três problemáticas na obra de KKV: o problema da causalidade, o
problema da explicação e o problema da unificação metodológica. A análise desses problemas
evidencia a lógica de ciência que KKV projetam sobre as disciplinas de Ciência Política e RI,
sintetizada em uma visão de causalidade oriunda do modelo de Rubin-Holland, centrada na
explicação causal como única forma de explicação legítima, e proposta como modelo universal
de produção de conhecimento.
PALAVRAS-CHAVE: Metodologia política. Debates metodológicos. Quanti vs. Quali.
Explicação causal. KKV.
Enzo LENINE
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.1017 3
RESUMEN: El artículo revisa las discusiones metodológicas propuestas en la obra de KKV
con motivo de la publicación de una nueva edición de Designing Social Inquiry. Utilizo la obra
de KKV como punto de partida para analizar los debates contemporáneos sobre causalidad,
explicación y ciencia. La premisa es que la lógica inferencial de KKV se proyecta como un
modelo único de producción de conocimiento, lo que contrasta con la pluralidad de
concepciones dentro de la Ciencia Política y las Relaciones Internacionales. Utilizando las
aportaciones de la filosofía de las ciencias sociales para evaluar la obra y los debates
contemporáneos en ambas disciplinas, señalo tres problemas en la obra de KKV: el problema
de la causalidad, el problema de la explicación y el problema de la unificación metodológica.
El análisis de estos problemas pone de manifiesto la lógica de la ciencia que KKV proyecta
sobre las disciplinas de la Ciencia Política y las RRII, resumida en una visión de la causalidad
derivada del modelo Rubin-Holland, centrada en la explicación causal como única forma de
explicación legítima, y propuesta como modelo universal de producción de conocimiento.
PALABRAS CLAVE: Metodología política. Debates metodológicos. Quanti vs. Quali.
Explicación causal. KKV.
Introduction
In 2021, and almost three decades later, a new edition of the emblematic methodology
book Designing Social Inquiry: Scientific Inquiry in Qualitative Research (henceforth, DSI),
by political scientists Gary King, Robert O. Keohane and Sydney Verba (henceforth, KKV),
was published. Considered one of the fundamental works for teaching methodology in
undergraduate and postgraduate courses in Political Science and International Relations in
Brazil and around the world, the KKV text - as it became known - not only marked a
methodological debate, but also determined the direction taken by political methodology in the
decades following its publication (DOWDING, 2016). To a large extent, the schism between
quantitativists and qualitativists, already deep in 1994, when the work was first published, takes
on new contours with the questions raised and, above all, the solutions proposed by KKV.
Underlying the text was an attempt to make the social sciences, specifically Political Science,
more "scientific", especially the work associated with qualitative traditions. The solution to this
would be to recognize inferential logic as the model for producing knowledge about political
and international phenomena, a logic that could be adjusted to qualitative research - hence the
book's subtitle aimed at a qualitative audience (KING; KEOHANE; VERBA, 1994; 2021).
The new edition comes at a time of reactivation of methodological schisms in the
discipline. In the current context, not only has KKV's work been appreciated and criticized by
From the new edition of designing social inquiry to the reedition of new methodological debates
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different political scientists, but other movements within the discipline have also provoked
reactions to attempts - sometimes subtle, but often declared - to define predetermined models
of knowledge production (ISAACS, 2015; KING, 2014; SCHWARTZ-SHEA; YANOW,
2016). In the early 2000s, the Perestroika Movement set the tone for theoretical and
methodological divisions in the discipline, especially in what was seen as a kind of undeclared
predilection for quantitative and formal approaches; in the 2010s, the establishment of the
American Political Science Association's (APSA) Data Access and Research Transparency
(DA-RT) initiative provoked new reactions in academia (LENINE; MÖRSCHBÄHCER, 2019;
2020). On all these occasions, one vision of science tried to impose itself over the others, as if
the production of scientific knowledge were something singular and uncomplicated
(HAWKESWORTH, 2015). Therefore, it is in this accumulation of debates, questions,
criticisms and clashes that the new edition of DSI is situated.
For this reason, the rediscussion of such a relevant work is urgent. Now, if what we
understand by scientific knowledge and political methodology today reflects the discussions
present in KKV and generated from the work, revisiting this new edition three decades later
implies questioning the architecture of Political Science and International Relations today,
recognizing how both have been impacted by the authors' text. This is the aim of this article: to
examine DSI, but not in the form of a traditional text review, but above all from a critical
perspective on the issues produced by the work. In this sense, I consider three themes that
deserve attention in KKV and that echo persistent epistemological and methodological disputes
within Political Science and IR: the problem of causality, the problem of explanation and the
problem of methodological unification. These three problems run throughout KKV's work, and
they underpin his central argument about the existence of: 1. a single logic of science, the
inferential one; 2. the production of causal explanations; 3. causality as a probabilistic
relationship associated with the Rubin-Holland model.
First of all, a few points need to be made about this article. Firstly, the arguments I
outline do not detract from or reject KKV's work. Quite the contrary: if today DSI is still a
living work, reverberating in our research and deserving of a new edition, it is because it has
assumed a role of profound relevance for methodology in Political Science and IR. Revisiting
and discussing it, even critically, confirms this importance and demonstrates its relevance to
the discipline. Secondly, the term "problems" used earlier refers more to epistemological and
methodological issues or problems than to an argumentative flaw. I chose to keep it, however,
because it highlights the need to pay attention to the diversity of perspectives on the issues to
Enzo LENINE
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which they refer, something that is sometimes masked in the KKV text, as if such problems did
not exist or were easily solvable.
The article is structured in five sections, in addition to this introduction and conclusion.
In the first section, I give an overview of DSI, summarizing the central arguments of each
chapter. Next, I present the problem of causality, pointing out how it arises in KKV and how it
is perceived in the philosophy of the social sciences and in contemporary methodological
debates. In the third section, I discuss the problem of explanation, which KKV assumes to be
intrinsically causal. Explanation, however, is more contentious than the authors' view,
especially within the context of causal mechanisms and the interpretive turn, not to mention the
philosophy of science and the social sciences themselves. In the fourth section, I discuss the
conception of a single inferential logic, questioned by qualitativists affiliated with the idea of
causality and by interpretivists, and how it involves a conception of science that is not very
pluralistic - if not dogmatic. Finally, I highlight the challenges for the type of science of politics
and of the international proposed by KKV in contemporary times, as well as doing justice to
the value of the work for methodological discussion in Political Science and IR.
Designing Social Inquiry: brief overview of the work
DSI was published for the first time in 1994, resulting from the cooperation of three
political scientists, two of them renowned in Political Science (Sydney Verba and Gary King)
and one in IR (Robert Keohane). Their centrality in different fields of study in these disciplines
results from their previous research experiences, which led them to produce a work that
systematized the production of knowledge about political and international phenomena. At first,
DSI was intended as a guide for qualitative research, since, according to the authors, it lacked
a more transparent and objective systematization of its methodological procedures (KING;
KEOHANE; VERBA, 1994; 2021). However, the vast majority of their arguments are
referenced in quantitative approaches, constantly resorting to formalizations typical of this
research model.
The new 2021 edition contains the same six chapters as the first edition, plus a preface
written by King and Keohane. Entitled "Designing Social Inquiries: K and K on KKV", the
preface takes stock of the book's impact; reaffirms the context of the first edition, which was to
help improve qualitative research; and presents an optimistic and conciliatory view between
qualitativists and quantitativists (KING; KEOHANE; VERBA, 2021). More notable, however,
is the quantification of the impact of the 1994 work by evaluating the use of inference in
From the new edition of designing social inquiry to the reedition of new methodological debates
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academic articles published in the ten journals with the greatest impact on the discipline in 1990
and 2019
2
, according to King and Keohane, "in 1990, 13% of the articles used this language [of
inference], while in 2019, 71% used it" (KING; KEOHANE; VERBA, 2021, p. 14). According
to the authors, this transformation in research output demonstrates a greater focus on inference
and the issues associated with it.
As mentioned, the new edition reproduces the original chapters, which I will briefly
examine below. Chapter 1 is probably the best known among Brazilian undergraduate and
postgraduate students and researchers of Political Science and International Relations in the
country. In it, KKV outlines more than a general overview of the book: the authors build the
foundations of what they understand by science and how this understanding is based on a single
logic of knowledge production, namely inferential. Here we highlight four maxims that guide
the book, namely: the goal of scientific research is inference, whether descriptive or explanatory
(id est, causal); the analytical procedures of science are public; the conclusions of any scientific
research are permeated by uncertainties due to the complexity and non-linearities of the real
world; and (perhaps the most important) the content of science is the method (KING;
KEOHANE; VERBA, 2021). The subsequent discussion in the chapter orbits around the
research design that would conform to these four maxims, namely with regard to the
construction of the research question, the use and refinement of theories and the quality of the
data. This brief and objective outline, replete with practical examples of research in Political
Science and IR, is largely responsible for the book's importance in introductory methodology
courses.
Chapter 2 deals with descriptive inference, providing a concise definition. According to
the authors, "inference is the process of using the facts we know to learn about the facts we do
not know", where "the facts we do not know are the subjects of our research questions, theories
and hypotheses" and "the known facts form our data or observations (quantitative or
qualitative)" (KING; KEOHANE; VERBA, 2021, p. 45, our translation). In a more technical
and particular way, descriptive inference refers to understanding an unobserved phenomenon
through a set of observations, distinguishing the systematic component from the non-systematic
component of the phenomenon (KING; KEOHANE; VERBA, 2021). The examples listed by
the authors throughout the chapter serve to highlight these definitions, formalize the idea of
2
The list of journals analyzed by the authors included: American Journal of Political Science, American Political
Science Review, British Journal of Political Science, Public Administration, European Journal of Political
Research, International Organization, Journal of Conflict Resolution, Journal of Politics, Political Psychology
and World Politics.
Enzo LENINE
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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inference and offer recommendations for dealing with practical research problems. In this
process, the use of terminology from quantitative methods becomes more evident, and the
authors justify themselves by warning that this is just a more practical way of consolidating the
concepts and discussions.
Similarly, chapter 3 discusses causal inference. Its centrality in the book comes from the
fact that KKV's conception of explanation is deeply associated with the idea of causality:
scientific research, according to the authors, acquires its value to the extent that it reveals causal
relationships. KKV recognize that the term causality is "confusing" and, in order to clarify it,
they use the language characteristic of quantitative research, namely dependent, independent
and control variables. Not by chance, their starting point is the Rubin-Holland causal model,
adjusted to the reality of social research and summarized as follows: "the causal effect is the
difference between the systematic component of observations made when the explanatory
variable takes on one value and the systematic component of comparable observations when
the explanatory variable takes on another value" (KING; KEOHANE; VERBA 2021, p. 80, our
translation). It is on the basis of this model that the authors evaluate causal inference in
qualitative research and also alternative approaches to causality, namely causal mechanisms
(which specify how causes produce effects), multiple causality (when a given result is caused
by the combination of different independent variables) and causal symmetry/asymmetry
(differences in causal effects between increasing and decreasing values of the explanatory
variable). In this chapter, KKV also discusses the assumptions of the causal model, specifically
the homogeneity of the units and the conditional independence between the independent and
dependent variables, topics also covered in the seminal article by Paul W. Holland (1986). The
chapter closes with a series of strategies for developing causal theories, which would be the
fundamental objective of the social sciences.
Chapter 4 deals more directly with the constitution of the research design based on
discussions of descriptive and causal inferences. The main concern of the chapter is to outline
strategies to avoid indeterminate research designs, in which: (1) there are more inferences than
observations; and/or (2) there is multicollinearity between the explanatory variables. In
addition, KKV describes problems associated with the choice of cases (or observations, as they
prefer to call them to avoid the imprecision of the term "case"), specifically the different
modalities of selection bias. As they detail these issues with examples from research in Political
Science and IR, the authors formalize part of these problems using simple statistical models.
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Chapter 5 deals with the different sources of error and bias in Political Science and IR
research. Using a technical discussion that draws strong parallels with quantitative solutions to
these problems, KKV offers "universal" recommendations applicable to any quantitative or
qualitative research. When discussing bias and inefficiency, the authors warn that "qualitative
researchers try to achieve exact measures, but they often have less precision" (KING;
KEOHANE; VERBA, 2021, p. 149, our translation), but argue that, because they have
quintessential similarities, quantitative and qualitative research are not only qualified, but also
have the tools to solve these problems. The chapter focuses on proving this possibility,
presenting suggestions and recommendations for improving the choice and measurement of
variables, avoiding the omission of explanatory variables and dealing with endogeneity.
Finally, in chapter 6, KKV outlines strategies for increasing the number of observations
in order to solve problems of uncertainty and indeterminate research designs. They look at
everything from single-case studies, and how different observations can be made within them;
to comparative studies, and how to increase the number of observations in them (for example,
by taking subunits as observations), as well as dealing with the challenges associated with
heterogeneous analytical units. In part, the chapter echoes discussions held both in comparative
politics research (LIJPHART, 1971) and among quantitativists (KELLSTEDT; WHITTEN,
2015). Also noteworthy is the brief attention given to process tracing, a causal approach central
to qualitative research, and whose potential to produce causal inference the authors recognize.
More than a pro-forma conclusion, KKV maintains in this final space the series of
recommendations and strategies that characterized the previous chapters, demonstrating, after
all, that the problems and solutions that arise in research are, safeguarding the particularities,
similar for qualitativists and quantitativists. In his words:
In principle and in practice, the same problems of inference exist in
quantitative and qualitative research. Research designed to help us understand
social reality can only be successful if it follows the logic of scientific
inference. This maxim applies to qualitative, quantitative, large-n, small-n,
experimental, observational, historical, ethnographic, participant observation
and all other social scientific research. However, (...) the fundamental
problems of descriptive and causal inference are generally more difficult to
avoid with a small-n research project than a large-n one (KING; KEOHANE;
VERBA, 2021, p. 227, our translation).
Of course, this brief summary of the chapters does not exhaust the wealth of examples,
questions, strategies and recommendations discussed by the authors: in fact, the careful
treatment of all these themes makes the book more palatable and interesting for the reader,
Enzo LENINE
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presenting the research process in a way that is accessible to researchers at different stages of
their methodological training. Even the formal models based on statistical references are
sufficiently accessible for anyone with a basic knowledge of quantitative research.
However, since its publication, the work has become contentious within Political
Science (DOWDING, 2016; GOERTZ; MAHONEY, 2012). To a large extent, the debate that
KKV launched influenced the discipline both in the Anglo-Saxon world and in other national
academies, but in a way that translated into an attempt to subsume qualitative methods into the
inferential logic of quantitative methods. As Dowding summarizes:
To some extent, (...) the modern debate was triggered by King, Keohane and
Verba (1994) and their claim that there is a logic of inference. The underlying
implication of the logic of inference is that only quantitative evidence can (a)
determine causality and (b) test hypotheses drawn from theory. One response
was that qualitative evidence can define causality by (c) filling in the gaps and
helping to demonstrate the actual mechanisms and (d) using a different model
of causality. Interestingly, partly as a result of the debate, quantitative studies
are coming under increasing scrutiny for their causal claims, leading to new
statistical techniques and to the experimental turn (DOWDING, 2016, p. 162,
our translation)
The issues pointed out above are reflected in the three problems highlighted in the
introduction to the article and which I will address next: the problem of causality, the problem
of explanation and the attempt at methodological unification. The choice is not fortuitous: DSI
has been under the scrutiny of researchers affiliated with various fields within Political Science
and IR who are devoted to epistemological and methodological issues. Although discussions of
this nature are often avoided by empiricists (BEVIR, 2008), the repercussions of DSI have
generated a large academic production on methodology, both to reaffirm the positions of KKV
(e.g. Kellstedt and Whitten, 2015) and to challenge them (e.g. Goertz and Mahoney, 2012). The
nature of explanation and causality is a central theme in these discussions. At the same time,
institutional and sociological developments in the discipline have reactivated schisms between
qualitativists and quantitativists: these were the cases of the aforementioned Perestroika
Movement and DA-RT. As a result, the idea of methodological unification was called into
question.
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The problem of causality
The KKV conception of causality outlined in the text is based on causal inference, and
is linked to the very idea of causal explanation. Although the authors briefly expose other
conceptions of causality - and argue that they are not incompatible with their own - there is a
profound silence about philosophical discussions on the subject. In fact, by deliberate choice,
KKV elides debates of this nature, restricting themselves solely to an exposition of Karl
Popper's philosophy, since it serves the practical interests of their inferential approach.
The authors develop their proposal for a causal approach with reference to the text by
statistician Paul W. Holland (1986), who addressed the issue known as the Fundamental
Problem of Causal Inference. According to Holland, it is impossible to observe the treatment
value in a unit and the control value in the same unit to ascertain the causal effect of the
treatment on that unit (HOLLAND, 1986). This would imply the impossibility of causal
inference, since the analysis of the causal relationship presupposes the ability to verify whether
a given treatment given to the unit generates any effect. Holland proposes a statistical way out
by working with a population instead of a single unit to analyze the average causal effect, and
a significant part of this approach is used by KKV in its causal model.
KKV propose that the Rubin-Holland model be adjusted to the context of Political
Science: instead of assuming a deterministic position, which is evident in Holland's text,
political research would be better situated from a probabilistic perspective, given the
uncertainties underlying social phenomena, which are intrinsically subject to human agency
and intentionality (KING; KEOHANE; VERBA 2021). The data that researchers collect in the
world, even if it results from this myriad of uncertainties, could be treated in such a way as to
produce causal inferences with the appropriate degree of confidence required by science. It is
no coincidence that the set of strategies presented throughout the book - especially from the
fourth chapter onwards - serve precisely to conform to this conception of causality present in
the Rubin-Holland-KKV model
3
.
KKV's treatment of causality is, as can be anticipated, contentious. Cartwright points
out that the term cause is a multifaceted and intrinsically polysemic concept, and points out at
least six ways in which causality is currently understood: probabilistic theory of causality and
Bayesian methods of causal inference; modularity; invariance; experimentation; causal process
3
The authors refrain from adding their surnames to the model. I use this composition only to highlight the
difference between the original Rubin-Holland model and the model adjusted for Political Science proposed by
KKV, resulting in the Rubin-Holland-KKV model.
Enzo LENINE
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theories; and efficacy (CARTWRIGHT, 2007). Faced with this philosophical pluralism, the
idea of a single way of expressing causal relations would be an epistemological and
methodological undertaking that is at the very least suspect. Contrary to this proposal, the author
suggests that "our philosophical treatment of causality should make clear why the methods we
use to test causal claims provide good warrant for the uses to which we put those claims"
(CARTWRIGHT, 2007, p. 2, our tanslation).
It is in line with this suggestion that critics of KKV confront its view of causality and
its relation to inference. Goertz and Mahoney (2012) point out, for example, that qualitativists
rely on branches of mathematics other than the statistics underlying the Rubin-Holland-KKV
model: in the causal qualitativist tradition, recourse to logic, set theory and process tracing is
more frequent. This results in different strategies to highlight causal relationships, such as
acyclic graphs (WALDNER, 2017), Bayesian inference (BENNETT, 2008; 2014) and
Qualitative Comparative Analysis (RAGIN; RIHOUX, 2004; RIHOUX, 2008), just to name a
few. Gerring (2017) points out that these efforts demonstrate how multifaceted and therefore
complicated the idea of causality is, and that it cannot be reduced to the quantitative model
advocated by KKV. In IR, a literature on causality has been developing mainly since the 1990s,
pointing out that the discipline has systematically evaded examining the meaning of cause
ontologically (KURKI, 2008; LEBOW, 2014; PATOMÄKI, 1996; SUGANAMI, 1996;
WIGHT, 2006). In doing so, two processes occur simultaneously: firstly, the researchers
subscribe to an ideal of causality based on the Humean conception of cause, taking it as given
and unequivocal; secondly, the notion of cause is not problematized in its essence, becoming
merely an epistemological (can we discover causes?) and methodological issue (what
techniques produce and test causal inferences?). Kurki summarizes:
Although the Humean model of causal analysis has its strengths in terms of
systematizing the empirical analysis of general patterns, it is
methodologically, epistemologically and ontologically restricted in important
ways: methodologically, it does not give an adequate role to historical,
qualitative, discursive and interpretive approaches and methods;
epistemologically, it provokes theorists to set excessively objectivist goals for
social knowledge; and ontologically it has difficulty dealing with
unobservable causes, such as ideas and reasons, and the social construction of
social life (KURKI, 2008, p. 7, our translation).
As a result of this complexity of causality, by eliding a more in-depth discussion of the
topic, including linking it to the issue of causal inference, KKV misses the opportunity not only
to reframe what they understand by causality, but also to recognize the existence of other
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philosophical approaches to causal relations. It is only in a distracted footnote that the authors
describe themselves as Bayesians, which per se does not make their view of causation explicit
(KING; KEOHANE; VERBA 2021). Even in their brief exposition of alternative
understandings of causality - in which they discuss causal mechanisms, multiple causality and
symmetry - more questions arise than are resolved, making the very exposition of these
alternatives something of a caricature.
But why is an exposition of causality necessary? If the notion of cause is central to the
conception of science and scientific knowledge proposed by KKV; and if what is meant by
cause is ontologically undefined, the implications for the construction of a research design are
dramatic, especially with regard to: 1. what is considered valid evidence for research; 2. the
type of social knowledge produced (whether objective, subjective/intersubjective); 3. The
nature of causal processes and what they are capable of encompassing (ideas, reasons, social
construction, indicators, estimators, concrete textual artifacts, etc.). More important than all of
these elements, however, is the question of the type of explanation that can be produced
depending on the meaning of causality that a particular piece of research adopts. I'll come back
to that next.
The problem of explanation
As we have seen, explanation for KKV is defined strictly in causal terms: it is scientific
insofar as it manages to establish causal relationships for empirical phenomena. However, the
authors elide - either by deliberate choice or by refusing to engage with the philosophy of the
social sciences - a plurality of debates involving the linguistic, logical and philosophical
dimensions of explanation. This choice reveals a conception of explanation that is not only
unequivocal, but also self-intuitive, which is not in line with the issues underlying the topic.
This choice is not surprising when one considers that, although explanation is central to
scientific research, researchers in Political Science and IR rarely explain the metatheoretical
and methodological foundations of what they understand by explanation in their texts - even in
those published in highly prestigious journals (CHERNOFF, 2014a). This is partly the result of
the very dynamics of the philosophical debate on the justification of knowledge, which included
names such as David Hume and his critique of causation and induction; Carl Hempel and Paul
Oppenheim and their deductive-nomological model, based on the conception of scientific
explanation founded on general laws (HEMPEL; OPPENHEIM, 1948); Saul Kripke (1980) and
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the debate on reference, with implications for the plurality of understandings of explanation in
contemporary social sciences (DOWDING, 2016); Karl Popper (2013) and the falsifiability
criterion for judging models derived from theories based on their ability to explain empirical
data from the real world, just to mention a few important authors in the empiricist tradition of
the philosophy of science and philosophy of social sciences. Underlying empiricism is the idea
of explanation as empirically adequate, i.e. the virtue of a theory and its explanations lies in its
ability to "account for" what exists in the real world; and predictive accuracy in the face of real
phenomena (CHERNOFF, 2014a; DOWDING, 2016).
Other anti-realist/anti-naturalist traditions, such as interpretivism, have other
conceptions of knowledge - and, consequently, its justification - which reject the notion of
causal explanations and the methods associated with them (WINCH, 2008; YANOW;
SCHWARTZ-SHEA, 2015). For the interpretivist, interpretation is "a process of assembling
(even if in an unconscious way) existing cultural resources to form specific patterns", which
"involves the manipulation of intersubjective resources of meaning" in a conversational process
(JACKSON, 2015, p. 270, our translation), resulting in explanations that, rather than consisting
of a linearity of causality, represent the circularity of the subjective and intersubjective nature
of knowledge itself. The idea of circularity is deeply associated with the philosophy of language
developed by Ludwig Wittgenstein (2014), according to which the learning process and the use
of language that constitute our experiences are intrinsically circular, in that they involve the
recurrent use of words according to pre-specified rules and within given contexts. Ultimately,
words shape what we know about the world and how we approach it, while they are mobilized
by us to shape reality itself. It follows that an explanation is not dissociated from our Lebenswelt
(or lifeworld): in fact, the explanations we produce about the world result from our individual
experiences, mediated by language and its individual manipulations (YANOW, 2015, p. 12).
In a position diametrically opposed to interpretivism, explanation has often been
associated with the concept of prediction in Political Science and IR, mainly within the strand
of scientific realism (CHERNOFF, 2014ab; DOWDING; LENINE, 2021). The term itself
carries a certain ambiguity, and commonly provokes reactions in sectors that accuse the Social
Sciences of emulating the Exact Sciences - namely Physics. However, the idea of explanation
as prediction is based on a dual understanding: on the one hand, there is scientific prediction,
which consists of the logical implication of a theoretical model; and pragmatic prediction,
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which consists of a forecast
4
of types of future events (DOWDING; MILLER, 2019). Of these,
only scientific prediction is intrinsically explanatory, since it results from a logically organized
theoretical construct. Furthermore, it is explanatory to the extent that: 1. a given "outcome y
could be different in a counterfactual situation in which condition C would not be verified, and
we could infer what value y would have assumed if condition C* were verified" (DOWDING;
MILLER, 2019, p. 1004, our translation); and 2. A causal mechanism is associated with this
relationship between the condition and the outcome (DOWDING; LENINE, 2021; YLIKOSKI,
2017). As Chernoff summarizes:
A prediction in the context of the natural or social sciences is 'a singular or
general proposition that is indexed in the future; is based on a rationally
justified, broadly constructed body of theory; can be based on imperfect
evidence; can be deterministic or probabilistic; and can be conditional, id est
in the form: 'if conditions C are met, then outcome E will happen'.
(CHERNOFF, 2014b, p. 9, our translation)
At the same time in IR, metatheoretical discussions have turned to a conformation of
the meaning of explanation that advocates, at the same time, an ontological, epistemological
and methodological commitment to the conceptions of cause and causation; as well as a
clarification of what it really means to explain, without falling back on the dominant
philosophical traditions in the philosophy of science (JACKSON, 2011; KURKI, 2008;
PATOMÄKI, 2017; KURKI; SUGANAMI, 2012; SUGANAMI, 1996)
5
. Explaining,
according to this literature, means conveying an understanding, which per se makes the way we
produce explanations, and therefore knowledge, more flexible. In this context, the use of causal
narratives is a strategy that allows us to conform to this ideal of explanation, insofar as
"explaining the occurrence of an event in world politics" means "answering how the relevant
segments of the world moved from a particular point at which the event had not yet occurred to
a point at which it did occur" (SUGANAMI, 2008, p. 334, our translation). Mechanistic
processes, human acts and intentionality, ideas and social constructs play a central role in the
construction of explanation (KURKI, 2008). After all, as Jackson (2017) postulates, offering an
explanation of a phenomenon is equivalent to offering an account of "making something
happen", which is defined by a set of instructions of a causal nature that result in the production
of the phenomenon.
4
The English terms prediction and forecast, in this context, express these different forms of prediction. I translate
pragmatic prediction as prognosis only as a way of distinguishing these terms.
5
This literature often draws on the critical realism of Roy Bhaskar.
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As you can see, the idea of explanation is far from being consensual in the Social
Sciences, which casts doubt on KKV's proposal, especially on a natural derivation of his
proposal, which is the determination of the best explanation between rival explanations. The
hierarchization of explanations has been a challenge of scientific research in Political Science
and IR, but it is marginally discussed in KKV, even when the authors describe quantitative
methods and affirm their greater lexical and formal precision. In various fields of study, the
accumulated knowledge about causal relationships does not allow us to distinguish which ones
have the greatest explanatory power: this is the case, for example, with nuclear proliferation
studies, which point to various causes for the phenomenon, including the use of sophisticated
statistical models, but are unable to order these causes in terms of explanatory power (BELL,
2016; WINTER; LENINE, 2020) - even from a Popperian perspective, a constant philosophical
reference in KKV discussions. Although the authors present theorizing (or building better
theories) as a fundamental step in improving our hypotheses, this gap still persists in their
presentation of explanations. This is exacerbated when confronted with the plurality of
understandings of explanation, such as those listed above, casting a shadow over the proposal
to unify the logic of research, the objectives of science and the nature of the knowledge
produced.
The problem of methodological unification
At this point, it becomes clear that the differences between political scientists and
internationalists contrast with the unifying claim of the KKV. Even among those who adopt the
perspective of causal inference, subscribing to an ideal of explanation based on causality, there
are significant differences in the conception of cause, in the way it is elucidated and in what is
considered valid evidence for establishing causal relationships. The KKV therefore advocate a
form that is distant from the multiple practices in both disciplines, which casts doubt on their
normative objectives, particularly with regard to the imposition of a dogmatic vision of
science
6
.
This view is not restricted to DSI alone: both King and Keohane demonstrate on
different occasions their dogmatism when it comes to the supposedly appropriate ways of
6
The fact that KKV also distanced themselves from debates in the philosophy of social sciences on the subject of
causality, engaging with only a few conceptions within the social sciences, makes their project of inferential logic
even more out of place within interpretations of causality. For a brief and introductory discussion of causality, see
Cartwright (2014) and Elster (1983).
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producing knowledge. In an article published in Political Science and Politics, King (2014)
reaffirms his position on quantitative and qualitative methods, advocating greater cooperation
between them. However, this cooperation is not exactly on an equal footing: on the contrary, it
reveals the idea that qualitative methods should be subsumed under quantitative methods. On
various occasions, Keohane reaffirms his vision of causality as the goal of the social sciences.
I would highlight the debates held with IR feminists, in which Keohane (1989; 1998) explains
that the value of feminist research lies precisely in its ability to reproduce the ideal of causal
explanation. This perspective is outlined mainly in his dichotomization between rationalists
(like himself) and reflexivists (KEOHANE, 1988), which raises suspicions about his intentions
regarding the nature of scientific knowledge in Political Science and IR.
Apart from KKV's work, since the mid-1990s both disciplines have been undergoing
major methodological debates that have reactivated (and crystallized) the schisms between
quantitativists, qualitativists and interpretivists. Two examples are striking in the Anglo-Saxon
context: the Perestroika Movement and DA-RT. The first resulted from an iconoclastic
anonymous email sent to APSA members, which denounced the preferences of the association
and its main journal, the American Political Science Review, for quantitative and rational
choice approaches. This triggered an intense debate that forced APSA to take initiatives to
remedy a problem of methodological predilections (LENINE; MÖRSCHBÄCHER, 2020)
7
.
The DA-RT, in turn, originated as a change to the APSA Research Ethics Guide, which sets out
guidelines to facilitate access to data published in journals and ensure transparency in research.
Among the different documents that make up the DA-RT umbrella are the guides for
quantitative and qualitative research, which define parameters and protocols for designing
research in a transparent manner and in a way that facilitates replication once the data is
available; and the Joint Statement by Journal Editors, signed by editors-in-chief of highly
prestigious journals with the aim of adopting the precepts of DA-RT. This caused numerous
reactions, especially among qualitative and interpretivist researchers, forming a new split
between the different methodological traditions (LENINE; MÖRSCHBÄCHER, 2019).
8
Even in fields where there is a greater attempt at dialog between quantitativists and
qualitativists - and here I am referring specifically to mixed-method engagements - obstacles
7
For an in-depth look at the Perestroika Movement, see Kristen Renwick Monroe's edited collection, Perestroika!
The Raucous Rebellion in Political Science (2005).
8
For an in-depth look at the debates, check out the symposium Openness in Political Science, published in PS:
Political Science and Politics, volume 47, número 1; and the symposium Data Access and Research Transparency
(DA-RT), published in the Comparative Politics Newsletter, volume 26, número 1. Available:
https://www.comparativepoliticsnewsletter.org/wp-content/uploads/2021/04/2016_spring.pdf.
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of an ontological, epistemological and methodological nature persist for the unification sought
by KKV. Research using different methodological approaches faces the challenge of combining
different conceptions of causality in a single analytical work: on the one hand, the covariational
approach characteristic of quantitative methods; and on the other, the mechanistic and equifinal
approaches of qualitative methods (CHATTERJEE, 2009; PARANHOS et al., 2016; SILVA,
2015). This does not mean, of course, that multi-method research is impossible: on the contrary,
it has been seen as one of the main ways of improving research in Political Science, especially
in comparative contexts (COPPEDGE, 2009; GOEMANS, 2007; REZENDE, 2014;
WITTENBERG, 2007). However, the desire to equate different conceptions of causality points
out how the proposal of a single inferential logic is not a solved problem - if it were, the
conceptions of causality would not be an issue per se -, let alone something to be overlooked in
a research design.
Given these complexities, it is worth questioning the extent to which inferential logic
has penetrated the disciplines of Political Science and IR since the publication of DSI to the
point of being able to pacify epistemological and methodological disputes. Perhaps the
recurrence of discussions about pluralism and dogmatism is an indicator, albeit a limited one,
of the problem at hand: if quantitative and qualitative researchers really agreed on their vision
of science and knowledge, would there be a need for initiatives - such as discussion forums at
conferences, congresses and national associations - aimed at ensuring that a particular research
model did not become dominant? The existence of a concern about dogmatism reveals a
scenario that is at least counterfactual to what King and Keohane say not only in the preface to
the new edition, but also in the whole of DSI.
Challenges of DSI and appreciation of the work in contemporary times
The etymology of the word methodology reveals what the Greeks of Classical Antiquity
thought about it: meta means "sharing", "common action", "search"; hodos means "path"; and
logos means "study", "explanation", "truth". When combined, the three roots form a broader
understanding of methodology: "a shared search for truth", "a shared study of truth", "the way
in which a group legitimizes knowledge" among other possibilities (HAWKESWORTH, 2015,
p. 28, our translation). This etymological examination points to parallels in our contemporary
understandings of methodology: we are interested in the joint search for knowledge (even if not
in the classic terms of "truth"); we share the ways (or paths) by which we produce knowledge;
From the new edition of designing social inquiry to the reedition of new methodological debates
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and, most importantly, we define what, as a community, deserves the label of legitimate
knowledge.
KKV's work, in this etymological sense of the word methodology, plays a fundamental
role in recommending strategies for this search for knowledge about political and international
phenomena. It is undeniable that DSI, since its publication, has exerted a profound influence
on the academies of Political Science and IR, guiding discussions and disputes about research
designs, inference and causality, as well as internal disputes within the scientific community of
political scientists and internationalists. This dual nature of the book's reception demonstrates
its importance for both disciplines, reflected in the way methodology courses are structured and
in the research designs inspired by the authors' recommendations. In this sense, DSI has fulfilled
its mission: it has become one of the main (if not the main) research methodology manuals in
Political Science and IR, influencing different generations of researchers in the study of political
and international phenomena.
At the same time, a balance sheet would not be complete if we did not recognize the
role that DSI plays in advancing a particular conception of science. Although the language of
scientific pluralism is currently in vogue (TAHKO, 2021), there are doubts about the extent of
this pluralism in the face of attempts - subtle and outspoken - to define an ideal of science and
knowledge production. The issue is urgent and has been addressed in different forums of
national and international academia, including the International Political Science Association
(LENINE; MÖRSCHBÄCHER, 2020). To a large extent, this concern is justified "given the
hierarchy of power established within the discipline in the wake of the behaviorist revolution",
since "'the way' to knowledge has often been presented as if it were uncomplicated, value-free
and incontestable" (HAWKESWORTH, 2015, p. 28, our translation), which has resulted in
preferences for specific causal methods and approaches at the expense of excluding alternative
causal (and non-causal) methods and approaches.
In Brazil, KKV's work still has a strong appeal as an elementary manual of research
methodology in Political Science and IR. Both disciplines still face difficulties when it comes
to methodological specification in their academic productions. In Political Science, Gláucio
Soares' (2005) sentence about the methodological heel is still present, both for quantitativists
and qualitativists (LENINE; MÖRSCHBÄCHER, 2020; NICOLAU; OLIVEIRA, 2017). In IR,
the situation is even more serious: the vast majority of studies published in Brazil lack any
reference to a research methodology (CARVALHO et al., 2021; MEDEIROS et al., 2016). In
this context, where structural challenges prevail in terms of knowledge about methodological
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issues, reflection on their place in research and the mobilization of specific methods, KKV's
book and the discussions it raises are even more topical and necessary.
Conclusion
KKV's work continues to be a landmark not only among methodology manuals in
Political Science and International Relations, but also in methodological debates in both
disciplines. Current, DSI persists over time as a classic that has influenced the direction of
methodological debates since its publication. In this sense, it has become required reading
precisely because of the centrality it has acquired in discussions about the ways in which we
produce scientific knowledge about political and international phenomena.
Like any classic work, DSI is also contentious. The arguments defended by KKV have
been seen by some as a synthesis of the modus operandi of contemporary social sciences, while
for others, they have been shown to be an attempt to establish a model of science based on a
research tradition that is not necessarily mirrored by other traditions. Perhaps the uncomplicated
way in which the book is structured is responsible for its ability to convince, even if the forms
and styles of quantitative research can be seen between the lines (and often in the lines
themselves).
Regardless of the position we take on DSI and even on the authors, the debates provoked
shed light on issues that are often neglected by political scientists. Epistemological and
methodological discussions often take a back seat to the urgency of understanding the real
world. KKV warns of the problems of such a stance in a science that is repeatedly confronted
with uncertainty, the difficulties of observing and measuring real phenomena, as well as
converting theoretical assumptions into empirical models that can be tested. Avoiding
reflections of an epistemological and methodological nature would therefore be a misguided
strategy that would result in research that is potentially inconsistent with the basic elements of
explanation, interpretation and projection into the real world.
Therefore, by revisiting KKV's work, I proposed that we pay attention to themes that
contribute to these reflections. By understanding what it means to explain and how causality
fits into the possibilities of explaining and producing knowledge, we improve our practice as
researchers. It is in this context that the legacy of DSI remains current: it is not just a research
methodology manual, but an invitation to think and rethink our research, grounding it on a
consistent ontological, epistemological and methodological basis. In this process, openness to
From the new edition of designing social inquiry to the reedition of new methodological debates
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different modes of knowledge production and philosophies of the social sciences becomes a
desideratum of political research. Losing sight of this openness means falling into a narrow
view of science and, consequently, of knowledge.
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CRediT Author Statement
Acknowledgements: Not applicable.
Funding: Not applicable.
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: There was no need for an ethics committee (the research does not involve
human subjects).
Availability of data and material: Not applicable.
Authors’ contributions: Single author.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.